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Consumo de álcool e práticas sexuais de risco: o padrão dos estudantes de enfermagem de uma universidade espanhola

Resumos

OBJETIVO:

determinar a prevalência de abuso de substâncias e práticas sexuais inseguras e analisar a relação entre elas em estudantes de enfermagem da Universidade de Sevilha, Espanha.

MÉTODO:

abordagem metodológica quantitativa, com um delineamento transversal descritivo. A população foi constituída por estudantes do primeiro ano de enfermagem da Universidade de Sevilha, durante o ano lectivo de 2010-2011 (N=510), com amostragem oportunista consecutiva, formada por estudantes que assistiam às aulas na data prevista (n=291).

RESULTADOS:

alta prevalência de consumo de álcool e aumento da probabilidade de não de não serem utilizadas medidas de proteção durante as práticas sexuais, quando se consumia álcool.

CONCLUSÃO:

esses resultados são consistentes com aqueles obtidos em uma mesma população no Brasil e se destaca a necessidade de reforçar, no currículo de enfermagem, um eixo transversal relacionado à prevenção de abuso de substâncias, principalmente o álcool.

Estudantes de Enfermagem; Educação em Enfermagem; Risco Relativo; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias


OBJECTIVE:

to determine the prevalence of substance abuse and unsafe sexual practices and to analyze the relationship between them, in nursing students at the University of Seville.

METHOD:

quantitative methodological approach with a descriptive cross-sectional design. The population was composed of first year nursing students in the University of Seville, during the academic year 2010-2011 (N=510), with consecutive opportunistic sampling composed of students who attended class on the scheduled day (n=291).

RESULTS:

a high prevalence of alcohol consumption, and increased likelihood of not using protective measures during sexual practices when alcohol had been consumed, was present.

CONCLUSION:

these findings are consistent with those obtained in the same population in Brazil, and highlight the need to strengthen in the nursing curriculum, the transverse axis related to the prevention of substance abuse, especially alcohol.

Students, Nursing; Education, Nursing; Relative Risk (Public Health); Substance-Related Disorders


OBJETIVO:

determinar la prevalencia del consumo de sustancias tóxicas y de prácticas sexuales sin protección y analizar la relación entre ellas en los estudiantes de Enfermería de la Universidad de Sevilla.

MÉTODO:

abordaje metodológico cuantitativo con diseño descriptivo y transversal. La población la constituyo el alumnado de Enfermería de 1º de Grado de la Universidad de Sevilla durante el curso académico 2010-2011 (N=510), con muestreo oportunista y consecutivo conformado por el alumnado que acudió a clase el día programado (n=291).

RESULTADOS:

mostraron alta prevalencia del consumo de alcohol y aumento de la probabilidad de no utilizar medidas de protección en prácticas sexuales cuando se había consumido alcohol.

CONCLUSIÓN:

estos hallazgos concuerdan con los obtenidos en la misma población en Brasil y ponen de manifiesto la necesidad de fortalecer en el currículo de enfermería, un eje transversal relacionado con la prevención del consumo de sustancias tóxicas, especialmente con el alcohol.

Estudiantes de Enfermería; Educación en Enfermería; Riesgo Relativo; Trastornos Relacionados con Sustancias


Introdução

Numerosos autores mostram que a fase universitária favorece o aparecimento e consolidação de determinados comportamentos de risco, especialmente aqueles relacionados ao uso de substâncias tóxicas e práticas sexuais desprotegidas( 11. Cunill M, Planes M, Grass ME. Creencias sesgadas respecto al grado de "dureza" de algunas drogas en estudiantes universitarios. Adicciones. 1998;10(3):233-8.

2. Font-Mayolas S, Grass ME, Planes M. Análisis del patrón de consumo de cannabis en estudiantes universitarios. Adicciones. 2006;18(4):337-44.
- 33. Jiménez-Muro A, Belmonte A, Marqueta A, Gargallo P, Nerín de la Puerta I. Consumo de drogas en estudiantes universitarios de primer curso. Adicciones. 2009;21(1):21-8. ). No entanto, esses comportamentos não são percebidas pelos estudantes como de risco( 44. Espada JP, Pereira JR, García-Fernández JM. Influencia de los modelos sociales en el consumo de alcohol de los adolescentes. Psicothema. 2008;20(4):531-7.

5. Morales NB, Plazas M, Sánchez R, Arena CA. Risk and protection factors related to the consumption of psychoactive substances in undergraduate nursing students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(spec):673-83.
- 66. Ortega-Pérez CA, Costa Júnior ML, Pereira Vasters G. Epidemiological profile of drug addiction in college students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(Spe):665-72. ). A pesquisa mostra uma relação positiva entre a percepção do risco, a prevalência do consumo de tóxicos( 77. Moral MV, Ovejero A. Análisis diferencial por niveles de edad de las actitudes hacia el consumo de sustancias psicoactivas en adolescentes españoles. Interam J Psychol. 2005;9(3):325-38. ) e da interação entre os diferentes comportamentos de risco( 88. Towards FA. Sociological Understanding of Youth and their Risk-taking. J Youth Stud. 2000;3(3):317-31.

9. Hernán M, Fernández M, y Ramos M. La salud de los jóvenes. Gac Sanit. 2004;18(1):47-55.
- 1010. Arantes Wagner G, Andrade Stempliuk V, Zilberman M, Pereira Barroso L, Guerra de Andrade A. Alcohol and drug use among university students: gender differences. Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(2):123-9. ). Assim, o uso de drogas aumenta a probabilidade de viver uma situação associada ao risco( 1111. Meneses Falco C, Gil García E, Romo Avilés N. Adolescentes, situaciones de riesgo y seguridad vial. Atenção Primaria. 2010;42(9):452-62. ) e ter relações sexuais sem proteção( 1212. Gil García E, González López R, Meneses Falco C. Percepción de riesgo y dinámicas promotoras de salud en adolescentes: una mirada de género. Rev Española Drog. 2010;35(3):297-308. - 1313. Guitart AM, Espelt A, Castellano Y, Bartroli M, Villalbí JR, Domingo-Salvan A, Brugal MT. Impacto del trastorno por consumo de alcohol en la mortalidad: ¿hay diferencias según la edad y el sexo? Gac Sanit. 2011;25(5):385-90. ).

Na Espanha, em 2007, o consumo de álcool e práticas sexuais desprotegidas, entre os jovens, mostraram números alarmantes, 32% dos jovens entre 15 e 34 anos já haviam se embriagado em algum momento, durante o último mês( 1414. Informe del Plan Nacional sobre Drogas. 2007. [acesso 2 dez 2011]; Disponível em: http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observa/pdf/InformeEdades2007-2008.pdf 1.
http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observ...
), e 16% já haviam tido relações sexuais desprotegidas( 1515. Informe Juventud en España [Internet]; 2008. [acesso 2 dez 2011]; Disponível em: http://www.injuve.es/contenidos.item.action?id=1531688780
http://www.injuve.es/contenidos.item.act...
).

No Brasil, encontram-se poucos estudos que tratam de práticas sexuais de risco entre estudantes universitários, mas são encontrados estudos relativos ao consumo de substância tóxica. Estudos de prevalência, realizados em São Paulo, em 2008, mostram aumento significativo no consumo de álcool e tabaco( 1616. Arantes Wagner G, Guerra de Andrade A. Uso de alcohol, tabaco e outras drogas entre estudantes universitarios brasileros. Psiq Clin. 2008;35(1):48-54. ), observando-se forte associação entre o consumo de álcool e imprudência em acidentes de trânsito, com mais frequência em pessoas com idade inferior a 25 anos( 1717. Severo Santos J F, Santos Alves V. Perfil do estilo de vida relacionado á saúde dos acadêmicos da Unicentro, Campus Irati, PR. Efdeportes [Internet] fev 2009; [acesso 15 dez 2011]; Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd129/perfil-do-estilo-de-vida-relacionado-a-saude-dos-academicos.htm1.
http://www.efdeportes.com/efd129/perfil-...
). Na Universidade de Curitiba, em 2007, a prevalência de consumo de álcool, uma ou mais vezes por semana, nos últimos 30 dias, entre os alunos de fisioterapia, foi de 26,5%, e 31,5% nos estudantes de Educação Física( 1818. Chiapetti N, Serbena, C A. Uso de álcool, tabaco e drogas por estudantes da área de saúde de uma universidade de Curitiba. Psicol Reflex Crit. 2007;20(2):303-13. ).

Em uma pesquisa nacional sobre o consumo de álcool e outras drogas por universitários brasileiros, em 27 locais dos Estados de todo o país, os dados apresentados indicam um fato surpreendente: quase 49% dos estudantes universitários pesquisados experimentaram uma droga ilícita pelo menos uma vez em sua vida, e 80% dos entrevistados, menores de 18 anos, relataram já ter consumido algum tipo de bebida alcoólica. O consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os universitários é mais frequente que na população em geral, o que reforça a necessidade de maior compreensão do fenômeno para o desenvolvimento de prevenção nesse segmento( 1919. Presidência da República (BR). Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras. Brasília: SENAD; 2010. 284 p. ).

Revendo outros estudos na América Latina, descobriu-se que, na Colômbia, 28,5% dos estudantes universitários consomem álcool ao menos uma vez por semana e 51,7% o fazem ocasionalmente( 2020. Lema Soto LF, Salazar Torres IC, Varela Arévalo MT, Tamayo Cardona JA, Rubio Sarria A, et al. Comportamiento de salud de los jóvenes universitarios: satisfacción con el estilo de vida. Pensamiento Psicol. 2009;5(12):71-88. ). A droga mais usada entre os estudantes de Cali, em 2006, foi o álcool (74,5% dos estudantes consomem regularmente), sendo as bebidas mais comuns nesta ordem: cerveja, destilados e vinho( 2121. Cáceres D, Salazar I, Varela M, Tovar J. Consumo de drogas en jóvenes universitarios y su relación de riesgo y protección con los factores psicosociales. Univ Psychol Bogotá (Colombia). 2006;5(3):521-34. ); e na Universidade de El Salvador, Chile, o álcool (74,7%) e fumo (16,6%) são as principais drogas de iniciação( 66. Ortega-Pérez CA, Costa Júnior ML, Pereira Vasters G. Epidemiological profile of drug addiction in college students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(Spe):665-72. ).

Considerando que, durante o período de universidade, os comportamentos de risco são consolidados e os estudantes de enfermagem, futuros membros da equipe de saúde, têm papel fundamental na educação para a saúde e o desenvolvimento e implementação de medidas preventivas( 2222 Silva SED da, Vilela EV, Padilha MIP de S, Martini JG, Schubert VMB. A educação em saúde como uma estratégia para enfermagem na prevenção do alcoolismo. Esc Anna Nery. 2007;11(4):699-705. ), o objetivo deste estudo centrou-se na determinação da prevalência do uso de substância tóxica e práticas sexuais desprotegidas dos estudantes de enfermagem da Universidade de Sevilha. Conhecer o perfil sociodemográfico e as práticas de risco ajuda os professores a abordarem o processo de ensino com os estudantes como promotores de saúde e como pesquisadores e, ainda, aprender alguns dos mecanismos de trabalho que favoreçam a interrupção entre percepção e comportamento.

Método

Trata-se de estudo transversal, desenvolvido na área da Universidade de Sevilha. A população foi constituída por estudantes de enfermagem do primeiro ano, matriculados em Faculdades e Escolas do Distrito na Universidade Sevilla, durante o ano letivo de 2010-2011 (N=510).

Foi realizada amostragem não probabilística (n=291), oportunista e consecutiva com toda a população suscetível de ser selecionada, incluindo todos os alunos que frequentavam as aulas no dia agendado, nos meses de fevereiro e março de 2011.

As informações foram coletadas por meio de um questionário específico, autoadministrado, desenvolvido após a revisão da literatura e consulta com especialistas que conferiram aparência e validade de conteúdo, seguindo os requisitos éticos referidos na legislação espanhola, Lei 15/1999 de 13 de dezembro. Os dados foram tratados de forma anônima e confidencial. Antes do início da aplicação do questionário, todos os alunos receberam informações por escrito sobre os objetivos, finalidade e financiamento do projeto, bem como a natureza voluntária, anônima e confidencial dos dados e da possibilidade de não continuarem colaborando voluntariamente, ou da possibilidade de correção ou cancelamento dos seus dados pessoais a qualquer momento.

As variáveis estudadas foram: características sociodemográficas, uso de substâncias tóxicas e práticas sexuais de risco. Para a análise estatística, foi utilizado o SPSS, 15.0, para Windows, trabalhando com um nível de significância de p<0,05. A análise exploratória foi realizada para obter a distribuição de frequências e proporções, medidas de tendência central, dispersão e intervalos de confiança das variáveis contínuas e o teste do qui-quadrado com correção de Fisher, na análise bivariada das variáveis qualitativas. Para detectar associação de consumo de tóxicos e de práticas sexuais de risco, foi realizada a análise fatorial de componentes principais e rotação varimax. Para identificar a relevância que sexo, idade e/ou consumo de drogas têm sobre o uso ou não uso de medidas de proteção em práticas sexuais, foi realizada uma análise de regressão logística binária.

Resultados

Perfil sociodemográfico

Dos 291 indivíduos que responderam ao questionário, 20% eram do sexo masculino (n=51) e 80% do sexo feminino (n=240), faixa etária de 18 a 50 anos. A idade média foi de 21 anos. Dos estudantes, 81% vieram de áreas urbanas e 42% dos estudantes do sexo masculino e 50% do sexo feminino nunca haviam tido trabalho remunerado.

Somente 29% dos pais e 3% das mães tinham formação universitária. Nove por cento dos pais de estudantes estavam envolvidos em área de saúde, 35% das mães e 0,4% dos pais eram considerados donos(as) de casa.

Consumo de substâncias tóxicas

Para analisar o comportamento de risco, foi perguntado sobre o uso de substâncias tóxicas (fumo, cerveja, vinho, combinados, maconha, tranquilizantes e cocaína).

Considerou-se, quando a pessoa consomia "às vezes", como menos de duas vezes por semana e "geralmente" quando consumidos duas vezes por semana.

Os resultados deste estudo indicam consumo habitualmente alto de tabaco (26% das mulheres contra 17% dos homens), de bebidas misturadas com álcool (50% de homens contra 38% de mulheres), cerveja (31% homens e 20% mulheres), vinho (19,6% para homens e 17% de mulheres) e haxixe (6% dos homens e 2% das mulheres). Os resultados mostraram, também, às vezes, para tranquilizantes em 14% de homens e 8,5% das mulheres. As diferenças de gênero são estatisticamente significantes em relação ao consumo de cerveja (0,016) (Tabela 1).

Tabela 1
Estudantes do 1º ano de Enfermagem, matriculados em Faculdades e Escolas do Distrito da Universidade de Sevilha, de acordo com a quantidade de consumo, tipo de substância e sexo. Sevilha, Espanha, 2010-2011

A análise fatorial dos componentes principais explica os 61% da variância com KMO de 0,645 e significancia de 0,000, agrupados em três fatores: F1 - consumo de álcool; F2 - drogas estimulantes; F3 - drogas relaxantes. Como mostrado no componente da matriz girada de análise fatorial, o tabaco está relacionado ao consumo de álcool, drogas erelaxantes e o consumo de haxixe tem associação com drogas relaxantes e estimulantes (Tabela 2).

Tabela 2
Estudante do 1o ano de Enfermagem, matriculados em Faculdades e Escolas do Distrito da Universidade de Sevilha, de acordo com os valores de fator de consumo de substâncias tóxicas. Sevilha, Espanha, 2010-2011

Práticas sexuais desprotegidas

No que diz respeito às práticas sexuais, observou-se que o uso do preservativo é prática comum para 65% de mulheres e 55% dos homens. E a manobra de "retirada" tem sido usada, às vezes, por 45% dos homens e 47% das mulheres. Cerca de 32% das mulheres já usaram a pílula do dia seguinte (Tabela 3).

Tabela 3
Estudantes do 1o ano de Enfermagem, matriculados em Faculdades e Escolas do Distrito da Universidade de Sevilha, de acordo com os valores comportamentais sexuais e medidas de proteção. Sevilha, Espanha, 2010-2011

A análise fatorial dos componentes principais, relacionados às práticas sexuais, indicam que existem três fatores que explicam 69,082% da variância com um KMO de 0,547 e significância de 0,00. Os fatores são: F1 - não uso medidas de protecção; F2 - medidas de protecção química e F3 - medidas de barreira. Como mostrado nos componentes apontados, o uso do preservativo está associado negativamente ao uso de medidas de protecção e ao uso de outras medidas de barreira (Tabela 4).

Tabela 4
Estudantes do 1o ano de Enfermagem, matriculados em Faculdades e Escola do Distrito da Universidade de Sevilha, de acordo com o valor das medidas de proteção. Sevilha, Espanha, 2010-2011

Relação entre o consumo de álcool e medidas de proteção

Para determinar se a idade, sexo e o uso de substâncias tóxicas exercem influência ou não na utilização de medidas de proteção, foi construído um Modelo de Regressão Logística Binária (MRLB) nas etapas em que a Variável Independente (VI) foi dicotomizada em medidas de proteção: Sim: 1/Não: 0. Foram introduzidos idade, sexo (masculino: 1 feminino: 0), "álcool", "drogas estimulantes" e "drogas relaxantes ", como covariáveis.

Em primeiro lugar, foi introduzida a idade e depois a variável categórica gênero e, a seguir, os fatores obtidos no modelo de fatores sobre o consumo de substâncias tóxicas (F1 - "consumo de álcool", F2 - "drogas estimulantes" e F3 - "drogas relaxantes"). A análise incluiu 243 casos (Tabela 5).

Tabela 5
Estudante de 1º ano de Enfermagem, matriculados em Faculdades e Escolas do Distrito da Universidade de Sevilha, no modelo de regressão logística binária "medidas de proteção". Sevilha, Espanha, 2010-2011

Os resultados indicam que a variável que influencia o uso ou o não uso de medidas de protecção é "consumo de álcool" (0,001). A idade, o sexo e o consumo de "drogas estimulantes" ou "drogas relaxantes" não foram incluídos na equação por não apresentarem significância estatística. A razão de verossimilhança (0,005) e da estatística Hosmer-Lemeshow (0,567) revelaram a qualidade de ajuste do modelo. Os coeficientes de determinação mostraram a quantidade de variância explicada pelo modelo, no presente caso obteve-se uma taxa de 67,1% de classificação correta. O valor OR de Exp (B), associado ao consumo de álcool, indica que o consumo de álcool aumenta a probabilidade de não se utilizar medidas de protecção por 1,617. Em outras palavras, o risco relativo de não utilizar as medidas de proteção é multiplicado por 1,6 vezes quando o álcool é consumido.

Discussão

Os estudantes de enfermagem da Universidade de Sevilha têm perfil semelhante ao de outros estudantes universitários( 99. Hernán M, Fernández M, y Ramos M. La salud de los jóvenes. Gac Sanit. 2004;18(1):47-55.

10. Arantes Wagner G, Andrade Stempliuk V, Zilberman M, Pereira Barroso L, Guerra de Andrade A. Alcohol and drug use among university students: gender differences. Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(2):123-9.

11. Meneses Falco C, Gil García E, Romo Avilés N. Adolescentes, situaciones de riesgo y seguridad vial. Atenção Primaria. 2010;42(9):452-62.

12. Gil García E, González López R, Meneses Falco C. Percepción de riesgo y dinámicas promotoras de salud en adolescentes: una mirada de género. Rev Española Drog. 2010;35(3):297-308.

13. Guitart AM, Espelt A, Castellano Y, Bartroli M, Villalbí JR, Domingo-Salvan A, Brugal MT. Impacto del trastorno por consumo de alcohol en la mortalidad: ¿hay diferencias según la edad y el sexo? Gac Sanit. 2011;25(5):385-90.

14. Informe del Plan Nacional sobre Drogas. 2007. [acesso 2 dez 2011]; Disponível em: http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observa/pdf/InformeEdades2007-2008.pdf 1.
http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observ...

15. Informe Juventud en España [Internet]; 2008. [acesso 2 dez 2011]; Disponível em: http://www.injuve.es/contenidos.item.action?id=1531688780
http://www.injuve.es/contenidos.item.act...

16. Arantes Wagner G, Guerra de Andrade A. Uso de alcohol, tabaco e outras drogas entre estudantes universitarios brasileros. Psiq Clin. 2008;35(1):48-54.

17. Severo Santos J F, Santos Alves V. Perfil do estilo de vida relacionado á saúde dos acadêmicos da Unicentro, Campus Irati, PR. Efdeportes [Internet] fev 2009; [acesso 15 dez 2011]; Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd129/perfil-do-estilo-de-vida-relacionado-a-saude-dos-academicos.htm1.
http://www.efdeportes.com/efd129/perfil-...

18. Chiapetti N, Serbena, C A. Uso de álcool, tabaco e drogas por estudantes da área de saúde de uma universidade de Curitiba. Psicol Reflex Crit. 2007;20(2):303-13.

19. Presidência da República (BR). Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras. Brasília: SENAD; 2010. 284 p.

20. Lema Soto LF, Salazar Torres IC, Varela Arévalo MT, Tamayo Cardona JA, Rubio Sarria A, et al. Comportamiento de salud de los jóvenes universitarios: satisfacción con el estilo de vida. Pensamiento Psicol. 2009;5(12):71-88.

21. Cáceres D, Salazar I, Varela M, Tovar J. Consumo de drogas en jóvenes universitarios y su relación de riesgo y protección con los factores psicosociales. Univ Psychol Bogotá (Colombia). 2006;5(3):521-34.

22 Silva SED da, Vilela EV, Padilha MIP de S, Martini JG, Schubert VMB. A educação em saúde como uma estratégia para enfermagem na prevenção do alcoolismo. Esc Anna Nery. 2007;11(4):699-705.
- 2323. García de Albéñiz XA, Guerra Gutiérrez F, Ortega Martínez R, Sánchez Villegas A, Martínez González MA. Consumo de tabaco en titulados universitarios. El Proyecto SUN (Seguimiento Universidad de Navarra) . Gac Sanit. 2004;18:108-17. ) e, da mesma maneira, na sociedade espanhola( 1414. Informe del Plan Nacional sobre Drogas. 2007. [acesso 2 dez 2011]; Disponível em: http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observa/pdf/InformeEdades2007-2008.pdf 1.
http://www.pnsd.msc.es/Categoria2/observ...
), eles mostram consumo problemático de álcool. Os estudantes de enfermagem jovens consomem, geralmente, bebidas alcoólicas e o consumo de álcool favorece a realização de outros comportamentos de risco, como a não utilização de medidas de proteção durante a relação sexual.

Hoje, nos países ocidentais, vive-se um clima de preocupação com o uso ilegal de substâncias tóxicas e existe forte pressão na sociedade civil, amplificada pela mídia, para prevenção do uso de drogas ilegais e aplicação de recursos financeiros para uso na repressão, educação e tratamento. Vive-se com um enorme poder ilegal de produtores e vendedores de substâncias ilegais que continuam na tentativa de popularizar seus produtos. No Brasil, o álcool é responsável por 90% das internações e 50% das vítimas de morte violenta, em regiões metropolitanas( 2424. Carlini-Cotrim B, Gazal-Carvalho C, Gouveia N. Comportamentos de saúde entre jovens estudantes das redes pública e privada da área metropolitana do Estado de São Paulo. Rev Saúde Pública. 2000;4(6):636-45. ). Entretanto, existe pouca reflexão sobre o consumo excessivo de álcool e sua tendência ao aumento. Considera-se necessário lembrar que a maior parte de internações por drogas deve-se ao álcool e que a maioria das mortes violentas (homicídios, suicídios e acidentes de trânsito) está relacionada ao abuso de álcool( 2424. Carlini-Cotrim B, Gazal-Carvalho C, Gouveia N. Comportamentos de saúde entre jovens estudantes das redes pública e privada da área metropolitana do Estado de São Paulo. Rev Saúde Pública. 2000;4(6):636-45. ). Em muitas pesquisas é demonstrada a relação entre consumo de álcool e acidentes de trânsito(11-13) e os dados, aqui apresentados, destacam a relação entre consumo de álcool e práticas sexuais de risco.

Os resultados da pesquisa apresentam grandes desafios aos pesquisadores e professores. Acredita-se que os resultados contribuam para alertar a comunidade acadêmica sobre os riscos do consumo de álcool, especialmente entre os jovens que, em um futuro imediato, farão parte das equipes de saúde. Entretanto, considera-se oportuno reforçar o currículo de enfermagem com um eixo transversal relacionado à prevenção de substâncias tóxicas( 55. Morales NB, Plazas M, Sánchez R, Arena CA. Risk and protection factors related to the consumption of psychoactive substances in undergraduate nursing students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(spec):673-83. ) e, em particular, o álcool( 2222 Silva SED da, Vilela EV, Padilha MIP de S, Martini JG, Schubert VMB. A educação em saúde como uma estratégia para enfermagem na prevenção do alcoolismo. Esc Anna Nery. 2007;11(4):699-705. ). A abordagem deve ser feita a partir de uma perspectiva integral, relacionando-a ao cuidado da qualidade de vida das comunidades, para não mencionar a complexidade dos fatores que envolvem a sua produção, distribuição e comercialização( 2525. Martini JG, Furegato AR. Teachers' social representations on drug use in a secondary school. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2008;16(Spe):128-34. ).

Conclusão

Os resultados, como nos casos de jovens universitários latino-americanos, mostram alta prevalência de uso de tabaco e álcool, e revelam efeito multiplicador que o consumo de álcool produz na não utilização de medidas de protecção durante a relação sexual. A autoria desta pesquisa, professores de enfermagem, considera conveniente a incorporação de um eixo preventivo relacionado ao abuso de drogas e, especialmente, ao consumo de álcool, no currículo acadêmico dos futuros profissionais de saúde.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2013

Histórico

  • Recebido
    17 Maio 2012
  • Aceito
    02 Maio 2013
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