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RESENHA BIBLIOGRÁFICA

ALKAFAJEI, A. M. B.; RAJU, A.; JOSEPH, G.. - The way we teach community medicine. Medical Teacher . London 5 (4): 137-143, 1983.
FELETTI, G. I.; SAUNDERS, N. A.; SMITH, A. J.. - Comprehensive assessment of final - year medical students performance based on under­graduate programme objectives. Lancet, London, 2 (8340): 34-37, 1983.
GALE, J.. - The Integrated curriculum: experiences, achievements and problems. Medical Teacher , London, 6 (1): 22-26, 1984.
GARCIA, J. C.. - Medicina y sociedad. Las corrientes de pensamiento en el campo de la salud. Educ. Méd. Salud , Washington, 17 (4): 363-397, 1983.
IRBY, D. M.. - Evaluating instruction in medical education. J. Med. Education , Washington, 58 (11): 844-849, 1983.
MACDONALD, P. J.. - Selection criteria for community preceptors: a critical review. Family Medicine , Kansas City, 15 (4): 129-133, 1983.
ROSS, M. W.. - Designing sexual medicine courses: a model. Medical Education,Edinburgh, 18 (1): 24-30, 1984.
VERAS, R. P.; RIBEIRO, L. S.; LIMA, J. C. S.. - Notas sobre a evolução da escola médica no Brasil. Educ. Méd. Salud., Washington, 77 (4): 398-413, 1983.

ALKAFAJEI, A. M. B., RAJU, A. & JOSEPH, G. - The way we teach community medicine. Medical Teacher. London 5 (4): 137-143, 1983.

Este trabalho pode servir para estimular o intercâmbio de idéias e informações, numa área em que existem diversas experiências em andamento no Brasil.

Os autores partem da premissa que o ensino médico tradicional serve mal à necessidade, que existe em muitos países subdesenvolvidos, de prover efetivamente cuidados básicos de saúde a comunidades pobres e geograficamente dispersas. Em resposta às deficiências percebidas, muitas escolas têm promovido uma orientação comunitária no currículo, ensejando uma ampliação de oportunidades de experiência prática em serviços de saúde comunitária.

O artigo descreve um programa com tal finalidade, desenvolvido na fase de internato, para os estudantes da Faculdade de Medicina de Basrah, Iraque. Os autores abordam os objetivos, o cenário do estágio, os métodos e técnicas de treinamento e a avaliação dos estagiários e do próprio programa. Os resultados obtidos evidenciam, uma vez mais, as vantagens da utilização de centros de saúde em treinamento realista que sirva aos interesses da formação profissional e da assistência no campo da saúde.

O cenário desse programa é uma comunidade agrícola, num distrito servido por pequeno hospital e vários centros de saúde (onde o treinamento é realizado). Os alunos participam de atividades que levam ao diagnóstico comunitário, em trabalho clínico, em atividades de promoção de saúde e em exercícios de aprendizagem independente. A ênfase é na aquisição de competência pelo desempenho de tarefas específicas. Um manual de treinamento distribuído aos alunos especifica os objetivos de aprendizado em cada área de treinamento (à guia de exemplo, os autores incluem no texto os objetivos de aprendizado, as tarefas e algumas subtarefas da área de saúde materno-infantil). Os preceptores dos estagiários são os próprios membros da equipe de saúde do centro, que recebem orientação do corpo docente.

A análise dos resultados da avaliação indicou um incremento na capacitação dos estagiários e melhoria da qualidade dos serviços prestados no centro de saúde. Evidenciou-se também que o sucesso do programa depende de supervisão contínua das atividades por preceptores adestrados para tal função.

FELETTI, G. I., SAUNDERS, N. A., SMITH, A. J. et alii - Comprehensive assessment of final - year medical students performance based on under­graduate programme objectives. Lancet, London, 2 (8340): 34-37, 1983.

Este artigo descreve o sistema de avaliação usado no último ano do curso da primeira turma formada na Faculdade de Medicina da Universidade de Newcastle, na Austrália. Coerentemente com a política educacional implantada naquela faculdade, o sistema descrito tem muitas facetas significativas e inovadoras que se refletem na sua natureza e organização e nos critérios de pontuação do desempenho estudantil. Em particular, a avaliação não se ateve ao conteúdo específico de cada área do rodízio clínico no último ano. Essas áreas propiciaram o cenário para uma avaliação abrangente dos objetivos do currículo agrupados em seis domínios, a saber: (1) avaliação do próprio aprendizado; (2) método científico e raciocínio crítico; (3) diagnóstico, avaliação e conduta clínicas; (4) atitudes profissionais e características pessoais; (5) medicina comunitária e (6) relação médico-paciente.

A menção final atribuída ao estudante baseou-se em múltiplos exames, periódicos e terminais, para cada domínio de objetivos. Nos exames periódicos, realizados ao longo do ano, utilizou-se uma ficha padronizada preenchida pelos supervisores clínicos nas áreas de treinamento. Nos exames terminais, diversos instrumentos apropriados aos diferentes domínios foram utilizados, alguns de caráter inovador. Para ser aprovado (isto é, concluir o curso), o estudante tinha de demonstrar competência em cada domínio; ainda mais, a competência em qualquer domínio precisava ser demonstrada em cada tipo de instrumento usado na aferição.

A análise empreendida pelos autores mostrou que as pontuações obtidas pelos estudantes nos diferentes domínios eram suficientemente independentes de modo a indicar que habilidades realmente diversas foram aferidas. Três componentes da estrutura de desempenho foram identificados, por análise fatorial: (a) disposição em demonstrar capacidade; (b) habilidade em resolver problemas e (c) iniciativa e capacidade de relacionamento. Os autores concluem que o processo de avaliação empregado é válido, exeqüível e plenamente aceitável. Os atributos almejados pela Faculdade - para seus concluintes - foram aferidos sem dificuldade. A abordagem multifatorial mostrou-se efetiva, em termos da alta validade e confiabilidade de seus instrumentos. Além disso, foi considerada justa, aceitável e estimulante pelos estudantes e examinadores participantes.

O artigo apresenta doze referências bibliográficas, incluindo sete pertinentes ao trabalho de crescente receptividade internacional desenvolvido no campo da educação médica pela Faculdade de Newcastle.

GALE, J. - The Integrated curriculum: experiences, achievements and problems. Medical Teacher, London, 6 (1): 22-26, 1984.

Ao apreciar os alvos, as experiências, as realizações e as dificuldades da integração no ensino médico, Janet Gale chega à conclusão que uma definição mais clara de integração seria proveitosa agora. De fato, existem diferentes modalidades de integração que respondem (segundo a autora) a uma necessidade reconhecida e documentada de tornar o conteúdo e a estrutura do ensino médico mais apropriados às necessidades futuras dos estudantes, quando na prática médica.

Inicialmente, o artigo aborda as modalidades de integração vertical e horizontal que implicam na combinação de assuntos e disciplinas. Na integração vertical, essa combinação envolve a imbricação das áreas pré-clínica e clínica do currículo tradicional. Na integração horizontal, a reorganização curricular gira em torno de temas (a exemplo dos aparelhos e sistemas do organismo) ou envolve a combinação de áreas clínicas afins em cursos unificados.

Na seqüência, a autora-educadora de renome, atualmente na Open University - passa em revista experiências de currículo integrado, focalizando exemplos surgidos no Reino Unido e comentando noções pertinentes da teoria e prática educacional. Aborda, em seguida, outra modalidade importante de integração, representada pelos currículos organizados em torno de problemas clínicos. No currículo integrado baseado em problemas clínicos (a exemplo do curso da Escola de Medicina de Newcastle, na Austrália), inexistem disciplinas separadas o estudante é confrontado com uma seqüência de pacientes, apresentados por meios e métodos variados. A Partir disso, eles definem os tópicos que precisam estudar, a fim de entender e resolver o problema; o aprendizado subseqüente terá componentes de cada disciplina que pode propiciar informação pertinente.

Quais são as realizações da integração? Gale indica que a principal intenção das diferentes formas de integração é tornar o aprendizado estudantil mais relevante, capacitando o estudante a aprender a informação de um modo que reflete seu uso almejado na prática médica. Na medida em que isso é conseguido - como parece ser o caso de currículos integrados verticalmente - pode-se afirmar que houve uma realização importante, segundo a autora. Em adição, ela comenta outras facetas de projetos de integração e assevera que a evidência a favor dos diversos tipos dessa estratégia é forte e variada, na teoria e na prática.

Em contraposição, Gale indica que existem dificuldades, problemas e condições associadas à implantação do ensino integrado, em qualquer modalidade. A autora comenta dois tipos de dificuldades enfrentadas pelos docentes: primeiro, a demanda para adoção de um novo papel (o que requer preparação e apoio); segundo, o apagamento das fronteiras entre as disciplinas (o que implica na percepção de diminuição do “status” ou da autonomia no “território” didático).

Na conclusão do artigo, Gale apresenta a classificação de estratégias de integração propostas por Pring (citado na bibliografia). Quatro tipos são descritos: (1) correlação de assuntos distintos, mediante estabelecimento de conexões entre diferentes matérias, embora mantendo a identidade de cada; (2) temas, tópicos e idéias, servindo de elos no currículo, a exemplo do uso de aparelhos/sistemas na integração horizontal em alguns cursos; (3) integração no raciocínio prático, quando se enfatiza áreas especiais do currículo e educação sexual é o exemplo comentado; (4) por fim, a integração baseada na investigação pessoal do estudante, como fator de integração curricular; esse processo se assemelha muito à aprendizagem baseada em problemas. A autora sublinha que ao se ter uma definição clara de integração e uma análise precisa de realizações potenciais e reais de suas diversas modalidades, podemos começar a responder muitas questões pendentes sobre o sentido, o foco e os resultados desse processo.

O texto tem muitas citações e inclui vinte e seis referências bibliográficas pertinentes.

GARCIA, J. C. - Medicina y sociedad. Las corrientes de pensamiento en el campo de la salud. Educ. Méd. Salud, Washington, 17 (4): 363-397, 1983.

Que impacto tem o confronto atual entre correntes de pensamento na redefinição e transformação dos termos de referência, elaborados no início da década passada, para o campo da saúde na América Latina? O autor do trabalho, Juan Cesar Garcia, vislumbra profundas implicações da (segundo sua denominação) luta teórica entre as correntes predominantes de pensamento ideológico.

Nesse estudo, suplementado valiosamente com notas explicativas e dezenas de referências, Garcia aborda as respostas de correntes de pensamento sobre a questão da autonomia da medicina e de suas conexões com a sociedade e com outros campos de conhecimento e de prática.

Na primeira parte de sua exposição, o autor delineia as bases filosóficas em que se apóiam as correntes de pensamento no campo da saúde, fazendo apreciações sobre o neopositivismo, o neokantismo e o marxismo, com numerosas citações.

Na segunda parte, Garcia examina alguns aspectos do conflito teórico entre as correntes filosóficas na explanação da natureza da enfermidade e do papel da medicina. Segundo o autor, a concepção predominante antes da década passada - de autonomia, efetividade e potencialidade para a mudança social, atribuídas à medicina - tinha o endosso subjacente do predomínio do positivismo na filosofia da medicina. O enfraquecimento dessa concepção e o surgimento de propostas alternativas no campo da prática médica (tecnologia apropriada e auto-atendimento, por exemplo) são atribuídos, numa visão sócio-política, aos efeitos dos eventos económicos nos fins dos anos sessenta.

Garcia termina por indicar que a incorporação institucional das alternativas propostas em função das críticas à concepção dominante e o insucesso aparente dessas medidas, levaram à reativação do debate teórico. Esse confronto se expressa especialmente em termos do distanciamento entre as posições das correntes oriundas do marxismo e da fenomenologia, antes aliadas na crítica ao positivismo.

O trabalho vale a pena ser lido, por seu cunho interpretativo e pela documentação bibliográfica internacional.

IRBY, D. M. - Evaluating instruction in medical education. J. Med. Education, Washington, 58 (11): 844-849, 1983.

Vale a pena o dispêndio de tempo e esforço para construir um sistema abrangente de avaliação da instrução numa escola médica? O artigo de Irby descreve um modelo flexível e multifocal, plenamente implantado na Washington University (em Seattle), que tem produzido um impacto positivo na melhoria do ensino e nas decisões sobre promoção dos docentes do curso de medicina.

O autor apresenta e comenta os antecedentes, as diretrizes e os procedimentos, os componentes do processo e os instrumentos do sistema de avaliação. O sistema integra medidas quantitativas do ensino (aferição de condutas docentes pelos alunos), documentação descritiva do trabalho docente (carga de ensino e orientação, inovações e investigações no ensino) e julgamentos qualitativos da instrução feitos por comissão de pares. Esses elementos são unificados de maneira flexível em nível de departamento, a partir de diretrizes recomendadas pela comissão de avaliação de ensino da Faculdade.

Vários fatores contribuíram para o sucesso da implantação do sistema, entre os quais o prestígio da comissão para avaliação do ensino (responsável pelo desenvolvimento do modelo) e a qualidade da assessoria prestada pelo setor de pesquisa em educação médica naquela Faculdade, especialmente na construção dos instrumentos de avaliação. Entre as doze referências bibliográficas, incluem-se outros trabalhos de Irby, inclusive um estudo documentando o benefício verificado no rendimento docente, mediante uso dos processos de aferição das condutas de ensino pelos alunos em combinação com atividades de desenvolvimento docente.

MACDONALD, P. J. - Selection criteria for community preceptors: a critical review. Family Medicine, Kansas City, 15 (4): 129-133, 1983.

O incremento de estágios em medicina familiar no ensino médico tem resultado numa demanda por médicos comunitários capacitados, que possam ensinar seus conhecimentos aos estudantes. Uma revisão da literatura recente revelou vinte e dois critérios que têm sido usados para selecionar preceptores. Este artigo apresenta uma classificação de critérios de seleção, baseada nas funções de ensino do preceptor e nas funções educativas da vivência de preceptoria. Muitos desses critérios parecem baseados nas crenças e valores dos proponentes e têm pouca evidência de pesquisa para apoiar sua validade. Os vinte e dois critérios são examinados criticamente e as evidências de validade são apresentadas, onde possível. Várias escolas médicas darão ênfase a alguns critérios diversamente, dependendo de suas prioridades institucionais e das necessidades de aprendizagem dos alunos. (Sumário do autor).

Comentário. O tema de seleção de preceptores emerge no cenário da crescente disseminação de programas de treinamento extra-hospitalar para estudantes de medicina, visando a dar uma vivência de problemas de saúde/maternidade no ambiente familiar, escolar ou do trabalho. O reconhecimento da necessidade de supervisão e orientação dos estudantes levanta a questão do recruta­ mento e preparação de médicos sem filiação universitária para exercer essas funções. Para MacDonald - que trabalha no Departamento de Medicina Familiar da McMaster University (Canadá) - esse recrutamento depende de uma seleção baseada em critérios pertinentes à aprendizagem estudantil. De sua revisão da literatura (trinta e três publicações citadas), muitos critérios foram identificados mas poucos têm evidência convincente de sua validade. MacDonald agrupa os critérios identificados em cinco categorias: qualidade de ensino, qualidade de assistência ao paciente, qualidade de humanismo, aspectos da prática do médico e outros critérios.

Vale frisar que o autor deste artigo publicou posteriormente (J. Med. Educ., 58 (11): 882-893, 1983) um trabalho - baseado na sua tese sobre as características dos preceptores altamente apreciados pelos estudantes - em que define os aspectos pertinentes e oferece sugestões para a seleção de candidatos à preceptoria em medicina geral ou familiar.

ROSS, M. W. - Designing sexual medicine courses: a model. Medical Education, Edinburgh, 18 (1): 24-30, 1984.

Embora seja vista cada vez mais como parte integrante dos cursos médicos, é difícil introduzir e integrar a educação sexual nos currículos existentes. Este artigo apresenta um modelo hierárquico, para planejar cursos de educação sexual, que leva em consideração fatores tais quais: restrições ambientais (tempo, dinheiro, pessoal), objetivos, conteúdo, métodos de ensino, seqüência do programa, implantação e avaliação. O formato do modelo representa um esforço para confrontar os problemas que levam à necessidade de ministrar cursos sobre medicina sexual para estudantes de medicina. (Sumário do autor: M. W. Ross, Faculdade de Medicina, The Flinders University, Austrália).

Comentário. Internacionalmente, a maior conscientização e crescente disposição do público, em geral, para procurar consulta profissional em questões de sexualidade, indica a necessidade de se incluir a medicina sexual no âmbito de competência do concluinte de medicina. Isso implica na definição de competência nessa área, em termos dos três componentes descritos por Burg e col. (Medical Teacher, 4: 60-64, 1982). Em primeiro lugar, a identificação de problemas sexuais prioritários (na situação local) a serem reconhecidos pelo concluinte. Em segundo lugar, a identificação, com referência à medicina sexual, de cinco dimensões de proficiências e habilidades, a saber: (a) conhecimento/compreensão; (b) julgamento clínico (síntese de informação biopsicossocial); (c) atitudes (a exemplo de sensibilidade e empatia); (d) capacidade de relacionamento (assegurando privacidade da informação sobre o paciente, para exemplificar), e (e) destrezas técnicas (requeridas no exame pélvico, a título de ilustração). Finalmente, determinação do treinamento em tarefas básicas do médico anamnese, exame físico, conduta clínica, encaminhamento, etc.), tendo como alvo a capacitação nas cinco dimensões mencionadas, dentro do contexto de problemas clínicos importantes (isto é, freqüentes, significativos e potencialmente susceptíveis de resolução pela ação do médico).

O modelo descrito por Ross, para elaboração de curso sobre medicina sexual, parece constituir um processo lógico e eficiente para buscar o desenvolvimento de um aprendizado satisfatório (em termos de competência básica), dentro da realidade curricular de cada escola. Isso se deve, em particular, ao plano hierárquico seguido, em que as restrições ambientais e os objetivos do curso determinam o conteúdo, a metodologia e a seqüência do programa, enquanto a avaliação serve de mecanismo para reajustamento. O modelo já serviu para revisão de curso existente, citado pelo autor entre as dezessete referências bibliográficas do artigo.

Para aqueles que, no Brasil, se interessam pelo ensino de medicina sexual em nível de graduação, recomendo este artigo pela clareza da abordagem e documentação bibliográfica.

VERAS, R. P., RIBEIRO L. S. & LIMA, J. C. S. - Notas sobre a evolução da escola médica no Brasil. Educ. Méd. Salud., Washington, 77 (4): 398-413, 1983.

Instituído em 1808, o ensino médico no Brasil evoluiu e se transformou ao sabor da evolução e das mudanças por que passou a sociedade brasileira. As escolas médicas, pertencentes a princípio à esfera exclusiva do Estado, só no período 1931-60 começaram a atrair a iniciativa privada, responsável por 6 das 19 escolas então criadas. Desde então, cresceu a importância do setor privado, registrando-se verdadeira “explosão” entre 1966 e 1970 quando, de 30 novas escolas médicas criadas, 25 estavam na área particular (hoje, de um total de 76 escolas, mais da metade pertence ao setor privado).

Assinalam os autores que a expansão das escolas e dos cursos médicos não eliminou o seu caráter seletivo, não diminuiu a importância das escolas ligadas ao poder público - que são ainda as maiores escolas -, nem garantiu uma qualidade satisfatória ao ensino ministrado pela rede privada.

Concentradas principalmente na região Sudeste, as escolas médicas favorecem as áreas industriais urbanas, e especialmente o eixo Rio-São Paulo (onde se concentra também a metade dos médicos de todo o país), e reforçam as disparidades regionais. (Sumário dos autores, do Instituto de Medicina Social da UERJ).

Comentário. As conseqüências da expansão dos cursos médicos, exemplificados na triplicação do número de profissionais no período de 10 anos (1966-1976), levantam questões sobre a distribuição geográfica, a determinação dos alvos de carreira dos médicos (em termos da proporção de generalistas e de especialistas de vários tipos) e sobre a própria organização da prática médica, inclusive em termos de níveis de atendimento primário, secundário e terciário. A meu ver, essas e outras questões devem ser abordadas num estudo de fôlego sobre a adequação entre a oferta e a demanda de profissionais de saúde, utilizando-se múltiplos parâmetros de referência (e, não apenas, a denominada proporção ideal de médicos por habitantes).

Os autores do artigo resumido acima pesquisaram e sintetizaram informações importantes sobre o crescimento e as transformações dos cursos de medicina no período histórico desde a criação da primeira escola. Além das dez referências (citadas no texto), o artigo apresenta uma bibliografia seletiva de dez trabalhos que foram utilizados na interpretação oferecida sobre as causas e conseqüências do fenômeno estudado.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Set 2021
  • Data do Fascículo
    May-Aug 1984
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