Lições do passado no presente: notícias da pandemia de gripe espanhola à Covid-19

RESUMO

Objetivo:

analisar as condutas sanitárias para o combate da gripe espanhola e sua relação com a pandemia de COVID-19 no Rio de Janeiro.

Métodos:

estudo na perspectiva da micro-história, com análise de matérias publicadas na Revista da Semana sobre a gripe espanhola, tendo como critérios publicações com o termo "epidemia" referente à gripe espanhola ou à influenza no período do surto epidêmico e circunscrita no Rio de Janeiro, Distrito Federal.

Resultados:

foram encontrados 18 registros organizados em três eixos temáticos: político, 4; social, 11; de cuidados, 3.

Considerações finais:

as lições deixadas pela epidemia da gripe espanhola em tempos de coronavírus serão de mudanças no campo político, social e dos cuidados como marcas das grandes epidemias.

Descritores:
Infecções por Coronavírus; Pandemias; Notícias; Influenza Pandêmica, 1918-1919; História da Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to analyze the health conducts for combating the Spanish flu and its relationship with the COVID-19 pandemic in Rio de Janeiro.

Methods:

study from the perspective of microhistory, with analysis of articles published in Revista da Semana on the Spanish flu, having as criteria publications with the term "epidemic" referring to the Spanish flu or influenza in the period of the epidemic outbreak in Rio de Janeiro, Federal District.

Results:

18 records, organized in three thematic axes: political, 4; social, 11; care, 3, were found.

Final considerations:

the lessons left by the Spanish flu epidemic in coronavirus times will be changes in the political, social and care field as marks of major epidemics.

Descriptors:
Coronavirus Infections; Pandemics; News; Pandemic Influenza, 1918-1919; Nursing History

RESUMEN

Objetivo:

analizar la conducta sanitaria para combatir la gripe española y su relación con la pandemia COVID-19 en Río de Janeiro.

Métodos:

estudio desde la perspectiva de la microhistoria, con análisis de los artículos publicados en la Revista da Semana sobre la gripe española, utilizando como criterio las publicaciones con el término "epidemia" referida a la gripe española o influenza en el período de la epidemia y brote circunscrito en Río de Janeiro, Distrito Federal.

Resultados:

se encontraron 18 registros organizados en tres ejes temáticos: político, 4; social, 11; de atención, 3.

Consideraciones finales:

las lecciones dejadas por la epidemia de gripe española en tiempos de coronavirus serán los cambios en el ámbito político, social y asistencial como marcas de las grandes epidemias.

Descriptores:
Infecciones por Coronavirus; Pandemias; Notícias; Influenza Pandémica, 1918-1919; Historia de la Enfermería

INTRODUÇÃO

Há 102 anos, o Brasil foi atingido pela pandemia da gripe espanhola no contexto após a I Guerra Mundial. Na época, sabe-se que o flagelo entrou no país pelo navio Demerara, partindo de Liverpool com destino à Recife. Em virtude de muitos dias de viagem, diversas mortes ocorreram. Com a chegada do transporte ao porto, uma bandeira que sinalizou a quarentena foi hasteada, mas as autoridades médicas brasileiras acharam que a conduta era prematura, pois se tratava de uma simples gripe. A partir de então, a doença disseminou e assolou o resto do país. Nesta perspectiva, o contexto se desorganizou no campo político, social, econômico e sanitário com o fechamento/paralização dos portos, transportes e diversos outros serviços⁽¹⁾.

Nas instituições de saúde, os acometidos chegavam com pneumonia viral, sangramento, vômitos e calafrios. Os cuidados prestados eram a realização de banhos quentes, oferta de uma dieta à base de vinhos e canjica, bem como a administração de medicações, como o quinino e purgantes, potencializados com as publicidades de pílulas e água de quinino, com a promessa de cura da doença^(2-5). Ademais, contava-se com a carência de material de proteção para os profissionais de saúde, assim como o desconhecimento da genética do vírus⁽¹⁾.

Muitas pessoas foram a óbito, tanto nas instituições de saúde quanto nos próprios domicílios⁽¹⁾, sendo um destes o presidente do Brasil, Rodrigues Alves, quando, na voz corrente, a gripe espanhola no país ficou conhecida como uma doença democrática.

As autoridades governamentais tinham dificuldades de estabelecer a quarentena e fechar as fronteiras para a redução da circulação do vírus. Contudo, medidas eram tomadas em prol da prevenção, para se evitar as críticas públicas e tranquilizar a população⁽¹⁾.

Esse cenário de pandemia nos tempos idos faz lembrar o tempo presente, com a nova doença causada por um tipo novo de coronavírus, a COVID-19, o que remete à questão: quais as lições deixadas pela gripe espanhola para atual pandemia de COVID-19?

Assim sendo, justificar a relevância deste artigo pode até parecer redundante, mas é necessário trazer à memória a historiografia das grandes epidemias e lembrar que elas examinam as rupturas epidemiológicas, que abalaram as estruturas sociais, econômicas, culturais, políticas e demográficas⁽⁶⁾. Pensar nessa ótica, nesse momento de pandemia, é o que nos faz investigar as lições deixadas para o tempo presente.

OBJETIVO

Analisar as condutas sanitárias para o combate da gripe espanhola e sua relação com a pandemia de COVID-19 no Rio de Janeiro.

MÉTODO

Aspectos éticos

Este estudo não foi submetido a Comitê de Ética em Pesquisa, pois as fontes são públicas⁽⁷⁾.

Referencial teórico-metodológico

O referencial metodológico é o da microanálise⁽⁸⁾, que verifica o fenômeno no sentido micro, ao dialogar com os aspectos macros. Em outras palavras, em tom de metáfora, é conhecer o oceano por uma gota d'água.

Tipo de estudo

Pesquisa qualitativa na perspectiva da micro-história, realizada a partir da análise dos fac-símiles que compõem a Revista da Semana, com base no referencial teórico de Carlo Ginzburg⁽⁹⁾.

Fonte de dados

As fontes para a construção desta pesquisa foram matérias publicadas na Revista da Semana, na época da gripe espanhola, por meio do termo "epidemia". Essa foi escolhida por ter sido o primeiro periódico a publicar imagens fotográficas - fac-símiles -, o que reconfigurou a imprensa com a sua criação em 1900. Ademais, ela era a mais lida por sua característica de leitura leve para as mulheres⁽¹⁰⁾.

Os critérios de inclusão utilizados foram: delimitação temporal de 1918 a 1919, publicações com o termo "epidemia" referente à gripe espanhola ou a influenza, no período do surto epidêmico e circunscrita no Rio de Janeiro, Distrito Federal. Os critérios de exclusão foram: notícias de pessoas falecidas/obituários, registros de qualquer problema na imprensa e texto com perspectivas históricas de tempos idos do fenômeno não investigado.

Coleta e organização dos dados

A coleta de dados ocorreu no período de abril de 2020 na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, por meio de um instrumento de coleta, composto de datação, edição, página, título da matéria e síntese do registro noticioso, o que deu origem aos eixos temáticos por aproximação para a análise dos resultados. Cabe destacar que se seguiu as recomendações Standards for Reporting Qualitative Research (SRQR).

Análise dos dados

Mediante os resultados encontrados, foi realizada a organização dos dados em eixos temáticos para a análise embasada na literatura de aderência, visando ao cumprimento do objetivo. Posteriormente, conduziu-se as considerações finais, quando foram apontadas as lições deixadas pela gripe espanhola para a pandemia de COVID-19.

RESULTADOS

Na busca dos registros noticiosos na Revista da Semana, foram identificadas 36 ocorrências com o termo "epidemia" na delimitação temporal proposta. Contudo, ao aplicarmos os critérios estabelecidos, obtiveram-se 18 registros noticiosos na temporalidade de 18 de outubro a 16 de novembro de 1918, comum na proposta do referencial-metodológico e entendida como a redução da delimitação temporal.

Quadro 1
O termo "epidemia" da influenza nos registros noticiosos na Revista da Semana e o agrupamento temático (19 de outubro a 16 de novembro de 1918), Rio de Janeiro, Brasil

Data	Título da matéria	Síntese do registro noticioso	Eixos temáticos
19/10/1918	A epidemia	Crise política falta providências, tendo por consequência paralização de diversos setores na sociedade.	Política
19/10/1918	Consultório de Mulher - Influenza Hespanhola	Aconselhamento de higiene corporal e nos ambientes.	Cuidados
26/10/1918	A epidemia	Agravamento da epidemia por não ter ouvido a voz da ciência.	Política
	Cartas de Mulheres	Relata passagem de uma trabalhadora acometida pela influenza, mas por medo de perder o emprego continuou as suas atividades laborais e após dias faleceu.	Social
	A epidemia - para combater e debelar a influenza - conselhos prevenções e remédios	Registro infectados devem ficar isolados e apresenta cuidados de prevenção, combate e atenção com os idosos.	Cuidados
	Notícias e comentários Aspectos macabros do Rio durante a epidemia	Relatam como terapêutica profilática purgativo e dietas.	Cuidados
	Os marinheiros de Pittsburgh	Registro de mortes de 26 marinheiros, significando 10% da tripulação.	Social
	A estatística fúnebre da epidemia	Registra o quantitativo de morte, levando a superlotação nos cemitérios.	Social
	A semana trágica	Relata a morte de 30 médicos e estudantes de medicina.	Social
02/11/1918	Cartas de mulheres - o amor trágico	Relata o caso de um marido infectado que cometeu suicídio.	Social
	A hecatombe da epidemia	Registra o quantitativo de vítimas fatais, sendo a epidemia sem critério social	Social
	Carlos Chagas e a epidemia	Registra a contribuição do cientista Carlos Chagas para a epidemia.	Política
	Semana elegante - A cidade triste	Relata a cidade triste e vazia, com poucas pessoas nas ruas.	Social
09/11/1918	Cartas de mulheres	Relata o sofrimento e a capacidade de superá-los com destaque a dor das mães pela perda dos filhos.	Social
	A epidemia e os presidiários	Relata as péssimas condições das penitenciarias e a contribuição dos presos nos sepultamentos.	Social
16/11/1918	O sr. Rodrigues Alves não a presidência	Registra a perda do Sr. Rodrigues Alves - como presidente eleito do Brasil.	Política
	Uma heroína da Caridade	Cita religiosa abnegada e solidária aos necessitados.	Social

Fonte: Revista da Semana, 1918.

Após a organização dos dados, estabeleceram-se três eixos temáticos: político, somando 4 registros noticiosos; social, totalizando 11 registros; de cuidados, com o total de 3. O primeiro eixo foi destinado aos aspectos políticos, agrupando os assuntos relacionados aos governantes do país e cientistas na luta em prol do combate à gripe espanhola; o segundo foi relativo aos relatos de casos, condições da cidade do Rio de Janeiro e quantificação de mortes; o terceiro agrupou os cuidados recomendados para prevenção e combate à influenza.

DISCUSSÃO

A gripe espanhola, datada de 1918, originou-se nos Estados Unidos da América no período pós-guerra, mas recebeu este nome por ter sido a Espanha o primeiro país a noticiar que vários soldados tiveram que deixar o front após apresentarem sintomas virais, além do registro de óbitos por quadro clínico de pneumonia. Desse modo, houve a falsa impressão de que a Espanha foi o país mais acometido, ou que a gripe teria tido origem lá⁽¹¹⁾.

Em tempos atuais, especificamente em dezembro de 2019, indivíduos foram acometidos por uma pneumonia fatal, com origem na cidade de Wuhan (China), causada por um novo tipo de coronavírus identificado como Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2), que resultou em uma doença denominada pela Organização Mundial da Saúde como Coronavirus Disease (COVID-19)^(12-13).

Tais contextos pandêmicos, do passado e do presente, direcionaram este estudo para compreensão no sentido micro e por verossimilhança pela lenta da Revista da Semana, os cuidados e acontecimentos em torno da gripe espanhola.

Pandemia de gripe espanhola

No eixo da política, os registros identificados foram notícias veiculadas envolvendo os citados, nominalmente, Carlos Seidl, Carlos Chagas e Rodrigues Alves.

Como mencionado nas matérias, Carlos Seidl, Diretor Geral de Saúde Pública, equivalente ao Ministro da Saúde atualmente, não tomou as providências necessárias para a prevenção da gripe espanhola, por não acreditar que a doença avançaria, considerando o isolamento inviável. A justificativa era sustentada pela argumentação do efeito do declínio da economia em virtude da redução de pessoas no mercado de trabalho, dos meios de transporte e a interrupção do funcionamento de colégios e teatros⁽¹⁴⁾.

Outro argumento apresentado nos registros noticiosos foi o fato de que as autoridades governamentais desvalorizaram os apontamentos científicos referentes à potencialização do contágio⁽¹⁴⁾, que sinalizavam a pandemia da gripe espanhola como quadro clínico fatal no curso de 3 dias, com acometimento das vias aéreas respiratórias superiores e aparelho digestivo, voltando a atenção, sobretudo, para as cidades do interior do estado do Rio de Janeiro.

Entender o que ocorreu no passado com Carlos Seidl, por meio dos jornais, como "A Noite" e "A Gazeta de Notícias", possibilita observar que as críticas por ele recebidas contribuíram para o seu desgaste junto ao povo, motivado pelo medo da morte, pela carência da atuação dos serviços de saúde, para além da desorganização da vida cotidiana⁽¹⁴⁾, bem como pela afirmativa da falta de contribuição da ciência por não se constituir como área de conhecimento⁽¹⁵⁾.

Além disso, destaca-se que Seidl era severamente criticado pelas matérias jornalísticas, bem como pela política vigente na época, durante a gestão de Venceslau Brás. Com a crise instalada, o nome de Carlos Chagas foi, então, apontado para assumir a Diretoria Geral de Saúde Pública, em substituição de Seidl⁽¹³⁾. Ressalta-se que a nomeação ocorreu devido aos estudos por ele desenvolvido com a descoberta do Tripanosoma cruzi, patógeno causador da doença de Chagas, na gestão presidencial de Venceslau Brás (1914-1918), o que teve por efeito a conquista de diversos títulos e prêmios, conferindo-o credibilidade como cientista renomado⁽¹⁴⁾.

Os registros noticiosos coletados sobre os aspectos econômicos se mostraram transversais, com forte indício de efeito no eixo social, destacando aspectos sobre o trabalho, vida privada e social, solidariedade e movimento nos cemitérios. Nele, é possível identificar, no sentido micro, preocupações com a manutenção do emprego por parte do empregado, a falta de alimentação no comércio e o silêncio da cidade, o que, consequentemente, diminuía a circulação da moeda vigente.

Entre os registros noticiosos apresentados aos leitores da Revista da Semana, tinham as descrições sobre como uma pessoa continuava a trabalhar, mesmo apresentando sinais e sintomas, como palidez, enfraquecimento e febre, por medo de perder o sustento da família e, por fim, veio a falecer. Por outro lado, há notícia de um provedor de família contaminado que, com medo de transmitir a doença para sua família, optou por dar fim à própria vida. Além disto, destaca-se que, na época, quando os coveiros identificavam corpos com indícios de respiração, eles as eliminavam com as pás usadas para o sepultamento⁽¹⁶⁾.

O momento epidêmico, imposto pela gripe espanhola, foi de rupturas abruptas, impondo sentimentos e emoções perpassados com efeito de tristeza. Isso reforçava os argumentos de desestruturação face à situação, ou seja, reflexo do todo pela parte na vida das pessoas. Para se ter uma ideia, sabemos que muitas mortes ocorreram na faixa etária de 20 a 45 anos, especialmente entre aqueles com doenças cardíacas, renais e tuberculosos, incluindo também os que viviam em condições de carência social e biológica⁽¹⁴⁾.

Como podemos identificar, o periódico Revista da Semana, como outros, produzia sentido de representação do cenário comum vivido a ser consumido pelos leitores com as possíveis verdades que ficariam nas memórias e seriam repassadas para as gerações futuras, sinalizando a cultura de segurança e de risco⁽¹⁷⁾.

A cultura de segurança era o isolamento que nutria de esperança para o agora, da época, e o amanhã, no sentido de futuro, o que se contrapôs à cultura de risco que enfatizava os perigos do progresso com solução difícil pela ideia de representação do apocalipse diante dos contornos sombrios conduzidos pela produção midiática daquela época⁽¹⁷⁾.

Outro registro encontrado tratava-se de relatos das péssimas condições das penitenciárias no Rio de Janeiro. Para amenizar a situação de alguns presos, eles foram destinados a colaborar com o preparo das covas, devido ao aglomerado de mortos que necessitavam de enterro. Esse dado é possível de ratificação, considerando a quantidade de mortos, sem os ritos como velório e sepultamento, quando a mão de obra dos presidiários fora utilizada. No entanto, ainda, era possível se ver aglomerados de corpos pelas ruas desertas⁽¹⁶⁾. Isso custou as vidas dos carcerários, estratégia utilizada para amenizar as críticas veiculadas na época, dando a ideia de contribuição/colaboração daqueles que viviam em condições precárias instituída pelo Estado.

Em meio a esse cenário de medo e perdas, a Revista da Semana traz, na perspectiva social, a solidariedade prestada por uma religiosa. Ela, com a missão de levar aos necessitados algum conforto material e espiritual, foi considerada a santa dos morros e das alforjas, dando evidência à misericórdia pela solidariedade prestada àqueles mais necessitados, o que fazia a imprensa lançar luz sobre a atitude tomada.

A solidariedade nos registros noticiosos está articulada ao aspecto religioso veiculado pela Revista da Semana, o que, à primeira vista, pode deixar transparecer acalanto, atitude sociocultural, mas também disputa de grupos em estabelecer modelos. Ela é o compromisso que cada indivíduo sente e se obriga a ter mediante uns aos outros, o que é salutar, mas também coberto de verniz moral pelos interesses "(in)visíveis" para se obter o efeito esperado.

Em relação à notícia de uma religiosa que subia o morro para ajudar os mais necessitados, o destaque midiático deposita a credibilidade na solidariedade humana sem se esquecer dos dogmas da misericórdia, aqui delimitados nos corporais, a saber: dar de comer a que tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar pousada aos peregrinos, vestir os nus, visitar os enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos^(18-19) quando a cultura de risco compete com a de segurança.

Assim, pensar na vida daquelas pessoas nos remete à obra "Memórias de Nelson Rodrigues". Nela, encontram-se relatos sobre o que a pandemia da peste deixou aos que conseguiram sobreviver - medo, espanto, ressentimento e o medo da morte^(18-19). Isso se aplica à data de finados, na época, no Rio de Janeiro, quando as flores, ao invés de alegrarem a cidade, serviam para a despedida dos entes queridos. Foi neste cenário de sofrimento da vida privada, articulada à solidariedade, que o registro da cidade, em silêncio, vazia e triste foi representado no período em que a gripe espanhola assolava à população.

Nesse contexto de medo, tristeza e horror, o registro noticioso divulgou o total de vítimas fatais (10.000), com detalhamento dos dias (20, 21 e 22 de outubro) com milhares de mortes, tendo por consequência os sepultamentos que ocorriam de forma aglomerada pela falta de covas preparadas, levando corpos a serem depositados em valas comuns ou, quando não, tinham que aguardar por horas e dias, ao ponto de se ter caixões em meio à via pública. Aqui, é retomada a dita relevância da contribuição dos prisioneiros que tiveram suas dívidas sociais pagas com a própria vida.

Com os cemitérios cheios de corpos a serem sepultados e a representação da Liga Pró-Saneamento do Brasil (1918-1920), foi liderada por Belisário Penna, médico baiano, que chegou ao Rio de Janeiro em 1904, trabalhando na Diretoria Geral de Saúde Pública e é autor da obra Saneamento do Brasil (1918). Considerando o país como um grande hospital, foi reforçada a necessidade de reconfiguração das políticas sociais no Brasil que, articuladas à liderança de Carlos Chagas, na luta contra a gripe espanhola, tomava força e materialidade na década de 1920, com a Reforma Sanitária por ele liderada. Logo, nesta perspectiva, a transformação dos espaços em um grande cemitério pela gripe espanhola possibilitou novas formas de legitimar o prestígio do poder científico e político⁽¹⁴⁾.

O último eixo identificado foi denominado cuidado, que apresentou registros noticiosos desde cuidados higiênicos, alimentação, terapias ditas não cientificas, até o isolamento que perpassa, também, os eixos político e social em prol do combate à gripe espanhola.

No que tange aos registros, como dormir com as janelas abertas, respirar ar puro, deixar a residência arejada, desinfetar a boca e as narinas e limpar os intestinos podem traduzir ações de prevenção à doença na época. Os cuidados em lavar as mãos e as narinas eram justificados para evitar a contaminação ao se tocar o rosto. Ademais, nos casos de apresentação de algum sintoma da gripe espanhola, o doente deveria ficar em sua residência e se manter isolado em um dos cômodos sem receber visita, cabendo uma atenção redobrada aos idosos.

Para a garganta, a recomendação era o uso de água salgada ou oxigenada diluída, com o intuito de eliminar algum agente patológico, tendo por argumento que os cuidados higiênicos eram necessários em virtude do desconhecimento de drogas preventivas ou vacinas específicas. Como os médicos não sabiam como tratar do flagelo, os alimentos receitados eram caldo de galinha e limão, incluindo as substâncias à base de quinino. Por outro lado, ocorria falta de alimentos, com os armazéns sendo saqueados, gerando pânico e desespero, o que ratificava a reconfiguração da saúde pública⁽¹⁶⁾.

Os registros destacavam as terapias não científicas, com combinações de substâncias, tendo por argumento a ausência de medicamentos específicos de cura e a ausência de imunização pelos cientistas da época. Como cuidados preventivos, a recomendação era lavar a boca com soluções indicadas de água salgada, na proporção de uma colher de sopa de sal para 1 litro de água fervida, podendo conter essência de canela; inalação de vaselina mentolada com água iodada, mais ácido cítrico e tanino; infusões de folhas de goiabeira (chá); uso de qualquer substância com sal de quinino, preferencialmente durante as refeições. Além disso, o uso de diversos purgativos se tratava de outra recomendação preventiva. Como tratamento, para os casos de febre, a recomendação era a solução de uma colher de café em meio copo d'água açucarada de duas em duas horas até o sintoma desaparecer.

Ainda no eixo cuidado, o isolamento era destinado aos contaminados que deveriam ser destinados aos hospitais, colégios e hospícios, sob a lógica de isolar o doente como estratégia de precaução da transmissão da doença entre as pessoas. Outra conduta adotada era referente à etiqueta social. O incentivo era inibir os apertos de mãos, beijos nas pontas dos dedos na vida sociocultural, assim como não visitar os enfermos. A "nova" norma e/ou regra sociocultural era recomendada, especialmente, pois tinha-se o registro de que 1/3 da população do Rio de Janeiro estava acometida e que havia desembarcado no Porto da cidade marinheiros de Pittsburgh, tendo por resultado o acometimento de 10 % da tripulação.

Isolar os doentes e fazer desinfecção dos navios e bagagens eram condutas adotadas direta e/ou indiretamente, encontradas em outros estudos^(14-15). Dito em outras palavras, o isolamento e os cuidados higiênicos eram fundamentais para tentar reduzir a transmissão, tanto que a orientação era de que a população não se aglomerasse, sobretudo diante do pânico já instituído quando quartéis, fábricas e escolas já haviam sido atingidos, tornando a cidade um caos⁽¹⁶⁾.

Final de outubro de 1918, a tristeza, o medo e o horror assombravam a cidade. O fechamento das instituições públicas, o comércio e a indústria paralisaram a cidade. Uma das estratégias adotadas pelos governantes foi a distribuição da substância de quinino tanto para impedir a propagação quanto para o tratamento, porém sem saberem a validade e eficácia terapêutica científica, de fato, do combate ao vírus que acometia a população⁽¹⁶⁾.

Nessa lógica, os cuidados aos doentes, quando cientificamente comprovados, passam a ter a denominação de tratamento⁽²⁰⁾. Isso implica o que se entende sobre reconfiguração epistêmica, ou seja, quando a prática é testada, avaliada e revalidada pelo saber científico, o cuidado passa a ser entendido como terapêutico ou tratamento.

Pandemia de COVID-19

Ao relembrar que análise foi conduzida por 3 eixos temáticos, algumas lições para os tempos de COVID-19 apresentam os seus argumentos, na maioria, por meio de entrevistas, que apontam para reflexões no sentido da construção da narrativa histórica do tempo presente em relação com o período da gripe espanhola.

Uma das lições que a pandemia da gripe espanhola deixa em tempos de COVID-19 é a possibilidade de se poder pensar em mudanças nas esferas, Federal, Estadual e Municipal, considerando os problemas de saneamento básico, especialmente de água e esgoto, nas moradias e vias públicas⁽²¹⁾. Isso aproxima-se, dentro de suas limitações, das condições encontradas pela gripe espanhola no Rio de Janeiro ao acometer a população nos casarões, espaço de aglomeração de pessoas sem as condições básicas para viver.

Na época da gripe espanhola, era evidente a crise na saúde pública por diversos aspectos que foram analisados. Em tempos de coronavírus, quando o Sistema Único de Saúde (SUS) evidencia sua eficácia e eficiência, alguns políticos tentam polemizar o assunto sem sustentação argumentativa, o que faz na atualidade entender que, na crise, o SUS passa a ser referência nas ações de prevenção e combate aos acometidos pela nova epidemia⁽²¹⁾.

A ciência, tanto na época da gripe espanhola quanto em tempos de coronavírus, foi/é colocada em xeque para responder às demandas da saúde pública pelo viés da política. Isso implica desafios globais, cabendo articulação das dimensões sociocultural, política e econômica para equacionar os desafios pela sua complexidade no sentido da inter-relação e integralidade, o que aponta para um período mais recente na história do planeta, entendido como Antropoceno⁽²²⁾. Tal fato evidencia que as demandas estão interligadas, pois todos nós vivemos no mesmo espaço geográfico macro, mãe terra.

Pensar na perspectiva da economia em qualquer período de pandemia na história é uma preocupação que necessita ser pontuada. Na época da gripe espanhola, segundo os registros consultados, não identificamos o isolamento social como na atualidade, mas a polêmica da economia sim. Na atualidade, o isolamento social parece ser a discórdia da economia com a saúde, enquanto o pensamento majoritário deveria ser a vida humana. Nesse sentido, alguns governantes carecem de pensar em uma determinada retração econômica, ao contrariar as orientações de epidemiologistas, nacional e internacional quanto ao isolamento social, especialmente para aqueles mais idosos e portadores de outras doenças^(13,23). Isso nos aponta que precisamos pensar para além deles, no sentido dos que vivem/convivem com os que são considerados pertencentes ao grupo de risco.

Discussão posta, cabe saber dos argumentos de cada segmento. Por um lado, os expertises da saúde alegam que o isolamento é a possibilidade de amenizar a transmissão; por outro lado, os conhecedores do assunto sobre economia alegam que o isolamento paralisa o setor financeiro, o que prejudicaria, em demasia, o desenvolvimento econômico e que o retorno pós-pandemia estaria comprometido pelas divisas do país⁽²³⁾. Arena de debates aberta, cabe-nos pensar não o que vale mais, mas que a produção econômica depende diretamente do ser humano, o que nos faz refletir que, sem ele e por ele, a economia carece de produção de sentido. Nessa perspectiva, manter as medidas preventivas de isolamento social é reduzir a taxa de mortalidade, bem como amenizar o impacto econômico que a epidemia pode causar no setor financeiro do país⁽²³⁾.

A gripe espanhola causou impacto econômico no mundo. Na Filadélfia, por exemplo, a taxa de mortalidade foi considerável, mas as intervenções no campo da saúde resultaram em amenizá-las. O setor da indústria e bancário se recuperam quando são cruzados os dados sobre a duração das medidas durante a gripe espanhola e a taxa de mortalidade, o que resultou em indicadores econômicos satisfatórios pós-epidemia⁽²³⁾.

Em resumo, sobre o aspecto social durante a gripe espanhola, tivemos a oportunidade de identificar que os registros noticiosos tinham, por efeito, o sentimento de medo, por exemplo. Ao traçarmos um paralelo com o impacto dramático da doença e das orientações de isolamento, o período foi marcado por comportamentos e sentimentos antagônicos de medo da morte e a alegria de estar vivo. Na época, o entendimento era que se tratava do fim dos tempos. Logo, as pessoas não respeitavam as orientações de isolamento, pois as pessoas saíam às ruas⁽²⁴⁾.

Na atualidade que vivenciamos, as pessoas querem sair de casa sob o argumento que precisam trabalhar, pois, diferentemente do passado, hoje, com o advento da internet, elas podem se comunicar para além da voz, com a imagem. Fazem "festas" particulares com os membros isolados em casa, mas sentem falta do convívio pessoal, mesmo diante das novas regras e/ou normas sociais.

Na época, no Rio de Janeiro, registros noticiosos relatam que a população foi obrigada a cumprir algumas determinações, pois dois terços estavam acamados, totalizando cerca de 15 mil mortos^(14,24). Os dados encontrados, nesta pesquisa, convergem pelo exposto, quando, por exemplo, a recomendação era de não visitar o doente e evitar beijos e aglomerações.

Os dados analisados no aspecto social, por meio da Revista da Semana, relatam uma cidade triste e silenciosa, para além da data de finados. Esse dado do espaço social com ar sepulcral também é apontado em outras pesquisas, evidenciado durante a gripe espanhola, como o esvaziamento dos espaços públicos, ar fúnebre e silêncio não habitual, pois as pessoas começaram a adoecer; logo, o trânsito era reduzido drasticamente. Contudo, em novembro de 1918, após 30 dias, a epidemia estava controlada na cidade⁽²⁴⁾. Dado que, também, verificamos no decorrer da leitura dos registros noticiosos, apesar de ele não atender aos critérios de inclusão para a análise dos resultados.

Em tempos atuais de coronavírus, com o isolamento social, a vida doméstica se tornou cotidiana, como medida de combate à pandemia. Por outro lado, a discórdia política e social ocupa as pautas midiáticas; quando carreatas em prol do anti-isolamento social, lideradas por alguns empresários, reivindicam a volta ao trabalho dos empregados, tendo por argumento que eles precisam trabalhar e a economia do país não pode parar⁽²⁵⁾. Os aspectos políticos e sociais no passado e presente mostram-se evidentes, mesmo em contextos distantes no tempo e espaço sociocultural, mas próximos nas circunstâncias de uma epidemia.

As epidemias, de forma geral, interferem diretamente nas relações ao provocar sentimento de solidariedade e egoísmo. Os empresários escolhem defender seus interesses, enquanto, no âmbito privado de seus lares, tomam os cuidados para evitar a contaminação, isolando-se quando acometidos pela doença⁽²⁵⁾. Os empregados, quando acometidos, trabalham até não poderem mais, como apresentou o registro noticioso sobre a costureira que trabalhou até a morte para não ter que morar no morro. Isso nos aponta para versões e interpretações que depende de que lado ocorre a situação e qual o nível de comprometimento de cada um em virtude de seus interesses.

Tal fato é ratificado quando pesquisadores do tempo presente relatam em entrevistas recentes (2020) que a pandemia de COVID-19 é muito mais ameaçadora aos pobres e vulneráveis, o que carreia a memória repleta de significações que precisam ser desveladas⁽²⁶⁾. Isso coaduna com os dados encontrados nesta pesquisa, mesmo no sentido micro, pois a projeção macro, na época, pode ser feita e assim se encontra na discussão. As estruturas elementares no aspecto social, às vezes, nos deixam transparecer que as lições deixadas pelo passado encontram no ser humano certa dificuldade de serem aprendidas.

No que se refere aos cuidados durante a gripe espanhola, encontramos condutas, receitas e recomendações de diversos aspectos. Em tempos de coronavírus, algumas recomendações, receitas e condutas circulam na internet, prometendo "milagres", mas sem comprovação científica, chamadas na atualidade de fake news. Elas se tornaram outro tipo de epidemia, no sentido figurado⁽²⁴⁾.

Na época da gripe espanhola, receitas, condutas e recomendações também circulavam na imprensa. Tal fato foi possível identificar, nos achados desta pesquisa, promessa de cura ou de prevenção contra o vírus da doença, cabendo destacar que algumas eram assinadas por profissionais do campo da medicina. Este fenômeno, em 1918, era atribuído à imprensa carioca nas chamadas "receitas peculiares"⁽²⁴⁾.

Ao serem mencionadas receitas, condutas e recomendações, incluem-se aspectos alimentares, como comer carne de frango, sopa, leite, arroz, lentilhas e aveia, dados achados nesta pesquisa. Isso não foi diferente em outros estudos sobre a recomendação de tais alimentos, ampliando, inclusive, para caldo de galinha, ovos e limão, considerados milagrosos, independente de comprovação científica, o que provocava certo impacto no sentido emocional, principalmente porque pareciam ser ratificadas quando distribuídas pelo governo. Se, nos séculos XIV e XVII, quando a peste negra acometeu a população na Europa, os "boatos" eram verbais, na gripe espanhola, aconteceu pela imprensa escrita e ilustrada⁽²⁴⁾.

Em tempos de COVID-19, fake News ocorrem via redes sociais, o que pode ser identificado no passado e presente. Diversas são as tipificações de registros noticiosos com a temática da doença em pandemia atualmente, que traz as informações relacionadas aos discursos de autoridades na saúde, medidas de prevenção, prognósticos da doença, terapêutica e vacinação. Tais notícias podem modificar os comportamentos de autocuidado, mas também colocar em risco o modelo de saúde vigente no SUS⁽²⁷⁾.

Limitações do estudo

Uma das limitações do estudo é encontrada na trajetória da gripe espanhola no pós-epidemia de tempos não vividos por nós, visão, percepção e sentimentos, diferentemente da epidemia de COVID-19.

Contribuições para área da enfermagem e saúde

Pensar na contribuição para a enfermagem e saúde é entender o ethos do termo cuidado, o que traz à reflexão que, mesmo sem o registro noticioso com a palavra, ele é primordial para assegurar a vida e afastar a morte⁽¹⁹⁾.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As lições deixadas pela epidemia da gripe espanhola em tempos de coronavírus se diluíram nos aspectos políticos, sociais e do cuidado. A possibilidade de mudanças/ajustes no campo das políticas, especialmente na saúde, considerando o conhecimento da ciência, e a relação direta da economia com a saúde vão de encontro com os sentimentos de medo, pavor e horror, que são desestabilizadores em uma emergência de saúde pública.

Lavar as mãos é uma ação educativa de prevenção da contaminação, mas complexa, por falta de saneamento básico, que perdura como implicador desta ação. Isolamento social é outra ação de segurança para se evitar a transmissão, mas complexa, mesmo em tempos das redes sociais, especialmente considerando que isso não é para todos. Ainda, informações em saúde com diversas fake news no que tange às recomendações e condutas populares milagrosas, não saindo na contramão do êxito ao combate de fenômenos como de uma epidemia.

Enfim, algumas reflexões possibilitadas pelo passado, reproduzidas no presente, que demonstram a forma cíclica que a história se apresenta, que, com releitura de posicionamentos e condutas, é potencial gerador de aprendizados para enfermagem e aglutinador de conhecimentos científicos no enfrentamento de pandemias.

REFERENCES

• ¹
  Fioravanti C. Semelhanças entre a gripe espanhola e a COVID-19. Rev Pesqui FAPESP [Internet]. 2020. [cited 2020 Apr 15]. Available from: https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/03/26/semelhancas-entre-a-gripe-espanhola-e-a-CoVid-19/
  » https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/03/26/semelhancas-entre-a-gripe-espanhola-e-a-CoVid-19/
• ²
  Neto M, Porto F. O que o passado tem a nos ensinar sobre a influenza? Rev Enferm UERJ [Internet]. 2019 [cited 2020 Apr 15]; 27 (1):e40236. https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.40236
  » https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.40236
• ³
  Black M, Armstrong P. An introduction to avian and pandemic influenza. NSW Public Health Bull [Internet]. 2006 [cited 2020 Apr 17];17 (7-8):99-103. https://doi.org/10.1071/nb06024
  » https://doi.org/10.1071/nb06024
• ⁴
  Oppermann A. Gripes históricas: a história das gripes. Textos Especiais. Rev Avent Hist [Internet]. 2009 [cited 2020 Apr 15];71(1):1-2; Available from: https://historiablog.org/2009/09/04/gripes-historicas-a-historia-das-gripes/
  » https://historiablog.org/2009/09/04/gripes-historicas-a-historia-das-gripes/
• ⁵
  Cheng KF, Leung PV. What happened in China during the 1918 influenza pandemic? Int J Infect Dis. [Internet]. 2007 [cited 2020 Apr 17];11(4):360-4. https://doi.org/10.1016/j.ijid.2006.07.009
  » https://doi.org/10.1016/j.ijid.2006.07.009
• ⁶
  Santos LAC. Um Século de Cólera: Itinerário do Medo. Physis - Rev Saúde Coletiva [Internet]. 1994 [cited 2020 Apr 22];4(1). Available from: http://www.scielo.br/pdf/physis/v4n1/05.pdf
  » http://www.scielo.br/pdf/physis/v4n1/05.pdf
• ⁷
  Congresso Nacional (BR). Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. [Internet]. 1998 [cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
  » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
• ⁸
  Revel J. Micro-história, macro-história: o que as variações de escala ajudam a pensar em um mundo globalizado. Rev Bras Educ [Internet]. 2010 [cited 2020 Apr 22];5(45):434-44. https://doi.org/10.1590/S1413-24782010000300003
  » https://doi.org/10.1590/S1413-24782010000300003
• ⁹
  Ginzburg C. A micro-história e outros ensaios. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel Bertrand Brasil; 1991. 235p.
• ¹⁰
  Mauad A. Na mira do olhar: um exercício de análise da fotografia nas revistas ilustradas cariocas, na primeira metade do século XX. Anais Museu Paulista: Hist Cul Mat [Internet] 2005 [cited 2020 Apr 22];13(1):133-174. https://doi.org/10.1590/S0101-47142005000100005
  » https://doi.org/10.1590/S0101-47142005000100005
• ¹¹
  Tsoucalas G, Kousoulis A, Sgantzos M. The 1918 Spanish Flu Pandemic: the origins of the H1N1 virus starin, a glance in history. Eur. J.Cl. Biom. Scienc [Internet]. 2016 [cited 2020 Apr 22];2(4):23-28. https://doi.org/10.11648/j.ejcbs.20160204.11
  » https://doi.org/10.11648/j.ejcbs.20160204.11
• ¹²
  Ministério da Saúde (BR). Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19. Brasília. 2020. [Internet]. 2020. [cited 2020 Apr 23]. Available from: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/ddt-covid-19.pdf
  » https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/ddt-covid-19.pdf
• ¹³
  Belasco AGS, Fonseca CD. Coronavírus 2020. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 [cited 2020 Apr 20];73(2):e2020n2. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020730201
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020730201
• ¹⁴
  Goulart AC. Revisitando a espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro. Hist Cienc Saúde -Manguinhos. [Internet] 2005 [cited 2020 Apr 20];12(1). https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100006
  » https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100006
• ¹⁵
  Brito NA. La dançarina: a gripe espanhola e o cotidiano na cidade do Rio de Janeiro. Hist. cienc. saude-Manguinhos. [Internet] 1997 [cited 2020 Apr 20];4(1):11-30. https://doi.org/10.1590/S0104-59701997000100002
  » https://doi.org/10.1590/S0104-59701997000100002
• ¹⁶
  Cuidado com a 'Espanhola'! Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos[Internet]. 2015 [cited 2020 Mar 28]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/cuidado-com-a-espanhola
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/cuidado-com-a-espanhola
• ¹⁷
  Bertolli Filho C. Novas doenças, velhos medos: a mídia e as projeções um futuro apocalítico. In: Monteiro, YN, Carneiro MLT, organizadores. As doenças e os medos sociais. São Paulo: Editora Fasp-Unifesp; 2012. p. 30.
• ¹⁸
  Morais N. Doença e medo: charges, sentidos e poder na sociedade midiática. In: Monteiro, YN, Carneiro MLT, organizadores. As doenças e os medos sociais. São Paulo: Editora Fasp-Unifesp; 2012. p. 28.
• ¹⁹
  Rodrigues N. Memórias de Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro: Ed. Correio da Manhã; 1967.
• ²⁰
  Colliére MF. Cuidar: a primeira arte da vida. Loures: Lusociência; 2003.
• ²¹
  Sanglard G, Costa RGR. Oswaldo Cruz no combate às epidemias. Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos[Internet]. 2020. [cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/oswaldo-cruz-no-combate-as-epidemias/
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/oswaldo-cruz-no-combate-as-epidemias/
• ²²
  Silva AFC, Lopes G. A pandemia de coronavírus e o Antropoceno. Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos [Internet]. 2020. [cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-pandemia-de-coronavirus-e-o-antropoceno/
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-pandemia-de-coronavirus-e-o-antropoceno/
• ²³
  Schreiber M. Cidades dos EUA que usaram isolamento social contra gripe espanhola tiveram recuperação econômica mais rápida. BBC News Brasil [Internet]. 2020. [cited 2020 Apr 12] Available from: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52075870
  » https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52075870
• ²⁴
  Albuquerque C. Fake news circularam na imprensa na epidemia de 1918. Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos. [Internet]. 2020 [cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/fake-news-circularam-na-imprensa-na-gripe-espanhola-em-1918/
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/fake-news-circularam-na-imprensa-na-gripe-espanhola-em-1918/
• ²⁵
  Lemle M. Entre a solidariedade e o egoísmo, patrões escolhem defender seus próprios interesses. Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos. [Internet]. 2020 [cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/entre-a-solidariedade-e-o-egoismo-patroes-escolhem-defender-seus-proprios-interesses/
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/entre-a-solidariedade-e-o-egoismo-patroes-escolhem-defender-seus-proprios-interesses/
• ²⁶
  Mota A. Bodes expiatórios contra o mal-estar social que as doenças causam. Blog de História, Ciências, Saúde - Manguinhos. [Internet]. 2020[cited 2020 Apr 21]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/bodes-expiatorios-contra-o-mal-estar-social-que-as-doencas-causam/
  » http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/bodes-expiatorios-contra-o-mal-estar-social-que-as-doencas-causam/
• ²⁷
  Neto M, Gomes TO, Porto FR, Rafael RMR, Fonseca MHS, Nascimento J. Fake news no cenário da pandemia de COVID-19. Cogitare Enferm. 2020;25(Esp-COVID-19):5. https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627
  » https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  06 Set 2021
• Data do Fascículo
  2022

Histórico

• Recebido
  12 Jun 2020
• Aceito
  18 Abr 2021