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TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: REVISÃO INTEGRATIVA

RESUMO

Objetivo:

investigar as evidências científicas acerca das tecnologias existentes e/ou que são utilizadas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual.

Método:

revisão integrativa realizada nas bases de dados MEDLINE/PubMed, CINAHL, LILACS, via Biblioteca Virtual em Saúde, Web of Science, Scopus e Cochrane Library, em novembro de 2021.

Resultados:

identificaram-se 18 artigos, dos quais oito estudos foram publicados em periódicos de enfermagem. Acerca dos países que foram locais de pesquisa, dez estudos foram publicados no Brasil e os demais em países como Estados Unidos, Irã, Índia, Turquia e Portugal. Os temas mais abordados pelas tecnologias foram saúde sexual e reprodutiva e saúde bucal. Os demais versaram sobre amamentação, saúde ocupacional, hipertensão arterial, diabetes e drogas. Quanto aos tipos de recursos de acessibilidade empregados nas tecnologias, prevaleceu o uso do áudio, através de texto ou CD, em dez estudos, e de recursos que exploraram o sentido tátil do cego, por meio de protótipos didáticos anatômicos, manuais educativos com figuras em alto relevo e texturas diferentes, em nove artigos. Outros recursos de acessibilidade foram audiodescrição, tecnologias mediadas pelo uso da internet e/ou do computador e materiais impressos em Braille. Predominaram estudos metodológicos e, em quatorze estudos, ocorreu a aplicação da tecnologia com as pessoas com deficiência visual.

Conclusão:

os estudos mostraram adequabilidade e viabilidade das tecnologias desenvolvidas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual, por oferecerem conhecimento sobre os temas propostos e igualdade de acesso a materiais educativos para este grupo.

DESCRITORES:
Educação em saúde; Materiais de ensino; Tecnologia educacional; Pessoas com deficiência visual; Recursos audiovisuais

ABSTRACT

Objective:

to investigate scientific evidence about existing health education technologies for people with visual impairment.

Method:

integrative review performed in MEDLINE/pubmed, CINAHL, LILACS databases, via Virtual Health Library, Web of Science, Scopus and Cochrane Library, in November 2021.

Results:

18 articles were identified, of which eight were published in nursing journals. Regarding the countries that were research sites, ten studies were published in Brazil and the others in countries such as the United States, Iran, India, Turkey and Portugal. The most addressed themes of the technologies were sexual and reproductive health and oral health. The others were about breastfeeding, occupational health, hypertension, diabetes and drugs. Regarding the types of accessibility resources used in the technologies, the use of audio, through text or CD, prevailed in ten studies, and resources that explored the tactile sense through anatomical didactic prototypes, educational manuals with embossed figures and different textures, in nine articles. Other accessibility features were audio description, technologies mediated by the use of the Internet and/or computer, and braille printed materials. Methodological studies predominated and, in fourteen studies, the application of technology with visual impaired people occurred.

Conclusion:

the studies showed adequacy and feasibility regarding the health education technologies developed for people with visual impairment, because they offer knowledge about the proposed themes and equal access to educational materials for this group.

DESCRIPTORS:
Health education; Teaching materials; Educational technology; Visually impaired people; Audiovisual resources

Objetivo: investigar la evidencia científica sobre tecnologías existentes y/o tecnologías que se utilizan para la educación en salud de personas con discapacidad visual.

Método:

revisión integradora realizada en las bases de datos MEDLINE/PubMed, CINAHL, LILACS, vía Biblioteca Virtual en Salud, Web of Science, Scopus y Cochrane Library, en noviembre de 2021.

Resultados:

se identificaron 18 artículos, de los cuales ocho estudios fueron publicados en revistas de enfermería. En cuanto a los países que fueron sitios de investigación, diez estudios fueron publicados en Brasil y los demás en países como Estados Unidos, Irán, India, Turquía y Portugal. Los temas más abordados por las tecnologías fueron la salud sexual y reproductiva y la salud bucal. Los otros eran sobre lactancia materna, salud ocupacional, presión arterial alta, diabetes y drogas. En cuanto a los tipos de recursos de accesibilidad utilizados en las tecnologías, predominó en diez estudios el uso de audio, a través de texto o CD, y recursos que exploraron el sentido táctil de los invidentes, a través de prototipos didácticos anatómicos, manuales didácticos con figuras en alto relieve y diferentes texturas, en nueve artículos. Otros recursos de accesibilidad fueron la audiodescripción, las tecnologías mediadas por el uso de internet y/o la computadora y los materiales impresos en braille. Predominaron los estudios metodológicos y, en catorce estudios, la tecnología se aplicó a personas con discapacidad visual.

Conclusión:

los estudios demostraron la idoneidad y factibilidad de las tecnologías desarrolladas para la educación en salud de personas con discapacidad visual, ya que ofrecen conocimiento sobre los temas propuestos y acceso equitativo a los materiales educativos para este grupo.

DESCRIPTORES:
Educación para la salud; Materiales de enseñanza; Tecnologia Educacional; Personas con discapacidad visual; Recursos audiovisuales

INTRODUÇÃO

No Brasil, segundo censo de 2010, o tipo de deficiência com maior ocorrência é a visual (18,6%).11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . Demographic census 2010 [Internet]. Rio de Janeiro, RJ(BR): Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2010 [cited 2021 Mar 20]. Available from: https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/censo2010
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O termo deficiência visual está associado à perda completa ou parcial da visão, ocasionada por fatores congênitos ou adquiridos, com caráter irreversível, mesmo após realização de tratamento clínico, cirúrgico ou uso de recursos ópticos.22. World Health Organization (WHO) . International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems: ICD10. 5th ed. Genebra (CH): World Health Organization; 2016.

Pessoas com deficiência, dentre elas a visual, são consideradas vulneráveis aos riscos para a saúde.33. Zander M. Public health and disability studies. Public Health Forum [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];25(4):259-61. Available from: http://doi.org/10.1515/pubhef-2017-0041
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As barreiras arquitetônicas causam prejuízo no acesso aos serviços de saúde e a escassez de profissionais capacitados para estabelecer comunicação adequada às necessidades desse público gera desafio para efetividade da assistência, bem como para realização de orientações e intervenções educativas.44. Marques JF, Áfio ACE, Carvalho LV, Leite SS, Almeida PC, Pagliuca LMF. Physical accessibility in primary health care: a step towards the embracement. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];39:e2017-0009. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0009
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-55. Alves MJH, Maia ER, Pagliuca LMF. Evaluation of nurse's verbal communication skills in the blind patient consultation after training. Nurs Health Sci [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 20];9:31-6. Available from: http://doi.org/10.9790/1959-0901053135
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Apesar da influência das tecnologias de informação e comunicação nas práticas de saúde e na produção de informação em saúde, nem sempre o conhecimento propiciado por meio dessas tecnologias é acessível a todas as pessoas.

O público com deficiência visual tem restrições no acesso às informações em saúde por estas se apresentarem predominantemente em papel e tinta, ilustrações e/ou imagens televisivas. Esses materiais confeccionados em formato inadequado às pessoas cegas desfavorece a possibilidade de receber informações importantes para saúde.66. Carvalho LV, Melo GM, Aquino PS, Castro RCMB, Cardoso MVLML, Pagliuca LMF. Assistive technologies for the blind: Key competences for health promotion under the Galway Consensus. Rev Rene [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];18(3):412-9. Available from: http://doi.org/10.15253/2175-6783.2017000300018
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O acesso à informação é percebido como aspecto fundamental para promoção da saúde, em que a aquisição de conhecimento permite aos indivíduos intervirem positivamente sobre os fatores de risco à própria saúde, possibilitando atuar de maneira ativa no autocuidado da saúde física, psicológica e afetiva. Portanto, as ações de educação em saúde são relevantes e necessárias, por contribuir no desenvolvimento de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) da população para atuar ativamente como corresponsável na prevenção, no tratamento, na recuperação e reabilitação.77. Blake KD, Thai C, Falisi A, Chou W-YS, Oh A, Jackson D, et al. Video-based interventions for cancer control: a systematic review. Health Educ Behav [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 20];47(2):249-57. Available from: http://doi.org/10.1177/1090198119887210
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Destaca-se que a aplicação de conhecimentos científicos para solução de problemas práticos, a partir da criação e utilização de tecnologias educacionais, muito tem sido empregado pelos profissionais de saúde como recurso complementar da assistência e do processo de ensino e aprendizagem em saúde com a população.88. Santos JLG, Souza CSBN, Tourinho FSV, Sebold LF, Kempfer SS, Linch GFC. Didactic strategies in the teaching-learning process of nursing management. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];27(2):e1980016. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-070720180001980016
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-99. LeCroy CW, Cosgrove JMC, Cotter K, Fordney M. Go grrrls: a randomized controlled trial of a gender-specific intervention to reduce sexual risk factors in middle school females. Health Educ Behav [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];45(2):286-94. Available from: https://doi.org/10.1177/1090198117715667
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As tecnologias educativas são ferramentas sistemáticas que têm por finalidade preparar, executar e analisar o processo de aprendizagem, para que este possa ser eficaz, possibilitando a realização de educação mais dinâmica e atrativa.1010. Lira GS, Freitas MRD, Chaves BFB, Brito ACM, Freitas FFQ. The use of educational technologies for the elderly: an integrative review of the literature. Rev Enferm Atual In Derme [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 24];95(34):e-21054. Available from: https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/966
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O uso dessas tecnologias possibilita que as estratégias de educação em saúde tornem-se mais diversas, sendo quesito essencial para o alcance da aprendizagem.

Contudo, no caso da pessoa com deficiência visual, é necessário que os profissionais da saúde estejam atentos e conheçam as particularidades dessa clientela, para que essas tecnologias possam ser desenvolvidas e aplicadas, de forma a viabilizar o acesso ao conhecimento sobre o processo saúde-doença. Acrescente-se que os recursos tecnológicos educacionais ajustados às especificidades dessa clientela podem contribuir de forma significativa para melhor efetividade das intervenções em saúde.1111. Mariano MR, Pagliuca LMF, Oliveira PMP, Almeida PC, Aguiar ASAC, Abreu WC. Educational game about drugs for visually impaired people: a comparison between Brazil and Portugal. Open J Nurs [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];7:399-408. Available from: http://doi.org/10.4236/ojn.2017.73031
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Nesse contexto, essas tecnologias educacionais podem ser consideradas tecnologias assistivas, uma vez que constituem produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover habilidades de aprendizado, funcionais e participação de pessoas com deficiência, visando autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.1212. Bersch R. Introduction to assistive technology [Internet]. Porto Alegre, RS(BR): Specialized Center for Child Development; 2017 [cited 2021 Feb 15]. 20 p. Available from: https://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf
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Observa-se, na literatura, escassez de estudos que divulguem cientificamente tecnologias assistivas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual e/ou que respaldem a utilização a partir de evidências científicas.1313. Carvalho AT, Áfio ACE, Marques JF, Pagliuca LMF, Carvalho LV, Leite SS. Instructional design in nursing: assistive technologies for the blind and deaf. Rev Cogitare Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 20];24:e62767. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v24i0.62767
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Portanto, é relevante que os resultados dos estudos existentes acerca das tecnologias para educação em saúde de pessoas com deficiência visual sejam sintetizados para se conhecer os tipos de tecnologias e temáticas mais utilizadas e, assim, permitir que os profissionais de saúde envolvidos no processo de cuidar desses indivíduos sejam capazes de implementá-las ou desenvolver novas tecnologias adaptadas às necessidades locais.

Desse modo, objetivou-se investigar as evidências científicas acerca das tecnologias existentes e/ou que são utilizadas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual.

MÉTODO

Trata-se de revisão integrativa que seguiu as etapas: estabelecimento da questão de pesquisa; definição dos critérios de inclusão e exclusão de estudos; designação das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e caracterização; coleta e interpretação dos dados e apresentação dos resultados.1414. Soares CB, Hoga LAK, Peduzzi M, Sangaleti C, Yonekura T, Silva DRAD. Integrative review: concepts and methods used in nursing. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2014 [cited 2021 Mar 20];48(2):329-45. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400002000020
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A seleção dos estudos foi realizada em novembro de 202118. Öz HG, Yangin HB. Evaluation of a web‑based sexual health education program for individuals with visual impairments. Sex Disabil [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];39(3):1-16. Available from: https://doi.org/10.1007/s11195-021-09692-1
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, pela busca nas bases de dados: Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Scopus, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Web of Science, Medline via Pubmed e Cochrane Library.

Para melhor formulação da questão de pesquisa, utilizou-se da estratégia PICO (População; Intervenção; Comparação; Desfecho/Resultado esperado).1515. Polit DF. Nursing research foundation: evaluation of evidence for nursing practice. 9th ed. Porto Alegre, RS(BR): Artmed; 2019. 431 p. Neste estudo, delimitaram-se P: Pessoas com deficiência visual; I: Tecnologias assistivas; C: não foi utilizado; O: Educação em saúde. O elemento C, de comparação entre intervenção ou grupo, não foi empregado, devido ao tipo de revisão. A questão de pesquisa gerada foi: quais as tecnologias existentes e/ou que são utilizadas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual?

Para realização das buscas, utilizaram-se dos descritores controlados presentes no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH), como também de descritores não controlados.

Para se proceder à busca de alta sensibilidade em cada base, os descritores de cada componente da estratégia PICO foram combinados entre si com o conector booleano OR e, na sequência, cada conjunto foi combinado com o conector AND.

A estratégia de busca que versou sobre o acrônimo PICO, conforme apresentado na Figura 1, foi a mesma conduzida para todas bases de dados. Na base de dados LILACS, empregaram-se os mesmos cruzamentos, mas com descritores em português.

Para seleção dos artigos que compuseram a amostra desta revisão, adotaram-se os critérios de inclusão: ser pesquisa referente à tecnologia construída e/ou utilizada para educação em saúde de pessoas com deficiência visual, encontrar-se disponível eletronicamente na íntegra. Não se adicionaram filtros de restrição de tempo e idioma, de forma a integrar e direcionar o máximo de estudos sobre o tema.

Como critérios de exclusão, estabeleceram-se: dissertação, tese, livro ou capítulo de livro, anais de eventos, editorial, estudos de revisão da literatura, estudos com fuga de tema, por não responder à questão norteadora, estudos que não abordassem tecnologias e com público divergente (pessoas que não tem deficiência visual). Nos casos dos artigos repetidos em mais de uma base, consideraram-se para análise apenas uma vez.

O processo de triagem dos estudos baseou-se nas orientações do Updated Guideline for Reporting Systematic Reviews (PRISMAsr).1616. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ [Internet]. 2021 [cited 2022 Jan 21];372:n71. Available from: https://doi.org/10.1136/bmj.n71
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As etapas encontram-se apresentadas na Figura 2.

A busca dos estudos, triagem e extração dos dados foram realizadas por dois pesquisadores, que padronizaram a estratégia de busca em cada base e a executaram de forma independente, com posterior comparação dos resultados encontrados. Diante de divergências na seleção, adotou-se a estratégia de consenso entre os pesquisadores para inclusão ou exclusão do estudo.

Figura 1-
Estratégia de busca utilizada na revisão integrativa. Fortaleza, CE, Brasil, 202118. Öz HG, Yangin HB. Evaluation of a web‑based sexual health education program for individuals with visual impairments. Sex Disabil [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];39(3):1-16. Available from: https://doi.org/10.1007/s11195-021-09692-1
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.

As variáveis da revisão versaram sobre as informações disponíveis nos estudos selecionados: ano, país e periódico da publicação; objetivos; método e nível de evidência; tecnologia e tipo de acessibilidade, conteúdo de saúde abordado e principais resultados/conclusões. Para extração dessas informações, elaborou-se instrumento para registro das variáveis apresentadas.

Para classificar os estudos quanto ao Nível de Evidência (NE), consideraram-se os níveis: I- as evidências são resultantes de revisão sistemática, metanálise ou de diretrizes clínicas oriundas de revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados e controlados; II- evidências de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado; III- evidências derivadas de ensaios clínicos bem delineados sem aleatorização; IV- evidências oriundas de estudo de coorte e de caso-controle bem delineados; V- evidências apresentadas de revisão sistemática, de estudos descritivos e qualitativos; VI- evidências provenientes de um único estudo descritivo ou qualitativo; VII- evidências derivadas da opinião de autoridades e/ou parecer de comissão de especialistas.1717. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing and healthcare: a guide to best practice. 3rd ed. Philadelphia, PA(US): Lippincott Williams & Wilkins; 2014. 599 p.

Figura 2-
Fluxograma do processo de seleção dos artigos da revisão integrativa. Fortaleza, CE, Brasil, 202118. Öz HG, Yangin HB. Evaluation of a web‑based sexual health education program for individuals with visual impairments. Sex Disabil [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];39(3):1-16. Available from: https://doi.org/10.1007/s11195-021-09692-1
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.

A apresentação dos resultados ocorreu de forma descritiva e o suporte teórico para análise dos resultados foi fundamentado em literatura científica complementar sobre o assunto.

RESULTADOS

Identificaram-se 954 estudos e, após exclusão dos 23 duplicados, restaram 931 para análise: cinco na CINAHL, 55 na LILACS, 242 na Web of Science, 162 na Scopus, 63 na Medline e 404 na Cochrane. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 18 artigos foram incluídos na amostra. Destes, quatro no LILACS, seis na Medline, dois na Scopus, dois na Web of Science, quatro na Cochrane.

Em relação aos meios de divulgação científica, oito estudos foram publicados em periódicos de enfermagem e dois em revistas interdisciplinares voltadas para saúde ocupacional, comunicação e educação em saúde. Três artigos foram publicados em periódicos específicos que abrangem a pessoa com deficiência, quanto à reabilitação, acessibilidade, inclusão digital e às tecnologias assistivas. Além desses, periódicos da odontologia e da medicina tiveram cinco publicação. Os anos em que mais se verificaram publicações foram 2017 e 2018, com quatro estudos em cada.

Acerca dos países que foram locais de pesquisa, dez estudos foram publicados no Brasil. Os demais artigos foram publicados em países como Estados Unidos, Irã, Índia, Turquia e Portugal.

Quanto ao delineamento do estudo, oito estudos eram metodológicos, pois consistiram na construção e/ou validação das tecnologias. Ademais, três eram descritivos e exploratórios, cinco estudos não randomizados (quase- experimentais) e dois se tratavam de ensaios clínicos randomizados. Em 14 estudos, observou-se a aplicação da tecnologia com o público com deficiência visual.

Em relação aos temas dos quais se tratavam as tecnologias para educação em saúde, observou-se que os mais contemplados foram sobre saúde sexual e reprodutiva, e saúde bucal. Os demais abrangeram temas sobre amamentação, hipertensão arterial, diabetes, saúde bucal, câncer de mama, saúde ocupacional e substâncias psicoativas.

Quanto aos tipos de recursos de acessibilidade empregados nas tecnologias para que pudessem ser acessíveis às pessoas com deficiência visual, prevaleceu o uso do áudio, através de texto ou CD, em dez estudos, e de recursos que exploraram o sentido tátil do cego, por meio de protótipos didáticos anatômicos, manuais educativos, com figuras em alto relevo e texturas diferentes, em nove artigos. Tecnologias mediadas pelo uso da internet e/ou do computador com software de leitura de tela foram encontradas em quatro artigos. Materiais impressos em Braille ou em texto ampliado constou em quatro estudos. Alguns estudos acerca do desenvolvimento da tecnologia combinaram esses diferentes recursos de acessibilidade.

Outro recurso de acessibilidade empregado nas tecnologias educativas foi a audiodescrição, em dois artigos, os quais consistiram no desenvolvimento de um curso e de uma cartilha interativa, ambos on-line, com áudio e imagens com audiodescrição.

Destacam-se, dentre os artigos selecionados, dois que apresentaram tecnologias na modalidade de jogos educativos, adaptados a pessoas com deficiência visual. Um tratava de jogo tátil em diferentes texturas, nos princípios de um jogo de tabuleiro, complementado por cartas e instruções impressas em Braille; e o outro um exergame, que capta e virtualiza os movimentos reais do usuário, fornecendo feedback auditivo personalizado.

A síntese dos artigos quanto à caracterização se encontra no Quadro 1.

Quadro 1-
Síntese dos artigos que integraram a amostra da revisão integrativa. Fortaleza, CE, Brasil, 2021.

DISCUSSÃO

As tecnologias apresentadas nos artigos selecionados estão inseridas no contexto das tecnologias assistivas que, dentre as diversas funcionalidades, contribuem para o alcance do conhecimento e a promoção da saúde, respeitando as diversidades.

A análise dos artigos evidencia o baixo quantitativo de estudos que disponibilizam evidências científicas acerca da temática. Pesquisas nessa área ainda são incipientes, contudo a assistência à saúde direcionada às pessoas com deficiência deve atender aos requisitos impostos pelas políticas públicas. Ampliar o acesso desta população nas ações de promoção da saúde requer capacitar profissionais e sensibilizá-los a respeito da relevância em produzir materiais educacionais acessíveis.1313. Carvalho AT, Áfio ACE, Marques JF, Pagliuca LMF, Carvalho LV, Leite SS. Instructional design in nursing: assistive technologies for the blind and deaf. Rev Cogitare Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 20];24:e62767. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v24i0.62767
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Destaca-se que os estudos foram predominantemente publicados por enfermeiros e em periódicos da Enfermagem. Esse achado corrobora outros diferentes estudos, em que se buscou identificar tecnologias utilizadas na educação em saúde de pacientes renais crônicos e se constatou que a maioria (56,25%) dos estudos foram publicados em periódicos da Enfermagem.3636. Pessoa NR, Lira MN, Frazão CMFQ, Ramos VP, Albuquerque CP. Educational technologies aimed at chronic kidney patients in promoting self-care. Rev Cuid Fund [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];11(3):756-62. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i3.756-762
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Assim como também em estudo que investigou tecnologias para educação em saúde sobre obstrução das vias aéreas por corpo estranho, a maioria (62,5%) publicada em periódicos da referida área.3737. Silva FL, Galindo Neto NM, Sá GGM, França MS, Oliveira PMP, Grimaildi MRM. Technologies for health education about foreign-body airway obstruction: an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];55:e03778. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020035103778
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Esses achados enfatizam a relevância do enfermeiro como educador em saúde e na construção de tecnologias para educação em saúde.

Quanto à temática, a mais mencionada nos estudos foi saúde sexual e reprodutiva. A abordagem desse tema possui relevância diante dos estigmas sobre a sexualidade da população com deficiência, pois se acredita que homens e mulheres com essa condição não possam ter filhos nem praticar o ato sexual.3838. Carvalho ANL, Silva JP. Sexuality of people with disabilities: a systematic review. Arq Bras Psicol [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];70(3):289-304. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672018000300020&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
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No entanto, pesquisas mostram que esse público vivencia a sexualidade, tem interesse quanto às questões afetivas e sexuais. As percepções destas e os discursos não diferem dos demais jovens sem deficiência, os quais também sofrem influência, principalmente, do gênero, da cultura e da dinâmica familiar, na qual, muitas vezes, os pais apresentaram postura protetora.2929. Oliveira GOB, Cavalcante LDW, Pagliuca LMF, Almeida PC, Rebouças CBA. Prevention of sexually transmitted diseases among visually impaired people: educational text validation. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2021 Mar 20];24:e2775. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.0906.2775
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-3030. Cavalcante LDW, Oliveira GOB, Almeida PC, Rebouças CBA, Pagliuca LMF. Assistive technology for visually impaired women for use of the female condom: a validation study. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2021 Mar 20];49(1):14-21. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000100002
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Além disso, os estudos destacaram que nesse público existem lacunas do conhecimento sobre fatores de risco e sexo seguro. Resultado semelhante foi observado em pesquisa que objetivou avaliar o conhecimento sobre a saúde sexual de pessoas cegas, dentre homens e mulheres. Investigou-se quanto ao uso de preservativo nas relações sexuais, em que 86% não usavam ou somente às vezes. Dos participantes, 36,2% relataram acometimento por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e desconhecimento de alguns sinais e sintomas e das respectivas complicações clínicas.3939. França ISX, Coura AS, Sousa FS, Aragão JS, Silva AFR, Santos SR. Acquiring of knowledge about sexual health by blind people: an action research. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 20];27:e3163. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3006.3163
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Esses resultados reforçam a importância da abordagem desse tema pelos profissionais da saúde, por meio de estratégias e materiais educativos acessíveis a essas pessoas.

Constatou-se que em 78% dos estudos analisados ocorreu a aplicação da tecnologia com as pessoas com deficiência visual, para que estas pudessem avaliar a qualidade, usabilidade, ou para que o pesquisador pudesse avaliar o efeito do uso. A realização desta etapa é de suma importância para melhor compreender a dimensão acessível e inclusiva da tecnologia desenvolvida.

As publicações avaliaram predominantemente o efeito desses recursos educativos sobre o conhecimento dos usuários. Os resultados apresentados nos estudos mostraram a eficácia e/ou viabilidade das tecnologias para a educação em saúde, por proporcionarem aumento do nível de informação dessas pessoas após a intervenção.2424. Oliveira MG, Áfio ACE, Almeida PC, Machado MMT, Lindsay AC, Pagliuca LMF. Teaching blind women about the anatomy and physiology of the female reproductive system through educational manual. Rev Bras Saúde Mater Infant [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];18(4):763-9. Available from: https://doi.org/10.1590/1806-93042018000400005
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,2727. Guimarães FJ, Pagliuca LMF. Validation of assistive technology on psychoactive substances for visually impaired people. Disabil Rehabil Assist Technol [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];14(3):236-40. Available from: https://doi.org/10.1080/17483107.2017.1421270
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,3333. Pagliuca LMF, Costa EM. Educational technology for breast self-examination in blind women. Rev Rene [Internet]. 2005 [cited 2021 Mar 20];6(1):77-85. Available from: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/5473
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Efeitos do uso da tecnologia quanto a atitudes e práticas foram também explorados. Estudo realizado na cidade de Bhubaneswar, na Índia, objetivou avaliar a eficácia de método educativo em saúde na manutenção na higiene bucal para crianças com deficiência visual. O método combinou recursos instrucionais em áudio, em braille e modelos táteis para ajudar na técnica da escovação. No intervalo de 30 e 90 dias, o estado de higiene oral foi registrado e comparado. Observou-se redução significativa da placa bacteriana e melhora da higiene oral, quando comparados os períodos pré e pós-intervenção.2121. Das D, Suresan V, Jnaneswar A, Pathi J, Subramaniam GB. Effectiveness of a novel oral health education technique in maintenance of gingival health and plaque removal efficacy among institutionalized visually impaired children of Bhubaneswar city: a randomized controlled trial. Spec Care Dentist [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];39(2):125-34. Available from: https://doi.org/10.1111/scd.12350
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Para que as opções tecnológicas sejam adaptadas às pessoas com deficiência visual, é necessária a utilização dos recursos de acessibilidade. Portanto, materiais de ensino devem explorar os meios sensoriais que são adequados à percepção deste público. Nesse contexto, destacam-se os auxiliares de áudio que são usados ​​para transmitir informações de conteúdos sobre saúde. Os modelos táteis que ajudam a pessoa com deficiência visual a assimilar as coisas que não podem visualizar e, logo, são importantes ferramentas de aprendizagem.4040. Torres JP, Costa CSL, Lourenço GF. Visuo-tactile and visual-auditory sensory substitution in people with visual impairment: a systematic review. Rev Bras Ed Esp [Internet]. 2016 [cited 2021 Nov 20];22(4):605-18. Available from: https://doi.org/10.1590/s1413-65382216000400010
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A combinação dos recursos de áudio, Braille e modelos táteis é uma forma eficaz de fornecer educação em saúde.

Nos estudos analisados, identificaram-se tecnologias que exploraram o sentido tátil do cego, como construção de modelo anatômico do coração em diferentes texturas para compreensão sobre a hipertensão arterial;3434. Pagliuca LMF, Macedo KNF, Silva GRF. Tactile material for the prevention of blood hypertension in blind people. Rev Rene [Internet]. 2003 [cited 2021 Nov 20];4(2):75-81. Available from: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/5704/4088
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desenvolvimento de protótipo tridimensional da mama e um CD explicativo abordando sobre câncer de mama e como fazer o autoexame;3333. Pagliuca LMF, Costa EM. Educational technology for breast self-examination in blind women. Rev Rene [Internet]. 2005 [cited 2021 Mar 20];6(1):77-85. Available from: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/5473
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utilização de modelo que simula canal vaginal e instruções em áudio sobre como usar o preservativo feminino;3030. Cavalcante LDW, Oliveira GOB, Almeida PC, Rebouças CBA, Pagliuca LMF. Assistive technology for visually impaired women for use of the female condom: a validation study. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2021 Mar 20];49(1):14-21. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000100002
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uso de manual impresso em Braille e tinta simultaneamente, com figuras em alto relevo para aprendizado sobre anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino.2424. Oliveira MG, Áfio ACE, Almeida PC, Machado MMT, Lindsay AC, Pagliuca LMF. Teaching blind women about the anatomy and physiology of the female reproductive system through educational manual. Rev Bras Saúde Mater Infant [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];18(4):763-9. Available from: https://doi.org/10.1590/1806-93042018000400005
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Outro recurso de acessibilidade empregado nas tecnologias educativas foi a audiodescrição que tem o objetivo tornar materiais audiovisuais acessíveis a pessoas cegas.1919. Almeida AMP, Beja J, Pedro L, Rodrigues F, Clemente M, Vieira R, et al. Development of an online digital resource accessible for students with visual impairment or blindness: challenges and strategies. Work [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 20];65(2):333-42. Available from: https://doi.org/10.3233/WOR-203085
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,2323. Carvalho LV, Carvalho AT, Áfio ACE, Silva ASR, Silva MG, Pagliuca LMF. Construction of assistive technology as online course for the blind about hypertension. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];71(4):1970-6. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0056
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Esse recurso pode ser incorporado ao processo ensino-aprendizagem em saúde desse público, proporcionando o acesso aos conteúdos visuais e, assim, melhor apreensão da realidade e assimilação das informações.4141. Cozendey SG, Costa MPR. Using audiodescription as a teaching resource. Rev Ibero-Am Estud Educ [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];13(3):1164-86. Available from: https://doi.org/10.21723/riaee.v13.n3.2018.9626
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Na revisão, evidenciaram-se, também, tecnologias mediadas pelo uso da internet e do computador com software de leitura de tela. No que diz respeito à tecnologia educacional no formato de curso on-line, estudo realizado em Fortaleza, Ceará, desenvolveu um curso sobre prevenção da hipertensão arterial, seguindo as diretrizes de acessibilidade na Web, para que pudesse se tornar acessível aos cegos.2323. Carvalho LV, Carvalho AT, Áfio ACE, Silva ASR, Silva MG, Pagliuca LMF. Construction of assistive technology as online course for the blind about hypertension. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];71(4):1970-6. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0056
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,4242. W3C. Web Content Accessibility Guidelines-WCAG-2.0 [Internet]. 2014 [cited 2016 Nov 15]. Available from: http://www.w3.org/Translations/WCAG20-pt-PT/WCAG20-pt-PT-20141024/
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Outro achado semelhante foi de estudo realizado na Turquia, o qual desenvolveu um site na Web acessível aos cegos para promover educação em saúde sexual.1818. Öz HG, Yangin HB. Evaluation of a web‑based sexual health education program for individuals with visual impairments. Sex Disabil [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];39(3):1-16. Available from: https://doi.org/10.1007/s11195-021-09692-1
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Com o crescimento da internet, expansão das tecnologias de informação e comunicação e a presença nesse meio, cada vez maior, de pessoas com deficiência, a educação em saúde, mediada por esse recurso, oportuniza aos cegos o acesso às informações em conteúdo digital.4343. Bonilla MHS, Silva MCCC, Machado TA. Digital technologies and visual impairment: the contribution of ICT to pedagogical practice in the context of the Brazilian law of inclusion. Rev Pesqui Qual [Internet]. 2018 [cited 2021 Mar 20];6(12):412-25. Available from: https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.12.236
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Corrobora esse achado estudo realizado em Portugal, que desenvolveu cartilha interativa on-line com conteúdo em vídeos, imagens e jogos sobre saúde ocupacional acessível a pessoas com deficiência visual. Concluiu-se que, seguindo os princípios do design universal, conteúdos educativos digitais on-line podem se tornar inclusivos, quando ajustados com recursos de acessibilidade, tornando o acesso e a navegação adequados tanto para pessoas com deficiência visual como para o público em geral1919. Almeida AMP, Beja J, Pedro L, Rodrigues F, Clemente M, Vieira R, et al. Development of an online digital resource accessible for students with visual impairment or blindness: challenges and strategies. Work [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 20];65(2):333-42. Available from: https://doi.org/10.3233/WOR-203085
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O conceito de design universal aplicado às tecnologias para as pessoas com deficiência refere-se ao design de produtos, serviços e ambientes, a fim de que sejam usáveis pelo maior número de pessoas possível. A inclusão efetiva ocorre quando pessoas com ou sem necessidades educacionais especiais interagem e aprendem juntos, em meio à execução de um mesmo conjunto de atividades.4444. Oliveira ARP, Munster MA, Goncalves AG. Universal design for learning and inclusive education: a systematic review in the international literature. Rev Bras Educ Espec [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 20];25(4):675-90. Available from: https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000400009
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Outro achado a se destacar foi o desenvolvimento de tecnologias em saúde na modalidade de jogos educativos. O lúdico na forma de um jogo educativo é considerado positivo para o processo de ensino e aprendizagem e desperta interesse sobre o conteúdo de forma prazerosa. Essas vantagens são corroboradas por resultados de estudo que construiu e validou um jogo educativo tátil em diferentes texturas no formato tabuleiro, complementado por cartas e instruções em Braille. O jogo foi considerado adequado pelos avaliadores, por permitir às pessoas com deficiência visual o acesso à informação sobre drogas de maneira lúdica.3131. Mariano MR, Rebouças CBA, Pagliuca LMF. Educative game on drugs for blind individuals: development and assessment. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited 2021 Mar 20];47(4):930-6. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420130000400022
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Estudo conduzido nos Estados Unidos desenvolveu um exergame com feedback auditivo personalizado, de acordo com os movimentos do usuário, acessível para pessoas com deficiência visual, para que estas pudessem se envolver com recreação física e se exercitar de forma independente. A ioga foi tema escolhido pelos benefícios físicos e para saúde mental. Os participantes mostraram-se motivados, praticaram atividade física de forma consistente, aumentando a frequência e o tempo.2525. Rector K, Vilardaga R, Lansky L, Lu K, Bennett CL, Ladner RE, et al. Design and real-world evaluation of eyes-free yoga: an exergame for blind and low-vision exercise. ACM Trans Access Comput [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];9(4):12. Available from: https://doi.org/10.1145/3022729
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Diante do exposto, observa-se que, para as pessoas com deficiência visual, aprender com base em recursos que exploram os meios sensoriais auxilia na construção do sentido. Assim, a utilização de variadas tecnologias apropriadas pode criar situações que possibilitem aprendizagem significativa.66. Carvalho LV, Melo GM, Aquino PS, Castro RCMB, Cardoso MVLML, Pagliuca LMF. Assistive technologies for the blind: Key competences for health promotion under the Galway Consensus. Rev Rene [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];18(3):412-9. Available from: http://doi.org/10.15253/2175-6783.2017000300018
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Quanto ao desenvolvimento de tecnologias para educação saúde, é importante destacar que estas sejam validadas enquanto produto cientificamente confiável, sendo também testadas quanto à efetividade e adequabilidade para aplicação nos diferentes contextos. Material educativo, quando bem-produzido e validado, poderá contribuir para as práticas de cuidar em saúde e favorecer a participação dos sujeitos no processo educativo.4545. Rosa BVC, Girardon-Perlini NMO, Gamboa NSG, Nietsche EA, Beuter M, Dalmolin A. Development and validation of audiovisual educational technology for families and people with colostomy by cancer. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 20];28:e20180053. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0053
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Predominaram, na revisão, artigos metodológicos, que consistiram no desenvolvimento e na avaliação de tecnologias. Os achados evidenciaram a adequabilidade e a viabilidade das tecnologias desenvolvidas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual, por oferecerem conhecimento sobre os temas propostos e a igualdade de acesso a materiais educativos.2626. Oliveira PMP, Pagliuca LMF, Cezario KG, Almeida PC, Beserra GL. Breastfeeding: validation of assistive audio technology for the visually impaired individual. Acta Paul Enferm [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];30(2):122-8. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700020
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-2727. Guimarães FJ, Pagliuca LMF. Validation of assistive technology on psychoactive substances for visually impaired people. Disabil Rehabil Assist Technol [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 20];14(3):236-40. Available from: https://doi.org/10.1080/17483107.2017.1421270
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,2929. Oliveira GOB, Cavalcante LDW, Pagliuca LMF, Almeida PC, Rebouças CBA. Prevention of sexually transmitted diseases among visually impaired people: educational text validation. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2021 Mar 20];24:e2775. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.0906.2775
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,3131. Mariano MR, Rebouças CBA, Pagliuca LMF. Educative game on drugs for blind individuals: development and assessment. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited 2021 Mar 20];47(4):930-6. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420130000400022
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Na busca pelo desenvolvimento de materiais que promovam a inclusão por meio do acesso à informação em saúde para pessoas com deficiência visual, recomenda-se a validação por especialistas, mediante o uso de metodologias específicas, por meio das quais se verifique a acessibilidade e eficácia do recurso a ser utilizado.

CONCLUSÃO

Os achados desta revisão mostraram evidências científicas acerca das tecnologias assistivas utilizadas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual.

Prevaleceu o uso do áudio como recurso de acessibilidade, seguido por tecnologias mediadas por computador e/ou internet, materiais impressos em Braille e tecnologias que exploraram o sentido tátil de pessoas cegas. Os temas mais abordados foram saúde sexual e reprodutiva, seguidos por saúde bucal.

Percebeu-se que os estudos demonstraram preocupação com o desenvolvimento de tecnologias confiáveis, por meio da validação destas tanto por especialistas como pelo público-alvo.

Os estudos mostraram que os conteúdos e as informações das tecnologias aplicadas foram compreendidos pelas pessoas com deficiência visual, visto que o nível de informação dessas pessoas apresentou melhora significativa após intervenção educativa.

Tendo em vista as diferenças nos modos de aquisição de conhecimento e necessidades diferenciadas de interação, para efetivar a aprendizagem entre sujeitos, é necessário refletir sobre a elaboração de materiais educativos que contemplem as especificidades do público-alvo, incluindo das pessoas com deficiência visual.

As publicações avaliaram predominantemente o conhecimento, poucas contemplaram a verificação da mudança no comportamento, na atitude e prática. Sugere-se aos pesquisadores que esses outros efeitos secundários ao conhecimento desses recursos educativos sejam avaliados. Ademais, recomenda-se a verificação do desenvolvimento de tecnologias para educação em saúde de pessoas com deficiência visual acerca de variados temas da área da saúde e dos efeitos destas em longo prazo.

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EDITORES

Editores Associados: Renata Cristina de Campos Pereira Silveira, Monica Motta Lino. Editor-chefe: Roberta Costa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2021
  • Aceito
    24 Mar 2022
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