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RESENHA BIBLIOGRÁFICA

MAHEUX, B.; BÉLAND, F.. - Students’ perceptions of values emphasized in three medical schools. J. Med Educ., Washington, 61(4): 308-16, 1986.
RIEGELMAN, R. K.. - Effects of teaching first-year medical students skills to read medical literature. J. Med. Educ., Washington, 61(6): 454-60, 1986.
REES, P. J.. - Do medical students learn from multiple choice examinations? Med Educ., Edinburgh, 20(2): 123-5, 1986.
Mc LEOD, P. J.; HARDEN, R. M.. - Which textbook - does it matter? Med. Teacher, London, 8(1): 69-73, 1986.
PRENTICE, J. W.; KENNY, G. N. C.. - Microcomputers in medical education Med Teacher, London, 8 (1): 9-18, 1986.
LAZARUS, J.; HARDEN, R. M.. - The innovative process in medical education. Med Teacher, London, 7(3/4): 333-42, 1985.
SCOTT, C. S.; NEIGHBOUR, W. E.. - Preventive care attitudes of medical students. Social Science and Medicine, Oxford, 21(3): 299-305.
GUTIERREZ-AVILA, J. H.; BARILAR-ROMERO, E.. - Cambias en las aspiraciones profesionales y en las actitudes de los estudiantes de medicina hacia los aspectos preventivos y sociales de la ensenanza y del ejercicio médico. Educ. Méd. Salud., Washington, 19(4): 386-402, 1985.
MENDES, R.; FÁVERO, M.. - Programa integrado de medicina do trabalho: uma proposta para escolas de medicina no Brasil. Educ. Méd. Salud Washington, 19(4): 369-85, 1985.
BLAND, C. J.; SCHMITZ, C. C.. - Characteristics of the successful researcher and implications for faculty development. J. Med Educ., Washington, 61(1): 22-31, 1986.

MAHEUX, B. & BÉLAND, F. - Students’ perceptions of values emphasized in three medical schools. J. Med Educ., Washington, 61(4): 308-16, 1986.

O propósito do estudo relatado foi o de aferir as percepções de estudantes de Medicina sobre o peso dado a valores científicos e humanísticos nos seus ambientes de aprendizagem e, também, de determinar se as percepções dos estudantes numa dada faculdade variam de acordo com suas características pessoais e nível de treinamento. O estudo foi realizado em três escolas americanas, mediante um questionário respondido por cerca de 82% de mais de setecentos estudantes da amostragem. Os resultados revelaram que as percepções dos estudantes sobre os valores da instituição pouco variaram por conta das características pessoais, a exemplo dos antecedentes sócio-demográficos e educacionais, interesses prévios e escolha de carreira antecipada. Entretanto, diferenças importantes foram observadas nas percepções de valores enfatizados nas diferentes escolas. As percepções dos estudantes em nível clínico e pré-clínico, quanto à importância dada a valores científicos, foram similares. Em duas das instituições, os estudantes em nível clínico atribuíram pontuações significantemente inferiores do que os de nível pré-clínico em relação aos valores humanísticos.

Comentário. Este é um estudo de boa qualidade, derivado da dissertação doutoral da Ora. Brigitte Maheux. Os resultados indicam que a expressão dos valores, científicos e humanistas, no ambiente de aprendizagem, varia ampla e significantemente de uma instituição para outra. As percepções dos estudantes são pouco influenciadas por suas características pessoais e isso contribui para a estabilidade e validade da perspectiva estudantil. O estudo das percepções dos alunos sobre o ambiente de aprendizagem pode ser muito útil na apreciação das mudanças curriculares, especialmente quando envolvem reorientação do conceito de atendimento médico.

Creio ser importante e oportuna a realização de um estudo equivalente no cenário brasileiro, para documentar as diferenças entre as escolas no perfil de orientação psicossocial e de atendimento em nível primário.

RIEGELMAN. R. K. - Effects of teaching first-year medical students skills to read medical literature. J. Med. Educ., Washington, 61(6): 454-60, 1986.

O autor avaliou uma disciplina obrigatória no primeiro ano profissional da Escola de Medicina e Ciências da Saúde (George Washington University) visando a apurar: (a) as percepções da efetividade da disciplina; (b) mudanças na percepção da competência em ler a literatura médica; (c) o conhecimento da estatística e da estrutura de estudos investigativos e (d) o efeito do curso na leitura de periódicos pelos estudantes. Os alunos que cursaram a disciplina foram questionados antes e após do curso e três anos depois; e, também, foram comparados com alunos de uma turma anterior, para os quais não houve oferta da disciplina. Os estudantes que fizeram o curso tinham mais conhecimento e julgavam-se mais competentes dos que os que não o fizeram. Entretanto, esses índices declinaram do primeiro para o quarto ano. O autor conclui que um curso obrigatório em estatística e estrutura de pesquisa pode ser bem aceito e influir no conhecimento e na percepção de competência dos estudantes; entretanto, um reforçamento é necessário para manter os resultados.

Comentário. O autor parte da premissa da importância da “apreciação crítica da literatura pertinente”, dentre as proficiências requeridas na formação profissional do médico. O curso referido - “Apreciação de que estudo: métodos para leitura da literatura médica” - tem simulares em outras escolas da América do Norte e representa um estoque interessante (e aparentemente bem sucedido) no ensino de epidemiologia clínica. Entre os estudantes da Universidade de Brasília (onde se adota o enfoque desenvolvido na McMaster University) existe uma receptividade semelhante aquela descrita neste trabalho. A meu ver, falta demonstrar que ocorre uma mudança efetiva no comportamento dos participantes, na extensão e profundidade de leitura e no uso da informação adquirida em periódicos. No caso descrito no trabalho, o autor referiu um declínio no conhecimento e na proficiência percebida, numa contraprova feita três anos depois do curso. Essa evidência indica que os estudantes não adotaram o enfoque de leitura recomendado na disciplina.

O artigo apresenta nove referências bibliográficas pertinentes ao ensino de Epidemiologia e Bioestatística.

REES, P. J. - Do medical students learn from multiple choice examinations? Med Educ., Edinburgh, 20(2): 123-5, 1986.

Cinqüenta e dois estudantes fizeram dois exames com sessenta questões de múltipla escolha com oito meses de intervalo. O segundo exame continha trinta das questões usadas no primeiro, reunidas a outras trinta que tinham os mesmos enunciados, mas com respostas diferentes. Imediatamente depois do primeiro exame, vinte e sete alunos fizeram uma revisão da prova com o examinador. Eles foram informados das respostas corretas e as dificuldades foram discutidas. Os dois grupos tiveram pontuações similares nas trinta questões com novas opções. Já nas questões repetidas, o grupo que teve conhecimento dos resultados obteve uma melhoria significantemente maior do que o grupo controle. O autor conclui que o conhecimento dos resultados do desempenho numa prova propicia aprendizagem específica mas não leva a aumento geral da informação na mesma área.

Comentário. Trata-se de um artigo simples e curto mas que renova uma informação útil. A “vista de prova”, com informação sobre as respostas corretas (o feedback), ajuda o estudante a aumentar e a reter conhecimento específico aferido em provas de múltipla escolha. O autor comenta que esse é um aspecto importante no uso apropriado de questões de múltipla escolha e cita duas referências bibliog1áficas em apoio ao ponto de vista.

PATEL, V. L. , GROEN, G. L. & FREDERIKSEN, C. H. - Differences between medical students and doctors in memory for clinical cases. Med. Educ., Edinburgh, 20(1): 3-9, 1986.

Muitos estudos enfocando as diferenças entre estudantes e médicos na memória para casos clínicos têm produzido resultados confusos. Os autores deste artigo acreditam que isso se deva ao uso de técnicas inadequadas para isolamento de aglomerados inerentes nos estímulos e nos dados. O propósito do trabalho é mostrar que novas técnicas de análise de dados verbais complexos (do tipo encontrado no raciocínio clínico) produzem um quadro mais claro. Os autores usaram a técnica de análise de proposições para reanalisar dois conjuntos de dados de estudos publicados. Os resultados mostram uma nítida diferença entre médicos e estudantes quando a informação clínica relevante é isolada da informação irrelevante. Essas evidências corroboram a noção de que o processo envolvido na memória para casos clínicos é bem mais complexo e implica a capacidade de fazer inferências a partir de uma base de conhecimento altamente desenvolvida.

Comentário. Est e artigo de Vimla Patel e seus colegas focaliza a natureza do conhecimento médico que pode ser recuperado (utilizado) da memória e sua relação com a experiência. O ponto de vista desenvolvido pelos autores define uma das três principais linhas de trabalho - no estudo de natureza do raciocínio clínico - que estão promovendo uma mudança no paradigma prevalente sobre esse processo. Suas implicações aparente mente reforçam o enfoque de ensino-aprendizagem baseado em problemas, considerando que (nessa abordagem) o conhecimento é adquirido no contexto do paciente, ainda que não seja na vivência direta da situação clínica.

O artigo apresenta vinte e cinco referências bibliográficas que ampliam a perspectiva do texto.

Mc LEOD, P. J. & HARDEN, R. M. - Which textbook - does it matter? Med. Teacher, London, 8(1): 69-73, 1986.

Os autores investigaram algumas das diferenças que existem no conteúdo do mesmo assunto em diferentes textos médicos. Quatorze livros foram examinados pela técnica de análise de conteúdo, sendo o tópico "tratamento da tireotoxicose” escolhido como referência. O estudo revelou diferenças marcantes entre os textos, quanto ao número de palavras que cada um dedicava ao tópico e, também, em função da informação apresentada. Os autores alertam os professores responsáveis pela recomendação de livros didáticos aos alunos sobre a possibilidade de diferenças significantes no conteúdo dos livros selecionados e seu impacto na aprendizagem estudantil.

Comentário. A identificação de critérios para nortear a seleção de livros didáticos é uma questão importante quando se considera a possibilidade de aumentar a eficiência do ensino profissional para o aluno mediano. Conforme afirmam os autores, o livro tem uma função crítica na aprendizagem, sendo um instrumento accessível, portátil e abrangente. A variabilidade na adequação geral da informação - examinada no artigo - indica um impacto diferencial nessa função. Outros fatores, a exemplo da pertinência para o nível de graduação e da inteligibilidade do texto, provavelmente também influenciam grandemente a efetividade potencial do livro didático.

Uma perspectiva diferente da questão é apresentada por Kriel e colegas (“Conceptual frameworks in pre-clinical and clinical textbooks”), em Medical Education, vol. 20(2), 1986. Nesse artigo, a questão da organização da informação é examinada. Vale a pena comparar os enfoques.

PRENTICE, J. W. & KENNY, G. N. C. - Microcomputers in medical education Med Teacher, London, 8 (1): 9-18, 1986.

A aprendizagem auxiliada pelo computador é uma forma interativa de educação médica. O material armazenado pode ser alterado e atualizado com relativa presteza e mantido à disposição de estudantes, em termos de livre acesso. Os estudantes podem usar o mate rial de ensino por si próprios, o que lhes permite progredir em ritmo pessoal ou, então, em grupos que levam a um grau elevado de interação e debate entre os membros do grupo. A eficácia desse sistema tem sido demonstrada por vários investigado res; paralelamente, o desenvolvimento de computadores baseados em micro-processadores reduziu bastante o custo de equipamento apropriado. Atualmente, existem vários sistemas que permitem que docentes sem aptidão para programação possam preparar o próprio material de ensino e, assim, ampliar a quantidade de software apropriado ao ensino médico.

Comentário. O artigo ê uma revisão útil do assunto, baseada na grande experiência de um departamento de anestesia (Royal Infirmary, Glasgow). O potencial do computador como instrumento educativo pode ser aquilatado pela leitura deste e de três outros artigos no mesmo número do periódico. Além disso, são dezenas de referências.

A incorporação do microcomputador no processo de aprendizagem médica será a meu ver, uma questão crítica daqui a poucos anos, na medida em que se reduzem as principais barreiras ao seu uso. Com a ampliação da disponibilidade de equipamentos, a questão imediata é a possibilidade de acesso a programas apropriados que possam ser recopiados.

LAZARUS, J. & HARDEN, R. M. - The innovative process in medical education. Med Teacher, London, 7(3/4): 333-42, 1985.

O ponto de estrangulamento da mudança na educação médica não é a carência de idéias inovativas mas sim a falta de entendimento do processo inovativo e dos fatores que o facilitam. Os autores oferecem duas indicações, no intuito de incrementar o entendimento e o controle do processo inovativo da parte dos docentes da medicina:

  1. Um modelo ou estratégia apropriada para a mudança educacional - o enfoque participativo de solução-de-problema para a mudança educacional.

  2. Uma lista de verificação de fatores que facilitam o processo de inovação. Esses fatores relacionam-se aos atributos da própria inovação, ao contexto no qual a inovação está sendo introduzida, às características do usuário potencial e ao método de disseminação da inovação.

Esta lista representa uma síntese de fatores empíricos, baseada na bem-sucedida implantação do exame clínico objetivo-estruturado (em termos de um estudo de caso), bem como na identificação de fatores teóricos na literatura.

Comentário. O artigo enfoca o processo inovativo sob a perspectiva da atuação docente e exemplifica com um evento educacional restrito, que não implica em mudança na concepção pedagógica. Entretanto, essas limitações não diminuem o interesse e a utilidade potencial do modelo descrito, no âmbito institucional. Nesse particular, valem tanto a lista de fatores que facilitam o processo de mudança (no total de vinte e seis), quanto o próprio enfoque descrito - isto é, o modelo participativo de solução-de-problema.

Um ponto principal na mensagem dos autores é a necessidade de se entender o processo de mudança. Esse artigo, bem documentado (são vinte e seis referências, a maioria sobre o processo educativo), é uma contribuição válida nesse sentido.

SCOTT, C. S. & NEIGHBOUR, W. E. - Preventive care attitudes of medical students. Social Science and Medicine, Oxford, 21(3): 299-305.

As atitudes dos futuros médicos a respeito de medicina preventiva - ora em formação - provavelmente devem proporcionar um grande ímpeto a favor ou barreiras contra a inclusão de conteúdo de medicina preventiva nos currículos das escolas médicas e noutros níveis da formação profissional. Por sua vez, as atitudes sobre cuidados preventivos e sua função na prática médica continuarão a ter grande influência no quanto de ênfase sobre prevenção de doença e promoção de saúde os médicos proporcionam na prática profissional. Conseqüentemente, torna-se importante investigar como as atitudes dos estudantes de medicina evoluem ao longo do processo da educação médica. Além disso, na medida em que se possa entender melhor como as atitudes almejadas podem ser desenvolvidas e mantidas, a prática da medicina preventiva deve ficar mais resolutiva e com maior alcance.

Comentário. A definição das atitudes apropriadas na dimensão da função médica de prevenção de doença e promoção da saúde e, ainda mais, de seu uso avaliativo no processo da formação profissional tornou-se, a meu ver, uma das questões essenciais na consolidação do enfoque de ensino-serviço em nível de atendimento primário. Numa sociedade pluralista, a questão da justificativa na tomada de decisões e realização de ações no campo educacional se prende a diversas molduras de referência (no sentido de premissas, valores, sentimentos e vivências), a exemplo de argumentação moral, conscientização política e força explanatória. Nessa perspectiva, a singela mensagem dos autores, na busca de explanação sobre o evoluir do perfil de atitudes preventivas, tem um sentido atual e pertinente.

GUTIERREZ-AVILA, J. H. & BARILAR-ROMERO, E. - Cambias en las aspiraciones profesionales y en las actitudes de los estudiantes de medicina hacia los aspectos preventivos y sociales de la ensenanza y del ejercicio médico. Educ. Méd. Salud., Washington, 19(4): 386-402, 1985.

As aspirações profissionais e as atitudes relativas aos aspectos preventivos e sociais do ensino e do exercício da medicina foram examinadas prospectivamente numa amostra de estudantes mexicanos, para conhecimento das mudanças ocorridas. Dentro do padrão das aspirações profissionais não se observaram mudanças na preferência pela especialização, frente à prática da medicina geral; a tendência para a pesquisa e o exercício profissional privado diminuiu, mas não a intenção de trabalhar exclusivamente em instituição pública. Quanto às atitudes, houve um aumento do reconhecimento da importância dos fatores sociais e uma diminuição da estima pela disciplina da saúde pública e pela eficácia das ações de caráter preventivo. Postula-se, à guisa de possível explanação do acontecimento, que não se insiste no fortalecimento das atitude favoráveis à prevenção, no processo educativo. Por fim fazem-se recomendações para o estudo contínuo dessas questões, por sua importância no planejamento e na avaliação do processo educativo.

Comentário. Os resultados deste trabalho reforçam a postulação resumida no artigo anterior. Possivelmente a situação descrita no tocante às atitudes é semelhante ao que ocorre com os concluintes brasileiros, na maioria das escolas. Os autores indicam que o processo educativo não favorece o fortalecimento de atitudes favoráveis à prevenção. (Talvez, alternativamente, ajude a revelar os valores e sentimentos pré-existentes entre os estudantes de Medicina).

O estudo é simples mas revelador. Tem sete referências.

MENDES, R. & FÁVERO, M. - Programa integrado de medicina do trabalho: uma proposta para escolas de medicina no Brasil. Educ. Méd. Salud Washington, 19(4): 369-85, 1985.

A convicção de que é possível e necessário atuar em benefício da saúde dos trabalhadores, utilizando ao máximo as oportunidades e os instrumentos oferecidos pelas ciências médicas, constitui o princípio básico do artigo.

Após identificação da situação atual da saúde ocupacional/medicina do trabalho no Brasil, descrevem-se as possibilidades de ação nestes campos no atual momento brasileiro, identificando-se as prioridades que cabem às escolas de medicina na área do ensino, da pesquisa e da prestação de serviços à comunidade.

Enunciam-se a seguir as características e as políticas de um Programa Integrado de Medicina do Trabalho, como alternativa prática para programas novos. Em síntese, tal programa não deve, necessariamente, constituir-se em nova disciplina ou departamento dentro da estrutura da escola, mas ser concebido, implantado e administrado dentro de um conceito de sistema, ou seja, formando uma rede inter ou multidisciplinar; deveria, conseqüentemente ter um comitê assessor representativo das unidades da escola que participarem do programa. Como mecanismo facilitador, propõem-se o estabelecimento de um “núcleo central” para o programa e enumeram-se suas atribuições. Por último, propõem-se algumas estratégias para a implantação do programa e identifica se algumas atividades que podem ser levadas à prática a curto prazo.

Comentário. O resumo acima, preparado pelos autores, oferece um bom retrato das linhas principais do artigo que, no entanto, merece ser lido em sua integridade por causa da apreciação oportuna e sólida que faz do assunto. Os autores ressaltam a deficiência do ensino da medicina do trabalho na maioria das escolas de medicina, vários anos depois da aprovação do Parecer n.o 506/69. A proposta básica do artigo - a implantação de um programa integrado de medicina do trabalho - deve servir, ao menos, como um modelo de diretrizes e processos para a apreciação dos colegiados de curso nas demais escolas. Medidas a respeito de estudos sobre a saúde ocupacional não podem tardar, tendo em vista a crescente complexidade de nossa sociedade. Na verdade, o alcance dos estudos deve abranger também a saúde dos desempregados, levando em conta novas perspectivas sobre o assunto (Ver a série Occupationless Health, no Brit. Med. J., Vol. 291, 1985).

O artigo tem dezessete referências, incluindo outros estudos do grupo de medicina do trabalho da UNICAMP.

BLAND, C. J. & SCHMITZ, C. C. - Characteristics of the successful researcher and implications for faculty development. J. Med Educ., Washington, 61(1): 22-31, 1986.

Para entender melhor a função do desenvolvimento docente no treinamento de pesquisadores em medicina da família, as autoras examinaram - numa revisão abrangente da literatura - as características, o treinamento e o ambiente de trabalho de investigadores produtivos. As áreas revistas foram aprimoramento e avaliação docente, progressão na carreira, socialização profissional, desenvolvimento organizacional, vitalidade docente no ensino superior, na medicina e no desenvolvimento e na pesquisa empresarial. Os achados revelam que os pesquisadores bem sucedidos têm atitudes e valores acadêmicos derivados de vivências específicas de socialização, além dos pré-requisitos de conhecimento e habilidades numa área de pesquisa.

Comentário. Este é um estudo interessante e bem documentado. São vinte e nove referências, oito das quais diretamente relacionadas à pesquisa em medicina. As autoras identificaram, nessa revisão da literatura, dez aspectos críticos pertinentes ao comportamento, treinamento e ambiente de trabalho do investigador produtivo, que são ressaltadas no resumo do artigo. Com base no perfil obtido, várias recomendações são feitas, quanto à duração do período de treinamento do pesquisador à estruturação do tempo de treinamento, à provisão de mentores ou orientadores, ao ambiente do programa de treinamento (e o trabalho) e ao apoio departamental à pesquisa. As implicações do estudo são especialmente válidas para novos campos acadêmicos, a exemplo de medicina da família, saúde ocupacional, entre outros.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    May-Aug 1986
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