Acessibilidade / Reportar erro

Acurácia das curvas internacionais de crescimento na avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes: uma revisão sistemática

Resumo

Objetivo

Verificar, por meio de uma revisão sistemática, a acurácia da avaliação nutricional em crianças e adolescentes com base nas curvas de crescimento de comprimento/altura para a idade e índice de massa corporal para a idade do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (2000), Organização Mundial da Saúde (OMS) (2006/2007) e International Obesity Task Force (IOTF) (2012).

Fontes de dados

Os artigos foram selecionados nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via PubMed, National Library of Medicine e The National Institutes of Health (NIH), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os seguintes descritores foram utilizados na busca: “criança’’, “adolescente’’, “avaliação nutricional”, “gráficos de crescimento”, “grupos étnicos”, “estatura-idade”, “índice de massa corporal”, “comparação”, “CDC”, “OMS” e “IOTF”. Os artigos selecionados tiveram sua qualidade avaliada por meio da escala Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies da NIH.

Síntese dos dados

Trinta e três estudos publicados entre 2007 e 2020 foram selecionados e, deles, 20 tinham boa qualidade, 12 tinham qualidade razoável e 1 tinha qualidade insatisfatória. Para menores de cinco anos, as curvas de comprimento/altura para a idade da OMS demonstraram ser apropriadas para as populações de Argentina, África do Sul, Brasil, Gabão, Catar, Paquistão e Estados Unidos. Para maiores de cinco anos, as curvas de IMC para a idade da OMS apresentaram-se acuradas para as populações brasileira e canadense, enquanto as curvas do IOTF se apresentaram acuradas para as populações europeias.

Conclusões

Para maiores de cinco anos, há dificuldade de se obterem curvas internacionais que possam atender a um período tão longo de crescimento e que incluam diferenças genéticas, culturais e socioeconômicas de populações multiétnicas que já tenham superado a tendência secular de crescimento.

Palavras-chave:
Criança; Adolescente; Avaliação nutricional; Gráficos de crescimento; Estatura-idade; Índice de massa corporal

Abstract

Objective:

To verify, through a systematic review, the accuracy of nutritional assessment in children and adolescents using the length/height-for-age and BMI-for-age growth charts of the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (2000), the World Health Organization (WHO) (2006/2007) and the International Obesity Task Force (IOTF) (2012).

Data source:

We selected articles from the databases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), through PubMed, National Library of Medicine and The National Institutes of Health (NIH), Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Virtual Health Library (VHL). The following descriptors were used for the search: “Child”, “Adolescent”, “Nutritional Assessment”, “Growth Chart”, “Ethnic Groups”, “Stature by age”, “Body Mass Index”, “Comparison”, “CDC”, “WHO”, and “IOTF”. The selected articles were assessed for quality through the Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies of the NIH.

Data synthesis:

Thirty-three studies published between 2007 and 2020 were selected and, of these, 20 presented good quality, 12 presented fair quality and one presented poor quality. For children under five years old, the WHO length/height-for-age growth charts were shown appropriate for children from Argentina, South Africa, Brazil, Gabon, Qatar, Pakistan and the United States. For those five years old and older, the WHO BMI-for-age growth charts were accurate for the Brazilian and Canadian populations, while the IOTF growth charts were accurate for the European populations.

Conclusions:

There are difficulties in obtaining international growth charts for children from 5 years old and older that go along with a long period of growth, and which include genetic, cultural and socioeconomic differences of multiethnic populations who have already overcome the secular trend in height.

Keywords:
Child; Adolescent; Nutrition assessment; Growth charts; Stature by age; Body mass index

INTRODUÇÃO

Há décadas a precisão na avaliação do crescimento de crianças e adolescentes tem sido objeto de estudo de diversos pesquisadores, que utilizam a antropometria e as curvas de crescimento para monitorar a evolução das alterações do crescimento e para avaliar o estado nutricional de menores de 20 anos.11. World Health Organization. Adolescents. In: WHO. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995. p. 176-205. Essas curvas foram criadas com base em estudos longitudinais e/ou transversais e com uma amostra de crianças e adolescentes considerada referência ou padrão.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40. Elas expressam as distribuições em percentis ou escores Z e são tidas como bastante sensíveis para a avaliação do estado nutricional, propiciando intervenções e a prevenção de agravos à saúde.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.

Diferentes curvas foram propostas por algumas instituições e organizações ao longo dos anos para uso na população mundial, por meio de estudos com amostras nacionais ou internacionais e com diferentes critérios de inclusão.44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
Entre essas curvas, podemos destacar as do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (2000), da Organização Mundial da Saúde (OMS) (2006/2007) e do International Obesity Task Force (IOTF) (2012).55. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45...
88. Cole TJ, Lobstein T. Extended international (IOTF) body mass index cut-offs for thinness, overweight and obesity. Pediatr Obes. 2012;7:284-94. https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012.00064.x
https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012...

As curvas de crescimento do CDC foram elaboradas nos anos 2000 com base em cinco inquéritos nacionais dos Estados Unidos.55. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45...
,99. Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086...
São expressas em percentis e específicas por sexo e grupo etário.55. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45...
,99. Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086...
Para crianças menores de três anos, há curvas de comprimento para a idade, peso para a idade e perímetro cefálico para a idade.55. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45...
,99. Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086...
Para crianças menores de cinco anos, existe a curva de peso para a altura e, para crianças e adolescentes dos dois aos 20 anos, têm-se as curvas de altura para a idade, peso para a idade e índice de massa corporal (IMC) para a idade.55. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45...
,99. Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086...

As curvas de crescimento da OMS para crianças menores de cinco anos foram desenvolvidas em 2006 com base no Estudo Multicêntrico de Referência do Crescimento, cuja meta era descrever o crescimento de crianças saudáveis.66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006. Esse trabalho foi conduzido em seis países: Brasil (Pelotas), Estados Unidos (Davis), Gana (Accra), Noruega (Oslo), Índia (Nova Délhi) e Omã (Muscat) e com crianças consideradas padrão, ou seja, que viviam em condições socioambientais e econômicas ideais para o desenvolvimento adequado.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006. Essas curvas de crescimento foram construídas com base em amostras longitudinais (do nascimento aos dois anos de idade) e transversais com crianças de 18 a 71 meses.66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006. Já para crianças de cinco anos de idade ou mais e adolescentes de até 20 anos, a construção das curvas de crescimento foi baseada no estudo transversal do National Center for Health Statistics (NCHS/1977), tendo como população de estudo somente os Estados Unidos.33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4. Para a construção dessas curvas, o comitê de especialistas da OMS fez uma nova modelagem dos dados da NCHS 1997, mantendo apenas crianças e adolescentes não obesos que haviam atingido as alturas esperadas para a idade e acrescentando dados dos padrões de crescimento dos menores de cinco anos com idades entre 18 e 71 meses.33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4. Essa adição de dados propiciou o alisamento nas curvas de crescimento, criando uma transição suave aos cinco anos de idade e ao fim da adolescência, com adequação aos pontos de corte de sobrepeso e obesidade recomendados para os adultos.33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4.

As curvas da OMS são expressas em percentis ou escores Z e específicas para sexo e grupo etário.66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006.,77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
Para menores de cinco anos há curvas de perímetro cefálico para a idade e peso para a altura.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006. Para menores de 10 anos há a curva de peso para a idade e, para crianças e adolescentes menores de 20 anos, há curvas de comprimento/altura para a idade e IMC para a idade.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,66. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006.,77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4.

Ainda nos anos 2000, o IOTF construiu para crianças e adolescentes com idades entre dois e 20 anos a curva de IMC para a idade com os valores de IMC 25 e 30 kg/m22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9. para 18 anos, sugerindo classificações distribuídas por idade e sexo e apresentando as classificações de sobrepeso e obesidade.1111. Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1240-3. https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.1240
https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.124...
Em 2012, após estudos apontarem divergências nas curvas de referência da OMS (2006/2007) em algumas populações, o IOTF divulgou uma atualização dos seus pontos de corte utilizando amostras internacionais e propôs esses pontos para o IMC, o que resultou em seis diferentes classificações semelhantes às da OMS, que iam desde a magreza acentuada até a obesidade grave.88. Cole TJ, Lobstein T. Extended international (IOTF) body mass index cut-offs for thinness, overweight and obesity. Pediatr Obes. 2012;7:284-94. https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012.00064.x
https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012...

Os dois principais indicadores antropométricos utilizados na avaliação de crianças e adolescentes são o de comprimento/altura para a idade e o de IMC para a idade.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4. Esses indicadores têm como objetivos, respectivamente: a) evidenciar a trajetória linear de crescimento, sendo fundamentais na detecção de baixa estatura; b) detectar baixo peso ou excesso de peso.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,33. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.,1010. Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4. Os pontos de corte do CDC (2000), da OMS (2006/2007) e do IOTF (2012), em percentis, para os indicadores de comprimento/altura para a idade e IMC para a idade estão apresentados no Quadro 1.

Quadro 1
Pontos de corte, em percentis, dos indicadores de comprimento/altura para a idade e IMC para a idade do Centers for Disease Control and Prevention (2000), da Organização Mundial da Saúde (2006/2007) e do International Obesity Task Force (2012)

A OMS recomenda suas próprias curvas de crescimento (2006/2007) para serem utilizadas internacionalmente, e elas estão sendo adotadas nos programas de saúde e nutrição de mais de 140 países, incluindo o Brasil.44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
Porém, alguns estudos têm apresentado comparações divergentes entre as curvas nacionais e as curvas de referência de crescimento da OMS.44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
São exemplos lugares como Reino Unido, Polônia, Noruega, Alemanha, Hong Kong, Irã, Emirados Árabes e África do Sul.44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
,1212. Rosario AS, Schienkiewitz A, Neuhauser H. German height references for children aged 0 under 18 years compared to WHO and CDC growth charts. Ann Hum Biol. 2011;38:121-30. https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
https://doi.org/10.3109/03014460.2010.52...
1515. Cole TJ, Wright CM, Williams AF; RCPCH Growth Chart Expert Group. Designing the new UK-WHO growth charts to enhance assessment of growth around birth. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2012;97:219-22. https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864
https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864...
Por esse motivo, o Reino Unido criou curvas para determinadas idades com base na junção das referências da OMS com os dados locais, enquanto alguns países, como China, Bolívia, Dinamarca, Noruega e Bélgica, não têm utilizado amplamente as curvas da OMS em razão das divergências nos parâmetros de crescimento de suas populações quando comparados às curvas de referência.44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
,1515. Cole TJ, Wright CM, Williams AF; RCPCH Growth Chart Expert Group. Designing the new UK-WHO growth charts to enhance assessment of growth around birth. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2012;97:219-22. https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864
https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864...

As divergências metodológicas na construção dos pontos de corte entre as referências do CDC, da OMS e do IOTF envolvem a composição da população e a modelagem dos parâmetros descritivos de índice antropométrico e dos pontos de corte.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,44. Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
https://doi.org/10.12957/demetra.2012.37...
,99. Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086...
,1616. Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
https://doi.org/10.1590/s0103-0582201400...
Essas diferenças geram efeitos sobre a acurácia da classificação nutricional e, por extensão, dificultam o diagnóstico e a comparação das prevalências.22. Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.,1616. Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
https://doi.org/10.1590/s0103-0582201400...

Alguns autores justificam que tais curvas de crescimento deveriam ser construídas com base na população local em função das diferenças genéticas, culturais e socioeconômicas que impactam os processos de crescimento físico e maturação biológica, ocasionando perfis de crescimento e IMC diferentes.1212. Rosario AS, Schienkiewitz A, Neuhauser H. German height references for children aged 0 under 18 years compared to WHO and CDC growth charts. Ann Hum Biol. 2011;38:121-30. https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
https://doi.org/10.3109/03014460.2010.52...
,1515. Cole TJ, Wright CM, Williams AF; RCPCH Growth Chart Expert Group. Designing the new UK-WHO growth charts to enhance assessment of growth around birth. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2012;97:219-22. https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864
https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864...
Ademais, a variação da composição corporal entre crianças e adolescentes de diferentes etnias tem-se apresentado como obstáculo para a determinação de um padrão internacional de classificação do estado nutricional.1616. Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
https://doi.org/10.1590/s0103-0582201400...
Assim, o objetivo deste estudo foi verificar, por meio de uma revisão sistemática, a acurácia da avaliação nutricional em crianças e adolescentes com base nas curvas de crescimento recomendadas para uso internacional de comprimento/altura para a idade e IMC para a idade do CDC (2000), da OMS (2006/2007) e do IOTF (2012).

MÉTODO

Este estudo caracteriza-se como uma revisão sistemática da literatura, delineada de acordo com as recomendações preconizadas pela Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).1717. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS Med. 2009;6:e1000097. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
Este estudo foi registrado no International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO) sob o número de protocolo CRD42020215498, e os dados e delineamentos desta revisão podem ser acessados em www.crd.york.ac.uk/PROSPERO/display_record.asp?ID=CRD42020215498.

A estratégia Participants, Intervention, Comparison, Outcome, Study Design (PICOS) foi aplicada para a seleção dos estudos. Foram considerados os trabalhos que avaliaram: P (crianças e adolescentes), I (curvas de crescimento de comprimento/altura para a idade e/ou IMC para a idade recomendadas para uso internacional), C (curvas de crescimento nacionais e/ou internacionais), O (estado nutricional), S (coorte, transversal).

Dois pesquisadores independentes realizaram a consulta de artigos publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa e entre os anos 2000 e 2020 nas bases de dados eletrônicos Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via PubMed, National Library of Medicine e The National Institutes of Health, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Na estratégia de busca, foram utilizados os termos do Medical Subject Headings (MeSH) e os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “criança’’, “adolescente”, “avaliação nutricional”, “gráficos de crescimento”, “grupos étnicos”, “estatura-idade”, “índice de massa corporal”, “comparação”, “CDC”, “OMS” e “IOTF” (sob a forma combinada e nas línguas portuguesa e inglesa).

As pesquisas foram consideradas elegíveis para inclusão quando corresponderam aos seguintes critérios: a) avaliaram a curva de crescimento de comprimento/altura para a idade do CDC (2000) e/ou da OMS (2006/2007) em crianças e/ou adolescentes; e/ou b) avaliaram as curvas de crescimento de IMC para a idade do CDC (2000) e/ou da OMS (2006/2007) e/ou do IOTF (2012) em crianças e/ou adolescentes. A seleção das evidências foi restrita aos trabalhos originais, sendo excluídos estudos de revisão, estudos experimentais com animais, relatos de caso, estudos duplicados e em idiomas diferentes dos citados anteriormente.

A seleção foi realizada primeiramente por títulos, em seguida pela seleção por resumos e, por fim, pela leitura na íntegra. As três etapas foram executadas por dois avaliadores, que decidiram sobre a inclusão em cada etapa com base nos critérios de elegibilidade. Cada avaliador, de modo independente, decidiu por “inclusão” ou “exclusão” e os resultados divergentes foram analisados por um terceiro avaliador. Os estudos elegíveis tiveram os dados extraídos de forma independente por dois autores, que os organizaram por meio de instrumentos construídos para esse fim, seguindo as recomendações metodológicas e contemplando os seguintes itens: identificação do artigo original, delineamento do estudo, população de estudo, tamanho da amostra e principais resultados referentes aos indicadores/referências avaliadas.

A qualidade dos artigos foi avaliada por meio da adaptação da escala Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies, apropriada para estudos observacionais da NIH.1818. National Institutes of Health [homepage on the Internet]. Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies 2014 [cited 2020 Nov 11]. Available from: https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/study-quality-assessment-tools.
https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/...
Esse instrumento sugere a classificação da qualidade dos artigos em Boa (good), Razoável (fair) e Insatisfatória (poor) pela análise de 14 itens.1818. National Institutes of Health [homepage on the Internet]. Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies 2014 [cited 2020 Nov 11]. Available from: https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/study-quality-assessment-tools.
https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/...
Para avaliar os estudos incluídos nesta revisão foram utilizados oito itens dessa escala, referentes aos objetivos da pesquisa, à população do estudo, aos critérios de seleção, ao poder estatístico amostral, às medidas de intervenção/exposição, à perda de seguimento e ao desfecho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Identificaram-se nas bases de dados, em outubro de 2020, 184 artigos publicados entre os anos 2000 e 2020. Após a seleção por títulos foram excluídos 91 estudos, permanecendo 93 artigos para a análise de resumo. Foram selecionados para leitura na íntegra 55 artigos, dos quais 33, publicados entre 2007 e 2020, foram incluídos na síntese de evidências desta revisão.1212. Rosario AS, Schienkiewitz A, Neuhauser H. German height references for children aged 0 under 18 years compared to WHO and CDC growth charts. Ann Hum Biol. 2011;38:121-30. https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
https://doi.org/10.3109/03014460.2010.52...
,1616. Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
https://doi.org/10.1590/s0103-0582201400...
,1919. Alfaro EL, Vázquez ME, Bejarano IF, Dipierri JE. The LMS method and weight and height centiles in Jujuy (Argentina) children. Homo. 2008;59:223-34. https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.005
https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.0...
4949. Wilde JA, Van Dommelen P, Van Buuren S, Middelkoop BJ. Height of South Asian children in the Netherlands aged 0-20 years: secular trends and comparisons with current Asian Indian, Dutch and WHO references. Ann Hum Biol. 2015;42:38-44. https://doi.org/10.3109/03014460.2014.926988
https://doi.org/10.3109/03014460.2014.92...
A Figura 1 mostra o processo de seleção dos artigos em suas diferentes etapas e o respectivo número de trabalhos recuperados.

Figura 1.
Fluxograma da seleção dos estudos. São Paulo, SP, Brasil, 2021.

Na literatura, identificaram-se estudos de diversos países que analisaram a aplicação das curvas internacionais de crescimento em suas populações. Para apresentar os resultados desse levantamento, optou-se por agrupar a síntese dos achados das 33 evidências entre as pesquisas que avaliaram as curvas de crescimento para crianças menores de cinco anos (Quadro 2), as que as avaliaram para maiores de cinco anos (Quadro 3) e as que as avaliaram para crianças e adolescentes com idades entre zero e 20 anos (Quadro 4).

Quadro 2
Identificação e características dos estudos incluídos que avaliaram a acurácia das curvas de crescimento para crianças menores de cinco anos.
Quadro 3
Identificação e características dos estudos incluídos que avaliaram a acurácia das curvas de crescimento para crianças e adolescentes maiores de cinco anos.
Quadro 4
Identificação e características dos estudos incluídos que avaliaram a acurácia das curvas de crescimento para crianças e adolescentes com idades entre 0 e 20 anos.

Para crianças menores de cinco anos, os estudos apontam que as curvas de comprimento/altura para a idade da OMS apresentaram melhor desempenho para detectar o deficit de altura quando comparadas às do CDC, e portanto os autores as recomendaram para as populações de Argentina, África do Sul, Brasil, Gabão, Catar, Paquistão e Estados Unidos.1919. Alfaro EL, Vázquez ME, Bejarano IF, Dipierri JE. The LMS method and weight and height centiles in Jujuy (Argentina) children. Homo. 2008;59:223-34. https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.005
https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.0...
2626. Soliman A, Eldabbagh M, Khalafallah H, Alali M, Elalaily RK. Longitudinal growth of infants in Qatar: comparison with WHO and CDC growth standards. Indian Pediatr. 2011;48:791-6. https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-9
https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-...
,2828. Nuruddin R, Lim MK, Hadden WC, Azam I. Comparison of estimates of under-nutrition for pre-school rural Pakistani children based on the WHO standard and the National Center for Health Statistics (NCHS) reference. Public Health Nutr. 2009;12:716-22. https://doi.org/10.1017/s1368980008002383
https://doi.org/10.1017/s136898000800238...
,2929. Onis M, Garza C, Onyango AW, Borghi E. Comparison of the WHO Child Growth Standards and the CDC 2000 Growth Charts. J Nutr. 2007;137:144-8. https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144
https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144...
Contudo, para a população do Sri Lanka, os pesquisadores indicaram a necessidade de mais estudos, uma vez que as crianças desse país apresentaram baixa estatura quando comparadas às da OMS.2727. Perera PJ, Fernanado MP, Ranathunga N, Sampath W, Samaranayake R, Meththananda S. Growth parameters of Sri Lankan children during infancy: a comparison with World Health Organization multicentre growth reference study. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2014;24:11-5. https://doi.org/10.7322/jhgd.71331
https://doi.org/10.7322/jhgd.71331...

Com relação às curvas de IMC para a idade em menores de cinco anos, as da OMS diagnosticaram mais crianças com desnutrição do que as do CDC para a população dos Estados Unidos e mais crianças com sobrepeso e obesidade para a África do Sul e Brasil, o que indica que são mais apropriadas para essas populações.2121. Bagni UV, Luiz RR, Veiga GV. Distortions in child nutritional diagnosis related to the use of multiple growth charts in a developing country. Rev Paul Pediatr. 2012;30:544-52. https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000400013
https://doi.org/10.1590/S0103-0582201200...
,2424. Bosman L, Herselman MG, Kruger HS, Labadarios D. Secondary analysis of anthropometric data from a South African national food consumption survey, using different growth reference standards. Matern Child Health J. 2011;8:1372-80. https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-5
https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-...
,2929. Onis M, Garza C, Onyango AW, Borghi E. Comparison of the WHO Child Growth Standards and the CDC 2000 Growth Charts. J Nutr. 2007;137:144-8. https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144
https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144...
Alguns autores justificam que o fato de a OMS ter construído as curvas de crescimento para menores de cinco anos com crianças multiétnicas que tiveram as condições de saúde e nutrição adequadas e que receberam amamentação exclusiva com leite materno até pelo menos os três ou quatro meses de idade e alimentação complementar à base de leguminosas, carnes, ovos, frutas e hortaliças, mantendo aleitamento materno parcial até o 12º mês de vida ou mais, faz com que essas curvas possam ser aplicadas internacionalmente e, portanto, consigam diagnosticar precocemente deficit de altura, sobrepeso e obesidade e sejam mais acuradas do que as do CDC.2121. Bagni UV, Luiz RR, Veiga GV. Distortions in child nutritional diagnosis related to the use of multiple growth charts in a developing country. Rev Paul Pediatr. 2012;30:544-52. https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000400013
https://doi.org/10.1590/S0103-0582201200...
,2424. Bosman L, Herselman MG, Kruger HS, Labadarios D. Secondary analysis of anthropometric data from a South African national food consumption survey, using different growth reference standards. Matern Child Health J. 2011;8:1372-80. https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-5
https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-...
,2626. Soliman A, Eldabbagh M, Khalafallah H, Alali M, Elalaily RK. Longitudinal growth of infants in Qatar: comparison with WHO and CDC growth standards. Indian Pediatr. 2011;48:791-6. https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-9
https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-...

Para crianças e adolescentes de cinco anos de idade ou mais, os trabalhos mostram que as curvas de altura para a idade da OMS apresentaram valores semelhantes apenas para a população brasileira.3636. Silva DA, Pelegrini A, Petroski EL, Gaya AC. Comparison between the growth of Brazilian children and adolescents and the reference growth charts: data from a Brazilian project. J Pediatr (Rio J). 2010;86:115-20. https://doi.org/10.2223/jped.1975
https://doi.org/10.2223/jped.1975...
Os imigrantes do Sul da Ásia que vivem na Holanda apresentaram valores de altura inferiores aos da OMS, e as populações de Austrália, Eslováquia e Alemanha apresentaram valores de altura superiores aos da OMS, o que indica que essa referência internacional não detectaria adequadamente o deficit de altura para crianças e adolescentes (≥5 anos) dessas populações.1212. Rosario AS, Schienkiewitz A, Neuhauser H. German height references for children aged 0 under 18 years compared to WHO and CDC growth charts. Ann Hum Biol. 2011;38:121-30. https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
https://doi.org/10.3109/03014460.2010.52...
,4141. Regecová V, Hamade J, Janechová H, Ševčíková Ľ. Comparison of Slovak reference values for anthropometric parameters in children and adolescents with international growth standards: implications for the assessment of overweight and obesity. Croat Med J. 2018;59:313-26. https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313
https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313...
,4444. Hughes I, Harris M, Cotterill A, Garnett S, Bannink E, Pennell C, et al. Comparison of Centers for Disease Control and Prevention and World Health Organization references/standards for height in contemporary Australian children: Analyses of the Raine Study and Australian National Children’s Nutrition and Physical Activity cohorts. J Paediatr Child Health. 2014;50:895-901. https://doi.org/10.1111/jpc.12672
https://doi.org/10.1111/jpc.12672...
,4949. Wilde JA, Van Dommelen P, Van Buuren S, Middelkoop BJ. Height of South Asian children in the Netherlands aged 0-20 years: secular trends and comparisons with current Asian Indian, Dutch and WHO references. Ann Hum Biol. 2015;42:38-44. https://doi.org/10.3109/03014460.2014.926988
https://doi.org/10.3109/03014460.2014.92...
Resultados semelhantes foram encontrados por Bonthuis et al. em um estudo que avaliou 18 curvas nacionais de altura para a idade de 28 países europeus e as comparou com as do CDC, da OMS e do Euro-Growth.5050. Bonthuis M, van Stralen KJ, Verrina E, Edefonti A, Molchanova EA, Hokken-Koelega AC, et al. Use of national and international growth charts for studying height in European children: development of up-to-date European height-for-age charts. Plos One. 2012;7:e42506. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
https://doi.org/10.1371/journal.pone.004...
Os autores relatam que essas curvas europeias nacionais de crescimento mostraram uma tendência secular positiva na altura, o que tem sido observado desde 1850, e que essa tendência secular desacelerou ou mesmo atingiu um patamar desde os anos 1980/1990 em muitos países do norte da Europa, bem como na Itália e nos Estados Unidos.5050. Bonthuis M, van Stralen KJ, Verrina E, Edefonti A, Molchanova EA, Hokken-Koelega AC, et al. Use of national and international growth charts for studying height in European children: development of up-to-date European height-for-age charts. Plos One. 2012;7:e42506. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
https://doi.org/10.1371/journal.pone.004...
Além disso, os autores reforçam que, apesar de essas divergências entre as curvas estarem associadas a fatores genéticos e geográficos, elas são fortemente afetadas pela tendência secular da altura, e que curvas de crescimento para altura construídas com dados coletados antes de 1990, incluindo as do CDC e as da OMS/2007, produziram alturas médias geralmente mais baixas do que as desenvolvidas mais recentemente.5050. Bonthuis M, van Stralen KJ, Verrina E, Edefonti A, Molchanova EA, Hokken-Koelega AC, et al. Use of national and international growth charts for studying height in European children: development of up-to-date European height-for-age charts. Plos One. 2012;7:e42506. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
https://doi.org/10.1371/journal.pone.004...
Por isso, defendem o uso de curvas de crescimento específicas para a população europeia construídas com base em dados nacionais recentes.5050. Bonthuis M, van Stralen KJ, Verrina E, Edefonti A, Molchanova EA, Hokken-Koelega AC, et al. Use of national and international growth charts for studying height in European children: development of up-to-date European height-for-age charts. Plos One. 2012;7:e42506. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
https://doi.org/10.1371/journal.pone.004...

Com relação às curvas de IMC para a idade da OMS/2007, para a população brasileira, elas apresentaram-se adequadas para diagnosticar sobrepeso e obesidade, apresentando diagnósticos semelhantes às curvas nacionais brasileiras (Conde & Monteiro), e com concordâncias substanciais com as do IOTF.1616. Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
https://doi.org/10.1590/s0103-0582201400...
,3333. Silva DA, Martins PC, Gonçalves EC. Comparison of three criteria for overweight and obesity classification among adolescents from southern Brazil. Motriz Rev Educ Fis. 2018;23:1-8. https://doi.org/10.1590/s1980-6574201700040007
https://doi.org/10.1590/s1980-6574201700...
,3434. Roman EP, Ribeiro RR, Guerra-Junior G, Barros-Filho AA. A comparison of the nutritional status of girls according to different body mass index references. Rev Bras Saude Mater Infant. 2015;15:121-9. https://doi.org/10.1590/S1519-38292015000100010
https://doi.org/10.1590/S1519-3829201500...
,4545. Oliveira GJ, Barbiero SM, Cesa CC, Pellanda LC. Comparison of NCHS, CDC, and WHO curves in children with cardiovascular risk. Rev Assoc Med Bras. 2013;59:375-80. https://doi.org/10.1016/s2255-4823(13)70490-9
https://doi.org/10.1016/s2255-4823(13)70...
Sob outra perspectiva, para as populações asiáticas de China, Arábia Saudita e Irã, há uma grande variação entre as curvas da OMS e as nacionais. Os meninos chineses apresentam valores de peso superiores e as meninas chinesas inferiores, com variações significativas durante algumas faixas etárias, e as crianças e adolescentes da Arábia Saudita apresentam valores de percentil superiores aos da OMS.3030. Mohammadi MR, Mostafavi SA, Hooshyari Z, Khaleghi A, Ahmadi N, Kamali K, et al. National Growth Charts for BMI among Iranian children and adolescents in comparison with the WHO and CDC curves. Child Obes. 2020;16:34-43. https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107
https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107...
3232. Ma J, Wang Z, Song Y, Hu P, Zhang B. BMI percentile curves for Chinese children aged 7-18 years, in comparison with the WHO and the US Centers for Disease Control and Prevention references. Public Health Nutr. 2010;13:1990-6. https://doi.org/10.1017/s1368980010000492
https://doi.org/10.1017/s136898001000049...
,4646. Zong XN, Li H. Construction of a new growth references for China based on urban Chinese children: comparison with the WHO growth standards. PLoS One. 2013;8:e59569. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0059569
https://doi.org/10.1371/journal.pone.005...
,4747. Al Herbish AS, El Mouzan MI, Al Salloum AA, Al Qureshi MM, Al Omar AA, Foster PJ, et al. Body mass index in Saudi Arabian children and adolescents: a national reference and comparison with international standards. Ann Saudi Med. 2009;29:342-7. https://doi.org/10.4103/0256-4947.55162
https://doi.org/10.4103/0256-4947.55162...

Em relação às curvas do IOTF, para as populações europeias de Eslováquia, Itália, Polônia e Portugal, elas foram as que apresentaram os melhores desempenhos para rastreio de sobrepeso e obesidade, enquanto para a população da África do Sul elas rastrearam melhor os quadros de desnutrição.3838. Valerio G, Balsamo A, Baroni MG, Brufani C, Forziato C, Grugni G, et al. Childhood obesity classification systems and cardiometabolic risk factors: a comparison of the Italian, World Health Organization and International Obesity Task Force references. Ital J Pediatr. 2017;43:19. https://doi.org/10.1186/s13052-017-0338-z
https://doi.org/10.1186/s13052-017-0338-...
4141. Regecová V, Hamade J, Janechová H, Ševčíková Ľ. Comparison of Slovak reference values for anthropometric parameters in children and adolescents with international growth standards: implications for the assessment of overweight and obesity. Croat Med J. 2018;59:313-26. https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313
https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313...
,4343. Moselakgomo KV, Van Staden M. Diagnostic comparison of Centers for Disease Control and Prevention and International Obesity Task Force criteria for obesity classification in South African children. Afr J Prim Health Care Fam Med. 2017;9:e1-7. https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383
https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383...
Com relação às curvas de IMC para a idade do CDC, elas apresentaram valores semelhantes aos da OMS/2007 para a população canadense e semelhantes aos do IOTF para a população portuguesa; em contrapartida, diagnosticaram mais o excesso de peso na África do Sul e superestimaram os diagnósticos de sobrepeso, obesidade e desnutrição na Arábia Saudita e de desnutrição no Brasil, enquanto subestimaram os diagnósticos de sobrepeso no Brasil e obesidade no Irã.3030. Mohammadi MR, Mostafavi SA, Hooshyari Z, Khaleghi A, Ahmadi N, Kamali K, et al. National Growth Charts for BMI among Iranian children and adolescents in comparison with the WHO and CDC curves. Child Obes. 2020;16:34-43. https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107
https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107...
,3434. Roman EP, Ribeiro RR, Guerra-Junior G, Barros-Filho AA. A comparison of the nutritional status of girls according to different body mass index references. Rev Bras Saude Mater Infant. 2015;15:121-9. https://doi.org/10.1590/S1519-38292015000100010
https://doi.org/10.1590/S1519-3829201500...
,3939. Minghelli B, Nunes C, Oliveira R. Body mass index and waist circumference to define thinness, overweight and obesity in Portuguese adolescents: Comparison between CDC, IOTF, WHO references. Pediatr Endocrinol Rev. 2014;12:35-41. PMID: 25345083,4343. Moselakgomo KV, Van Staden M. Diagnostic comparison of Centers for Disease Control and Prevention and International Obesity Task Force criteria for obesity classification in South African children. Afr J Prim Health Care Fam Med. 2017;9:e1-7. https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383
https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383...
,4848. El Mouzan MI, Al Herbish AS, Al Salloum AA, Foster PJ, Al Omar AA, Qurachi MM, et al. Comparison of the 2005 growth charts for Saudi children and adolescents to the 2000 CDC growth charts. Ann Saudi Med. 2008;28:334-40. https://doi.org/10.4103/0256-4947.51688
https://doi.org/10.4103/0256-4947.51688...

Essas variações de diagnóstico nutricional ocasionadas pelo uso das diferentes curvas de IMC para a idade vão de encontro aos achados de um estudo conduzido por Li et al. com a população dos Estados Unidos.5151. Li K, Haynie D, Palla H, Lipsky L, Iannotti RJ, Simons-Morton B. Assessment of adolescent weight status: Similarities and differences between CDC, IOTF, and WHO references. Prev Med. 2016;87:151-4. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02.035
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02....
Nessa pesquisa, os autores observaram que, apesar de haver concordância substancial entre as curvas do CDC, do IOTF e da OMS para a classificação do estado nutricional de adolescentes, as do IOTF classificaram mais sobrepeso do que as outras referências internacionais, enquanto que as da OMS classificaram mais adolescentes com sobrepeso e menos com obesidade do que as do CDC.5151. Li K, Haynie D, Palla H, Lipsky L, Iannotti RJ, Simons-Morton B. Assessment of adolescent weight status: Similarities and differences between CDC, IOTF, and WHO references. Prev Med. 2016;87:151-4. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02.035
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02....
Sob outra perspectiva, em um estudo conduzido em El Salvador por Pérez et al. com crianças de seis a nove anos de idade, os autores observaram que, a despeito da forte concordância entre as curvas da OMS e do IOTF, a referência da OMS classifica mais crianças com sobrepeso e obesidade do que a do IOTF.5252. Pérez W, Melgar P, Garcés A, Marquez AD, Merino G, Siu C. Overweight and obesity of school-age children in El Salvador according to two international systems: a population-based multilevel and spatial analysis. BMC Public Health. 2020;20:687. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747-w
https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747...

De maneira geral, as curvas de IMC para a idade do CDC apresentaram rastreios de diagnósticos nutricionais inferiores às curvas da OMS e do IOTF; contudo, ainda há controvérsias sobre qual das outras duas referências internacionais (OMS e IOTF) seria mais apropriada para uso internacional, especialmente para crianças de cinco anos ou mais. Alguns autores defendem que a referência de crescimento da OMS/2007 é constituída de uma amostra não obesa de crianças dos Estados Unidos de um a 24 anos e coletada de 1963 a 1974, sendo uma população de referência que representa um grupo mais saudável e, portanto, mais sensível aos diagnósticos de excesso de peso.77. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
https://doi.org/10.2471/blt.07.043497...
,5252. Pérez W, Melgar P, Garcés A, Marquez AD, Merino G, Siu C. Overweight and obesity of school-age children in El Salvador according to two international systems: a population-based multilevel and spatial analysis. BMC Public Health. 2020;20:687. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747-w
https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747...
Entretanto, outros autores defendem que o uso de uma única população na modelagem das curvas faz com que elas não sejam representativas para uso internacional e, por isso, sugerem a aplicação das curvas do IOTF, uma vez que foram desenvolvidas combinando dados de IMC mais recentes de crianças de dois a 18 anos de seis pesquisas nacionais representativas de 1963 a 1993.1111. Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1240-3. https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.1240
https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.124...
,5252. Pérez W, Melgar P, Garcés A, Marquez AD, Merino G, Siu C. Overweight and obesity of school-age children in El Salvador according to two international systems: a population-based multilevel and spatial analysis. BMC Public Health. 2020;20:687. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747-w
https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747...

No que concerne à qualidade dos estudos selecionados, ela foi considerada excelente, com a maior parte dos estudos classificados como tendo boa qualidade metodológica, conforme apresentado na Figura 2. Para tal avaliação, usou-se a escala da NIH específica para estudos observacionais, que é adequada para esse tipo de delineamento, uma vez que avalia os objetivos do estudo, aspectos metodológicos e a coerência dos resultados.1818. National Institutes of Health [homepage on the Internet]. Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies 2014 [cited 2020 Nov 11]. Available from: https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/study-quality-assessment-tools.
https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/...
Alguns trabalhos incluídos nesta revisão apresentaram limitações como a ausência do cálculo e poder estatístico amostral em estudos transversais e a perda de seguimento em estudos de coorte, embora tais restrições não tenham influenciado na questão de pesquisa investigada, tendo em vista a boa qualidade metodológica atingida.

Figura 2
Análise da qualidade dos artigos incluídos nesta revisão.

Esta revisão sistemática permitiu, pela primeira vez, a identificação e a avaliação da acurácia das curvas internacionais do CDC e da OMS para comprimento/altura para a idade e do CDC, da OMS e do IOTF para IMC para a idade em 20 países de cinco diferentes continentes. Por meio desta investigação, constatou-se que para menores de cinco anos as curvas de comprimento/altura para a idade da OMS demonstraram ser mais acuradas do que as do CDC e, portanto, mais apropriadas para uso nas populações de Argentina, África do Sul, Brasil, Gabão, Catar, Paquistão e Estados Unidos, e as curvas de IMC para a idade da OMS apresentaram melhores rastreios do estado nutricional quando comparadas às do CDC, sendo recomendadas para as populações de Estados Unidos, África do Sul e Brasil.

Em contrapartida, para maiores de cinco anos há grande variação nas concordâncias. As curvas de altura para a idade da OMS apresentaram padrões semelhantes para a população brasileira, enquanto os imigrantes do Sul da Ásia que vivem na Holanda apresentam valores de altura inferiores aos da OMS, e as populações de Austrália, Eslováquia e Alemanha apresentam valores de altura superiores aos da OMS, o que indica que essa referência internacional não detecta adequadamente o deficit de altura. Com relação às curvas de IMC para a idade, as da OMS apresentaram-se acuradas para as populações brasileira e canadense, enquanto as do IOTF apresentaram-se mais acuradas para as populações de Eslováquia, Portugal, Itália e Polônia, e as do CDC apresentaram-se acuradas apenas para Portugal e Canadá. Com relação aos países asiáticos China, Irã e Arábia Saudita, os autores sugerem o uso das curvas nacionais e, para a África do Sul, apontam a necessidade de mais estudos para determinar a referência internacional mais acurada.

A explicação para a recomendação internacional da referência da OMS apenas para menores de cinco anos é decorrente da sua modelagem e construção, que envolveu populações multiétnicas que apresentavam condições ambientais e de saúde para um desenvolvimento adequado e, por isso, quando aplicada, apresenta concordâncias e rastreios de diagnóstico nutricional satisfatórios. O contrário é observado quando a referência da OMS é aplicada para maiores de cinco anos. Isso porque a modelagem e a população utilizadas foram diferentes, resultando em divergências no diagnóstico nutricional de vários países e, portanto, não se indicando amplamente seu uso.

Em síntese, as curvas internacionais de crescimento para maiores de cinco anos apresentam limitações, uma vez que as divergências entre as modelagens utilizadas e a composição das amostras na construção das curvas não permitiram a determinação de um padrão internacional de classificação do estado nutricional. Há dificuldade de se obterem curvas para uso internacional que possam atender a um período tão longo de crescimento e que incluam diferenças genéticas, culturais, socioeconômicas e de composição corporal de crianças e adolescentes de diferentes etnias que já tenham superado a tendência secular de crescimento.

  • Financiamento
    O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

REFERENCES

  • 1.
    World Health Organization. Adolescents. In: WHO. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995. p. 176-205.
  • 2.
    Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de crianças. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 193-9.
  • 3.
    Tirapegui J, Melo CM, Ribeiro SM. Avaliação nutricional de adolescentes. In: Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018. p. 219-40.
  • 4.
    Ferreira AA. Avaliação do crescimento de crianças: a trajetória das curvas de crescimento. Demetra. 2012;7:191-202. https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
    » https://doi.org/10.12957/demetra.2012.3786
  • 5.
    Kuczmarski RJ, Ogden CL, Guo SS, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Mei Z, et al. 2000 CDC Growth Charts for the United States: methods and development. Vital Health Stat. 2002;(246):1-190. https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
    » https://doi.org/10.1542/peds.109.1.45
  • 6.
    WHO Multicentre Growth Reference Study Group. WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. Geneva: WHO; 2006.
  • 7.
    Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
    » https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
  • 8.
    Cole TJ, Lobstein T. Extended international (IOTF) body mass index cut-offs for thinness, overweight and obesity. Pediatr Obes. 2012;7:284-94. https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012.00064.x
    » https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012.00064.x
  • 9.
    Flegal KM, Ogden CL, Wei R, Kuczmarski RJ, Johnson CL. Prevalence of Overweight in US children: comparison of growth charts from the Center for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am J Clin Nutr. 2001;73:1086-93. https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
    » https://doi.org/10.1093/ajcn/73.6.1086
  • 10.
    Priori SE, Oliveira RM, Faria ER, Franceschini SC, Pereira PF. Nutrição e saúde na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2010; p. 1-4.
  • 11.
    Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1240-3. https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.1240
    » https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.1240
  • 12.
    Rosario AS, Schienkiewitz A, Neuhauser H. German height references for children aged 0 under 18 years compared to WHO and CDC growth charts. Ann Hum Biol. 2011;38:121-30. https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
    » https://doi.org/10.3109/03014460.2010.521193
  • 13.
    Hui LL, Schooling CM, Cowling BJ, Leung SSL, Lam TH, Leung GM. Are universal standards for optimal infant growth appropriate? Evidence from a Hong Kong Chinese birth cohort. Arch Dis Child. 2008;93:561-5. https://doi.org/10.1136/adc.2007.119826
    » https://doi.org/10.1136/adc.2007.119826
  • 14.
    Kulaga Z, Litwin M, Tkaczyk M, Palczewska I, Zajączkowska M, Zwolińska D, et al. Polish 2010 growth references for school-aged children and adolescents. Eur J Pediatr. 2011;170:599-609. https://doi.org/10.1007/s00431-010-1329-x
    » https://doi.org/10.1007/s00431-010-1329-x
  • 15.
    Cole TJ, Wright CM, Williams AF; RCPCH Growth Chart Expert Group. Designing the new UK-WHO growth charts to enhance assessment of growth around birth. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2012;97:219-22. https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864
    » https://doi.org/10.1136/adc.2010.205864
  • 16.
    Cavazzotto TG, Brasil MR, Oliveira VM, Silva SR, Ronque VE, Queiroga MR, et al. Nutritional status of children and adolescents based on body mass index: agreement between World Health Organization and International Obesity Task Force. Rev Paul Pediatr. 2014;32:44-9. https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
    » https://doi.org/10.1590/s0103-05822014000100008
  • 17.
    Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS Med. 2009;6:e1000097. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
    » https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
  • 18.
    National Institutes of Health [homepage on the Internet]. Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-Sectional Studies 2014 [cited 2020 Nov 11]. Available from: https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/study-quality-assessment-tools
    » https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/study-quality-assessment-tools
  • 19.
    Alfaro EL, Vázquez ME, Bejarano IF, Dipierri JE. The LMS method and weight and height centiles in Jujuy (Argentina) children. Homo. 2008;59:223-34. https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.005
    » https://doi.org/10.1016/j.jchb.2007.12.005
  • 20.
    Silveira CR, Beghetto MG, Carvalho PR, Mello ED. Comparison of NCHS, CDC and WHO growth charts in the nutritional assessment of hospitalized children up to five years old. Nutr Hosp. 2011;26:465-71. https://doi.org/10.1590/S0212-16112011000300006
    » https://doi.org/10.1590/S0212-16112011000300006
  • 21.
    Bagni UV, Luiz RR, Veiga GV. Distortions in child nutritional diagnosis related to the use of multiple growth charts in a developing country. Rev Paul Pediatr. 2012;30:544-52. https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000400013
    » https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000400013
  • 22.
    Pereira AS, Vieira CB, Barbosa RM, Soares EA, Lanzillotti HS. Comparative analysis of nutritional status of preschool children. Rev Paul Pediatr. 2010;28:176-80. https://doi.org/10.1590/S0103-05822010000200008
    » https://doi.org/10.1590/S0103-05822010000200008
  • 23.
    Mei Z, Ogden CL, Flegal KM, Grummer-Strawn LM. Comparison of the prevalence of shortness, underweight, and overweight among US children aged 0 to 59 months by using the CDC 2000 and the WHO 2006 growth charts. J Pediatr. 2008;153:622-8. https://doi.org/10.1016/j.jpeds.2008.05.048
    » https://doi.org/10.1016/j.jpeds.2008.05.048
  • 24.
    Bosman L, Herselman MG, Kruger HS, Labadarios D. Secondary analysis of anthropometric data from a South African national food consumption survey, using different growth reference standards. Matern Child Health J. 2011;8:1372-80. https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-5
    » https://doi.org/10.1007/s10995-010-0685-5
  • 25.
    Schwarz NG, Grobusch MP, Decker ML, Goesch J, Poetschke M, Oyakhirome S, et al. WHO 2006 child growth standards: implications for the prevalence of stunting and underweight-for-age in a birth cohort of Gabonese children in comparison to the Centers for Disease Control and Prevention 2000 growth charts and the National Center for Health Statistics 1978 growth references. Public Health Nutr. 2008;11:714-9. https://doi.org/10.1017/s1368980007001449
    » https://doi.org/10.1017/s1368980007001449
  • 26.
    Soliman A, Eldabbagh M, Khalafallah H, Alali M, Elalaily RK. Longitudinal growth of infants in Qatar: comparison with WHO and CDC growth standards. Indian Pediatr. 2011;48:791-6. https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-9
    » https://doi.org/10.1007/s13312-011-0123-9
  • 27.
    Perera PJ, Fernanado MP, Ranathunga N, Sampath W, Samaranayake R, Meththananda S. Growth parameters of Sri Lankan children during infancy: a comparison with World Health Organization multicentre growth reference study. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2014;24:11-5. https://doi.org/10.7322/jhgd.71331
    » https://doi.org/10.7322/jhgd.71331
  • 28.
    Nuruddin R, Lim MK, Hadden WC, Azam I. Comparison of estimates of under-nutrition for pre-school rural Pakistani children based on the WHO standard and the National Center for Health Statistics (NCHS) reference. Public Health Nutr. 2009;12:716-22. https://doi.org/10.1017/s1368980008002383
    » https://doi.org/10.1017/s1368980008002383
  • 29.
    Onis M, Garza C, Onyango AW, Borghi E. Comparison of the WHO Child Growth Standards and the CDC 2000 Growth Charts. J Nutr. 2007;137:144-8. https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144
    » https://doi.org/10.1093/jn/137.1.144
  • 30.
    Mohammadi MR, Mostafavi SA, Hooshyari Z, Khaleghi A, Ahmadi N, Kamali K, et al. National Growth Charts for BMI among Iranian children and adolescents in comparison with the WHO and CDC curves. Child Obes. 2020;16:34-43. https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107
    » https://doi.org/10.1089/chi.2019.0107
  • 31.
    Esmaili H, Hajiahmadi M, Fathi M, Ghadimi R. Northern Iranian growth charts for children aged 7-11 years: comparison with international reference curves. East Mediterr Health J. 2019;24:1146-54. https://doi.org/10.26719/emhj.18.040
    » https://doi.org/10.26719/emhj.18.040
  • 32.
    Ma J, Wang Z, Song Y, Hu P, Zhang B. BMI percentile curves for Chinese children aged 7-18 years, in comparison with the WHO and the US Centers for Disease Control and Prevention references. Public Health Nutr. 2010;13:1990-6. https://doi.org/10.1017/s1368980010000492
    » https://doi.org/10.1017/s1368980010000492
  • 33.
    Silva DA, Martins PC, Gonçalves EC. Comparison of three criteria for overweight and obesity classification among adolescents from southern Brazil. Motriz Rev Educ Fis. 2018;23:1-8. https://doi.org/10.1590/s1980-6574201700040007
    » https://doi.org/10.1590/s1980-6574201700040007
  • 34.
    Roman EP, Ribeiro RR, Guerra-Junior G, Barros-Filho AA. A comparison of the nutritional status of girls according to different body mass index references. Rev Bras Saude Mater Infant. 2015;15:121-9. https://doi.org/10.1590/S1519-38292015000100010
    » https://doi.org/10.1590/S1519-38292015000100010
  • 35.
    Romagna ES, Silva MC, Ballardin AZ. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma unidade básica de saúde em Canoas, Rio Grande do Sul, e comparação do diagnóstico nutricional entre os gráficos do CDC 2000 e da OMS 2006. Sci Med. 2010;20:228-31. https://doi.org/10.11606/d.108.2018.tde-17052018-144820
    » https://doi.org/10.11606/d.108.2018.tde-17052018-144820
  • 36.
    Silva DA, Pelegrini A, Petroski EL, Gaya AC. Comparison between the growth of Brazilian children and adolescents and the reference growth charts: data from a Brazilian project. J Pediatr (Rio J). 2010;86:115-20. https://doi.org/10.2223/jped.1975
    » https://doi.org/10.2223/jped.1975
  • 37.
    Cossio-Bolaños MA, Viveros-Flores A, Hespanhol JE, Camargo C, Campos RG. Applicability of BMI in adolescent students living at moderate altitude of Peru. Nutr Hosp. 2015;31:922-7. https://doi.org/10.3305/nh.2015.31.2.7733
    » https://doi.org/10.3305/nh.2015.31.2.7733
  • 38.
    Valerio G, Balsamo A, Baroni MG, Brufani C, Forziato C, Grugni G, et al. Childhood obesity classification systems and cardiometabolic risk factors: a comparison of the Italian, World Health Organization and International Obesity Task Force references. Ital J Pediatr. 2017;43:19. https://doi.org/10.1186/s13052-017-0338-z
    » https://doi.org/10.1186/s13052-017-0338-z
  • 39.
    Minghelli B, Nunes C, Oliveira R. Body mass index and waist circumference to define thinness, overweight and obesity in Portuguese adolescents: Comparison between CDC, IOTF, WHO references. Pediatr Endocrinol Rev. 2014;12:35-41. PMID: 25345083
  • 40.
    Woźniacka R, Bac A, Kowal M, Matusik S. Differences in the prevalence of overweight and obesity in 5- to 14-year-old children in Kraków, Poland, using three national BMI cut-offs. J Biosoc Sci. 2018;50:365-79. https://doi.org/10.1017/s0021932017000426
    » https://doi.org/10.1017/s0021932017000426
  • 41.
    Regecová V, Hamade J, Janechová H, Ševčíková Ľ. Comparison of Slovak reference values for anthropometric parameters in children and adolescents with international growth standards: implications for the assessment of overweight and obesity. Croat Med J. 2018;59:313-26. https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313
    » https://doi.org/10.3325/cmj.2018.59.313
  • 42.
    Kakinami L, Henderson M, Delvin EE, Levy E, O’Loughlin J, Lambert M, et al. Association between different growth curve definitions of overweight and obesity and cardiometabolic risk in children. Can Med Assoc J. 2012;184:E539-50. https://doi.org/10.1503/cmaj.110797
    » https://doi.org/10.1503/cmaj.110797
  • 43.
    Moselakgomo KV, Van Staden M. Diagnostic comparison of Centers for Disease Control and Prevention and International Obesity Task Force criteria for obesity classification in South African children. Afr J Prim Health Care Fam Med. 2017;9:e1-7. https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383
    » https://doi.org/10.4102/phcfm.v9i1.1383
  • 44.
    Hughes I, Harris M, Cotterill A, Garnett S, Bannink E, Pennell C, et al. Comparison of Centers for Disease Control and Prevention and World Health Organization references/standards for height in contemporary Australian children: Analyses of the Raine Study and Australian National Children’s Nutrition and Physical Activity cohorts. J Paediatr Child Health. 2014;50:895-901. https://doi.org/10.1111/jpc.12672
    » https://doi.org/10.1111/jpc.12672
  • 45.
    Oliveira GJ, Barbiero SM, Cesa CC, Pellanda LC. Comparison of NCHS, CDC, and WHO curves in children with cardiovascular risk. Rev Assoc Med Bras. 2013;59:375-80. https://doi.org/10.1016/s2255-4823(13)70490-9
    » https://doi.org/10.1016/s2255-4823(13)70490-9
  • 46.
    Zong XN, Li H. Construction of a new growth references for China based on urban Chinese children: comparison with the WHO growth standards. PLoS One. 2013;8:e59569. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0059569
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0059569
  • 47.
    Al Herbish AS, El Mouzan MI, Al Salloum AA, Al Qureshi MM, Al Omar AA, Foster PJ, et al. Body mass index in Saudi Arabian children and adolescents: a national reference and comparison with international standards. Ann Saudi Med. 2009;29:342-7. https://doi.org/10.4103/0256-4947.55162
    » https://doi.org/10.4103/0256-4947.55162
  • 48.
    El Mouzan MI, Al Herbish AS, Al Salloum AA, Foster PJ, Al Omar AA, Qurachi MM, et al. Comparison of the 2005 growth charts for Saudi children and adolescents to the 2000 CDC growth charts. Ann Saudi Med. 2008;28:334-40. https://doi.org/10.4103/0256-4947.51688
    » https://doi.org/10.4103/0256-4947.51688
  • 49.
    Wilde JA, Van Dommelen P, Van Buuren S, Middelkoop BJ. Height of South Asian children in the Netherlands aged 0-20 years: secular trends and comparisons with current Asian Indian, Dutch and WHO references. Ann Hum Biol. 2015;42:38-44. https://doi.org/10.3109/03014460.2014.926988
    » https://doi.org/10.3109/03014460.2014.926988
  • 50.
    Bonthuis M, van Stralen KJ, Verrina E, Edefonti A, Molchanova EA, Hokken-Koelega AC, et al. Use of national and international growth charts for studying height in European children: development of up-to-date European height-for-age charts. Plos One. 2012;7:e42506. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042506
  • 51.
    Li K, Haynie D, Palla H, Lipsky L, Iannotti RJ, Simons-Morton B. Assessment of adolescent weight status: Similarities and differences between CDC, IOTF, and WHO references. Prev Med. 2016;87:151-4. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02.035
    » https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.02.035
  • 52.
    Pérez W, Melgar P, Garcés A, Marquez AD, Merino G, Siu C. Overweight and obesity of school-age children in El Salvador according to two international systems: a population-based multilevel and spatial analysis. BMC Public Health. 2020;20:687. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747-w
    » https://doi.org/10.1186/s12889-020-08747-w

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    19 Jan 2021
  • Aceito
    01 Abr 2021
Sociedade de Pediatria de São Paulo R. Maria Figueiredo, 595 - 10o andar, 04002-003 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: (11 55) 3284-0308; 3289-9809; 3284-0051 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rpp@spsp.org.br