Acessibilidade / Reportar erro

PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE DYSMICOCCUS BREVIPES (COCKERELL, 1893) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) NA PALMEIRA RHAPIS EXCELSA (THUNBERG) HENRY EX. REHDER NO BRASIL

FIRST OCCURRENCE OF DYSMICOCCUS BREVIPES (COCKERELL, 1893) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) IN PALMS OF SPECIES RHAPIS EXCELSA (THUNBERG) HENRY EX. REHDER IN BRAZIL

RESUMO

Cochonilhas-farinhentas (Hemiptera: Pseudococcidae) das raízes de Palmeira Rhapis excelsa (Thunberg) Henry ex. Rehder coletadas em Lavras, Estado de Minas Gerais, foram identificadas como Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893), sendo este o primeiro relato de ocorrência dessa praga nessas plantas no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE
Insecta; Pseudococcidae; Dysmicoccus brevipes ; ocorrência; Rhapis excelsa

ABSTRACT

Mealybugs (Hemiptera: Pseudococcidae) of roots the palm Rhapis excelsa (Thunberg) Henry ex. Rehder collected in Lavras, State of Minas Gerais, were identified as Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893), this being the first report of the occurrence of this pest on this plant in Brazil.

KEY WORKS
Insecta; Pseudococcidae; Dysmicoccus brevipes ; occurrence; Rhapis excelsa

As palmeiras são espécies vegetais bastante antigas e mesmo antes de Cristo já eram utilizadas de forma ornamental e na alimentação. A palmeira Rhapis excelsa pertence à família Palmae da qual compreende 198 gêneros e aproximadamente 2.650 espécies em todo o mundo (DOMINGUES, 1995DOMINGUES, R.C. Revista dos amantes da natureza. ed.89. São Paulo: Ed. Europa, 1995. n.5, p.14-18,). Popularmente denominada Palmeira Senhora ou Palmeira Ráfia, acredita-se que esta espécie seja nativa do Sul da China (MCCURRACH, 1960MCCURRACH, J.C. Palms of the world. New York: Harper and Bros., 1960. 290p.; BLOMBERY & RODD, 1982BLOMBERY, A. & ROOD, T. Palms; na informative practical guide to palms of the world; their cultivation, care and landscape use. North Ryde and London: Angus & Robertson, 1982. 201p.). Usualmente, alcança 4,5 m de altura e apresenta caules múltiplos, formando touceiras. Estes caules são cobertos com fibras marrons emaranhadas, as folhas são palmadas, divididas até a base em 5-9 segmentos irregulares (LORENZI, 1996LORENZI, H. Palmeiras no Brasil – nativas e exóticas. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1996, p. 272.).

Possui um alto potencial ornamental devido ao fato de ser pouco exigente em relação à luminosidade, aceitando para o seu desenvolvimento desde o sol pleno, quando adulta, até em baixa luminosidade como em escritórios e salas de estar, plantadas em vasos, valorizando muito o ambiente interno.

Muitas pragas são reconhecidas como limitantes às palmeiras, causando sérios comprometimentos ao seu desenvolvimento e aspecto estético (ZORZENON, 2001ZORZENON, F.J. Principais pragas das palmeiras. Pragas e doenças em plantas ornamentais. CD ROM. São Paulo: Instituto Biológico. 2001. 151p.). As cultivadas em interiores, dadas às condições do ambiente, podem ser infestadas por colônias de cochonilhas, pulgões e ácaros (LORENZI, 1996LORENZI, H. Palmeiras no Brasil – nativas e exóticas. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1996, p. 272.).

Dentre as espécies de cochonilhas que podem ocorrer em palmeiras, encontram-se aquelas pertencentes à família Pseudococcidae, sendo registradas na parte aérea e raízes das plantas. Segundo WILLIAMS & GRANARA DE WILLINK (1992)WILLIAMS, D.J. & M.C. GRANARA DE WILLINK. Mealybug of Central and South América. Walingford: CABI, 1992. 629p. são citadas 10 espécies de cochonilhas desta família que ocorrem em plantas de palmeiras nas Américas Central e do Sul, sendo relatadas as seguintes espécies no Brasil: Dysmicoccus brevipes, Nipaecoccus nipae e Pseudococcus sp. em raízes e folhas de Areca sp. e em palmeira de jardim (SILVA et al., 1968SILVA, A.G.A.; GONÇALVES, C.R.; GALVÃO, D.M.; GONÇALVES, A.J.L.; GOMES, J.; SILVA, M. DO. N.; SIMONI, L. DE Quatro catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil seus parasitos e predadores. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1968. part.2, t.1, 622p.). Essas cochonilhas ao sugarem a seiva ocasionam o amarelecimento, posterior secamento e morte das plantas, além de serem vetores de doenças viróticas.

Estes insetos vivem em colônias e são encontrados em locais protegidos na planta. Apresentam uma densa cobertura cerosa de coloração branca no corpo, o que lhes confere o aspecto de haverem sido envolvidas em farinhas, daí serem conhecidas como cochonilhas farinhentas. Podem sobreviver em um grande número de hospedeiros, o que demonstra a grande capacidade de adaptação desses insetos que pode persistir no agroecossistema nas plantas hospedeiras, passando a causar sérios danos.

Considerando o alto potencial ornamental das palmeiras e as poucas informações referentes a esses insetos nessas plantas, a realização de estudos taxonômicos faz-se necessária para o estabelecimento de programas de controle.

O presente trabalho objetivou-se identificar a espécie de cochonilha que ocorreu em um experimento com plantas da palmeira Rhapis excelsa.

Uma amostra de aproximadamente 30 cochonilhas foram coletadas das raízes e região do colo das plantas. As palmeiras estavam com aproximadamente 3 anos, 20 cm de altura, acondicionadas em vasos de polietileno (8 L) sob um telado de 50% de sombreamento.

Posterior a coleta, foram transferidas para um recipiente com álcool na concentração de 70%, e encaminhadas ao Laboratório de Controle Biológico de Pragas do Centro de Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas – EcoCentro/CTSM-EPAMIG, Lavras-MG, para a devida identificação taxonômica (família, gênero e espécie).

Esta infestação foi constatada no mês de junho de 2004, no setor de floricultura e paisagismo do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras/UFLA, Lavras, MG.

Foi realizada uma triagem dos insetos e o material foi encaminhado para o especialista na área.

Constatou-se que as cochonilhas encontradas na palmeira R. excelsa pertencem à família Pseudococcidae, gênero Dysmicoccus, espécie brevipes.

Embora esta cochonilha esteja citada para algumas espécies de palmeiras no Brasil, este trabalho representa o primeiro relato dessa praga em R. excelsa (Thunberg) Henry ex. Rehder. Por ser uma praga polífaga, (podendo ocorrer em várias plantas ornamentais, silvestres e cultivadas) e também por causar sérios prejuízos às várias culturas, novos estudos deverão ser realizados visando obter informações adicionais sobre esta praga nestas plantas.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem ao Dr. Ernesto Prado, Pesquisador Visitante do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras/UFLA, Lavras, MG, pela identificação da cochonilha.

REFERÊNCIAS

  • BLOMBERY, A. & ROOD, T. Palms; na informative practical guide to palms of the world; their cultivation, care and landscape use North Ryde and London: Angus & Robertson, 1982. 201p.
  • Carter, W. Studies of population of Pseudococcus brevipes (CKll) occurring on pineaple plants. Ecology, v.13, n.3, p.296-304, 1932.
  • CIESLA, W.M. Dysmicoccus brevipes: A new insect pest of Casuarina equisetifolia in the coast province of kenya. Disponível em: <http://www.afae.org/htlm/98-206.html>. Acesso em: 29 out. 2002.
    » http://www.afae.org/htlm/98-206.html
  • COSTA, R.G. & REDAELLI, D.C. Cochonilhas ou coccídeos do Rio Grande do Sul. Revista Agronômica, v.12, n.136/ 138, p.61-67, 1948.
  • DOMINGUES, R.C. Revista dos amantes da natureza ed.89. São Paulo: Ed. Europa, 1995. n.5, p.14-18,
  • FRÖLICH, G. & RODEWALD, W. Pest and diseases of tropical crops and their control Oxford: Permagon Press, 1970. p.371.
  • GASPERI, A.J. DE Cortado o mau pela raiz: disyston granulado agora também no controle da cochonilha-do-abacaxi. Correio agro-pecuário, v.6, n.4, p.52-53, 1966.
  • GHOSE, S.K. Biology of parthenogenetic race of Dysmicoccus brevipes (Cockerell) [Pseudococcidae, Homóptera] pineapple mealybug, west Beengal, Índia. The Indian Journal of Agricultural Sciences, v.53, n.11, p.939-942, 1983.
  • GUPTA, J.C. & NORMAN, J.C. Tomato a new host of pineapple mealybug. Plant Protection Bulletin, v.23, n.6, p.189, 1975.
  • HAMBLETON, E.J. Notas sobre Psedococcinae de importância econômica no Brasil com a descrição de quatro espécies novas. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.6, n.13, p.105-120, 1935.
  • LIMA, A. DA C. Insetos do Brasil – homopteros Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, 1942. T.3, cap.23, p.234-235. (Série Didática, 4).
  • LORENZI, H. Palmeiras no Brasil – nativas e exóticas Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1996, p. 272.
  • MCCURRACH, J.C. Palms of the world New York: Harper and Bros., 1960. 290p.
  • MCKAMEY, L. The Americanization of dwarf Rhapisexcelsa Principes, v.27, p.99-104, 1993.
  • MEEROW, A.W. Betrock’s guide to landscape palms Cooper City: Betrock, 1992. 81p.
  • MENEZES, E.B. Bioecologia e controle da cochonilha farinhosa do abacaxi Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) Ferris, 1950, (Homoptera: Pseudococcidae). 1973. 77p. (Dissertação-mestrado em entomologia) – Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1973.
  • SANCHES, N.F. A acarofauna do abacaxizeiro {Ananas comusus (L) Merril} na Bahia e sua entomofauna 1980. 99p. Dissertação (mestrado) – Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1980.
  • SANTA-CECÍLIA, L.V.C. & CHALFOUN, S.M. Pragas e doenças que afetam o abacaxizeiro. Informe Agropecuário, v.19, n.195, p.40-47, 1998.
  • SILVA, A.G.A.; GONÇALVES, C.R.; GALVÃO, D.M.; GONÇALVES, A.J.L.; GOMES, J.; SILVA, M. DO. N.; SIMONI, L. DE Quatro catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil seus parasitos e predadores Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1968. part.2, t.1, 622p.
  • SOUZA, B. & SANTA -CECÍLIA, L.V.C. Colonização da cochonilha-do-abacaxi Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae) em diferentes hospedeiros. Revista Ceres, 1999. No prelo. (Comunicação).
  • WILLIAMS, D.J. & M.C. GRANARA DE WILLINK. Mealybug of Central and South América Walingford: CABI, 1992. 629p.
  • ZORZENON, F.J. Principais pragas das palmeiras. Pragas e doenças em plantas ornamentais CD ROM. São Paulo: Instituto Biológico. 2001. 151p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2005

Histórico

  • Recebido
    20 Dez 2004
  • Aceito
    29 Mar 2005
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br