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Interação e linguagem dirigida a crianças de quinze meses

Interaction et langage adressé aux enfants de quinze mois

Interacción y lenguaje dirigido a niños de 15 meses

Resumo

Neste estudo são comparadas a interação e a linguagem dirigida aos filhos(as) pelos pais e mães, para analisar as diferenças e semelhanças entre as díades. Para o efeito, foram videogravadas durante uma situação de brincadeira livre 80 díades - 40 crianças (25 meninas e 15 meninos) de 15 meses em interação com os respetivos pai e mãe. Os resultados revelam que não há diferenças significativas na forma de os pais e as mães interagirem com seus filhos e filhas. Contudo, observam-se diferenças na linguagem dirigida às crianças por pais e mães, em particular em comportamentos de nomeação e avaliação positiva. Para além das diferenças são de sublinhar correlação positiva quer na interação, quer na comunicação de pais que coabitam.

Palavras-chave:
interação; fala dirigida às crianças; gênero; parentalidade

Résumé

Cet étude compare l‘interaction et la communication de père-enfant et de mère-enfant pour analyser les différences et les similitudes entre les dyades. Dans ce but, 80 dyades ont été filmées dans une situation de jeu libre - 40 enfants âgés de quinze mois en interaction à la fois avec son père et sa mère (25 garçons et 15 filles). Les résultats révèlent qu’il n’y a pas de différences significatives dans l’interaction des parents avec leurs enfants. Cependant, en ce qui concerne la communication, des différences ont été observées dans le langage adressé aux enfants par les parents, en particulier, dans les énoncés ciblant des noms et d‘évaluation positive. Au-delà des différences, nous soulignons la corrélation positive trouvée soit dans l‘interaction soit dans la communication entre des parents qui cohabitent.

Mots-clé:
interaction; langage adressé aux enfants; genre; parentalité

Resumen

En este estudio se comparan la interacción y la comunicación entre padre-hijo(a) y madre-hijo(a) con el objetivo de analizar las diferencias y similitudes entre las díadas. Para esto, se grabaron en vídeo durante una situación de juego libre 80 díadas con 40 niños de 15 meses en interacción con sus respectivos padre y madre. Los resultados revelan que no hay diferencias significativas en la manera en que los padres y las madres interactúan con sus hijos e hijas. Sin embargo, se observan diferencias en el lenguaje que los padres dirigen a los niños, en particular en comportamientos de nombrar y valoración positiva. Más que las diferencias, es notable la correlación positiva, ya sea en la interacción, ya sea en la comunicación de padres que cohabitan.

Palabras clave:
interacción; habla dirigida a los niños; género; parentalidad

Abstract

In this study we compare maternal and paternal interaction and speech directed to their children, in order to analyze differences and similitudes between the dyads. For that purpose, 80 dyads were taped in a free play situation - forty 15 months old children (25 girls, 15 boys) interacting with their parents. Results demonstrate no significant differences regarding the way mothers and fathers interact with their sons and daughters. However, differences in mothers versus fathers’ style of communication toward their children were found, particularly naming and positive evaluation behaviors. Although differences were found, we underline positive correlation in interaction and communication of cohabiting parents.

Keywords:
interaction; children directed speech; gender; parenthood

Introdução

A qualidade da interação pais-filhos tem papel crucial no desenvolvimento infantil (Bijouu & Baer, 1965Bijouu, S. M., & Baer, D. M. (1965). Child development II: universal stage of infancy. New York: Appleton Century Crofts.; Lopez, 1991Lopez, F. (1991). El apego. In J. Palacios, A. Marchesi, & Carretero (Eds.). Psicologia evolutiva: desarrolo cognitivo y social del niño (Vol. 2, pp. 351-421). Madrid: Alianza Editorial.; Schore, 2001Schore, A. N. (2001). Effects of a secure attachment relationship on right brain development, affect regulation, and infant mental health. Infant Mental Health Journal, 22(1-2), 7-66.; Spitz, 1965Spitz, R. A. (1965). The first year of live: a psychoanalytic study of normal and deviant development of object relations. New York: International University Press.; Stams, Juffer, & Ijzendoorn, 2002Stams, G. J., Juffer, F., & van Ijzendoorn, M. H. (2002). Maternal sensitivity, infant attachment, and temperament in early childhood predict adjustment in middle childhood: the case of adopted children and their biologically unrelated parents. Developmental Psychology, 38(5), 806-821. doi: 10.1037/0012-1649.38.5.806
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), investigações na área indicam que mães são mais dedicadas ao cuidar (Geiger, 1996Geiger, B. (1996). Fathers as primary caregivers: contributions in family studies. Westport, CT: Greenwood.; Hewlett, 1992Hewlett, B. S. (1992). Father-child relations: cultural and biosocial context. Fredericton, NB: Transaction Books.; Lamb, 1997Lamb, M. E. (Ed). (1997). The role of the father in child development. New York: Wiley.; Parke & Buriel, 1998Parke, R. D., & Buriel, R. (1998). Socialization in the family: ethnic and ecological perspectives. In N. Eisenberg (Vol. Ed), & W. Damon (Series Ed.), Handboook of child psychology: social, emotional, and personality development (Vol. 3, 5th ed., p. 463-552). Hoboken, NJ: Wiley.; Roopnarine, Fouts, Lamb, & Lewis-Elligan, 2005Roopnarine, J. L., Fouts, H. N., Lamb, M. E., & Lewis-Elligan, T. Y. (2005). Mothers’ and fathers’ behaviors toward their 3-to-4 month-old infants in lower, middle, and upper socioeconomic African American families. Developmental Psychology, 41(5), 723-732.) e pais mais entregues ao sustentar e ao brincar (Clarke-Stewart, 1978Clarke-Stewart, K. A. (1978). And daddy makes three: the father’s impact on mother and young children. Child Development, 49(2), 466-479.; Crawley & Sherrod, 1984Crawley, S. B., & Sherrod, R. B. (1984). Parent-infant play during the first year of life. Infant Behavior and Development, 7(1), 65-75.; Feldman, 2003Feldman, R. (2003). Infant mother and infant-father synchrony: the coregulation of positive arousal. Infant Mental Health Journal, 24(1), 1-23.; Rohner & Veneziano, 2001Rohner, R. P., & Veneziano, R. A. (2001). The importance of father love: history and contemporary evidence. Review of General Psychology, 5(4), 382-405.). Um estudo longitudinal sobre a influência da prestação parental no desenvolvimento dos filhos aponta que a qualidade da interação com a mãe contribui para o desenvolvimento linguístico, e com o pai para o desenvolvimento motor (Parfitt, Pike, & Ayers, 2014Parfitt, Y., Pike, A., & Ayers, S. (2014). Infant developmental outcomes: a family systems perspective. Infant and Child Development, 23(4), 353-373.). Outro estudo indica que os pais tendem à linguagem mais instrutiva e intrusiva, e as mães à linguagem mais permissiva e solidária (Leaper, Anderson, & Sanders, 1998Leaper, C., Anderson, K. J., & Sanders, P. (1998). Moderators of gender effects on parents’ talk to their children: a meta-analysis. Developmental Psychology, 34(1), 3-27.).

Na comunicação verbal, mães surgem como mais comunicativas, envolvendo afetivamente a criança, e pais como mais desafiadores, estabelecendo pontes com os contextos discursivos mais alargados (Tomasello, Conti-Ramsden, & Ewert, 1990Tomasello, M., Conti-Ramsden, G., & Ewert, B. (1990). Young children’s conversations with their mothers and fathers: differences in breakdown and repair. Journal of Child Language, 17(1), 115-30.). Nas últimas décadas, verificaram-se mudanças consideráveis na organização e funcionamento das famílias. Entre outras, salienta-se o número de mães que trabalha fora de casa a tempo inteiro e o aumento do número de crianças que vive só com um dos pais. Importa, pois, estudar o papel dos pais na vida das crianças.

Qualidade da interação entre pais e filhos

Durante os primeiros meses de vida, tanto a mãe como a criança envolvem-se numa multiplicidade de transações recíprocas, criando modos de interação típicos de um processo ao longo do qual cada um modela o comportamento do outro, um modo diádico de mútua influência (Sameroff & Chandler, 1975Sameroff, A. J., & Chandler, M. J. (1975). Reproductive risk and the continuum of caretaking casualty. In F. D. Horowitz, M. Hetherington, S. Scarr-Salapatek, & G. Siegel (Eds.), Review of Child Development Research (Vol 4, pp 187-244). Chicago: University of Chicago Press.). A qualidade da interação entre pais e filhos tem sido associada ao desenvolvimento da criança (Lopez, 1991Lopez, F. (1991). El apego. In J. Palacios, A. Marchesi, & Carretero (Eds.). Psicologia evolutiva: desarrolo cognitivo y social del niño (Vol. 2, pp. 351-421). Madrid: Alianza Editorial.; Schore, 2001Schore, A. N. (2001). Effects of a secure attachment relationship on right brain development, affect regulation, and infant mental health. Infant Mental Health Journal, 22(1-2), 7-66.; Stams, Juffer, & Ijzendoorn, 2002Stams, G. J., Juffer, F., & van Ijzendoorn, M. H. (2002). Maternal sensitivity, infant attachment, and temperament in early childhood predict adjustment in middle childhood: the case of adopted children and their biologically unrelated parents. Developmental Psychology, 38(5), 806-821. doi: 10.1037/0012-1649.38.5.806
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), à sua adaptação aos contextos pré-escolares, à melhor autorregulação em condições de estresse (Kotelchuck, 1976Kotelchuck, M. (1976). The infant’s relationship to the father: experimental evidence. In M. E. Lamb (Ed.), The role of the father in child development (1st ed., pp. 329-344). New York: Wiley.; Lamb, 2012Lamb, M. E. (2012). Mothers, fathers, families, and circumstances: Factors affecting children’s adjustment. Applied Developmental Science, 16(2), 98-111. doi: 10.1080/10888691.2012.667344.
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; Parke & Swain, 1975Parke, R. D., & Swain, D. (1975). Infant characteristics and behavior as elicitors of maternal and paternal responsiveness in the newborn period. In Meeting of the Society for Research in Child Development. Denver, CO.) e à socialização com os pares. Esses resultados estão na base da pesquisa sobre comportamentos maternos e paternos que estimulam o desenvolvimento da criança e geram condições para sua formação pessoal e socioemocional. Ora, a investigação tem indicado como fatores importantes o reforço positivo centrado nas competências, as respostas afetivas sensíveis (adequadas às necessidades da criança, prontas e calorosas) e o comportamento recíproco como elementos estruturantes da resposta parental potenciadora do bem-estar e desenvolvimento (Beeghly, Fuertes, Liu, Delonis, & Tronick, 2011Beeghly, M., Fuertes, M., Liu, C. H., Delonis, M. S., & Tronick, E. (2011). Maternal sensitivity in dyadic context: mutual regulation, meaning-making, and reparation. In Davis, D. W., & Logsdon, C. Maternal sensitivity: a scientific foundation for practice (Chap. 4, pp. 45-69). Hauppauge, NY: Nova Science Publishers.; Fuertes, Lopes-dos-Santos, Beeghly, & Tronick, 2009Fuertes, M. Lopes-dos-Santos, P., Beeghly, M., & Tronick, E. (2009). Infant coping and maternal interactive behavior predict attachment in a Portuguese sample of health Preterm Infants. European Psychologist, 14(4), 320-331.; Stams, 2002Stams, G. J., Juffer, F., & van Ijzendoorn, M. H. (2002). Maternal sensitivity, infant attachment, and temperament in early childhood predict adjustment in middle childhood: the case of adopted children and their biologically unrelated parents. Developmental Psychology, 38(5), 806-821. doi: 10.1037/0012-1649.38.5.806
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). As condutas dos pais podem ser fator de resiliência para crianças em risco de atraso de desenvolvimento, podem proporcionar oportunidades de aprendizagem e base afetiva segura para se envolverem positivamente com outros adultos e crianças, também promotores de aprendizagem e afetos.

A comunicação verbal entre pais e filhos

Estudos indicam que a interação e a linguagem maternas afetam o desenvolvimento global e linguístico das crianças (Bruner, 1981Bruner, J. (1981). The social context of language acquisition. Language & Communication, 1(2-3), 155-178.; Snow, 1989Snow, K. E. (1989). Understanding social interaction and language acquisition: sentences are not enough. In M. H., Bornstein, & J. Bruner, Interaction in human development (pp. 83-102). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.; Snow, Burns, & Griffin, 1998Snow, C., Burns, M., & Griffin, P. (1998). Preventing reading difficulties in young children. Washington, DC: National Academy Press. Recuperado em 29 de junho de 2017, de Recuperado em 29 de junho de 2017, de https://goo.gl/FtJeAm
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, Tamis-LeMonda, Bornstein, & Baumwell, 2001Tamis-LeMonda, C. S., Bornstein, M. H., & Baumwell, L. (2001). Maternal responsiveness and children’s achievement of language milestones. Child Development, 72(3), 748-767.). Se o papel das mães tem sido muito estudado, o papel dos pais no desenvolvimento dos filhos tem sido menos investigado (Abkarian, Dworkin, & Abkarian, 2003Abkarian, G. G., Dworkin, J. P., & Abkarian, A. K. (2003). Fathers’ speech to their children: perfect pitch or tin ear? Fathering, 1(1), 27-50.). Ora, a família, fator fundamental no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças (Berger, 2001Berger, K. (2001). The developing person through the life span (5th ed.). New York: Worth.), tem mudado muito nos últimos trinta anos e continua a mudar, nomeadamente nos papéis de cada cônjuge (Coleman, Garfield, & Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health, 2004Coleman, W. L., Garfield, C., & Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health. (2004). Fathers and pediatricians: enhancing men’s roles in the care and development of their children. Pediatrics, 133(5), 1406-1411, doi: 10.1542/peds.113.5.1406.
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; Lamb, 1992Lamb, M. E. (1992). O papel do pai em mudança. Análise Psicológica, 1(10), 19-34.; Prado & Vieira, 2003Prado, A. B., & Vieira, M. L. (2003). Bases biológicas e influências culturais relacionadas ao comportamento parental. Revista de Ciências Humanas, 34, 313-334; Torres, 2001Torres, A. (2001). Casamento e género: mudança nas famílias contemporâneas a partir do caso português. Interseções, 3(2), 53-70.; Torres, Marques, & Maciel, 2011Torres, A., Marques, A. C., & Maciel, D. (2011). Gender, work and family: balancing central dimensions in individuals’ lives. Sociologia On Line, (2), 11-37.). Tornam-se, por isso, prementes os estudos que focalizem sua investigação na prestação paterna e no impacto que poderá ter no desenvolvimento infantil (Abkarian et al., 2003Abkarian, G. G., Dworkin, J. P., & Abkarian, A. K. (2003). Fathers’ speech to their children: perfect pitch or tin ear? Fathering, 1(1), 27-50.). Como e quando o pai se relaciona com a criança? Qual o impacto da sua presença na vida dos filhos e em seu desenvolvimento?

Se é verdade que o ser humano possui capacidades inatas que lhe permitem aprender, sendo a aprendizagem de línguas caso particular da aprendizagem cultural (Tomasello, Carpenter, Call, Behne, & Moll, 2005Tomasello, M., Carpenter, M., Call, J., Behne, T., & Moll, H. (2005). Understanding and sharing intentions: the origins of cultural cognition. Behavioral and Brain Sciences, 28(5), 675-691. doi: 10.1017/S0140525X05000129
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), ninguém coloca em causa, hoje em dia, a importância da interação no processo de desenvolvimento do idioma. De facto, o mundo das crianças é povoado por pessoas que fazem coisas para, pelas e com elas. Neste ambiente rico em interações, os indivíduos aprendem convenções da comunicação e a falar (Tomasello, 2003Tomasello, M. (2003). Constructing a language: a usage-based theory of language acquisition. Cambridge, MA: Harvard University Press.). Mas, muito antes de começar a falar, as crianças comunicam, sendo capazes de indicar suas intenções mesmo sem utilizar palavras. Na realidade, a comunicação não verbal emerge muito mais precocemente do que a fala, sendo o gesto ferramenta fundamental na construção da significação (Bates, Bretherton, & Snyder, 1991Bates, E., Bretherton, I., & Snyder, L. (1991). From first words to grammar: indivudual differences and dissociable mechanisms. Cambridge, England: Cambridge University Press.; Iverson & Goldin-Meadow, 2004Iverson, J., Goldin-Meadow. S. (2004). Gesture paves the way for language development. Psychological Science, 16(5), 367-371. doi: 10.1111/j.0956-7976.2005.01542.x.
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).

No período em que o indivíduo ainda não tem palavras, os pais e/ou os seus cuidadores fornecem-lhe os vocábulos que ainda não possui. Os adultos interpretam comportamentos, expressões, movimentos, gestos, vocalizações e adequam sua contribuição, modificando a fala: entoação muito marcada, mesmo exagerada, seleção quer de itens lexicais, quer de estruturas sintáticas e também na restrição dos tópicos conversacionais (Cameron-Faulkner, Lieven, & Tomasello, 2003Tomasello, M. (2003). Constructing a language: a usage-based theory of language acquisition. Cambridge, MA: Harvard University Press.; Falco, Venutti, Esposito, & Bornstein, 2011). No fundo, envolvem a criança em linguagem, transformando seus comportamentos em semiose e mediando a interação através dos signos. Na verdade, segundo Oliveira e Guimarães (2016Oliveira, M. C. L., & Guimarães, D. S. (2016). Apresentação: dossiê psicologia dialógica. Psicologia USP , 27(2), 165-167.), a própria significação é contexto de interação. Quando a criança começa a ter palavras, os pai imitam-na, promovendo desse modo o entendimento e motivando-a a falar: deixam espaços, fazem perguntas e provocam a imitação. Perante produções agramaticais por parte do filho, reformulam, expandem e pedem clarificações.

As respostas dos progenitores, adequadas e contingentes, são comportamentos promotores de ganhos no desenvolvimento da linguagem dos filhos (Landry, Smith, & Swank, 2006Landry, S. H., Smith, K. E., & Swank, P. R. (2006). Responsive parenting: establishing early foundations for social, communication, and independent problem-solving skills. Developmental Psychology, 42(4), 627-642. doi:10.1037/0012-1649.42.4.627.
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). Sabe-se que para além da interação, o modo como os pais interagem - seu estilo comunicativo - é importante no desenvolvimento da criança: por exemplo, as perguntas das mães são apontadas como importante fator de desenvolvimento do filho (Hoff, 2006Hoff, E. (2006). How social contexts support and shape language development. Developmental Review, 26(1), 55-88.). A investigação sobre a fala dirigida à criança tem mostrado que a mãe, quando inclui muitas proibições e ordens, não favorece seu desenvolvimento comunicativo (Hart & Risley, 1995Hart, B., & Risley, T. R. (1995). Meaningful differences in the everyday experience of young American children. Baltimore, MD: Brookes.; Hoff-Ginsberg, 1986Hoff-Ginsberg, E. (1986). Function and structure in maternal speech: their relation to the child’s development of syntax. Developmental Psychology, 22(2), 155-163.). Já um discurso em que a mãe designa ou explica o mundo à volta da criança apresenta-se como input mais rico, com mais nomes e adjetivos (Tamis-LeMonda, Song, Smith, Kahana-Kalman, & Yoshikawa, 2012Tamis-LeMonda, C. S., Song, L., Smith, A. L., Kahana-Kalman, R., & Yoshikawa, H. (2012). Ethnic differences in mother-infant language and gestural communications are associated with specific skills in infants. Developmental Science, 15(3), 384-397. doi: 10.1111/j.1467-7687.2012.01136.x
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). Assim, a nomeação de objetos e a atribuição de caraterísticas aos mesmos, respeitando o foco de atenção da criança, favorece a aprendizagem de vocabulário num contexto significativo e integrado.

A conversa dos pais com os filhos promove contexto favorável para a aprendizagem da língua e da comunicação. Para Veneziano (2014Veneziano, E. (2014). Interactions langagières, échanges conversationnelles et acquisition du langage. Contraste, 39(1), 31-49. doi: 10.3917/cont.039.0031
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), a conversa é um meio privilegiado de aprendizagem para a criança por possuir caraterísticas que possibilitam a coconstrução de significação de forma contextualizada pelos interlocutores. No vai-e-vem de enunciados entre adulto e criança a forma é alterada, mas a significação mantém-se quase invariante. Esta caraterística é apontada como muito importante para a aquisição da língua. Mas a comparação da comunicação materna e paterna ainda está pouco estudada: quem faz mais perguntas, quem dá mais ordens, com que objetivos.

Em revisão bibliográfica, Tamis-LeMonda, Baumweel e Cristofaro (2012Tamis-LeMonda, C. S., Song, L., Smith, A. L., Kahana-Kalman, R., & Yoshikawa, H. (2012). Ethnic differences in mother-infant language and gestural communications are associated with specific skills in infants. Developmental Science, 15(3), 384-397. doi: 10.1111/j.1467-7687.2012.01136.x
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) concluem que pais e mães são similares na adaptação dos enunciados à idade dos filhos, na referência a objetos e eventos, na produção de atos diretivos mais explícitos do que implícitos. Diferem, no entanto, na qualidade e quantidade de fala. Enquanto mães usam mais enunciados declarativos, falam mais frequentemente com os filhos em turnos conversacionais mais longos; os pais usam mais enunciados diretivos, mais pedidos de clarificação e questões sobre eventos passados (Tamis-LeMonda et al., 2012Tamis-LeMonda, C. S., Baumwell, L., & Cristofaro, T. (2012). Parent-child conversations during play. First Language, 32(4), 413-438. doi:10.1177/0142723711419321
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). Resultados similares foram encontrados num estudo sobre o português, as mães recorrem mais à linguagem verbal do que os pais, por exemplo, tomam mais vezes a iniciativa da fala e falam mais tempo (fala sincopada e arrastada), bem como usam com maior frequência sequências verbais de natureza expansiva e fazem mais elogios diretos (Alves, Fuertes, & Sousa, 2015Alves, M., Fuertes, M., & Sousa, O. (2015) Comportamentos interativos mãe-filho e pai-filho aos 15 meses de vida. In Perteira, S., Rodrigues, M., Almeida, A., Pires, C., Tomás, C., & Pereira, C. (Orgs.). Atas do II Encontro de Mestrados em Educação e Esnino da Escola Superior de Educação de Lisboa (pp. 19-27). Lisboa: Centro Interdisciplinas de Estudos Educacionais. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/YDtL38
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). Tamis-LeMonda et al. (2012Tamis-LeMonda, C. S., Baumwell, L., & Cristofaro, T. (2012). Parent-child conversations during play. First Language, 32(4), 413-438. doi:10.1177/0142723711419321
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) observaram, também, que mães repetem mais o que dizem as crianças e usam mais perguntas fechadas, enquanto os pais usam mais enunciados afirmativos para dirigir a ação e pedir aos filhos para repetirem seus enunciados. Num estudo empírico com crianças de 2 e 3 anos provenientes de contextos desfavorecidos, a qualidade, a quantidade e a diversidade da fala materna associaram-se a maiores ganhos na aquisição da linguagem e no desenvolvimento infantil (Song, Spier, & Tamis-LeMonda, 2013Song, L., Spier, E. T., & Tamis-LeMonda, C. (2013). Reciprocal influences between maternal language and children’s language and cognitive development in low-income families. Journal of Child Language, 41(2), 305-326. doi: 10.1017/S0305000912000700.
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). Do mesmo modo, o nível de escolaridade dos pais surge em vários estudos como uma variável preditora do desenvolvimento linguístico (Pan, Rowe, Spier, & Tamis-LeMonda, 2004Pan, B. A., Rowe, M. L., Spier, E., & Tamis-LeMonda, C. (2004). Measuring productive vocabulary of toddlers in low-income families: concurrent and predictive validity of three sources of data. Journal of Child Language, 31(3), 587-608.).

Estudo empírico

Este estudo pretende contribuir para o conhecimento do modo como os pais portugueses interagem e comunicam com os seus filhos. Com esta intenção foram observados pais e mães, separadamente, em situação de jogo livre com os seus filhos de 15 meses. Fizeram parte da amostra 80 díades (40 mães-filho(a), 40 pais-filho(a)) com bebés sem condições assinaláveis de risco (25 meninos e 15 meninas) (Faria, 2011Faria. A. (2011). Continuidade e desenvolvimento dos processos de vinculação à mãe e ao pai durante os primeiros 18 meses de vida (Tese de Doutorado). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto: Porto, Portugal.). Eram objetivos do estudo: analisar a qualidade da interação entre pais e filhos; comparar os comportamentos interativos das mães com os filhos e dos pais com os filhos; e cotejar a linguagem dirigida aos filhos e às filhas pelos progenitores. De acordo com os objetivos, foram colocadas três hipóteses de investigação: existem diferenças de gênero no comportamento interativo de pais e de mães com seus filhos; existem diferenças de gênero nos estilos de comunicação de pais e de mães com os seus filhos; o gênero dos filhos condiciona quer a interação, quer a comunicação dos pais.

Sujeitos: 80 díades - 40 mãe-filho(a) e 40 pai-filho(a) - filmadas em situação de jogo livre durante três minutos (Faria, 2011Faria. A. (2011). Continuidade e desenvolvimento dos processos de vinculação à mãe e ao pai durante os primeiros 18 meses de vida (Tese de Doutorado). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto: Porto, Portugal.). As crianças tinham 15 meses (25 meninos e 15 meninas) e coabitavam com as suas mães e pais.

Tabela 1
Média e desvios padrão dos dados demográficos dos sujeitos

Quanto às profissões, tendo em conta o sistema de classificação nacional de profissões, a amostra apresenta um estatuto de classe média ou média-baixa.

Procedimentos: Após explicação aos pais do procedimento de recolha de dados e recebido seu consentimento, foi-lhes pedido que brincassem espontaneamente com seu filho(a), como faziam habitualmente nos tempos de brincadeira. Ao seu dispor tinham uma caixa onde foram colocados dez brinquedos, com diferentes graus de dificuldade: uns abaixo da zona de desenvolvimento proximal (brinquedos de estimulação sensorial - auditiva, visual e tátil - como tartaruga colorida, piano, rocas ou guizos com sons), outros na zona de desenvolvimento real (brinquedos de ação-reação, brinquedos de associação simbólica como boneca ou livros de imagem) e os demais na zona de desenvolvimento potencial (jogos de encaixe e de empilhar para crianças com idades entre 18 e 24 meses). As filmagens decorreram no contexto familiar do bebé ou num gabinete clínico, em função da escolha dos progenitores. Cada criança foi filmada em interação diádica com cada um dos seus pais, independentemente, durante três minutos. Cada filmagem foi transcrita tendo em conta todas as interações (verbais e não verbais) ocorridas entre os parceiros durante esse intervalo. Para a descrição das interações recorreu-se à seguinte estruturação:

Tabela 2
Operacionalização das categorias de análise

Consideramos interação no sentido de Tomasello (2009Tomasello, M. (2009). The usage-based theory of language acquisition. In E. Bavin (Ed.), The Cambridge handbook of child language. Cambridge, England: Cambridge University Press.), enquanto participação em atividades colaborativas, envolvendo atenção conjunta e objetos e contextos partilhados, entre parceiros responsivos. Na verdade, a ação da criança, a ação dos outros e a interação com outros importantes (Nelson, 1998Nelson, K. (1998). Language in cognitive development: the emergence of the mediated mind. Cambridge, England: Cambridge University Press.) são centrais no desenvolvimento.

Para a análise das interações, retomamos cinco das categorias de Alves (2013Alves, M. J. M. (2013). Estudo exploratório dos comportamentos interativos mãe-filho(a) e pai-filho(a) aos 15 meses de vida (Dissertação de Mestrado). Escola Superior de Educação de Lisboa, Lisboa. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/EzE7iH
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): episódios de jogo - unidades de interação coesas organizadas em torno de um tópico -, dentro de cada episódio observaram-se sequências de interações em que os sujeitos se envolvem verbalmente ou em que haja envolvimento, mas não se observa verbalização: as primeiras são sequências verbais interativas e as segundas são sequências não-verbais interativas. Em cada sequência de interação foram ainda analisados os afetos verbais e não-verbais.

Partindo do trabalho de Alves (2013Alves, M. J. M. (2013). Estudo exploratório dos comportamentos interativos mãe-filho(a) e pai-filho(a) aos 15 meses de vida (Dissertação de Mestrado). Escola Superior de Educação de Lisboa, Lisboa. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/EzE7iH
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), foram categorizadas:

As definições dos comportamentos de Alves (2013Alves, M. J. M. (2013). Estudo exploratório dos comportamentos interativos mãe-filho(a) e pai-filho(a) aos 15 meses de vida (Dissertação de Mestrado). Escola Superior de Educação de Lisboa, Lisboa. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/EzE7iH
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) tiveram por base o Infant Regulatory Scoring System (IRSS), sistema microanalítico de cotação de comportamentos infantis, segundo a segundo, criado por Tronick e Weinberg (1990Tronick, E. Z., & Weinberg, M. K. (1990). The Infant Regulatory Scoring System - IRSS (Unpublished manuscript). Boston: Children’s Hospital/Harvard Medical School.). Cada comportamento foi cotado em função do funcionamento diádico e atendendo ao próprio contexto, sendo as categorias mutuamente exclusivas.

Tabela 3
Categorias de comportamentos interativos

Os vídeos foram transcritos e, posteriormente, analisados usando indicadores que providenciam informação acerca da linguagem dirigida às crianças - quantidade e diversidade - e aspetos sociopragmáticos. A quantidade de linguagem dirigida à criança foi analisada tendo em conta o número de enunciados e de palavras dos pais e das mães. A diversidade da linguagem foi medida apenas tendo em conta o número de verbos, nomes e conjunções. A proporção de enunciados categorizados como ordem, elogio etc. foi calculada como indicador sociopragmático da linguagem dirigida às crianças.

Para análise da linguagem, após asssitir aos vídeos, foram criadas as seguintes categorias: afetos verbais - vocalizações positivas e vocalizações negativas -, e enunciados - interrogação, pedidos (de ação e de atenção), explicação, ordem, elogio, nomeação, comentário, avaliação negativa. Aquando da transcrição, os enunciados foram segmentados de acordo com critérios prosódicos e pragmáticos. Assim, definiu-se enunciado como qualquer sequência de palavras precedida ou seguida de pausa, mudança de turno e de contorno entoacional. As categorias, ordem, elogio, interrogação, pedido etc., resultam da análise prévia dos vídeos e da revisão bibliográfica (Rowe, 2008; Serra, Serrat, Solé, Bel, & Aparici, 2000Serra, M., Serrat, E., Solé, R., Bel, A., & Aparici, M. (2000). La adquisición del lenguaje. Barcelona: Ariel.) e tiveram em conta o formato linguístico e prosódico dos enunciados e sua finalidade. Por exemplo, a categoria interrogação é definida quer por estruturas linguísticas (O que é que? Onde…? Como…?), quer pela curva de entoação (Mateus et al., 2003Mateus, M. H., Brito, A. M., Duarte, I., Faria, I. H., Frota, S., Matos, G., . . . Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho.), quer pela finalidade: constituindo ato em que o enunciador pede informação ao seu coenunciador.

Resultados

Previamente testamos a normalidade das variáveis contínuas e optamos por testes paramétricos. A análise dos dados foi realizada com recurso a três tipos de estatística: descritiva, para descrever as médias, desvios padrão dos indicadores selecionados; teste de comparação de médias t-student; e correlação de Pearson para estudar a associação entre variáveis. O nível de significância aceite foi de 0,5 e o número de casos em todas as análises foi de 40 (não houve perdas).

Comportamentos interativos dos pais e das mães

Era objetivo do estudo comparar o comportamento interativo de pais e mães nas dimensões: episódios de jogo, sequências verbais interativas, sequências não verbais interativas e afetos verbais e não verbais.

Diferenças e associações nos episódios comunicativos iniciados pelos pais, mães e crianças

Recorrendo ao teste de médias t-student, a hipótese de estudo 1, de diferenças de gênero no comportamento interativo de pais e de mães com seus filhos, não se verificou, pois não foram encontradas diferenças significativas nas médias dos pais e mães nas dimensões estudadas (M episódios iniciados pela mãe=2,18; SD episódios iniciados pela mãe=1,81; M episódios iniciados pelo pai=1,63; SD episódios iniciados pelo pai=1,35). Com efeito, a análise efetuada indica que não existem diferenças significativas nos episódios iniciados pelas mães ou pelos pais [t(39)=1,41; ns]. Embora não haja diferenças entre médias, procuramos saber se os comportamentos das mães e dos pais podiam estar correlacionados positivamente ou negativamente. De acordo com o teste de correlações de Pearson não se verificam associações significativas entre os comportamentos maternos e paternos quanto aos episódios iniciados (r=-0,130; n=40, ns).

Posteriormente, quando comparamos as médias dos episódios iniciados pelas crianças com os pais ou com as mães (M episódios iniciados pela criança com a mãe=1,90; SD episódios iniciados pela criança com a mãe=1,32; M episódios iniciados pela criança com o pai=1,50; SD episódios iniciados pela criança com o pai=1,24) com o teste de médias t-student também não verificamos diferenças significativas [t(39)=1,26; ns]. Igualmente, testamos a correlação entre os episódios iniciados pelas crianças com os pais ou com as mães e não encontramos associações significativas (r=0,230; n=40, ns).

Diferenças e associações nas sequências verbais interativas realizadas pelos pais, mães e crianças

De acordo com o teste de t-student, não verificamos diferenças significativas nas médias dos comportamentos verbais das mães e dos pais (Tabela 4), no que respeita às sequências verbais simples [t(39)=0,62; ns], interrompidas [t(39)=-0,84; ns], expansivas [t(39)=0,18; ns] e extensivas [t(39)=1,66; ns].

Tabela 4
Médias e desvios padrão das sequências verbais interativas

Contudo, os comportamentos maternos e paternos estão correlacionados em termos verbais de sequências simples e interrompidas com as crianças (Tabela 5).

Tabela 5
Correlações de Pearson entre os comportamentos verbais dos pais e das mães

Diferenças e associações nas sequências não verbais interativas

De acordo com o teste t-student, verificamos que não existem diferenças significativas nas médias nos comportamentos não-verbais das mães e dos pais ao nível de sequências não-verbais simples [t(39)=0,07; ns], interrompidas, [t(39)=-0,08; ns] e extensivas, [t(39)=0,72; ns], à exceção da categoria sequências expansivas [t(39)=-3,01; p=0,004], que podem ser consultadas na Tabela 6.

Tabela 6
Médias e desvio padrão das sequências não verbais interativas

Contudo, estes comportamentos maternos e paternos estão correlacionados em todas as dimensões (Tabela 7). Isto significa que quando as mães exibem mais comportamentos não-verbais com as crianças, por sua vez, também os pais exibem mais frequentemente essa conduta. Assim, crianças que recebem mais respostas não verbais das mães também as recebem dos pais.

Tabela 7
Correlações de Pearson entre os comportamentos não verbais dos pais e das mães

Comportamentos Afetivos

Diferenças e associações nos afetos verbais dos pais e das mães

Segundo o teste de t-student, mães exibem em média mais comportamentos afetivos em termos de elogios do que os pais [t(39)=2,93; p=0,022]. Contudo, não existem diferenças significativas ao nível das médias maternas e paternas no reforço positivo [t(39)=1,80; ns], no reforço negativo [t(39)=-1,04; ns] e no reforço neutro [t(39)=-1,64; ns]. Para consultar as médias e desvios padrão consultar Tabela 8:

Tabela 8
Médias e desvios padrão das respostas afetivas verbais dos pais e das mães

No entanto, como se observa na Tabela 9, é interessante assinalar que o reforço positivo das mães está correlacionado com dos pais.

Tabela 9
Correlações de Pearson: amostras emparelhadas entre as respostas afetivas maternas e paternas

Diferenças e associações nas respostas afetivas físicas dos pais e das mães

Pais e mães não se diferenciam quanto à afetividade, [t(39)=-0,23. ns, M respostas afetivas da mãe=0,35; SD=1,00; M respostas afetivas do pai=0,27; SD=0,82]. Não obstante, os comportamentos afetivos das mães e dos pais estão correlacionados (r=0,350; n=40; p<0,005), bem como os comportamentos dos filhos com os pais (r=0,397; n=40; p<0,001).

Afetos não verbais - diferenças e associações nas expressões faciais dos pais e das mães

Os pais e as mães não se diferenciam quanto às expressões faciais positivas [t(39)=-1,34; ns; M respostas afetivas da mãe=11,34; SD=6,78; M respostas afetivas do pai=14,25; SD=4,53] e negativas [t(39)=-0,76; ns; M respostas afetivas da mãe=1,75; SD=1,00; M respostas afetivas do pai=2,31; SD=2,60]. Porém, expressões faciais positivas das mães e dos pais apresentam elevada correlação (r=0,730, n=40, p<0,001) bem como as expressões negativas de ambos os progenitores (r=0,786, n=40, p<0,001).

Diferenças e associações na comunicação dos pais e das mães

O segundo objetivo visava estudar e comparar a linguagem dirigida aos filhos e filhas por pais e mães. Colocamos como hipótese 2 que existem diferenças de gênero nos estilos de comunicação dos pais e das mães com seus filhos e filhas. Foram analisados os enunciados dos progenitores tendo por suporte as categorias: interrogações, pedido de atenção, pedido de ação, explicação, ordem, elogio, nomeação, comentário, avaliação negativa.

Observamos que as mães fizeram mais elogio/estímulo [t(40)=2,878; p<0,005; M elogio da mãe=2,58, SD=2,56; M elogio do pai=1,28, SD=1,69] e nomeações [t(40)=2,033; p<0,05; M nomeação da mãe=3,68, SD=4,53; M nomeação do pai=2,23, SD=2,39] do que os pais.

É de salientar que os comportamentos dos pais e das mães se encontram correlacionados nas categorias perguntas, pedidos de atenção, comentários e ordens (Tabela 10), por exemplo, as crianças com pais que elaboram mais questões tem mães que também perguntam mais, o mesmo sucede para pedidos de atenção, comentários e ordens.

Tabela 10
Correlações de Pearson com sujeitos emparelhados relativamente aos indicadores da linguagem dirigida às crianças

Relação entre as variáveis dependentes e as variáveis demográficas

Na relação entre variáveis dependentes e demográficas, podemos observar que o gênero das crianças afeta a interação e comunicação entre pais e filhos. De acordo com o teste de t-student, meninos exibem significativamente mais evitamento à mãe [t(38)=-2,459; p<0,01] do que meninas, que, por sua vez, exibem mais vocalizações negativas [t(38)=2,161; p<0,05] e maior expressão facial negativa [t(38)=2,158; p<0,05] dirigidas aos pais do que às mães.

Outra variável importante parece ser o grau de instrução materno. Mães com mais anos de escolaridade apresentam índices superiores de evitamento com os seus filhos (r=0,442; n=40; p<0,005), por seu lado, as crianças também apresentam mais evitamentos a mães com maior escolaridade (r=0,338; n=40; p<0,05).

Curiosamente, crianças com mais irmãos tendem a iniciar mais as atividades (r=-0,380; n=40; p<0,05) e mães (r=0,338; n=40; p<0,05) e pais (r=0,421; n=40; p<0,01) mais velhos tendem a exibir mais comportamentos não verbais.

Os fatores de nascimento, particularmente a idade gestacional e a Apgar, condicionaram os resultados. Com efeito, a idade gestacional dos bebés está positivamente correlacionada com a quantidade de expressões faciais positivas das mães (r=0,349; p<0,05) e negativamente correlacionada com as expressões faciais negativas das mães (r=-0,338; n=40; p<0,05). Igualmente, a idade gestacional dos bebés está positivamente correlacionada com os comportamentos paternos de afeto positivo (r=0,444; n=40; p<0,05).

As crianças nascidas com índices inferiores de Apgar tendem a apresentar com maior frequência expressões faciais negativas (r=0,718; n=40; p<0,05) e afeto negativo (r=0,329; n=40; p<0,05) com a mãe.

Discussão dos resultados

Este estudo tinha como objetivo analisar e comparar os comportamentos interativos de pais e mães com bebés de 15 meses em situação de jogo livre e comparar a linguagem usada pelos progenitores. No que se refere à primeira hipótese do estudo, diferenças de gênero nos comportamentos interativos mãe-filho(a) e pai-filho(a), quando comparamos as díades no que diz respeito aos episódios de jogo, sequências verbais e sequências não-verbais não se verificam diferenças significativas. Não obstante, quando correlacionamos díade mãe-filho(a) e díade pai-filho(a), encontramos correlações significativas.

Os dados indicam que na categoria sequências verbais os comportamentos maternos e paternos estão correlacionados em duas dimensões: sequências simples e sequências interrompidas. Assim, as crianças que recebem mais respostas verbais simples e interrompidas das suas mães recebem, também, mais respostas verbais simples e interrompidas dos seus pais. Este resultado deve ser objeto de reflexão porque pode ser indicador da importância do input ou do déficit de input, ou seja, crianças que recebem mais input da mãe também recebem mais input do pai, e crianças que recebem menos input da mãe também recebem menos input do pai. Como referido, a quantidade e qualidade da linguagem dirigida à criança é crucial no seu desenvolvimento (Hoff, 2006Hoff, E. (2006). How social contexts support and shape language development. Developmental Review, 26(1), 55-88.; Pan et al., 2004Pan, B. A., Rowe, M. L., Spier, E., & Tamis-LeMonda, C. (2004). Measuring productive vocabulary of toddlers in low-income families: concurrent and predictive validity of three sources of data. Journal of Child Language, 31(3), 587-608.).

Por outro lado, sequências simples e sequências interrompidas podem ser consideradas como comportamentos interativos menos elaborados do que sequências expansivas e/ou extensivas (que requerem mais tempo, e maior atenção por parte do adulto). Por que razão só encontramos corelação entre as duas primeiras subcategorias?

Alves (2013Alves, M. J. M. (2013). Estudo exploratório dos comportamentos interativos mãe-filho(a) e pai-filho(a) aos 15 meses de vida (Dissertação de Mestrado). Escola Superior de Educação de Lisboa, Lisboa. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/EzE7iH
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), num estudo exploratório com vinte díades do mesmo corpus, conclui que as mães recorrem mais à linguagem verbal na interação com os seus filhos, falam mais e durante mais tempo do que os pais. Ao alargarmos o número de díades estudadas (80), a diferença esbate-se. Este resultado foi encontrado noutras culturas (Yago, Hirose, Okamitsu, Okabayashi, Hiroi, Nakagawa, & Omori, 2014Yago, S., Hirose, T., Okamitsu, M., Okabayashi, Y., Hiroi, K., Nakagawa, N., & Omori, T. (2014). Differences and similarities between father-infant interaction and mother-infant interaction. Journal of Medical and Dental Sciences, 61(1), 7-16.). De igual modo, ao comparar os comportamentos não-verbais das mães e dos pais, não se verificam diferenças significativas, no entanto, comportamentos não-verbais maternos e paternos estão correlacionados em todas as dimensões, as crianças que recebem mais respostas não-verbais das suas mães também recebem mais respostas não-verbais dos seus pais. Assim, parece que mais do que diferenças de gênero dos pais ou dos filhos, a coabitação (pai/mãe) é uma variável a ser levada em conta. A convivência dos progenitores poderá ser modeladora de comportamentos e de estilos da interação, tanto verbal como não-verbal. Saliente-se que são os comportamentos não-verbais e os comportamentos verbais menos elaborados e extensos que surgem correlacionados.

No que concerne aos afetos verbais, as mães exibem em média mais comportamentos afetivos do que os pais. Contudo, não se verificam diferenças significativas nas categorias elogio, reforço negativo e reforço neutro. Ressalte-se, porém, que o reforço positivo e o reforço neutro da mãe estão correlacionados com os mesmos tipos de reforços por parte do pai. Mães e pais reforçam positivamente o filho(a) durante a brincadeira o que certamente aumenta a probabilidade de a criança se motivar e repetir o comportamento desejável.

Relativamente aos afetos não-verbais, na categoria das expressões faciais positivas e negativas, pais e mães não revelam diferenças estatisticamente significativas. Estes comportamentos, porém, estão altamente correlacionados.

No que concerne à segunda hipótese, conclui-se que, quanto à linguagem dirigida à criança, não se verificam diferenças significativas na maioria das categorias em análise. No entanto, verificam-se diferenças significativas na média dos comportamentos verbais dos pais e mães relativamente aos enunciados: elogio - as mães fizeram em média mais elogios do que os pais; nomeação - as mães fizeram em média mais nomeações do que os pais (subsignificativamente os comentários e enunciados de avaliação negativa - em média as mães fizeram mais comentários). Estes resultados corroboram estudos nacionais anteriores que mostram que as mães apresentam respostas mais positivas em relação aos seus filhos do que os pais (Alves et al., 2015Alves, M., Fuertes, M., & Sousa, O. (2015) Comportamentos interativos mãe-filho e pai-filho aos 15 meses de vida. In Perteira, S., Rodrigues, M., Almeida, A., Pires, C., Tomás, C., & Pereira, C. (Orgs.). Atas do II Encontro de Mestrados em Educação e Esnino da Escola Superior de Educação de Lisboa (pp. 19-27). Lisboa: Centro Interdisciplinas de Estudos Educacionais. Recuperado em 28 de junho de 2017, de Recuperado em 28 de junho de 2017, de https://goo.gl/YDtL38
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; ; Faria, Santos, & Fuertes, 2014Faria, A., Santos, P. L., & Fuertes, M. (2014). Pais e mães protegem, acarinham e brincam de formas diferentes. Análise psicológica, 4(XXXII), 1-19, doi: 10.14417/ap.698.
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). A categoria nomeação engloba enunciados em que se atribui nome a artefatos ou eventos do contexto e releva da necessidade de nomear a realidade circundante. A nomeação e a manipulação de objetos favorecem a aprendizagem do léxico e, consequentemente, o alargamento e aprofundamento do conhecimento da criança (Hirsh-Pasek, Golinkoff, Berk, & Singer, 2009Hirsh-Pasek, K., Golinkoff, R.M., Berk, L. E., & Singer, D. G. (2009). A mandate for playful learning in preschool: presenting the evidence. New York: Oxford University Press.).

No comportamento de nomeação, observa-se que os nomes são repetidos diversas vezes. Não é demais salientar a importância dada à fala dirigida às crianças e o papel que a repetição tem na aprendizagem da linguagem (Veneziano, 2014Veneziano, E. (2014). Interactions langagières, échanges conversationnelles et acquisition du langage. Contraste, 39(1), 31-49. doi: 10.3917/cont.039.0031
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). No corpus, podemos observar que não só as mães nomeiam muito como o fazem de modo repetitivo, retomando em contextos sintáticos diferentes a mesma palavra. Também se observa o uso de diversas estratégias para colocar a palavra em destaque: destaque na frase, destaque prosódico ou mesmo emissão silabada. Um discurso mais referencial em que se designa ou explica o mundo à volta da criança constitui input mais rico, com mais nomes e adjetivos (Tamis-LeMonda et al., 2012Tamis-LeMonda, C. S., Song, L., Smith, A. L., Kahana-Kalman, R., & Yoshikawa, H. (2012). Ethnic differences in mother-infant language and gestural communications are associated with specific skills in infants. Developmental Science, 15(3), 384-397. doi: 10.1111/j.1467-7687.2012.01136.x
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) promovendo o desenvolvimento do vocabulário. Num estudo empírico com crianças de 2 e 3 anos de contextos sociais desfavorecidos, a qualidade, a quantidade e a diversidade da fala materna são associadas a ganhos na aquisição da linguagem e no desenvolvimento infantil (Song et al., 2013Song, L., Spier, E. T., & Tamis-LeMonda, C. (2013). Reciprocal influences between maternal language and children’s language and cognitive development in low-income families. Journal of Child Language, 41(2), 305-326. doi: 10.1017/S0305000912000700.
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). Como assinalado, no corpus em análise, ainda que as mães usem mais verbos e nomes e os pais mais conjunções (associadas a maior complexidade sintática), estas diferenças não são estatisticamente significativas.

Além de diferenças significativas nas categorias elogios e nomeação, os resultados mostram que os comportamentos de pais e mães estão correlacionados nas seguintes categorias: perguntas, pedidos de atenção, comentários positivos e ordens. Em estudos sobre a fala de pais dirigida a crianças, concluiu-se que a fala dos pais seria mais desafiadora para a criança do que a das mães e, por isso, estabeleceria uma ponte (Tomasello, Conti-Ramsden, & Ewert, 1990Tomasello, M., Conti-Ramsden, G., & Ewert, B. (1990). Young children’s conversations with their mothers and fathers: differences in breakdown and repair. Journal of Child Language, 17(1), 115-30.) entre a linguagem da criança e a do meio circundante. Deste modo, pais e mães teriam papéis complementares. No nosso estudo, mais do que a complementaridade, sobressai a conformidade, já que os progenitores apresentam grande leque de comportamentos verbais correlacionados. Pais e mães, mais do que diferenças, parecem apresentar comportamentos comunicativos que se aproximam. Sendo um estudo sobre gênero, este trabalho aponta novos caminhos para a investigação sobre os estilos de comunicação e a coabitação.

A terceira hipótese aventava que o gênero dos filhos condiciona quer a interação, quer a comunicação dos pais. Os resultados não apresentam diferenças significativas nos comportamentos dos pais, quer se trate de meninos ou de meninas. No entanto, os meninos apresentam maior evitamento com as mães, e as meninas expressam mais vocalizações e afetos negativos em relação aos pais. Este aspeto corrobora resultados de estudos anteriores que assinalam maior sincronia nas díades do mesmo gênero (Manlove & Vernon-Feagans, 2002Manlove, E. E., & Vernon-Feagans, L. (2002). Caring for infants, daughters and sons in dual-earner households: maternal reports of father involvement in weekday time and tasks. Infant and Child Development, 11(4), 305-320.). Se se verifica que os meninos exibem mais evitamento à mãe do que as meninas, e as meninas exibem mais vocalizações negativas e expressão facial negativa dirigidas ao pai, também se observa que os progenitores tendem a ter expectativas e relacionamentos diferentes com os filhos e as filhas. Num estudo com crianças mais velhas (de 3 a 5 anos) numa situação de brincadeira pais-filhos, Barroso et al. (2017Barroso, I., Ferreira, A., Fernandes, I., Branco, M., Ladeiras, A., Pinto, F., . . . Fuertes, M. (2017). Estudo sobre as diferenças interativas e comunicativas das educadoras e das mães com crianças em idade pré-escolar. Da Investigação às Práticas, 7(1), 1-26.) verificam que os pais respeitam mais as meninas e ignoram mais a contribuição dos meninos. Além disso, Faria et al. (2014Faria, A., Santos, P. L., & Fuertes, M. (2014). Pais e mães protegem, acarinham e brincam de formas diferentes. Análise psicológica, 4(XXXII), 1-19, doi: 10.14417/ap.698.
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) apontam maior sincronia entre díades do mesmo gênero.

Os resultados mostraram diferenças socio­demográficas. Salienta-se que o evitamento dos pais e das mães com os filhos está correlacionado com a escolaridade paterna e materna. O evitamento dos filhos para com os pais também está correlacionado com a escolaridade paterna e materna. Quanto à variável idade dos pais, percebe-se que pais mais velhos tendem a exibir mais comportamentos não verbais.

Por fim, atendamos às variáveis associadas aos filhos que condicionam a interação. Entre elas destacam-se a robustez, o peso gestacional, o índice de Apgar, a posição relativa entre irmãos e o número destes. O peso gestacional e o índice de Apgar influenciam a relação que os pais estabelecem com os seus filhos: bebés mais robustos e com melhor índice de Apgar parecem suscitar nos pais comportamentos mais positivos. Crianças com mais irmãos tendem a iniciar mais atividades. Será este comportamento resultante da interação com os irmãos? Famílias mais alargadas, com maior número de filhos serão um contexto em que as crianças desenvolvem um maior sentido de autonomia e de iniciativa? Numa investigação sobre crianças do pré-escolar (Silva, 2009Silva, M. (2009). Comportamentos de autonomia nos anos pré-escolares na transição para a escolaridade obrigatória (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa. Recuperado em 29 de junho de 2017, de Recuperado em 29 de junho de 2017, de https://goo.gl/DgkTpq
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), não foi encontrada relação entre o número de irmãos e a construção da autonomia. Este é um aspeto a merecer mais estudo.

Focados na qualidade da interação e da comunicação dos pais e mães com os seus filhos e filhas, num estudo observacional, salienta-se a correlação dos comportamentos interparentais na relação com os seus filhos. Mais estudos seriam necessários para investigar o modo como a qualidade do comportamento relacional de um dos pais influencia o comportamento do outro e o modo como os pais interagem em situações triádicas, isto é, pai, mãe e filho(a).

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2017

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2016
  • Revisado
    15 Mar 2017
  • Aceito
    28 Jun 2017
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