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Uso da Escala de Desenvolvimento Motor: uma revisão integrativa

RESUMO

Objetivo:

conhecer, compreender e analisar os estudos que utilizaram a Escala de Desenvolvimento Motor como instrumento de avaliação motora.

Métodos:

foram utilizadas as bases de dados Scielo, Pubmed, Lilacs, Science Direct, Web of Science, Scopus e Cochrane para identificar os estudos, com as seguintes palavras-chave: crianças; destreza motora; transtornos das habilidades motoras. A qualidade metodológica dos estudos transversais foi analisada pela Escala de Loney, dos estudos coorte e caso-controle pela Newcastle - Ottawa e dos ensaios clínicos pela Physiotherapy Evidence Database.

Resultados:

vinte estudos atenderam aos critérios de inclusão. A prevalência foi de estudos transversais, que obtiveram como desfecho principal a análise do desenvolvimento motor de escolares, crianças com sobrepeso e obesidade, nascidas prematuras, com transtornos do déficit de atenção e hiperatividade, dificuldades de aprendizagem e síndrome de Down. Os estudos apresentaram critério objetivo para medir o desfecho e interpretação e aplicabilidade dos resultados adequados, embora não tenham atingido pontuação mínima estabelecida pelas escalas de avaliação.

Conclusão:

a Escala de Desenvolvimento Motor está sendo utilizada no Brasil, em diversos contextos, apresentando resultados claros e estatisticamente consistentes, embora as metodologias dos estudos não atendam plenamente padrões de qualidade metodológica.

Descritores:
Crianças; Destreza Motora; Transtornos das Habilidades Motoras

ABSTRACT

Objective:

to know, understand, and analyze studies that employed the Motor Development Scale as a method for motor evaluation.

Methods:

the study included the databases Scielo, Pubmed, Lilacs, Science Direct, Web of Science, Scopus and Cochrane to identify the studies, using the following keywords: child; motor skills; motor skills disorders. The methodological quality of cross-sectional studies was analyzed by the Loney scale, cohort and case-control studies were assessed by the Newcastle-Ottawa scale, and clinical trials by the Physiotherapy Evidence Database.

Results:

twenty studies met the inclusion criteria. There was predominance of cross-sectional studies, which had as main outcome the analysis of motor development of schoolchildren, children with obesity and overweight, premature, with Attention Deficit Hyperactivity Disorder, learning disabilities and Down syndrome. The studies presented objective criteria to measure the outcome and for interpretation and applicability of adequate results, although they did not reach the minimum score established by the assessment scales.

Conclusion:

the Motor Development Scale is being used in Brazil in several contexts, presenting clear and statistically consistent results, although the methodologies of studies do not fully meet the standards of methodological quality.

Keywords:
Child; Motor Skills; Motor Skills Disorders

Introdução

A utilização de escalas padronizadas e instrumentos de avaliação do desenvolvimento motor na infância são comuns na prática clínica e na pesquisa científica¹. Estes instrumentos têm permitido aos profissionais detectar precocemente e compreender os mecanismos e as alterações do desenvolvimento psicomotor da criança, além de auxiliar como ferramenta de triagem diagnóstica no planejamento de intervenções preventivas ou de reabilitação baseadas em evidências científicas da infância².

A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é um instrumento válido no Brasil e atualmente é uma das escalas mais abrangentes de avaliação motora para crianças, incluindo os principais domínios da psicomotricidade: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade33. Rosa Neto F. Manual de Avaliação Motora.1ª ed. Porto Alegre: ArtMed; 2002.. O instrumento atende populações de crianças dos 2 aos 11 anos, permitindo comparar quantitativamente a idade motora com a idade cronológica.

Na educação especial, a escala pode ser utilizada para avaliar crianças com dificuldades de aprendizagem escolar, transtornos do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, ausência de motivação, alterações neurológicas, mentais e sensoriais, atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e problemas na fala, na escrita e no cálculo33. Rosa Neto F. Manual de Avaliação Motora.1ª ed. Porto Alegre: ArtMed; 2002.,44. Rosa Neto F. Manual de Avaliação Motora: intervenção na educação infantil, ensino fundamental e educação especial. 3ª ed. revisada. Florianópolis: DIOESC; 2015..

Na área da saúde também foram identificadas pesquisas com diversas populações, como crianças com desenvolvimento motor típico55. Silva SLZR, Oliveira MCC, Ciasca SM. Desempenho percepto motor, psicomotor e intelectual de escolares com queixa de dificuldade de aprendizagem. Rev Psicopedagogia. 2017;103(34):33-44.

6. Cardoso FGCC, Santos APM, Brusamarello S, Xavier RFC, Rosa Neto F. Validação das baterias de testes de motricidade global e equilíbrio da EDM. Rev Bras Ciênc Mov. 2009;17(2):1-17.
-77. Amaro KN, Rosa Neto F, Brusamarello S, Corazza TDM. Validação de uma bateria de testes de organização espacial: Análise da consistência interna. Temas Desenvolv. 2010;17(100):179-82. e atípico, cardiopatia congênita88. Leal LS, Silva RLM, Coelho KMS, Monteiro RPA, Montalvão TC. Avaliação do desenvolvimento motor de crianças portadoras de cardiopatia congênita. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(2):103-9., síndrome de Williams99. Santos AMP, Portilla AMLL, Pereira F, Costa ANF, Rosa Neto F. Efeitos da intervenção motora em uma criança com síndrome de Williams. Rev Bras Ed Esp. 2015;21(3):423-32., autismo1010. Rosa Neto F, Santos APM, Amaro KN, Gomes LJ. Efeitos da intervenção motora em uma criança com transtorno do espectro do autismo. Rev Bras Ed Esp. 2013;19(105):110-4. e crianças com síndrome de Down1111. Silva MNS, Santos KMB, Andrade LM, Zanoma AF. Avaliação funcional do desenvolvimento psicomotor e ambiente familiar de crianças com síndrome de Down. Rev Interinst Bras Ter Ocup. 2017;1(2):186-201.. Esses autores observaram atrasos no desenvolvimento motor destas crianças por meio da comparação da idade cronológica com a motora.

Neste contexto, observando a importância do uso da escala para atuar nas práticas baseadas em evidências, procurou-se responder a seguinte questão norteadora: Em quais contextos a EDM vem sendo utilizada?

Portanto, o objetivo da pesquisa foi realizar uma revisão integrativa com o intuito de conhecer, compreender e analisar os estudos que utilizaram a Escala de Desenvolvimento Motor como instrumento de avaliação motora.

Metodos

Esta revisão seguiu os passos da composição da revisão integrativa proposta por Mendes, Silveira e Galvão1212. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008:17(4):758-64..

Foram utilizadas as bases de dados Scielo, Pubmed, Lilacs, Science Direct e Web of Science, Scopus e Cochrane, mais busca direta utilizando as palavras chaves selecionadas para o estudo contempladas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH): “Children”, “Motor Skills”, “Motor Skills Disorders”. A partir destes descritores foi realizada a seguinte combinação com o auxílio dos indicadores booleanos AND e OR para busca nas bases de dados: (“Child OR“Motor Skills”) AND (“Child” OR Motor Skills Disorders”).

Para este estudo foram considerados como critérios de inclusão: a) utilização da Escala de Desenvolvimento Motor; b) estudo transversal, caso-controle, coorte, ensaio clínico randomizado ou quase experimental; c) publicações de 2008 a março de 2018; d) estudos classificados em B1 ou superior segundo o Qualis na área de Educação Física e com fator de impacto mínimo de 0,08; e) estudos publicados nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola.

Dois pesquisadores realizaram a busca nas bases de dados de maneira independente. As combinações das palavras-chave foram inseridas e os estudos registrados em uma planilha. Os estudos duplicados e que não atenderam aos critérios de inclusão foram excluídos. Em seguida, iniciou-se a leitura na íntegra das referências selecionadas. A organização das informações apresentadas ocorreu de acordo com os seguintes critérios: autores, ano de publicação, país de origem da pesquisa, idade, população, objetivo, desenho do estudo e principais desfechos.

Os critérios da qualidade metodológica dos estudos transversais foram analisados por meio da Escala de Loney1313. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the research literature: Prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can. 1998;19(4):170-6., dos estudos longitudinais pela Newcastle Ottawa quality assessment scale cohort studies (NOS)1414. Stang A. Critical evaluation of the Newcastle-Ottawa scale for the assessment of the quality of nonrandomized studies in meta-analyses. Eur J Epidemiol. 2010;25(9):603-5. e a análise da qualidade metodológica dos ensaios clínicos pela escala Physiotherapy Evidence Database (PEDro, 2011)1515. Physiotherapy Evidence Database [Internet]. Sydney: PEDro; c1999-2006 [cited 2017 Nov 20]. Available from: http://www.pedro.org.au
http://www.pedro.org.au...
. A pontuação dos estudos foi realizada por dois avaliadores independentes. Em caso de discordância, os estudos foram reavaliados em conjunto até que apresentasse um consenso relativo à pontuação final.

A Tabela 1 apresenta a análise da qualidade metodológica dos estudos transversais por meio da Escala de Loney1313. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the research literature: Prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can. 1998;19(4):170-6.. Os itens não pontuados em todos os estudos referem-se à ausência do cálculo amostral (item 3) e do cegamento dos avaliadores (item 5), o que fez com que os estudos não atingissem a pontuação de qualidade metodológica preconizada pelo instrumento (sete pontos).

Tabela 1:
Qualidade metodológica dos estudos transversais (Loney)

Na Tabela 2 verifica-se a qualidade metodológica dos estudos quase experimental, analisado pela PEDro1515. Physiotherapy Evidence Database [Internet]. Sydney: PEDro; c1999-2006 [cited 2017 Nov 20]. Available from: http://www.pedro.org.au
http://www.pedro.org.au...
. Os estudos não pontuaram itens relacionados à distribuição aleatória dos grupos (item 2), ao não cegamento dos sujeitos (item 5), terapeutas (item 6) e avaliadores (item 7). Os estudos, portanto, não atingiram a pontuação de qualidade metodológica preconizada pelo instrumento (sete pontos).

Tabela 2:
Qualidade metodológica dos estudos quase experimental (PEDro)

A Tabela 3 mostra a qualidade metodológica do estudo longitudinal por meio da NOS1414. Stang A. Critical evaluation of the Newcastle-Ottawa scale for the assessment of the quality of nonrandomized studies in meta-analyses. Eur J Epidemiol. 2010;25(9):603-5., o estudo não pontuou itens relacionados ao cálculo amostral (item 1 - seleção), à aleatoriedade da amostra (item 2 - seleção), à comparabilidade das coortes (item 1a e 1b - comparabilidade) e ao não cegamento dos terapeutas e avaliadores (item 1 - resultados). Por esta razão, o estudo não atingiu a pontuação de qualidade metodológica preconizada pelo instrumento (sete pontos).

Tabela 3:
Qualidade Metodológica do estudo longitudinal (NOS)

Revisão da Literatura

A busca eletrônica resultou em um total de 144 artigos publicados em português, inglês e espanhol, dos quais 20 preencheram os critérios de inclusão (Figura 1).

Figura 1:
Fluxograma dos estágios de busca das referências

Os estudos organizados pelos critérios já descritos estão apresentados na Figura 2.

Figura 2:
Estudos com a Escala de Desenvolvimento Motor

Em relação à categorização, no que se refere ao idioma, 65% dos estudos foram publicados em português, 30% em inglês e 5% em espanhol. Em relação ao país-sede, todos foram desenvolvidos no Brasil. Quanto ao periódico de publicação, 90% dos estudos foram publicados em revistas nacionais e 10% em internacionais. Dos estudos selecionados, 85% foram transversais, apresentando resultados claros quanto ao objetivo.

Dois estudos em escolares foram de validação das provas motoras do instrumento e mostraram alta correlação entre a idade cronológica e a idade motora geral indicando boa consistência interna da EDM1818. Rosa Neto F, Santos APM, Xavier RFC, Amaro KN. A importância da avaliação motora em escolares: análise da confiabilidade da Escala de Desenvolvimento Motor. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010;12(6):422-7.,1919. Rosa Neto F, Santos APM, Weiss SLI, Amaro KA. Análise da consistência interna de motricidade fina da EDM - Escala de Desenvolvimento Motor. Rev Ed Fís/UEM. 2010;21(2):191-7. sendo que as crianças não apresentaram atraso no desenvolvimento motor.

Nos escolares participantes de projetos sociais esportivos, os desfechos mostraram vantagens no desempenho em todas as habilidades testadas pela EDM em relação às crianças não participantes2626. Santos AM, Rosa Neto F, Pimenta RA. Avaliação das habilidades motoras de crianças participantes de projetos sociais/esportivos. Rev Motri. 2013;9(2):51-61.. Resultados semelhantes foram obtidos na prática sistematizada de atividade física3030. Santos CR, Silva CC, Damasceno ML, Medina-Papst J, Marques I. Efeito da atividade esportiva sistematizada sobre o desenvolvimento motor de crianças dos sete aos dez anos de idade. Rev Educ Fis Esporte. 2015;29(3):497-506.. No futsal, os participantes que praticavam a atividade há mais de seis meses apresentaram inclusive idade motora superior à idade cronológica1717. Rocha PGM, Rocha DJO, Bertolasce AL. A influência da iniciação ao treinamento esportivo sobre o desenvolvimento motor na infância: um estudo de caso. Rev Ed Fís/UEM. 2010;21(3):469-77..

Os desfechos principais nesta população mostraram a importância do acesso à atividade física para o desenvolvimento motor. As evidências científicas embasam estes desfechos2828. Buco-dos-Santos L, Gonzáles MZ. Desarrolo de las habilidades motoras fundamentales em función del sexo y del índice de massa corporal em escolares. Cuad Psicol Deporte. 2013;13(2):63-72.,2929. Silva MNS, Dounis AB. Perfil do desenvolvimento motor de crianças entre 9 e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de Maceió, AL. Cad Ter Ocup UFSCAR. 2014:22(1):63-70.,3636. Rosa Neto F, Almeida GMF, Caon G, Ribeiro J, Caram JA, Piucco EC. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de dificuldades na aprendizagem escolar. Rev Bras Ciênc Mov. 2007;15(1):45-51., visto que a prática esportiva influencia de forma positiva o desenvolvimento da criança. Os pesquisadores mostraram que crianças com desempenho inferior nas habilidades locomotoras são fisicamente menos ativas e motivadas do que crianças com habilidades motoras superiores2828. Buco-dos-Santos L, Gonzáles MZ. Desarrolo de las habilidades motoras fundamentales em función del sexo y del índice de massa corporal em escolares. Cuad Psicol Deporte. 2013;13(2):63-72.. A oportunidade de acesso à atividade física, não necessariamente o exercício físico monitorado, é uma forma de promover melhora no desenvolvimento e nos aspectos sociais. Programas de intervenção motora também auxiliam na aquisição destas habilidades3333. Fernani DCGL, Prado MTA, Fell RF, Reis NL, Bofi TC, Ribeiro EB et al. Motor intervention in children with school learning difficulties. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2013;23(2):209-14.,3434. Silva AZ, Pereira FLH, Mincewicz G, Araújo LB, Guimarães ATB, Israel VL. Psychomotor intervention to stimulate motor development in 8-10-year-old schoolchildren. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2017;19(2):150-63..

O estudo proposto por Fernani et al.3333. Fernani DCGL, Prado MTA, Fell RF, Reis NL, Bofi TC, Ribeiro EB et al. Motor intervention in children with school learning difficulties. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2013;23(2):209-14. demostrou que crianças com dificuldade de aprendizagem obtiveram melhora nos resultados das provas de esquema corporal, na organização espacial e temporal. Crianças escolares submetidas a um programa de intervenção motora apresentaram melhora na motricidade fina e no equilíbrio3434. Silva AZ, Pereira FLH, Mincewicz G, Araújo LB, Guimarães ATB, Israel VL. Psychomotor intervention to stimulate motor development in 8-10-year-old schoolchildren. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2017;19(2):150-63..

O instrumento vem sendo utilizado principalmente em crianças com dificuldades de aprendizagem2020. Medina-Papst J, Marques I. Avaliação do desenvolvimento motor de crianças com dificuldades de aprendizagem. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010;12(1):36-42.,3333. Fernani DCGL, Prado MTA, Fell RF, Reis NL, Bofi TC, Ribeiro EB et al. Motor intervention in children with school learning difficulties. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2013;23(2):209-14.,3636. Rosa Neto F, Almeida GMF, Caon G, Ribeiro J, Caram JA, Piucco EC. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de dificuldades na aprendizagem escolar. Rev Bras Ciênc Mov. 2007;15(1):45-51.,3737. Carvalho MC, Ciasca SM, Rodrigues SD. Há relação entre desenvolvimento psicomotor e dificuldade de aprendizagem? Estudo comparativo de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, dificuldade escolar e transtorno de aprendizagem. Rev Psicopedagogia. 2015;32(99):293-301. e TDAH2121. Goulardins JB, Marques JCFB, Casella EB. Quality of life and psychomotor profile of children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). Arq Neuropsiquiatr. 2011;69(4):630-5.,2222. Okuda PMM, Lourencetti MD, Santos LCA, Padula NAMR, Capellini SA. Coordenação motora fina de escolares com dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Rev. CEFAC. 2011;13(5):876-85.,2424. Goulardins JB, Marques JCB, Casella EB, Nascimento RO, Oliveira JA. Motor profile of children with attention deficit hyperactivity disorder, combined type. Res Dev Disabil. 2012;34(1):40-5.,3131. Rosa Neto F, Goulardins JB, Rigoli D, Piek JP, Oliveira JA. Motor development of children with attention déficit hyperactivity disorder. Rev Bras de Psiquiatr. 2015;37(3):228-34.,3838. Barbosa GO, Munster MAV. O efeito de um programa de equoterapia no desenvolvimento psicomotor de crianças com indicativos de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Rev Bras Ed Esp. 2014;20(1)69-84., e os autores mostram uma correlação intrínseca entre o desenvolvimento motor e a aprendizagem2525. Rosa Neto F, Xavier RFC, Santos APM, Amaro KN, Florêncio R, Poeta LS. Cross-dominance and reading and writing outcomes in school-aged children. Rev. CEFAC. 2013;15(4):864-72.,2929. Silva MNS, Dounis AB. Perfil do desenvolvimento motor de crianças entre 9 e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de Maceió, AL. Cad Ter Ocup UFSCAR. 2014:22(1):63-70.,3333. Fernani DCGL, Prado MTA, Fell RF, Reis NL, Bofi TC, Ribeiro EB et al. Motor intervention in children with school learning difficulties. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2013;23(2):209-14.. Nos estudos em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)2121. Goulardins JB, Marques JCFB, Casella EB. Quality of life and psychomotor profile of children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). Arq Neuropsiquiatr. 2011;69(4):630-5.,2222. Okuda PMM, Lourencetti MD, Santos LCA, Padula NAMR, Capellini SA. Coordenação motora fina de escolares com dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Rev. CEFAC. 2011;13(5):876-85.,2424. Goulardins JB, Marques JCB, Casella EB, Nascimento RO, Oliveira JA. Motor profile of children with attention deficit hyperactivity disorder, combined type. Res Dev Disabil. 2012;34(1):40-5.,3131. Rosa Neto F, Goulardins JB, Rigoli D, Piek JP, Oliveira JA. Motor development of children with attention déficit hyperactivity disorder. Rev Bras de Psiquiatr. 2015;37(3):228-34., a idade motora foi inferior à idade cronológica em todos os estudos, semelhante aos estudos encontrados em crianças com dificuldades de aprendizagem2929. Silva MNS, Dounis AB. Perfil do desenvolvimento motor de crianças entre 9 e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de Maceió, AL. Cad Ter Ocup UFSCAR. 2014:22(1):63-70.,3333. Fernani DCGL, Prado MTA, Fell RF, Reis NL, Bofi TC, Ribeiro EB et al. Motor intervention in children with school learning difficulties. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2013;23(2):209-14. e nascidas prematuras2323. Camargos ACR, Fontes PLB, Araújo APS, Silva FC, Pereira LP, Souza SMF. Desenvolvimento motor de crianças pré-termo moderadas aos sete e oito anos de idade. Rev Fisioter Pesqui. 2011;18(2):182-7.,3232. Silva JKM, Sargi AM, Andrade CCA, Araújo CC, Antônio TD. Motor development of preterm and term infants in the fundamental movement phase: a cross-sectional study. Fisioter Mov. 2016;29(3):518-88..

No estudo selecionado relativo à criança com síndrome de Down observou-se idade motora negativa2727. Torquato JA, Lança AF, Pereira D, Carvalho FG, Silva RD. A aquisição da motricidade em crianças portadoras da Síndrome de Down que realizam fisioterapia ou praticam equoterapia. Fisioter Mov. 2013;26(3):515-24.. No entanto, a prática baseada em evidências demostrou que o tipo de estimulação pode influenciar de maneiras distintas o desenvolvimento motor destas criança1111. Silva MNS, Santos KMB, Andrade LM, Zanoma AF. Avaliação funcional do desenvolvimento psicomotor e ambiente familiar de crianças com síndrome de Down. Rev Interinst Bras Ter Ocup. 2017;1(2):186-201.. O estudo em crianças com sobrepeso e obesidade mostrou atraso significativo no desenvolvimento motor dos participantes com impacto negativo nos obesos2828. Buco-dos-Santos L, Gonzáles MZ. Desarrolo de las habilidades motoras fundamentales em función del sexo y del índice de massa corporal em escolares. Cuad Psicol Deporte. 2013;13(2):63-72..

Crianças escolares com dificuldades de aprendizagem e baixo nível socioeconômico apresentaram atraso no desenvolvimento motor na fase escolar quando comparadas ao período lactente3535. Santos APM, Villaverde LN, Costa NF, Santos MO, Gregório EC, Andreis LM et al. Aspectos biopsicossociais em escolares com atraso no desenvolvimento motor: um estudo longitudinal. J Hum Growth Dev. 2016;26(1):112-8..

A maioria dos estudos encontrados nesta revisão foi em crianças com desenvolvimento motor típico e, no que diz respeito à amostragem o “n” foi maior nesta população1616. Fonseca FR, Beltrame TS, Tkac CM. Relação entre o nível de desenvolvimento motor e variáveis do contexto de desenvolvimento de crianças. Rev Ed Fís/UEM. 2008;19(2):183-94.

17. Rocha PGM, Rocha DJO, Bertolasce AL. A influência da iniciação ao treinamento esportivo sobre o desenvolvimento motor na infância: um estudo de caso. Rev Ed Fís/UEM. 2010;21(3):469-77.

18. Rosa Neto F, Santos APM, Xavier RFC, Amaro KN. A importância da avaliação motora em escolares: análise da confiabilidade da Escala de Desenvolvimento Motor. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010;12(6):422-7.

19. Rosa Neto F, Santos APM, Weiss SLI, Amaro KA. Análise da consistência interna de motricidade fina da EDM - Escala de Desenvolvimento Motor. Rev Ed Fís/UEM. 2010;21(2):191-7.
-2020. Medina-Papst J, Marques I. Avaliação do desenvolvimento motor de crianças com dificuldades de aprendizagem. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010;12(1):36-42.. Em estudos para diagnósticos situacionais, como os realizados com esta escala em escolares, espera-se, como ocorrido, uma amostra mais expressiva. Já em crianças com desenvolvimento motor atípico2727. Torquato JA, Lança AF, Pereira D, Carvalho FG, Silva RD. A aquisição da motricidade em crianças portadoras da Síndrome de Down que realizam fisioterapia ou praticam equoterapia. Fisioter Mov. 2013;26(3):515-24., pela própria dificuldade do diagnóstico clínico prévio, a amostragem foi menor.

Apenas um estudo foi realizado em crianças com síndrome de Down menor de 7 anos2727. Torquato JA, Lança AF, Pereira D, Carvalho FG, Silva RD. A aquisição da motricidade em crianças portadoras da Síndrome de Down que realizam fisioterapia ou praticam equoterapia. Fisioter Mov. 2013;26(3):515-24.. Em faixa etárias maiores destacam-se os estudos em crianças com desenvolvimento motor típico, no qual o ambiente escolar foi o foco dos estudos, tendo em vista a facilidade de se obter uma amostra maior e mais homogênea.

A EDM mostrou nos estudos ser uma ferramenta que permite identificar e analisar o desenvolvimento motor na infância abrangendo todos os aspectos relevantes da psicomotricidade.

Conclusão

A revisão integrativa permitiu identificar que a EDM está sendo utilizada no Brasil, em diversos contextos, sendo a maioria estudos transversais, com prevalência acima dos 6 anos de idade e desenvolvidos tanto na população de escolares com desenvolvimento motor típico quanto atípico. Os desfechos apontaram para evidências científicas detalhadas quanto ao desenvolvimento motor destas populações, embora os estudos não tenham atendido aos padrões de qualidade metodológica, preconizados pelos instrumentos de avaliação utilizados.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jul 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    24 Jul 2018
  • Aceito
    05 Abr 2019
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