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Intervenção educativa sobre prevenção de acidentes infantis domésticos realizada por estagiários de Fonoaudiologia na Unidade de Saúde da Família

RESUMO

Objetivo:

verificar efeito de uma intervenção educativa sobre prevenção de acidentes infantis domésticos realizada por estagiários de Fonoaudiologia.

Métodos:

trata-se de uma pesquisa intervencional com dados primários de pesquisa. A ação foi realizada por duas estagiárias de Fonoaudiologia com 30 responsáveis por crianças que frequentavam uma Unidade de Saúde da Família. Foram utilizadas duas figuras com imagens ilustrando objetos e situações de risco para acidentes e de segurança. Foram elaborados dois roteiros de entrevista que permitiram identificar dados pessoais e os conhecimentos dos responsáveis sobre os riscos para acidentes infantis no ambiente domiciliar antes e após a realização da intervenção educativa.

Resultados:

antes da intervenção os responsáveis identificaram 187 situações para acidente infantil e após 215. Dentre os 30 responsáveis participantes, 23 tiveram mudanças significantes em suas respostas e sete não tiveram modificação nos conhecimentos. A mudança principal foi em relação a “Envenenamento- intoxicação acidental por exposição a outras substâncias químicas nocivas” e “Impacto causado por objeto lançado, projetado ou em queda”.

Conclusão:

a intervenção realizada promoveu aumento de relatos corretos dos participantes e pode ser incorporada às ações de prevenção de doenças realizadas pelos estagiários e profissionais fonoaudiólogos que atuam na atenção básica.

Descritores:
Fonoaudiologia; Prevenção de Acidentes; Prevenção de Doenças; Atenção Primária à Saúde; Educação em Saúde

ABSTRACT

Purpose:

to check the effect of an educational intervention on the prevention of domestic child accidents, carried out by Speech Therapy trainees.

Methods:

an interventional research that uses primary research data. The action was done by two interns of Speech Therapy with 30 caregivers of children who attended a Family Health Unit. For the carrying out of the educational intervention, two pictures with images which represented objects and situations of risk of accidents were used. Two interview scripts were elaborated, which allowed to identify the caregivers’ personal data and their knowledge about the risks of child accidents in the domestic environment before and after carrying out of the educational intervention.

Results:

before the educational action, the caregivers identified 187 situations for child accidents, and after the intervention, 215 dangers were identified. Among the 30 caregivers who participated, 23 had significant changes in their answers and seven did not have any change in their knowledge. The main change was in relation to "Accidental poisoning-intoxication by exposure to harmful chemicals" and "The impact caused by an object thrown, projected or falling".

Conclusion:

the intervention promoted an increase in the participants’ correct reports, and it can be incorporated to the actions of accidents prevention carried out by the trainees and professionals of Speech Therapy who work in basic healthcare.

Keywords:
Speech, Language and Hearing Sciences; Accident Prevention; Disease Prevention; Primary Health Care; Health Education

Introdução

A Classificação Internacional de Doenças (CID 10) define acidentes e violências como causas externas de morbidade e mortalidade. Os acidentes englobam as quedas, os cortes, o envenenamento, o afogamento, as queimaduras, o acidente de trânsito, entre outros11. Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997..

As intoxicações, especialmente as medicamentosas, também são tipos de acidentes que ocorrem entre as crianças22. Silva TJ, Oliveira VB. Intoxicação medicamentosa infantil no Paraná. Visão Acadêmica. 2018;19(1):51-61. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/acd.v19i1.57576
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. Em crianças pode-se notar a ocorrência de acidentes desde os primeiros anos de vida, sendo comuns as quedas, os cortes e as queimaduras33. Barcelos RS, Santos IS, Matijasevich A, Barros AJD, Barros F, França GVA et al. Falls, cuts and burns in children 0-4 years of age: 2004 Pelotas (Brazil) birth cohort. Cad. Saúde Pública. 2017;33(2):1-12. DOI: 10.1590/0102-311X00139115
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. Pesquisa prospectiva realizada em Pelotas, Rio Grande do Sul, com 11.315 crianças descreveu a incidência de acidentes em crianças até quatro anos e, neste estudo, as quedas foram as mais frequentes, seguidas dos cortes e das queimaduras33. Barcelos RS, Santos IS, Matijasevich A, Barros AJD, Barros F, França GVA et al. Falls, cuts and burns in children 0-4 years of age: 2004 Pelotas (Brazil) birth cohort. Cad. Saúde Pública. 2017;33(2):1-12. DOI: 10.1590/0102-311X00139115
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. Tratando-se da faixa etária, os acidentes infantis ocorrem principalmente de dois a cinco anos (42,4%), sendo observados também na faixa etária de seis a nove anos (37,4%) e de zero a um ano (20,3%)44. Malta DC, Mascarenhas MDM, Silva MMA, Carvalho MGO, Barufaldi LA, Avanci JQ et al. The occurrence of external causes in childhood in emergency care: epidemiological aspects, Brazil, 2014. Ciênc. Saúde Coletiva. 2016;21(12):3729-44. DOI: 10.1590/1413-812320152112.17532016
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. Podem ser identificados também de zero a nove anos (15,6%) e de 10 a 19 anos (17,7%)55. Neves ACM, Mascarenhas MDM, Silva MMA, Malta DC. Perfil das vítimas de violências e acidentes atendidas em serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde em capitais brasileiras - 2011. Epidemiol. Serv. Saúde. 2013;22(4):587-96. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742013000400005
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O ambiente doméstico é um local frequente para ocorrência de acidentes, principalmente quedas, choques elétricos, colisões, cortes, queimaduras, escorregões, obstruções de vias aéreas e intoxicações66. Xavier-Gomes LM, Rocha RM, Andrade-Barbosa TL, Silva CSO. Descrição dos acidentes domésticos ocorridos na infância. O Mundo da Saúde. 2013;37(4):394-400. DOI: 10.15343/0104-7809.2013374394400
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. Falando especificamente das queimaduras, as situações de risco que favorecem a sua ocorrência em casa são o fogão, o ferro de passar roupa, as panelas, os alimentos quentes, os fósforos, os isqueiros, bem como produtos químicos e inflamáveis77. Gimeniz-Paschoal SR, Pereira DM, Nascimento EM. Effect of an educative action on relatives' knowledge about childhood burns at home. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2009;17(3):341-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692009000300010
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Estudo realizado com 111 crianças até 14 anos de idade em Tubarão, Santa Catarina, revelou que 50 delas tiveram a face afetada, principalmente por escaldadura (água, óleo, café, leite, chá e outros alimentos quentes) e fogo (explosão com álcool ou chama direta)88. Andretta IB, Cancelier ACL, Mendes C, Branco AFC, Tezza MZ, Carmello FA et al. Perfil epidemiológico das crianças internadas por queimaduras em hospital do sul do Brasil, de 1998 a 2008. Rev Bras Queimaduras. 2013;12(1):22-9.. Quando as queimaduras atingem a região da face e/ou pescoço as mesmas podem comprometer a deglutição, a respiração, a articulação da fala, a mastigação e a mímica facial99. Meurer BE, Goldfeder EM, Luchesi KF. Stomatognathic functions and face and neck burns: systematic review. Distúrb. Comun. 2018;30(3):464-74..

Estudo realizado em Montes Claros, Minas Gerais, com o objetivo de identificar e descrever os acidentes domiciliares na infância, mostrou que raramente os familiares identificam as situações de risco que provocaram o acidente na criança dentro de suas casas66. Xavier-Gomes LM, Rocha RM, Andrade-Barbosa TL, Silva CSO. Descrição dos acidentes domésticos ocorridos na infância. O Mundo da Saúde. 2013;37(4):394-400. DOI: 10.15343/0104-7809.2013374394400
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. Isto justifica a necessidade de realização de atividades de educação em saúde junto à população no sentido de maximizar a identificação dos riscos e as providências de proteção em relação aos acidentes77. Gimeniz-Paschoal SR, Pereira DM, Nascimento EM. Effect of an educative action on relatives' knowledge about childhood burns at home. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2009;17(3):341-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692009000300010
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Os pais e/ou responsáveis pelas crianças são público alvo importante para ações educativas sobre prevenção de acidentes infantis, de forma a conhecerem os riscos que podem ser encontrados no ambiente doméstico e promoverem comportamentos seguros e de proteção para a criança66. Xavier-Gomes LM, Rocha RM, Andrade-Barbosa TL, Silva CSO. Descrição dos acidentes domésticos ocorridos na infância. O Mundo da Saúde. 2013;37(4):394-400. DOI: 10.15343/0104-7809.2013374394400
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As estratégias de prevenção de acidentes infantis podem ser realizadas pelo médico, especialmente o pediatra1010. Waksman RD, Blank D. Prevenção de acidentes: um componente essencial da consulta pediátrica. Resid Pediatr. 2014;4(Supl1):S36-S44. https://doi.org/10.25060/residpediatr
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. Porém, qualquer profissional da saúde pode realizar e/ou participar de ações educativas de prevenção sobre esta temática, caso tenha conhecimento e/ou experiência.

Estudo realizado com 52 profissionais médicos, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem de um serviço de urgência e emergência de Sorocaba, São Paulo, demonstrou que ainda é necessária qualificação profissional para atuar especialmente na prevenção dos acidentes domésticos1111. Amaral ACS, Pascoan DM, Costa JA. Acidentes domésticos infantis: percepção e ações dos profissionais de saúde da urgência e emergência. Serv. Soc. & Saúde. 2017;16(2):171-88. DOI: http://dx.doi.org/10.20396/sss.v16i2.8651461
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Estudo prévio realizado em escola de educação infantil com o objetivo de descrever uma ação intersetorial de prevenção de acidentes infantis ampliou os conhecimentos do professor e das crianças que participaram da ação1212. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR, Sebastião LT. Inter-sector actions to prevent accidents in children education: teacher's assessments and students' knowledge. J. Hum. Growth. Dev. 2013;23(1):99-106.. Além da escola, o fonoaudiólogo também pode realizar atividades educativas de prevenção de acidentes em unidades de atenção primária à saúde1313. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR. Os acidentes humanos e suas implicações fonoaudiológicas: opiniões de docentes e discentes sobre a formação superior. Ciênc. Saúde Coletiva. 2008;3(Supl 2):2289-98..

A participação do fonoaudiólogo nas ações educativas de prevenção de acidentes é ratificada pelo fato de as lesões comumente afetarem cabeça, face e pescoço, comprometendo a fala, a linguagem, a voz, a audição, a deglutição e a respiração, entre outras funções de atuação terapêutica fonoaudiológica1313. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR. Os acidentes humanos e suas implicações fonoaudiológicas: opiniões de docentes e discentes sobre a formação superior. Ciênc. Saúde Coletiva. 2008;3(Supl 2):2289-98..

Assim, é necessário evitar as lesões, realizando-se estudos de prevenção dos acidentes infantis, especialmente pelos fonoaudiólogos que atuam na atenção primária à saúde, ou mesmo por estagiários de Fonoaudiologia que realizam suas atividades de formação neste cenário.

Nessa perspectiva, o objetivo geral deste estudo foi verificar o efeito de uma intervenção educativa sobre prevenção de acidentes infantis domésticos realizada por estagiários de Fonoaudiologia.

Métodos

Essa proposta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” sob o Protocolo 2544/2008. Trata-se de uma pesquisa intervencional que se utiliza de dados primários de pesquisa1414. Hochman B, Nahas FX, Oliveira Filho RS, Ferreira LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cir. Bras. 2005;20(2):2-9..

O estudo foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde com Estratégia Saúde da Família (UBSF), localizada na zona urbana de um município do centro-oeste paulista, com 237.130 habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) igual a 0,7981515. Brasil. Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2017. [cited 2018 Nov 17]. Available from: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/por-cidade-estado-estatisticas.html?t=destaques&c=3529005.
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Primeiramente foi realizado contato com a enfermeira do trio gestor da UBSF para verificar a aplicabilidade do estudo. Mediante o consentimento, o projeto foi analisado pela Divisão Municipal de Avaliação em Pesquisa (DIMAP) da Secretaria Municipal de Saúde que autorizou a pesquisa na Rede Municipal de Saúde.

Elaboração dos Instrumentos de Coleta de Dados e Preparação dos Materiais Educativos

Para a coleta de dados foram elaborados dois instrumentos (roteiros de entrevista) com questões abertas.

O primeiro roteiro continha questionamentos referentes a características pessoais dos participantes (escolaridade, estado civil e profissão) e da visita à unidade de saúde e apresentava quatro perguntas: 1) Alguma criança já se acidentou na sua casa? 2) Se sim, como foi? 3) Observando esta figura (contendo a situação de risco) quais são os perigos para acidentes com as crianças que você identifica? 4) Gostaria de fazer alguma outra observação?

O segundo roteiro de entrevista não contemplava itens relativos a aspectos pessoais dos participantes e da visita, mas também apresentava quatro questões: 1) Observando a figura novamente, o que você identifica como perigo? 2) Dentre os perigos discutidos, quais deles você observa(ou) na sua casa ou na residência de parentes e amigos? 3) Quais mudanças você faria na cozinha para evitar que as crianças se acidentem? 4) O que você achou do material impresso (figuras) utilizado na orientação?

Foram selecionadas as variáveis de interesse, ou seja, do primeiro roteiro as características pessoais dos participantes, bem como as respostas relativas às situações de risco: “Observando esta figura (contendo a situação de risco), quais são os perigos para acidentes com as crianças que você identifica?”. No segundo roteiro foram utilizadas as respostas referentes à pergunta: “Observando a figura novamente, o que você identifica como perigo?”.

Foi realizado um pré-teste dos instrumentos de pesquisa na mesma UBSF com cinco responsáveis pelas crianças que não participaram da amostra final. O objetivo do pré-teste foi verificar a clareza das questões à população para a qual se destinava, não havendo a intenção de validar o instrumento da pesquisa.

Durante a preparação dos materiais educativos, foram selecionadas duas ilustrações de uma cozinha (Figuras 1 e 2) para a realização da intervenção educativa. A Figura 1 possuía imagens de objetos e situações de risco para queimaduras, quedas e cortes, entre outros tipos de acidentes. A Figura 2 ilustração possuía situações de proteção e de segurança.

As ilustrações foram disponibilizadas durante a Campanha “Tylenol: vida de criança na casa segura” e foram impressas em tinta colorida (para facilitar a visualização), preparadas em duas folhas do tamanho A4 (uma para situação de risco e outra de segurança) e plastificadas (para facilitar o manuseio).

Seleção dos Participantes da Pesquisa

Foi fixado um cartaz na UBSF convidando a população para participar da ação educativa e foram feitas abordagens diretas pelas estagiárias de Fonoaudiologia. Também foi realizada uma tentativa de parceria com o médico da Instituição, no sentido dele informar aos responsáveis pelas crianças que passavam pela consulta sobre a existência desta pesquisa. Assim, após a consulta, o médico da UBSF sugeria aos responsáveis pelas crianças procurarem a estagiária de Fonoaudiologia para a realização da ação educativa.

A rotina da Instituição também permitiu que os responsáveis fossem abordados pelas estagiárias na sala de espera. Desta forma, em alguns momentos as entrevistas ocorreram antes dos atendimentos (médico, odontológico e fonoaudiológico) e em outros momentos após as consultas.

Foram convidados a participar deste estudo todos os responsáveis pelas crianças (pais, parentes, etc.) que frequentaram a unidade de saúde no dia e horário do estágio. Aqueles que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Considerou-se como critério de inclusão a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Não houve perdas e casos excluídos na amostra.

Qualificação dos Estagiários de Fonoaudiologia

Todas as ações desta pesquisa foram realizadas por duas estagiárias do terceiro ano de Fonoaudiologia de uma Universidade pública do Estado de São Paulo que realizavam estágio curricular na UBSF nas tardes de quarta-feira.

A qualificação das estagiárias para o desenvolvimento desta ação foi feita por uma pesquisadora fonoaudióloga e doutoranda em educação participante do Grupo de Pesquisa Educação e Acidentes (EDACI), que naquele momento realizava atividade docente junto ao referido Estágio.

Durante as supervisões do Estágio a pesquisadora apresentou materiais para leitura sobre a temática, especialmente o referencial teórico que demonstrava a correlação entre os acidentes e a Fonoaudiologia1313. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR. Os acidentes humanos e suas implicações fonoaudiológicas: opiniões de docentes e discentes sobre a formação superior. Ciênc. Saúde Coletiva. 2008;3(Supl 2):2289-98., propondo registros e reflexões preventivas em um caderno, o qual foi chamado pelas estagiárias de “Diário de Bordo”.

As estagiárias sanavam dúvidas com a pesquisadora presencialmente durante as supervisões quinzenais e também recebiam retorno no formato de comentário escrito no Diário sobre os resultados obtidos e as propostas de melhoria para as ações que estavam sendo realizadas.

Momento Pré-Intervenção

Em um primeiro momento foi apresentada a Figura 1 aos responsáveis pelas crianças, de forma individual, com 15 possibilidades de acidentes. O escore máximo que poderia ser alcançado por todos era de 450 discriminações (30 participantes multiplicado por 15 possibilidades).

Foi solicitado aos participantes que relatassem os perigos existentes, mediante ao questionamento: “Observando esta figura quais são os perigos para acidentes com as crianças que você identifica?” As respostas dos responsáveis foram registradas pelas estagiárias no Diário.

Figura 1:
Ambiente com risco para acidentes infantis

Momento da Intervenção

Após a discriminação das situações de risco, sob a visão dos participantes, foi realizada a intervenção educativa, que constituiu de uma explicação de todas as situações de risco para acidentes infantis existentes na figura, de forma dialogada, oferecendo a oportunidade para questionamentos. Em seguida foi apresentada a Figura 2 com situações de segurança (sem riscos para acidentes), destacando-se a diferença que existia entre um ambiente perigoso e outro seguro.

Figura 2:
Ambiente com proteção para acidentes infantis

Momento Pós- Intervenção

Foi novamente apresentada a Figura 1 e solicitado aos participantes que indicassem os perigos presentes, com base nas informações trabalhadas na ação educativa. Foi realizada a seguinte pergunta: “Observando a figura novamente, o que você identifica como perigo?”. Os relatos foram novamente registrados no Diário. Cada intervenção educativa durou entre 10 e 20 minutos.

As informações obtidas foram registradas em duas colunas (pré e pós) e analisadas individualmente de acordo com a fala de cada respondente. As falas foram categorizadas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID 10). A categorização realizada foi avaliada por dois juízes experientes em pesquisas da área da saúde, havendo concordância de 96%.

Para comparar os escores no pré e pós-intervenção dos participantes foi utilizado o Teste de Wilcoxon. Para comparar os escores entre os tipos de acidentes foi utilizado o Teste de Proporção. O nível de significância adotado foi de α=0,05. Foram considerados estatisticamente significantes os resultados dos testes que apresentaram α menor ou igual a 0,05.

Resultados

Caracterização dos Participantes

Participaram desse estudo 30 responsáveis pelas crianças que frequentaram a UBSF. A maioria da amostra pertencia ao sexo feminino (93,4%), 46,7% era casada, 53,7% do lar e 43,4% possuía ensino fundamental incompleto, conforme se observa na Tabela 1.

Tabela 1:
Caracterização dos participantes

Os participantes compareceram na unidade de saúde principalmente para realização de consulta médica (56,7%). Além disso, foram buscar medicamento (6,7%) e pesar a criança (6,7%). Foram relatados como motivos de ida à unidade a realização de exame preventivo (3,3%), a realização de teste de gravidez (3,3%) e o acompanhamento em consulta (3,3%).

Resultados Referentes aos Tipos de Acidentes

A análise dos tipos de acidentes mencionados pelos participantes permitiu uma classificação entre W00 a X59, de acordo com o CID 10. Os resultados estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2:
Distribuição dos tipos de acidentes discriminados pelos participantes

Os resultados mostraram que antes da ação educativa os responsáveis identificaram 187 situações para acidente infantil e após a intervenção foram identificados 215 perigos. De acordo com o Teste de Proporção, a mudança estatisticamente significante foi em relação a “Envenenamento (intoxicação) acidental por exposição a outras substâncias químicas nocivas e às não especificadas”, representada pelo CID X49 e α= 0,0292. Outra mudança que foi próxima à significância foi o “Impacto causado por objeto lançado, projetado ou em queda”, CID W20 e α= 0,0642.

Resultados Referentes aos Responsáveis pelas Crianças

Dentre os 30 responsáveis participantes, 23 (76,7%) tiveram ampliação seu conhecimento/discriminação das situações de risco para acidentes domésticos infantis após a ação educativa e sete (23,3%) não tiveram modificação, conforme observa-se na Figura 3.

Figura 3:
Distribuição dos conhecimentos dos participantes pré e pós intervenção educativa

Tabela 3:
Resultado do Teste de Wilcoxon com a comparação dos escores no momento pré e pós-intervenção

Antes da intervenção a média de situações de risco identificadas foi de 6,4 e desvio padrão de 3,04. Após a ação educativa realizada pelas Estagiárias de Fonoaudiologia a média de situações perigosas discriminadas aumentou para 8,7 com desvio padrão de 2,60. O Teste de Wilcoxon demonstrou que a mudança ocorrida foi estatisticamente significante (p< 0,001), de acordo com a Tabela 3.

Discussão

Nessa pesquisa, realizada em uma unidade primária de saúde, os participantes foram majoritariamente do sexo feminino. As evidências científicas têm mostrado que a mulher é a principal acompanhante das crianças nos serviços de saúde1616. Durães MRP, Toriyama ATM, Maia LFS. O conhecimento dos pais sobre como proceder diante de acidentes domésticos. Recien Rev Cient Enferm. 2012;2(6):5-14.. Estudo realizado no Hospital Infantil Sabará, região central de São Paulo, sobre procedimentos adotados diante de acidentes domésticos, revelou predominância do público feminino1616. Durães MRP, Toriyama ATM, Maia LFS. O conhecimento dos pais sobre como proceder diante de acidentes domésticos. Recien Rev Cient Enferm. 2012;2(6):5-14.. Da mesma forma, pesquisa realizada na Clínica Pediátrica do Hospital de Urgência de Teresina, Piauí, com cuidadores de crianças que foram internadas por acidentes domésticos, demonstrou que todos os acompanhantes eram mulheres1717. Silva MF, Fontinele DRS, Oliveira AVS, Bezerra MAR, Rocha SS. Determining factors of domestic accidents in early childhood. J. Hum. Growth. Dev. 2017;27(1):10-8.. Estes dois estudos demonstram o protagonismo da mulher no acompanhamento das crianças nos serviços de saúde, logo, ela pode ser público alvo das atividades de prevenção de acidentes infantis nestes serviços1616. Durães MRP, Toriyama ATM, Maia LFS. O conhecimento dos pais sobre como proceder diante de acidentes domésticos. Recien Rev Cient Enferm. 2012;2(6):5-14.,1717. Silva MF, Fontinele DRS, Oliveira AVS, Bezerra MAR, Rocha SS. Determining factors of domestic accidents in early childhood. J. Hum. Growth. Dev. 2017;27(1):10-8..

Em relação à escolaridade dos responsáveis, houve predominância do ensino fundamental incompleto, semelhante a estudo similar1717. Silva MF, Fontinele DRS, Oliveira AVS, Bezerra MAR, Rocha SS. Determining factors of domestic accidents in early childhood. J. Hum. Growth. Dev. 2017;27(1):10-8.. A literatura1818. Vendrúsculo TM, Balieiro CRB, Echevarría-Guanilo ME, Farina Junior JÁ, Rossi LA. Burns in the domestic environment: characteristics and circumstances of accidents. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010;18(3):444-51.,1919. Martins CBG. Acidentes e violências na infância e adolescência: fatores de risco e de proteção. Rev Bras Enferm. 2013;66(4):578-84. classifica o baixo nível de escolaridade dos responsáveis como fator predisponente para ocorrência de acidentes infantis. Estudo realizado na Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, demonstrou que 11 dentre os 13 responsáveis pelas crianças queimadas apresentavam apenas nível primário completo1818. Vendrúsculo TM, Balieiro CRB, Echevarría-Guanilo ME, Farina Junior JÁ, Rossi LA. Burns in the domestic environment: characteristics and circumstances of accidents. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010;18(3):444-51.. A baixa escolaridade da mãe também foi sinalizada como um fator preocupante1919. Martins CBG. Acidentes e violências na infância e adolescência: fatores de risco e de proteção. Rev Bras Enferm. 2013;66(4):578-84..

Ainda referente à caracterização dos participantes deste estudo, verificou-se que a maioria é casada. Pesquisa realizada com crianças inglesas demonstrou que a constituição familiar pode ser um fator de risco para acidentes na infância2020. O'Connor TG, Davies L, Dunn J, Golding J. Distribution of accidents, injuries, and illnesses by family type. Pediatrics. 2000;106(5):E68.. Em famílias monoparentais há maior risco psicossocial e a mediação com a criança pode ser comprometida, logo, essas transições familiares tornam os acidentes mais propensos2020. O'Connor TG, Davies L, Dunn J, Golding J. Distribution of accidents, injuries, and illnesses by family type. Pediatrics. 2000;106(5):E68..

A maior parte dos responsáveis desta pesquisa desenvolve atividades na própria residência. Estudo realizado em Teresina, Piauí, mostrou que a maioria dos cuidadores de crianças acidentadas eram pessoas do lar e que se dedicavam exclusivamente aos afazeres domésticos no momento da injúria1717. Silva MF, Fontinele DRS, Oliveira AVS, Bezerra MAR, Rocha SS. Determining factors of domestic accidents in early childhood. J. Hum. Growth. Dev. 2017;27(1):10-8.. Em Ribeirão Preto, São Paulo, a maior parte dos responsáveis também tinha a ocupação “Do Lar”1818. Vendrúsculo TM, Balieiro CRB, Echevarría-Guanilo ME, Farina Junior JÁ, Rossi LA. Burns in the domestic environment: characteristics and circumstances of accidents. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010;18(3):444-51.. Informação semelhante foi identificada em pesquisa realizada em São Luís, Maranhão, em que a maioria das crianças menores de 10 anos era cuidada pela mãe e/ou pai no momento em que sofreram a queimadura2121. Rocha Neta AP, Maciel SM, Lopes MLH, Sardinha AHL, Cunha CLF. Perfil dos acidentes por queimaduras em crianças menores de dez anos burn accident profile in children under the age of ten years. SANARE. 2014;13(1):41-7..

Em relação ao material educativo, o impresso utilizado mostrou-se efetivo para a intervenção realizada. Em uma intervenção realizada com 40 familiares de crianças menores de quatro anos, pertencentes ao território de unidades básicas de saúde de um município do interior paulista, foram realizadas entrevista inicial, ação educativa com folder sobre prevenção de queimaduras e entrevista após a intervenção77. Gimeniz-Paschoal SR, Pereira DM, Nascimento EM. Effect of an educative action on relatives' knowledge about childhood burns at home. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2009;17(3):341-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692009000300010
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. Após uma semana da ação realizada os resultados mostraram aumento nos conhecimentos dos participantes77. Gimeniz-Paschoal SR, Pereira DM, Nascimento EM. Effect of an educative action on relatives' knowledge about childhood burns at home. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2009;17(3):341-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692009000300010
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Outro estudo analisou o potencial informativo de uma ação educativa sobre queimaduras infantis com responsáveis por crianças internadas em ambiente hospitalar2222. Gimeniz-Paschoal SR, Nascimento EN, Pereira DM, Carvalho FF. Ação educativa sobre queimaduras infantis para familiares de crianças hospitalizadas. Rev. paul. Pediatr. 2007;25(4):331-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822007000400006
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. Foram aplicados questionários antes e imediatamente após a ação educativa, que incluiu intervenções verbais e folheto educativo, em 37 acompanhantes de crianças e adolescentes de dois hospitais de uma cidade do interior do Estado de São Paulo2222. Gimeniz-Paschoal SR, Nascimento EN, Pereira DM, Carvalho FF. Ação educativa sobre queimaduras infantis para familiares de crianças hospitalizadas. Rev. paul. Pediatr. 2007;25(4):331-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822007000400006
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. A ação educativa mostrou bom potencial informativo pela elevação do percentual de respostas corretas em todos os aspectos apresentados2222. Gimeniz-Paschoal SR, Nascimento EN, Pereira DM, Carvalho FF. Ação educativa sobre queimaduras infantis para familiares de crianças hospitalizadas. Rev. paul. Pediatr. 2007;25(4):331-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822007000400006
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822007...
.

Esta pesquisa demonstrou que o médico é indicado para participar da intervenção, uma vez que é o profissional mais procurado na unidade de atenção primária à saúde. Assim, este profissional poderia ser um parceiro do fonoaudiólogo no desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes infantis na unidade de saúde1010. Waksman RD, Blank D. Prevenção de acidentes: um componente essencial da consulta pediátrica. Resid Pediatr. 2014;4(Supl1):S36-S44. https://doi.org/10.25060/residpediatr
https://doi.org/https://doi.org/10.25060...
, bem como outros profissionais da equipe mínima ou do Núcleo Ampliado da Saúde da Família (NASF-AB). Poderia envolver graduandos e pós-graduandos das instituições acadêmicas, incluindo os de Fonoaudiologia1313. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR. Os acidentes humanos e suas implicações fonoaudiológicas: opiniões de docentes e discentes sobre a formação superior. Ciênc. Saúde Coletiva. 2008;3(Supl 2):2289-98., o que certamente fomentaria a formação de profissionais para a prevenção de doenças decorrentes dos acidentes na infância e fortaleceria a integração entre o ensino e o serviço.

As intervenções voltadas à prevenção de acidentes infantis precisam considerar o momento do desenvolvimento infantil e os hábitos comportamentais comuns à idade, envolvendo orientação às famílias, realizando mudanças no espaço do domicílio e identificando fatores de risco2323. Barcelos RS, Del-Ponte B, Santos IS. Interventions to reduce accidents in childhood: a systematic review. J Pediatr. 2018;94(4):351-67. https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.10.010
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
. As intervenções poderiam contemplar inicialmente os riscos para impacto causado por objetos lançados, projetados ou em queda na cozinha ou em qualquer ambiente do domicílio. Poderiam contemplar também envenenamento (intoxicação) acidental por exposição a substâncias químicas nocivas, que foram discriminados de forma significante pelos participantes, conforme apresentou a Tabela 2 dos resultados desta pesquisa.

O estudo ora apresentado esteve inserido nas atividades de estágio curricular que visavam à formação de fonoaudiólogos capacitados a desenvolver processos educativos voltados à promoção da saúde, bem como à prevenção de agravos que pudessem comprometer aspectos da saúde da população assistida na unidade de saúde. Os resultados obtidos, ou seja, a melhora na identificação de fatores de risco mostrou que o fonoaudiólogo tem importante contri buição a dar na atenção básica, especialmente na prevenção de agravos, corroborando com estudo realizado anteriormente1313. Nascimento EN, Gimeniz-Paschoal SR. Os acidentes humanos e suas implicações fonoaudiológicas: opiniões de docentes e discentes sobre a formação superior. Ciênc. Saúde Coletiva. 2008;3(Supl 2):2289-98.. Além disso, demonstrou que é papel das universidades preparar estes futuros profissionais para atuarem na prevenção de doenças e promoção da saúde2424. Fernandes TL, Nascimento CMB, Sousa FOS. Analyzing the functions of speech therapists of NASF in Recife Metropolitan Region. Rev. CEFAC. 2013;15(1):153-9..

Novos estudos poderiam ampliar a coleta de dados durante a intervenção obtendo relatos dos responsáveis sobre aspectos reais da cozinha do domicílio em que eles e as crianças convivem. Esses dados poderiam favorecer estudos que incluíssem também follow up e apreciação do impacto que a ampliação de conhecimentos corretos em intervenção na unidade de saúde poderia ter em relação a mudanças no ambiente real. Estas informações poderiam ser complementadas por obtenção de dados observacionais, fazendo-se a propositura de realizar pelo menos duas visitas em domicílio, com observação da cozinha. Futuros estudos também poderiam realizar a entrega de folheto com as figuras utilizadas na intervenção, permitindo a lembrança das sugestões e oferecendo a oportunidade de compartilhar as informações com outros membros que convivessem no domicílio.

As ações do presente estudo poderão envolver outras instituições de ensino, envolvendo tanto estudantes e docentes de Fonoaudiologia como outras graduações da área da saúde. Além de fortalecer a integração do ensino com o serviço, poderá despertar o interesse dos estudantes para ações de prevenção de agravos ainda durante a formação universitária. São sugestivas ainda as cooperações com outros setores, especialmente o de Educação, aonde as crianças permanecem parte do seu tempo e o contato com os pais e/ou responsáveis é realizado diariamente.

Conclusões

Conclui-se que a intervenção educativa realizada teve efeito sobre as percepções dos participantes em relação à prevenção de acidentes infantis domésticos. Não há como garantir que esta mudança ocorreu exclusivamente devido à ação realizada. Para assegurar uma análise de causalidade seria necessário realizar um estudo que possibilitasse controlar todas as variáveis independentes, verificando relações de causa e efeito, com controle rigoroso.

Este estudo envolveu estagiários de Fonoaudiologia na realização de ações de prevenção de acidentes infantis na atenção primária à saúde, algo que não é habitual na formação universitária. Permanece o desafio da continuidade do trabalho, envolvendo outros estudantes de outras turmas em formação, bem como outras unidades básicas de saúde do município de estudo e de outros municípios que sediam instituições universitárias de Fonoaudiologia, a fim de expandir as ações preventivas descritas neste trabalho. Além disso, é sugestivo o envolvimento das equipes multiprofissionais e intersetoriais para fortalecer a Rede de atuação na saúde pública.

Agradecimentos

Agradecemos a fonoaudióloga e pesquisadora Gabriela dos Santos Buccini pelo apoio na análise estatística.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    20 Dez 2018
  • Aceito
    16 Set 2019
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