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Análise da Produção Científica sobre Transformative Consumer Research e Transformative Service Research

Resumo

A Transformative Consumer Research (TCR) surgiu para preencher as lacunas e superar a fragmentação no campo da pesquisa em consumo no domínio do bem-estar. Este movimento deu origem à Transformative Service Research (TSR), estudos dedicados a identificar e avaliar os efeitos de bem-estar advindos dos serviços. O objetivo do presente trabalho foi mapear a produção científica sobre TCR e TSR, a partir de uma análise bibliométrica e uma análise de conteúdo de uma amostra de 114 artigos disponibilizados nas bases de dados Scopus, SciELO e SPELL. O estudo oferece um mapeamento dos periódicos e autores mais produtivos, das obras de maior impacto, além da análise das categorias temáticas e análises de redes. Os resultados mostram um discreto crescimento no interesse sobre o tema, o que indica a necessidade de intensificação de pesquisas no campo, voltadas principalmente a áreas de estudo tais como vulnerabilidade econômica, obesidade, consumo de álcool e drogas, indivíduos com deficiência física, práticas ambientais, adoção de estratégias sustentáveis, tecnologia e serviço social. No contexto brasileiro, identifica-se a necessidade de difundir o tema no âmbito acadêmico, ou seja, em programas de pós-graduação na área de marketing, revistas e eventos científicos. Em última análise, este trabalho é considerado um chamado a uma mudança nas perspectivas dos pesquisadores e avaliadores de periódicos em TCR e TSR.

transformative consumer research; transformative service research; análise bibliométrica

Abstract

Transformative Consumer Research (TCR) has emerged to fill the gaps and overcome fragmentation in the field of consumer research in the well-being domain. This movement gave rise to Transformative Service Research (TSR), which is aimed at identifying and evaluating the well-being effects arising from the services. The objective of this paper was to map the scientific production on TCR and TSR, based on a bibliometric analysis and a content analysis of a sample consisting of 114 studies available in the Scopus, SciELO and SPELL databases. Our study offers a map of the most productive journals and authors, the most impactful studies and an analysis of thematic categories and some network analyses. The results show a slight increase in the interest on the topic, which indicates the need for intensified research in the field, especially focused on areas of study such as economic vulnerability, obesity, alcohol and drug consumption, individuals with physical disabilities, environmental practices, and adoption of sustainable strategies, technology and social services. In the Brazilian context, we identified the need to disseminate the themes in the academic field, that is, postgraduate programs in marketing area, scientific journals and conferences. Finally, our study is considered a call for a change in the perspectives of researchers and journal reviewers in the field of consumer studies.

transformative consumer research; transformative service research; bibliometric analysis

Introdução

Consumo e qualidade de vida são tópicos recorrentes nas pesquisas acadêmicas ( Cohen, 2010Cohen, L. (2010). Colston E. Warne Lecture: Is It Time for Another Round of Consumer Protection? The Lessons of Twentieth‐Century US History. Journal of Consumer Affairs, 44(1), 234-246. doi:10.1111/j.1745-6606.2010.01164.x
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; Flyvbjerg, 2001Flyvbjerg, B. (2001). Making social science matter: Why social inquiry fails and how it can succeed again. Cambridge: Cambridge University Press. doi:10.2307/1061731
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; Mcgregor & Goldsmith, 1998McGregor, S. L., Goldsmith, E. B. (1998). Expanding our understanding of quality of life, standard of living, and well-being. Journal of Family and Consumer Sciences, 90(2), 2-6. ). No entanto, a quantidade e a variedade de pesquisas sobre esta temática indicam uma fragmentação do campo. Ainda que discutam tópicos semelhantes, os pesquisadores frequentemente utilizam paradigmas, teorias e métodos diferentes (Mick, Pettigrew, Pechmann, & Ozanne, 2012).

Diante da fragmentação do campo, e visando a uma melhor coordenação das pesquisas preocupadas em compreender o fenômeno do bem-estar, foi anunciado em 2006, pelo presidente da Association for Consumer Research, Dr. David Mick, o movimento denominado Transformative Consumer Research – TCR (Pesquisa Transformativa do Consumidor). Mick (2006) define os estudos em TCR como esforços de investigação que lidam com problemas e oportunidades fundamentais com a finalidade de melhorar a qualidade de vida diante dos efeitos do consumo.

Mick (2006)Mick, D. G. (2006). Meaning and mattering through transformative consumer research. Advances in consumer research, 33(1), 1-4. indica que, embora a pesquisa em TCR tenha orientação inicialmente prática, não são descartados os trabalhos de caráter teórico, e reconhece que estes podem acarretar implicações construtivas. Essa orientação para a mudança social proposta pelo movimento TCR se apresenta como uma dificuldade para os pesquisadores, pois requer uma modificação nos métodos tradicionais de pesquisa (Pinto, Batinga, Ássimos, & Almeida, 2016).

Em sua declaração presidencial, Mick (2006)Mick, D. G. (2006). Meaning and mattering through transformative consumer research. Advances in consumer research, 33(1), 1-4. apresentou os tópicos de pesquisa fundamentais para o desenvolvimento deste campo: grupos de consumidores vulneráveis; cigarro, álcool e consumo de drogas; apostas; nutrição e obesidade; violência em filmes e jogos de computadores; decisão médica, financeira e segurança de produtos; comportamentos de proteção ambiental e doação de órgãos. Essas temáticas foram definidas a partir das considerações de 46 pesquisadores interessados na área do bem-estar do consumidor.

Em 2011, foi lançado o livro Transformative consumer research: for personal and collective well-being , no qual diversos autores buscaram preencher as lacunas e superar a fragmentação no campo da pesquisa em consumo no domínio do bem-estar, apresentando as características das pesquisas em TCR e uma visão para o futuro do campo.

Com o progresso do movimento da pesquisa em TCR, uma das lacunas identificadas pelos pesquisadores é a ausência de estudos com foco no bem-estar advindo de serviços ( Rosenbaum et al., 2011Rosenbaum, M., Corus, C., Ostrom, A., Anderson, L., Fisk, R., Gallan, A., . . . & Shirahada, K. (2011). Conceptualisation and aspirations of transformative service research. Journal of Research for Consumers, (19), 1-6. Retrieved from http://bit.ly/3subFsF
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). Surge então o movimento Transformative Service Research, definido por Anderson et al. (2013)Anderson, L., Ostrom, A. L., Corus, C., Fisk, R. P., Gallan, A. S., Giraldo, M., . . . & Shirahada, K. (2013). Transformative service research: An agenda for the future. Journal of Business Research, 66(8), 1203-1210. doi:10.1016 / j.jbusres.2012.08.013
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como a integração entre a pesquisa de serviços e a TCR visando a identificar os efeitos do bem-estar advindos dos serviços.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo mapear a produção científica, através de uma análise bibliométrica, sobre Transformative Consumer Research (TCR) e Transformative Service Research (TSR), identificando as publicações mais relevantes no campo, os principais autores, instituições, áreas temáticas estudadas e metodologias empregadas.

Este trabalho se justifica devido ao desenvolvimento recente destes movimentos de pesquisa e à sua importância no contexto da pesquisa e prática em consumo e serviços, fundamentada na transformação e na preocupação com os problemas inerentes ao consumo. Em termos específicos, através de uma abordagem bibliométrica, pretendeu-se apresentar e discutir as principais temáticas em que os pesquisadores se engajam. Além disso, apresentou-se uma agenda de temáticas de pesquisa que se mostram oportunas no campo da TCR e da TSR.

Transformative Consumer Research

O termo Transformative Consumer Research foi mencionado inicialmente em 2006, em um discurso do presidente da Association for Consumer Research (ACR), Dr. David Glen Mick, da Universidade da Virgínia, Estados Unidos. O termo surgiu para denominar um movimento de pesquisa que tem o objetivo de superar as barreiras decorrentes da fragmentação das pesquisas em consumo que discutem o domínio do bem-estar ( Mick et al., 2012Mick, D. G., Pettigrew, S., Pechmann, C. C., Ozanne, J. L. (Eds.). (2012). Transformative consumer research for personal and collective well-being. Abingdon: Routledge. ). Muitos pesquisadores trabalham com esse tópico, mas devido à referida fragmentação, frequentemente utilizam paradigmas, métodos e teorias diferentes, tornando mais complexa a comunicação de resultados para a comunidade de interessados.

Os estudos em TCR se preocupam em refletir sobre os problemas decorrentes do consumo e se propõem a aplicar métodos rigorosos, com o compromisso de apresentar os resultados da pesquisa para os stakeholders adequados, a fim de transformar a vida dos consumidores. Estes estudos são sustentados por um problema fundamental e buscam respeitar, defender e melhorar a vida em relação às diversas condições, demandas, potencialidades e efeitos do consumo ( Mick, 2006Mick, D. G. (2006). Meaning and mattering through transformative consumer research. Advances in consumer research, 33(1), 1-4. ). O movimento TCR é fundamentado em seis características principais ( Mick et al., 2012Mick, D. G., Pettigrew, S., Pechmann, C. C., Ozanne, J. L. (Eds.). (2012). Transformative consumer research for personal and collective well-being. Abingdon: Routledge. ):

  1. Melhorar o bem-estar: definido pelos autores como a regra normativa em TCR. A preocupação principal deste paradigma de pesquisa é a promoção do bem-estar, concentrando-se nas diversas dimensões desse construto;

  2. Emanar da ACR e encorajar paradigmas de pesquisa: A TCR é promovida pela Association for Consumer Research, que há décadas estuda o comportamento do consumidor e promove o desenvolvimento deste movimento de pesquisa. Além disso, a pesquisa em TCR reconhece a importância e incentiva a pluralidade de métodos, análises e paradigmas na compreensão do fenômeno do bem-estar;

  3. Empregar teorias e métodos rigorosos: a TCR preconiza o fortalecimento dos métodos e teorias como forma de enriquecer as discussões e os insights obtidos em consequência das pesquisas;

  4. Destacar os contextos socioculturais e situacionais: Essa característica indica que os pesquisadores devem considerar o contexto social da vida do consumidor, não necessariamente a partir de um estudo de caráter etnográfico, mas como uma forma de atribuir mais significado à pesquisa a partir da compreensão de problemas percebidos pelos consumidores no contexto em que vivem;

  5. Parceria com os consumidores: devido à relevância da pesquisa para os consumidores, uma das características da TCR é o fato de que aos pesquisadores são atribuídos os papéis de advogados e parceiros dos consumidores;

  6. Disseminação da pesquisa para stakeholders relevantes: um objetivo da TCR é compartilhar os resultados com consumidores, atores políticos e outros stakeholders para que o conhecimento dos resultados das pesquisas seja relevante. Sendo assim, uma das preocupações deste movimento de pesquisa é a comunicação eficiente dos resultados.

O desenvolvimento deste campo apresenta alguns desafios para os acadêmicos, dentre os quais convém ressaltar o fato de a pesquisa possuir como fundamentação epistemológica a mudança social, o que requer uma modificação dos métodos tradicionalmente empregados para, de fato, gerar a transformação nos indivíduos ( Pinto et al., 2016Pinto, M. R., Batinga, G. L., Ássimos, B. M., Almeida, G. T. (2016). Transformative consumer research (TCR): Reflexões, diretrizes e uma análise do campo no Brasil. Revista Interdisciplinar de Marketing, 6(2), 54-66. doi:10.4025/rimar.v6i2.32376
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). Ao considerar o contexto brasileiro no desenvolvimento da TCR, Pinto et al. (2016)Pinto, M. R., Batinga, G. L., Ássimos, B. M., Almeida, G. T. (2016). Transformative consumer research (TCR): Reflexões, diretrizes e uma análise do campo no Brasil. Revista Interdisciplinar de Marketing, 6(2), 54-66. doi:10.4025/rimar.v6i2.32376
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argumentam que ainda persistem trabalhos metodologicamente tradicionais e frequentemente compostos por testes estatísticos robustos, mas com pouca conexão com a realidade nacional e o contexto social dos indivíduos pesquisados.

Transformative Service Research

Um dos fatores que transforma o consumidor e que é capaz de exercer influência sobre o seu bem-estar são os serviços. O setor de serviços sofreu modificações ao longo do tempo no que diz respeito à forma como é provido e percebido (Ostrom, Parasuraman, Bowen, Patrício, & Voss, 2015). No entanto, a Transformative Consumer Research provocou pouca discussão acerca do efeito dos serviços no bem-estar do consumidor ( Anderson et al., 2013)Anderson, L., Ostrom, A. L., Corus, C., Fisk, R. P., Gallan, A. S., Giraldo, M., . . . & Shirahada, K. (2013). Transformative service research: An agenda for the future. Journal of Business Research, 66(8), 1203-1210. doi:10.1016 / j.jbusres.2012.08.013
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.

A partir desta problemática, é desenvolvida na pesquisa em serviços a Transformative Service Research (TSR), derivada da TCR e fundamentada na identificação dos efeitos de bem-estar advindos dos serviços. A literatura define TSR como a integração entre as pesquisas de consumo e de serviços que se concentra na construção de mudanças edificadoras e melhorias no bem-estar das entidades de consumidores: indivíduos (consumidores e empregados), comunidades e o ecossistema ( Anderson et al., 2013Anderson, L., Ostrom, A. L., Corus, C., Fisk, R. P., Gallan, A. S., Giraldo, M., . . . & Shirahada, K. (2013). Transformative service research: An agenda for the future. Journal of Business Research, 66(8), 1203-1210. doi:10.1016 / j.jbusres.2012.08.013
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).

Por se tratar de uma conexão com a pesquisa em serviço e a TCR, a Transformative Service Research é capaz de integrar diversas disciplinas (Ostrom, Mathras, & Anderson, 2014). Anderson et al. (2013)Anderson, L., Ostrom, A. L., Corus, C., Fisk, R. P., Gallan, A. S., Giraldo, M., . . . & Shirahada, K. (2013). Transformative service research: An agenda for the future. Journal of Business Research, 66(8), 1203-1210. doi:10.1016 / j.jbusres.2012.08.013
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propuseram uma agenda de pesquisas para este campo, identificando temáticas que podem ser abordadas a partir do contexto de serviços financeiros, de saúde e serviços sociais. Em virtude de seu pressuposto ontológico e epistemológico orientado à mudança, Anderson e Ostrom (2015)Anderson, L., Ostrom, A. L. (2015). Transformative Service Research. Journal of Service Research, 18(3) 243–249. doi:10.1177/1094670515591316
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identificaram que tal mudança pode ser realizada a partir de três aspectos: via colaboração com consumidores e comunidades, através do trabalho com organizações e agências existentes, e desenvolvendo novas iniciativas e projetos.

No contexto dos serviços bancários e seu potencial transformativo, Brüggen, Hogreve, Holmlund, Kabadayi e Löfgren (2017) definiram o conceito de financial well being (bem-estar financeiro) como uma percepção dos indivíduos de serem capazes de controlar e manter sua vida desejada. Losada-Otálora e Alkire (2019)Losada-Otálora, M., Alkire, L. (2019). Investigating the transformative impact of bank transparency on consumers’ financial well-being. International Journal of Bank Marketing, 37(4), 1062-1079. doi:10.1108/IJBM-03-2018-0079
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identificaram que a transparência nos serviços bancários possui influência sobre o bem-estar financeiro dos consumidores. Pesquisas nesta vertente da pesquisa transformativa de serviços podem ainda investigar a conceituação do bem-estar financeiro, sua mensuração, além de intervenções para a melhoria do bem-estar e comportamento financeiro, fatores contextuais e pessoais que afetam o bem-estar financeiro e as suas consequências ( Brüggen et al., 2017Brüggen, E. C., Hogreve, J., Holmlund, M., Kabadayi, S., Löfgren, M. (2017). Financial well-being: A conceptualization and research agenda. Journal of Business Research, 79, 228-237. doi:10.1016/j.jbusres.2017.03.013
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).

Na perspectiva dos serviços sociais, existe uma discussão recente sobre a integração da pesquisa transformativa de serviço e o marketing social. Russell-Bennett, Fisk, Rosenbaum e Zainuddin (2019) propõem esta integração com o objetivo de avançar o conhecimento nas duas áreas e contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos. Por fim, na área de serviços de saúde, Gallan et al. (2019)Gallan, A. S., McColl-Kennedy, J. R., Barakshina, T., Figueiredo, B., Jefferies, J. G., Gollnhofer, J., . . . & Winklhofer, H. (2019). Transforming community well-being through patients' lived experiences. Journal of Business Research, 100, 376-391. doi:10.1016/j.jbusres.2018.12.029
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propuseram uma análise da experiência do paciente como influência para o bem-estar da comunidade, com a proposta de contribuir para a pesquisa TSR e propor implicações práticas para a melhoria do bem-estar dos indivíduos no contexto destes serviços.

Alguns dos recentes trabalhos na área de Transformative Service Research discutem como os pesquisadores da área de serviços, profissionais, agências e a comunidade podem contribuir para a transformação dos consumidores ( Johns & Davey, 2019Johns, R., Davey, J. (2019). Introducing the transformative service mediator: value creation with vulnerable consumers. Journal of Services Marketing, 33(1), 5-15. doi:10.1108/JSM-10-2018-0282
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; Loomba, 2017)Loomba, A. P. (2017). Reconstructing lives: transformative services for human trafficking survivors. Journal of Services Marketing, 31(4/5), 373-384. doi:10.1108/JSM-06-2016-0228
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. A TSR é, portanto, um movimento de pesquisa que reconhece o papel dos serviços e trabalha com a pesquisa em consumo para aumentar o potencial do desenvolvimento humano e o bem-estar dos indivíduos ( Loomba, 2017)Loomba, A. P. (2017). Reconstructing lives: transformative services for human trafficking survivors. Journal of Services Marketing, 31(4/5), 373-384. doi:10.1108/JSM-06-2016-0228
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.

Pesquisa bibliométrica

O estudo bibliométrico permite o mapeamento e a visualização detalhada da produção científica de uma área específica (Splitter, Rosa, & Barbosa, 2012). Pritchard foi um dos pioneiros na tentativa de conceituar a bibliometria, definindo-a como a aplicação da matemática e de métodos estatísticos para a mensuração do conteúdo de livros e outros meios de comunicação (Machado, Souza, Parisotto, & Palmisano, 2016). Café e Bräscher (2008)Café, L. M. A., Bräscher, M. (2008). Organização da informação e bibliometria. Encontros Bibli, 13(1), 54-75. doi:10.5007/1518-2924.2008v13nesp1p54
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definem a bibliometria como o conjunto de leis e princípios aplicados a métodos estatísticos e matemáticos que têm como objetivo mapear a produção científica. Sen (1999)Sen, B. K. (1999). Symbols and formulas for a few bibliometric concepts. Journal of Documentation, 55(3), 325-334. doi:10.1108/EUM0000000007149
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traz um conceito mais abrangente para essa metodologia, indicando que ela permite avaliar, por meio de dados bibliográficos, o progresso cultural do homem, incluindo a ciência e a tecnologia.

A pesquisa bibliométrica está fundamentada em três principais leis ( Araújo, 2006Araújo, C. A. (2006). Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em questão, 12(1), 11-32. Retrieved from https://bit.ly/3pSzacY
https://bit.ly/3pSzacY...
; Chueke & Amatucci, 2015Chueke, G. V., Amatucci, M. (2015). O que é bibliometria? Uma introdução ao Fórum. Revista Eletrônica de Negócios Internacionais, 10(2) 1-5. doi:10.18568/1980-4865.1021-5
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; Guedes & Borschiver, 2005)Guedes, V. L., Borschiver, S. (2005). Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. Article presented at the 6th CINFORM – Encontro nacional de ciência da informação, Salvador, BA. Retrieved from https://bit.ly/3uuw3M8
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. A Lei de Lotka, ou lei da produtividade de pesquisadores, preconiza que uma larga base científica é produzida por um reduzido número de pesquisadores, enquanto um grande número de pesquisadores não prolíficos é responsável pela dispersão do restante da produção em um dado campo do conhecimento ( Alvarado, 1984Alvarado, R. U. (1984). A bibliometria no Brasil. Ciência da informação, 13(2), 91-105. Retrieved from http://bit.ly/2ZJXHq8
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; Araújo, 2006Araújo, C. A. (2006). Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em questão, 12(1), 11-32. Retrieved from https://bit.ly/3pSzacY
https://bit.ly/3pSzacY...
; Splitter et al., 2012)Splitter, K., Rosa, C. A., Borba, J. A. (2012). Uma análise das características dos trabalhos “ditos” bibliométricos publicados no Enanpad entre 2000 e 2011. Article presented at the 36th Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ. .

A Lei Zipf, ou lei da distribuição de frequência de palavras em um texto, mostra uma relação fundamental segundo a qual um pequeno grupo de palavras aparece com uma frequência maior, quando comparada à frequência do grande grupo das demais palavras ( Araújo, 2006Araújo, C. A. (2006). Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em questão, 12(1), 11-32. Retrieved from https://bit.ly/3pSzacY
https://bit.ly/3pSzacY...
; Vanti, 2002Vanti, N. A. P. (2002). Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da informação, 31(2), 152-162. doi:10.1590/S0100-19652002000200016
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).

Por fim, a Lei Bradford, ou lei de dispersão do conhecimento científico, aponta que existe um pequeno núcleo de periódicos responsáveis pela publicação de um grande número de artigos, e um grande grupo de periódicos com um pequeno número de artigos. Assim, dividindo-se os periódicos relacionados a um determinado campo do conhecimento em zonas com igual quantidade de documentos, apresenta-se na primeira zona um número menor de journals , enquanto as zonas seguintes precisam de cada vez mais journals para atingir aquela mesma referida quantidade de artigos (Lima & Carlos Filho, 2019; Vanti, 2002)Vanti, N. A. P. (2002). Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da informação, 31(2), 152-162. doi:10.1590/S0100-19652002000200016
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.

Splitter et al. (2012)Splitter, K., Rosa, C. A., Borba, J. A. (2012). Uma análise das características dos trabalhos “ditos” bibliométricos publicados no Enanpad entre 2000 e 2011. Article presented at the 36th Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ. apontaram em seus estudos sete indicadores, além desses três princípios básicos, que os estudos bibliométricos devem apresentar: (a) número de publicações por autor, revista, instituição e/ou temas; (b) número de coautores/colaboradores; (c) copublicações: publicações com autores de diferentes países, instituições; (d) número de citações; (e) índice de afinidade: avalia a taxa relativa de trocas científicas (entre países, instituições) através de citações; (f) laços científicos (entre periódicos, autores) medidos através de citações; (g) Cocitações: número de vezes que dois ou mais artigos são citados simultaneamente por um terceiro artigo.

Não foram encontrados na literatura outros estudos bibliométricos que abordassem Transformative Consumer Research (TCR) e/ou Transformative Service Research (TSR). O trabalho que empregou abordagem mais próxima desta metodologia foi o artigo The Transformative Service Research movement” , escrito por Davis, Ozanne e Hill (2016), que explora o surgimento, o crescimento e o futuro das pesquisas nesta área. Além deste, há também o artigo de Anderson et al. (2013)Anderson, L., Ostrom, A. L., Corus, C., Fisk, R. P., Gallan, A. S., Giraldo, M., . . . & Shirahada, K. (2013). Transformative service research: An agenda for the future. Journal of Business Research, 66(8), 1203-1210. doi:10.1016 / j.jbusres.2012.08.013
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, “ Transformative service research: An agenda for the future, em que os autores constroem uma agenda com temas e sugestões de pesquisas relevantes a serem estudados nesta área. Diferente dos citados, este trabalho apresenta um mapeamento e análise do campo até o ano de 2019, uma análise de conteúdo dos trabalhos internacionais e nacionais, além de oferecer uma agenda de pesquisas voltadas para ambos os contextos, aspectos a que se atribui seu caráter inovador.

Procedimentos metodológicos

A fim de mapear, descrever e mensurar a produção científica de autores, periódicos e instituições que atuam tanto na pesquisa nacional como na internacional sobre Transformative Consumer Research e Transformative Service Research, foram adotados o método bibliométrico e a análise de conteúdo dos trabalhos, a partir da codificação dos seguintes parâmetros: objetivo, método, resultados, limitações e sugestões de pesquisas futuras.

Este trabalho está dividido em dois estudos: o primeiro buscou analisar a produção internacional com bases nos dois métodos citados anteriormente; o segundo pretendeu analisar os trabalhos nacionais, mas devido ao número reduzido de artigos, foi realizada apenas a análise de conteúdo. Os procedimentos metodológicos para ambos os estudos estão discutidos nas subseções seguintes.

Estudo 1

Foi utilizada a base de dados multidisciplinar Scopus para fazer um levantamento de todos os documentos disponíveis até a primeira quinzena de fevereiro de 2019. A opção pela base Scopus se deve à maior quantidade de artigos publicados no período analisado. Com a chave de busca “transformative consumer research” ou “transformative service research” nos campos de título, resumo e palavras-chave, a base continha 162 documentos. Buscando melhor atender o objetivo do presente trabalho, foram estabelecidas mais duas delimitações: somente documentos do tipo artigos e publicados na língua inglesa, restrições que mantiveram 108 documentos na análise. Vale ressaltar que toda a amostra disponibilizada na base Scopus sobre o tema é composta por trabalhos no idioma inglês, de modo que tal critério não interferiu na quantidade de artigos. A Figura 1 ilustra o recorte realizado para o estudo da pesquisa internacional em TCR e TSR.

Figura 1
Procedimentos de coleta de dados (Estudo 1)

Após a finalização da primeira etapa de filtragem, os autores realizaram a leitura dos abstracts e a análise dos documentos, visando a confirmar a vinculação com o tema do estudo, esforço que levou à exclusão de três documentos: (a) um era apenas uma introdução de um volume especial de uma revista; (b) o segundo era uma resenha de um livro; (c) a obra não foi localizada pelos autores, impossibilitando sua leitura e análise. Consolidou-se, assim, uma base contendo 105 artigos para o processo de análise, que foi dividido em três etapas:

  1. Com suporte do software Microsoft Excel©e da própria base eletrônica, avaliou-se a evolução quantitativa da produção científica por ano, os periódicos que mais publicaram (Lei de Bradford), as instituições mais produtivas, os autores mais frequentes (Lei de Lotka), as obras de maior impacto, as abordagens metodológicas empregadas e, por fim, a análise das categorias temáticas;

  2. A segunda análise foi realizada com o auxílio do software VOSviewer, ferramenta desenvolvida por Nees Jan Van Eck e Ludo Waltman, da Universidade de Leiden, Holanda. O software oferece uma interface gráfica para tratamento dos dados, permitindo uma fácil visualização e análise através de redes bibliométricas ( Van Eck & Waltman, 2009Van Eck, N., & Waltman, L. (2009). Software survey: VOSviewer, a computer program for bibliometric mapping. Scientometrics, 84(2), 523-538. doi:10.1007/s11192-009-0146-3
    https://doi.org/10.1007/s11192-009-0146-...
    ). Para este estudo foi utilizada a versão 1.6.8, por meio da qual foi possível identificar: a rede de países com maior concentração de trabalhos; a rede de palavras-chave (Lei de Zipf), a qual demonstra a relação dessas palavras com base na frequência de utilização; a rede de coautorias, que desenha a relação entre os autores e coautores da área em estudo; a rede de cocitações, estabelecida quando duas referências são citadas simultaneamente por uma terceira; e a rede de acoplamento bibliográfico, que mostra quão semelhantes dois artigos são em termos das referências a que recorrem;

  3. Além da análise bibliométrica dos 105 artigos, foi realizada uma análise de conteúdo dos seis documentos internacionais mais citados, considerados aqueles que possuíam mais de trinta citações.

Estudo 2

A partir dos documentos que compõem as bases SPELL e SciELO, publicados até o final do mês de agosto de 2019, foi realizada uma análise de conteúdo da produção nacional. A busca foi realizada pelos termos “Transformative Consumer Research” ou “Transformative Service Research” ou “Pesquisa Transformativa do Consumidor” ou “Pesquisa Transformativa de Serviço”. Foram encontrados sete artigos na base SPELL e doze na SciELO. Em seguida, foram estabelecidos três critérios de filtragem, apresentados na Figura 2: somente documentos do tipo artigo, publicados em língua portuguesa, e na área de ciências sociais aplicadas.

Figura 2
Procedimentos de coleta de dados (Estudo 2)

Este último critério foi adicionado após a observação de que, apesar de as obras apresentarem uma das quatro expressões pesquisadas, alguns trabalhos fugiam do escopo do movimento. Desta forma, os sete trabalhos da SPELL atenderam aos critérios, mas na SciELO apenas três permaneceram na amostra. Finalizada esta etapa, verificou-se que a obra “O deficiente visual e a escola: um estudo etnográfico sob a perspectiva da pesquisa transformativa do consumidor” estava presente nas duas bases.

Por fim, assim como no Estudo 1, foi realizada uma análise de conteúdo. Neste caso, ante o reduzido número de documentos, foram considerados todos os nove trabalhos contidos nas bases nacionais. Na análise, foram identificados os periódicos, autores, objetivos dos estudos, métodos utilizados, as referências utilizadas para conceituar os movimentos de pesquisa, resultados alcançados, sugestões de pesquisas futuras e limitações manifestadas pelos autores.

Resultados e discussões

O primeiro estudo apresenta o mapeamento dos periódicos, instituições, países e autores mais produtivos, das obras de maior impacto, além da análise das categorias temáticas e análises de redes dos trabalhos internacionais. O segundo estudo realizada uma análise de conteúdo da literatura nacional.

Estudo 1

Os 105 documentos que compõem a base final da Scopus abrangem um total de 36 periódicos, 333 autores e coautores de 368 instituições distribuídas em 34 países. A Figura 3 apresenta a evolução histórica das publicações encontradas na base, com a variação anual analisada.

Figura 3
Evolução histórica das publicações relacionadas aos temas da pesquisa

As pesquisas sobre transformative consumer/service research ainda são bastante restritas, tendo suas três primeiras publicações datadas de 2008. Dois desses trabalhos são escritos por Sirgy. O documento mais antigo da base é intitulado “Developing a measure that captures Elderly’s well-being in local marketplace transactions”, escrito por Meadow em parceria com Sirgy, com catorze citações. Os autores buscaram mensurar a satisfação de idosos com organizações varejistas, comprovando que o bem-estar oferecido no ambiente dos estabelecimentos varejistas da comunidade contribui para a satisfação geral com a vida. Apesar de os artigos se destacarem como pioneiros no tema, nenhum dos dois trabalhos escritos por Sirgy apresentou grande número de citações.

Três artigos presentes na base haviam sido publicados já no ano de 2019 (ano em que se realiza o estudo aqui relatado), dois deles no Journal of Business Research . O primeiro, escrito por Bublitz em colaboração com oito autores, buscou desenvolver uma estrutura integrativa focada na identificação das principais práticas de marketing que aumentam o sucesso das Organizações Empresariais Sociais (SEO) em comunidades carentes, garantindo, assim, acesso a alimentos saudáveis para as populações mais necessitadas ( Bublitz et al., 2019Bublitz, M. G., Peracchio, L. A., Dadzie, C. A., Escalas, J. E., Hansen, J., Hutton, M., . . . & Tangari, A. H. (2019). Food access for all: Empowering innovative local infrastructure. Journal of Business Research, 100, 354-365. doi:10.1016/j.jbusres.2018.12.027
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.1...
). O segundo trabalho, produzido por Steinfield e outros sete pesquisadores, dedicou-se a compreender a expansão do conceito de interseccionalidade. Os autores propõem a perspectiva interseccional transformadora (transformative intersectional framework – TIF) em estudos relacionados a negócios e marketing, saindo da interseccionalidade básica (gênero, classe e raça) e passando a incluir estruturas de poder para melhor compreender as fontes de opressão de forma mais ampla ( Steinfield et al., 2019Steinfield, L., Sanghvi, M., Zayer, L. T., Coleman, C. A., Ourahmoune, N., Harrison, R. L., . . . & Brace-Govan, J. (2019). Transformative intersectionality: moving business towards a critical praxis. Journal of Business Research, 100, 366-375. doi:10.1016/j.jbusres.2018.12.031
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.1...
).

O ano de 2009 é marcado por não apresentar nenhuma publicação. A partir do ano seguinte, nota-se uma contínua evolução, intensificada entre 2013 e 2014, quando o número de publicações quase dobrou. Um dos fatores que podem explicar este aumento da produção é o surgimento da problemática dos serviços (TSR) na pesquisa em TCR e algumas chamadas especiais de periódicos que aconteceram em 2015 e 2016. Esses dois anos se destacam na análise com o maior número de artigos publicados, com vinte e 21 artigos, respectivamente. No ano de 2015, oito trabalhos foram publicados no periódico Service Industries Journal e quatro no Journal of Service Research . Estas duas revistas contabilizam mais de 60% dos artigos publicados em 2015. Já em 2016 destacou-se o Journal of Public Policy and Marketing , com cinco publicações.

Países mais produtivos

Decorridos onze anos desde a publicação do primeiro artigo na base Scopus sobre transformative consumer/service research , há registros de instituições de 34 países pesquisando esses temas. Na Figura 4 estão representados os países com quatro ou mais publicações. Vale ressaltar que os documentos podem estar relacionados a um ou mais países, a depender do número de coautores e das organizações às quais estão vinculados.

Figura 4
Nacionalidades de onde se originaram quatro ou mais artigos

Os Estados Unidos são o país que mais se dedica à pesquisa sobre transformative consumer/service research , sendo responsável por 55 dos artigos encontrados na base, o que se deve, em parte, ao fato de a pesquisa emanar principalmente da Association for Consumer Research, associação que iniciou o movimento. Além dos Estados Unidos, outros quatro países se destacam com mais de dez publicações: Reino Unido (27), Austrália (22), França (16) e Suécia (11).

O Brasil, por sua vez, não apresenta nenhum trabalho publicado na base. Os Estados Unidos são o único país que apresenta colaboração com todos os demais países presentes no recorte. França e Austrália não apresentam colaboração com a Alemanha e Suíça. E a Alemanha é o país que apresenta a menor rede de colaboração com outros países, possuindo trabalhos apenas com Suécia, Estados Unidos e Finlândia.

Principais periódicos

Os artigos que compõem a amostra estão divididos em 36 periódicos. A Tabela 1 classifica os principais periódicos em função da quantidade de documentos publicados. Para isso, foram selecionados apenas os periódicos com três ou mais trabalhos na base.

Tabela 1
Principais periódicos no período analisado

Baseando-se na lei da dispersão do conhecimento científico (Lei de Bradford), podem-se dividir os periódicos em três zonas. A primeira zona é composta pelos quatro journals mais produtivos e que carregam o maior número de artigos publicados (46); a segunda é formada pelos periódicos que apresentam entre três e oito trabalhos publicados (29); e a terceira zona é composta por 26 periódicos que apresentam menos de três artigos publicados (30).

Na primeira zona, o periódico Service Industries Journal possui o maior número de artigos publicados (quinze), o que corresponde a quase 15% da amostra do estudo. Vale ressaltar que apenas no ano de 2015 foram publicados oito artigos. Destacam-se ainda o Journal of Business Research , o Journal of Public Policy and Marketin g e o Journal of Marketing Management , únicos com até dez artigos publicados.

A base apresenta uma média de 2,9 artigos por periódico. Nota-se que mais de dois terços dos artigos sobre Transformative Consumer/Service Research foram publicados por apenas dez periódicos, e 26 journals apresentam apenas um ou dois trabalhos publicados, achados que corroboram os pressupostos de dispersão da Lei de Bradford.

Principais instituições

A base é composta por pesquisadores de 368 instituições diferentes. A Tabela 2 apresenta, em ordem decrescente, as organizações mais produtivas, levando em consideração o número de artigos publicados. Foram destacadas as onze organizações que já produziram cinco ou mais trabalhos. Ressalte-se que os cinco países que mais produzem no campo também aparecem na Tabela 2 .

Tabela 2
Instituições mais produtivas

A Northern Illinois University, dos Estados Unidos, lidera o ranking das organizações mais produtivas. Os Estados Unidos e o Reino Unido são os únicos países que apresentam mais de uma instituição se dedicando à temática. Nota-se também que, no corte acima, a University of Western Australia e a University of Canterbury (Nova Zelândia) são as únicas instituições fora do eixo Estados Unidos – Europa.

Autores mais produtivos

A Tabela 3 descreve os autores mais produtivos, de acordo com o número de artigos publicados. Foram considerados apenas aqueles que assinam três ou mais trabalhos. Destacou-se a instituição à qual cada autor estava vinculado na data da publicação mais recente. Dos 333 pesquisadores presentes na amostra, apenas 5% (17) apresentam três ou mais publicações. Um pouco mais de 17% (58) tiveram dois trabalhos produzidos, e aproximadamente 78% dos autores (258) tiveram apenas um trabalho publicado. Este resultado confirma o pressuposto da lei de Lotka, visto que uma pequena parcela dos autores é responsável por uma grande parte das publicações. Apresentam-se, ademais, a soma do número de citações dos trabalhos de cada autor, suas afiliações na data de publicação do último artigo e o país correspondente.

Tabela 3
Autores mais produtivos

Destaque-se a relação existente entre os autores que mais publicam com as instituições mais produtivas. Apenas Austrália e Suécia – países com instituições destacadas na Tabela 2 – não aparecem na lista de autores mais produtivos dentre as nacionalidades apresentadas na Tabela 3 . Os Estados Unidos são o que mais aparece nas duas tabelas, seguidos do Reino Unido. Sete das onze organizações mais prolíficas ( Tabela 2 ) também despontam com autores mais produtivos ( Tabela 3 ), a saber: Arizona State University, University of South Carolina, KEDGE Business School, University of Canterbury, Texas State University, University of Strathclyde e Queen’s University Belfast.

O destaque em quantidade de artigos é do autor Rosenbaum, que teve doze trabalhos publicados, o primeiro deles em 2011, além de quatro publicações apenas em 2018. Os autores norte-americanos Rosenbaum e Anderson apresentam desempenho semelhante em número de citações, o que decorre de uma colaboração realizada em 2013 que levou à publicação do artigo “Transformative service research: An agenda for the future”, que obteve 175 citações.

Os autores Anderson e Downey aparecem em seguida, com cinco artigos publicados, mas apresentam grande discrepância em relação ao número de citações. Fato semelhante ocorre com os autores Hamilton e Rayburn, os quais contabilizam quatro artigos na amostra mas distinguem-se no número de citações (29 e 192, respectivamente), pois o segundo também é coautor no trabalho “Transformative service research: An agenda for the future”, a segunda obra mais citada da base, como se discute adiante. Ostrom se sobressai pelo maior número de citações na base, embora esteja no grupo de autores com até três trabalhos publicados. Isso decorre do fato de ela ser coautora de dois dos artigos mais citados dentre todos os analisados. A tabela 4 apresenta uma análise do conteúdo das principais características da base da Scopus, considerando aquelas que apresentam mais de trinta citações.

Tabela 4
Obras de maior impacto

A partir dos trabalhos mais citados é possível identificar a aplicação de métodos de pesquisas mistas e de revisão de literatura. As pesquisas possuem caráter introdutório na temática de bem-estar, e as sugestões para pesquisas futuras indicam um aprofundamento dessas discussões e um maior esforço para explorar a realidade de consumidores marginalizados. Além disso, existe um destaque para a pesquisa no contexto dos serviços, reforçando o papel dos serviços no dia a dia dos consumidores e seu potencial para provocar transformações na vida dos indivíduos.

Abordagens metodológicas empregadas

A Tabela 5 apresenta as metodologias adotadas pelas pesquisas com base no ano de publicação. Para a construção desta tabela os autores fizeram a leitura de todos os a bstracts e, quando não encontraram as informações necessárias, realizaram a leitura detalhada do texto com o intuito de compreender a abordagem metodológica utilizada.

Tabela 5
Abordagem metodológica

Pouco mais de 34% (36) dos trabalhos foram desenvolvidos com metodologia qualitativa, 30% (32) foram ensaios teóricos, e aproximadamente 23% (24) empregaram exclusivamente abordagens quantitativas. Sete por cento (7) dos documentos eram revisões da literatura, e 6% (6) estudos utilizaram abordagem mista, valendo-se de métodos quantitativos e qualitativos. Percebe-se que não existe um padrão de evolução de uma única abordagem, uma vez que os estudos sobre Transformative Consumer/Service Research promovem, através de um de seus princípios, a diversificação de metodologias e abordagens de pesquisa. Vê-se ainda que os estudos de natureza empírica respondem por 63% da base analisada (66 estudos), o que demonstra o amadurecimento da pesquisa no campo ao longo do período investigado, principalmente a partir de 2014.

Rede de coocorrência de palavras-chave

A Figura 5 exibe a rede de coocorrência de palavras-chave encontradas nos trabalhos sobre TCR e TSR, limitando-se àquelas com, pelo menos, quatro ocorrências. Assume-se que tais termos podem indicar as principais linhas de pesquisa no campo. O tamanho dos círculos no gráfico indica a quantidade de ocorrências de cada palavra-chave na base.

Figura 5
Rede de coocorrência de palavras-chave

O primeiro cluster é composto por trabalhos teóricos com foco no bem-estar do consumidor no contexto dos serviços de saúde. No segundo grupo, a temática mais explorada é a teoria de restauração da atenção, que diz respeito a como uma exposição à natureza é capaz de melhorar o foco e a habilidade de concentração do indivíduo.

O terceiro cluster tem o termo “bem-estar” como destaque e discorre sobre consumidores vulneráveis e integração de recursos, com ênfase no contexto de serviços. Neste grupo de trabalhos também é discutida uma temática recorrente nos estudos dessa área: o marketing social. O quarto e último grupo de palavras também apresenta, como o primeiro, estudos preocupados com a discussão sobre cuidados da saúde. O bem-estar do consumidor é a palavra-chave que possui mais destaque neste cluster , e é também a principal discussão dos estudos em TCR e TSR.

Através das palavras-chave identificadas na base, é possível notar que os trabalhos são predominantemente realizados no contexto de serviços de saúde. Além disso, as redes reafirmam o bem-estar do consumidor como a temática principal da TCR e da TSR.

Rede de coautoria

A Figura 6 mostra a rede de coautoria dos 105 artigos disponibilizados na base Scopus. Este tipo de visualização permite analisar como os pesquisadores se relacionam de acordo com a quantidade de estudos produzidos e suas colaborações. Para a construção dessa rede, foram considerados apenas os autores que possuíam três ou mais trabalhos publicados e no mínimo dez citações. Os autores estão representados por círculos e divididos em clusters de acordo suas colaborações. O tamanho dos círculos corresponde à quantidade de artigos por eles produzidos.

Figura 6
Redes de coautoria

Pode-se identificar a existência de cinco clusters de colaboração. O primeiro deles é composto pelos autores Gruber e Nasr, os quais desenvolveram dois artigos em parceria. A primeira obra, publicada em 2014 e intitulada “Exploring the impact of customer feedback on the well-being of service entities: A TSR perspective”, é um estudo qualitativo exploratório que teve como objetivo investigar o impacto dos feedbacks positivos dos clientes no bem-estar dos funcionários (Nasr, Burton, Gruber, & Kitshoff, 2014). O segundo trabalho foi nomeado “When good news is bad news: the negative impact of positive customer feedback on front-line employee well-being” e também possui abordagem qualitativa, tendo como objetivo identificar se o feedback positivo do cliente pode ter um impacto negativo no bem-estar dos funcionários e das empresas (Nasr, Burton, & Gruber, 2015).

O segundo cluster é composto pelos autores Ostrom, Rayburn, Anderson, Bone e Rosenbaum. Os trabalhos neste cluster dedicam-se a compreender o bem-estar do consumidor. Contudo, os estudos desenvolvidos em colaboração por esses autores apresentam perspectivas diferentes: alguns trabalhos buscaram identificar o bem-estar do consumidor diante das intervenções de políticas eficazes relacionadas à imigração, cultura e etnia; outro estudo foi voltado para a prestação de serviço de organizações sociais; há também estudos focados na Bottom of the Pyramid (BoP); e por fim, estudos dedicados a examinar o consumo consciente e a influência dos estímulos extrínsecos e intrínsecos ao indivíduo.

O terceiro cluster é formado pelos autores Downey e Ozanne, cuja primeira colaboração foi publicada em 2012 com o título “Conceptualizing a transformative research agenda”, examinando o processo de pesquisa padrão a partir da perspectiva de transformative research para destacar as etapas do processo que podem ser adaptadas à sua orientação para a mudança social. O segundo trabalho, publicado em 2017, foi intitulado “Assessing the societal impact of research: The relational engagement approach” ( Ozanne et al., 2017Ozanne, J. L., Davis, B., Murray, J. B., Grier, S., Benmecheddal, A., Downey, H., . . . & Seregina, A. (2017). Assessing the societal impact of research: The relational engagement approach. Journal of Public Policy & Marketing, 36(1), 1-14. doi:10.1509/jppm.14.121
https://doi.org/10.1509/jppm.14.121...
). Neste estudo, os autores propõem a utilização de uma abordagem de engajamento envolvendo a cocriação de pesquisas da área de marketing com o público externo à academia.

O quarto cluster é formado pelos autores Tadajewski e Peñaloza, os quais publicaram sua primeira colaboração em 2014: “The discourses of marketing and development: towards ‘critical transformative marketing research”. Este ensaio teórico buscou entender a conexão existente entre desenvolvimento, marketing e Transformative Consumer Research. O segundo ensaio teórico produzido em conjunto foi publicado no ano seguinte, “Developing markets? Understanding the role of markets and development at the intersection of macromarketing and Transformative Consumer Research (TCR)”, apresentando uma estrutura conceitual sobre desenvolvimento, bem-estar e desigualdade.

O quinto grupo apresenta o maior número de autores, com destaque para Hamilton, Ekici, Saatcioglu, Coleman e Zayer. Uma parte dos trabalhos contidos nesta linha propõe uma abordagem de pesquisas transformadoras focadas nas experiências vividas na pobreza, exclusão social e vulnerabilidade. Outros artigos dedicam-se à compreensão de questões relacionadas a gênero, marcadores identitários e classes.

Rede de cocitação

A Figura 7 exibe a rede de cocitações de referências. Para tanto, foram considerados apenas os trabalhos com cinco citações, no mínimo. A cocitação é determinada quando duas referências são citadas simultaneamente por uma terceira. Quanto maior é o número de artigos que citam duas obras específicas simultaneamente, mais forte é a relação de cocitação entre estas.

Figura 7
Rede de cocitação

O primeiro cluster é composto por sete artigos, com destaque para o número de citações da obra de Ostrom et al. (2010)Ostrom, A. L., Bitner, M. J., Brown, S. W., Burkhard, K. A., Goul, M., Smith-Daniels, V., . . . & Rabinovich, E. (2010). Moving forward and making a difference: research priorities for the science of service. Journal of Service Research, 13(1), 4-36. doi:10.1177/1094670509357611
https://doi.org/10.1177/1094670509357611...
, intitulada “Moving forward and making a difference: research priorities for the science of service”, em que são apresentados os resultados encontrados pelos pesquisadores do Centro de Liderança em Serviço da Arizona State University, nos Estados Unidos, sobre as prioridades interdisciplinares de pesquisa em serviço. Este grupo é composto por obras que estudam a pesquisa em serviço, e os trabalhos são predominantemente realizados no contexto da área da saúde.

O segundo cluster identificado é formado por nove trabalhos, tendo Vargo e Lusch (2008)Vargo, S. L., Lusch, R. F. (2008). Service-dominant logic: continuing the evolution. Journal of the Academy of marketing Science, 36(1), 1-10. doi:10.1007/s11747-007-0069-6
https://doi.org/10.1007/s11747-007-0069-...
o texto mais citado, com o trabalho “Service-dominant logic: continuing the evolution”, onde os autores expandem a discussão introduzida em 2004 sobre a lógica dominante do serviço, atualizando as premissas e os encaminhamentos para futuros trabalhos. Ele agrupa trabalhos que abordam a lógica de serviços e o processo de geração de valor a partir da cocriação.

O último cluster identificado possui seis produções, e a obra mais citada é o trabalho de Ostrom et al. (2015)Ostrom, A. L., Parasuraman, A., Bowen, D. E., Patrício, L., Voss, C. A. (2015). Service research priorities in a rapidly changing context. Journal of Service Research, 18(2), 127-159. doi:10.1177/1094670515576315
https://doi.org/10.1177/1094670515576315...
, nomeada “Service research priorities in a rapidly changing context”, na qual os autores apresentam as novas prioridades de pesquisa em serviços a partir das mudanças que o campo sofreu ao longo dos anos. Os trabalhos alocados neste cluster elegem o movimento Transformative Service Research como um paradigma em ascensão na pesquisa de serviço.

Rede de acoplamento bibliográfico

A Figura 8 apresenta a rede de acoplamento bibliográfico. Kessler (1963)Kessler, M. M. (1963). Bibliographic coupling between scientific papers. American documentation, 14(1), 10-25. doi:10.1002/asi.5090140103
https://doi.org/10.1002/asi.5090140103...
salienta que dois autores (ou duas referências) são considerados(as) bibliograficamente acoplados(as) quando um terceiro autor (ou referência) for citado(a) simultaneamente pelos dois primeiros. Para a sua elaboração foram considerados os artigos com vinte ou mais citações, sendo obtidos 22 artigos agrupados em dois cluster s. De modo análogo ao que se discutiu em todas as visualizações de redes apresentadas até aqui, quanto menor a distância entre os círculos (nós), mais forte é a relação entre eles ( Van Eck & Waltman, 2017Van Eck, N. J., & Waltman, L. (2017). Citation-based clustering of publications using CitNetExplorer and VOSviewer. Scientometrics, 111(2), 1053-1070. doi:10.1007/s11192-017-2300-7
https://doi.org/10.1007/s11192-017-2300-...
). No caso a seguir, maior será o grau de acoplamento entre os autores, e o tamanho do círculo é dado com base no número de citações feitas à respectiva obra.

Figura 8
Redes de acoplamento bibliográfico

O primeiro cluster é formado por sete autores. O trabalho de Giesler e Veresiu (2014)Giesler, M., Veresiu, E. (2014). Creating the responsible consumer: Moralistic governance regimes and consumer subjectivity. Journal of Consumer Research, 41(3), 840-857. doi:10.1086/677842
https://doi.org/10.1086/677842...
, “Creating the responsible consumer: Moralistic governance regimes and consumer subjectivity”, é a obra que apresenta o maior número de citações (96) e é fortemente acoplado com os artigos de Crockett et al. (2013)Crockett, D., Downey, H., Fırat, A. F., Ozanne, J. L., Pettigrew, S. (2013). Conceptualizing a transformative research agenda. Journal of Business Research, 66(8), 1171-1178. doi:10.1016/j.jbusres.2012.08.009
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2012.0...
, Tadajewski et al. (2014)Tadajewski, M., Chelekis, J., DeBerry-Spence, B., Figueiredo, B., Kravets, O., Nuttavuthisit, K., . . . & Moisander, J. (2014). The discourses of marketing and development: Towards ‘critical transformative marketing research’. Journal of Marketing Management, 30(17/18), 1728-1771. doi:10.1080/0267257X.2014.952660
https://doi.org/10.1080/0267257X.2014.95...
e Gordon, Gurrieri e Chapman (2015). As obras contidas neste cluster concentram estudos sobre consumo de estilo de vida, consumidores de minorias raciais, vulnerabilidade dos consumidores e utilização de Transformative Consumer Research para melhoria das práticas e pesquisas de marketing.

O segundo cluster é composto por seis autores, com destaque para a obra de Anderson (2013), “Transformative service research: An agenda for the future”. Os trabalhos de Black e Gallan (2015)Black, H. G., Gallan, A. S. (2015). Transformative service networks: cocreated value as well-being. The Service Industries Journal, 35(15-16), 826-845. doi:10.1080/02642069.2015.1090978
https://doi.org/10.1080/02642069.2015.10...
e Sweeney et al. (2015)Sweeney, J. C., Danaher, T. S., McColl-Kennedy, J. R. (2015). Customer effort in value cocreation activities: Improving quality of life and behavioral intentions of health care customers. Journal of Service Research, 18(3), 318-335. doi:10.1177/1094670515572128
https://doi.org/10.1177/1094670515572128...
estão fortemente acoplados. As produções deste cluster apresentam semelhanças nos esforços de apresentar uma vasta revisão sobre as pesquisas no domínio do marketing de serviços e do bem-estar na prestação de serviços. Estes trabalhos também buscam analisar os potenciais impactos da cocriação de valor transformativa.

Análise das categorias temáticas

A Figura 9 indica as categorias temáticas que foram identificadas nos 105 trabalhos e a quantidade de obras referentes a cada área. Para a categorização, foi realizada inicialmente a leitura dos abstracts e, quando esta não foi suficiente, a leitura completa do artigo. Foram encontradas oito categorias. Para onze trabalhos que não se enquadravam em nenhuma destas categorias atribuiu-se o rótulo “Outros”.

Figura 9
Análise das categorias temáticas

A categoria com mais trabalhos é a de vulnerabilidade do consumidor (27), que ainda é a temática mais explorada pelas pesquisas que adotam as abordagens TCR e TSR. Os consumidores vulneráveis são pouco investigados em outras pesquisas de mainstream , ao passo que possuem voz na pesquisa transformativa. São consumidores em estado de pobreza, com escolhas limitadas, portadores de alguma necessidade especial, entre outros estados de vulnerabilidade.

Outro ponto importante de discussão na TCR e na TSR é o bem-estar do consumidor. 22 trabalhos discutem esta temática, seja buscando identificar fatores que afetam (e como eles afetam) o bem-estar do consumidor, seja investigando formas de promover esse bem-estar a partir do consumo e dos serviços. Outra temática relevante foi a formalização da TCR e TSR (quinze documentos), trilha de investigação que se preocupa em discutir a teorização destes paradigmas de pesquisa e sua estruturação ontológica, epistemológica e metodológica, e possibilitando uma fundamentação para estudos futuros.

Em “novas práticas de marketing” estão concentrados dez trabalhos que discutem a atuação do marketing a partir das perspectivas da TCR ou da TSR, apresentando novas técnicas de investigação e repensando perspectivas anteriores. “Iniciativas de cocriação” foi identificada como outra área temática, com oito obras que abordam este conceito. Seus autores buscam investigar os determinantes e as dinâmicas inerentes à cocriação de valor, bem como os aspectos relacionados ao engajamento do consumidor nesse processo. Alguns trabalhos discutiram os serviços sociais (5) a partir da ótica da pesquisa transformadora e o potencial destes serviços para transformar a vida dos consumidores.

Identificou-se ainda uma categoria relacionada ao bem-estar dos funcionários e seu impacto na prestação de serviços (4). Esta pesquisa incluiu trabalhos que investigam a influência do bem-estar dos funcionários do setor de serviços sobre a percepção de qualidade nas perspectivas organizacional e do consumidor. Por fim, algumas pesquisas se preocuparam em discorrer sobre cultura e etnia (3) a partir de uma abordagem transformadora. Estes grupos são pouco pesquisados no contexto de consumo, mas são relevantes para a pesquisa transformadora.

Diante da categorização realizada, foi possível identificar que as temáticas das áreas de TCR e TSR identificadas na base Scopus não se restringem àquelas originalmente propostas da Transformative Consumer Research, abordando outras temáticas e ampliando o escopo do movimento de pesquisa, que inicialmente se preocupava com consumidores vulneráveis, consumo de drogas lícitas (cigarro, álcool) e ilícitas, apostas, nutrição e obesidade, violência em filmes e jogos de computadores, decisões médicas e financeiras, segurança de produtos, comportamentos de proteção ambiental e doação de órgãos. Ao avaliar as temáticas pesquisadas, é possível identificar que o escopo sofreu uma expansão, e, com a popularidade do movimento de pesquisa, outras temáticas poderão ser discutidas com maior profundidade.

Vale mencionar, no entanto, que o bem-estar do consumidor e os consumidores vulneráveis ainda são as áreas de maior destaque no campo, alinhadas à proposta inicial deste movimento de pesquisa. Porém, é possível identificar a diversidade do campo e o desenvolvimento de novas temáticas além das propostas iniciais da teoria.

Análise de conteúdo das bases nacionais

Na Tabela 6 são apresentadas as obras nacionais que abordam a TCR e a TSR. A análise permitiu identificar quais obras, autores e periódicos têm mais influência sobre a temática, bem como quais os objetivos de estudos, métodos utilizados, resultados alcançados e limitações enfrentadas.

Tabela 6
Trabalhos nacionais

Complementando a revisão sobre o tema, nota-se que a maioria dos nove estudos nacionais são ensaios teóricos (cinco). A produção mais antiga foi publicada em 2013; o ano de 2014 não apresentou nenhuma publicação; e o ano de 2018 apresentou o maior número de publicações (quatro). A Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, com classificação Qualis B2, e a Organizações & Sociedade , com Qualis A2, apresentam duas publicações em seus periódicos. Os autores Coelho, Casotti, Pinto, Ássimos, Almeida e Batinga apresentam duas publicações. Cabe destacar que os seis autores citados trabalharam em parceria em algumas produções.

Considerações finais

Este trabalho teve como objetivo traçar um panorama da produção científica sobre Transformative Consumer Research (TCR) e Transformative Service Research (TSR), identificando as publicações mais relevantes, os principais autores, instituições, áreas temáticas estudadas e metodologias empregadas. A partir da análise da base de dados e leitura dos abstracts de todos os trabalhos, foi possível identificar algumas temáticas que são propostas pela ideia inicial da TCR e que foram, até agora, pouco exploradas, podendo ser consideradas em pesquisas futuras.

São relevantes os estudos voltados ao meio ambiente e à adoção de estratégias de consumo sustentáveis, analisando as dificuldades, impactos e o bem-estar proporcionado por esta mudança de comportamento. Esses estudos são capazes de analisar o comportamento sustentável de forma crítica, investigando a busca por um sentimento de bem-estar individual a partir da sensação de fazer algo correto; e do bem-estar coletivo, incluindo uma preocupação holística com o meio ambiente; além de avaliar que razões levam as organizações a se engajar na promoção do consumo sustentável: se uma genuína preocupação com o bem-estar social ou uma estratégia pragmática de conformação ao arcabouço e às implicações legais.

Praticamente todas as negociações mercadológicas contemporâneas (B2C, B2B, B2E, B2G, B2B2C, C2C e Marketplace) experimentam algum tipo de influência tecnológica. No entanto, não foram identificadas muitas pesquisas com o objetivo de compreender os efeitos derivados da tecnologia. É pertinente o desenvolvimento de pesquisas que busquem identificar as consequências da “invasão” tecnológica na rotina dos consumidores. Nota-se uma literatura muito restrita com o propósito de avaliar como serviços, antes realizados por indivíduos e hoje prestados pela internet, afetam o bem-estar do consumidor, seja na perspectiva positiva da facilidade ou pelo aspecto da ausência de interação entre as pessoas. Também devem ser investigadas a influência na vida dos colaboradores, aqueles funcionários que tiveram seus empregos substituídos pela tecnologia ou que através destes avanços tiveram novas oportunidades. Além dos efeitos da tecnologia, uma área que carece de maior análise e compreensão é a pesquisa sobre o comportamento de consumo pró-social e os seus efeitos sobre o bem-estar destes consumidores.

O Brasil é uma democracia relativamente recente que possui uma economia em transição. Estes aspectos forjam um contexto relevante para o desenvolvimento da pesquisa em TCR e TSR. No entanto, com base nos documentos encontrados, a pesquisa no país ainda se encontra em estágio embrionário. Algumas temáticas particulares do Brasil podem servir como guia para a expansão da pesquisa no contexto acadêmico nacional.

No que concerne aos aspectos de serviços bancários, sociais e de saúde particulares, pesquisadores em TSR no Brasil podem investigar o efeito de programas de crédito individual e de incentivo ao empreendedorismo nos indivíduos que demandam estes serviços e seu potencial de transformação da vida destes consumidores. Há ainda programas de transferência direta de renda como o Bolsa Família, que é responsável pela distribuição de renda para famílias carentes e que possibilita a inclusão deste público em situação de vulnerabilidade econômica na sociedade e no mercado. No contexto da saúde, o país possui um Sistema Único de Saúde (SUS) que pode ser objeto de pesquisas para investigar os efeitos das políticas públicas de saúde sobre as características de consumo de seus usuários, podendo trazer importantes descobertas para a atuação governamental e outros stakeholders interessados.

Políticas públicas de proteção ambiental e atuação de ONGs no desenvolvimento sustentável é um tópico que também pode ser abordado nas pesquisas nacionais e cujos resultados podem ser úteis em nível internacional. De uma perspectiva social, um tema que gera inúmeros debates e que pode ser tópico de pesquisas em TCR e TSR são as políticas de ações afirmativas, que ajudam indivíduos em condição de vulnerabilidade social e/ou econômica a ter acesso à universidade e a cargos públicos, entre outras esferas da sociedade.

Em uma abordagem mais gerencial, o Brasil possui uma considerável base de pesquisadores em gestão social, uma ótica diferente de gerenciamento que impacta na vida dos gestores e dos funcionários. A pesquisa transformativa pode ser capaz de identificar os efeitos de políticas de gestão social no bem-estar de gestores, de funcionários e de territórios, provocando insights importantes para o desenvolvimento de políticas públicas e para a difusão da pesquisa transformativa e em gestão social.

Quanto à construção teórica do movimento, fica evidente o esforço dos pesquisadores em apresentar as características destas pesquisas, indicando novos métodos de investigação e de difusão de seus resultados de forma mais eficiente, atingindo os stakeholders relevantes e provocando a transformação proposta pelo movimento. Para o desenvolvimento da pesquisa no país, é necessário que as premissas estabelecidas pelo movimento sejam difundidas no contexto acadêmico. Programas de pós-graduação na área de marketing e administração precisam adicionar disciplinas específicas para a formação de pesquisadores com uma visão científica do movimento e com ferramentas metodológicas necessárias para o desenvolvimento de estudos em TCR e TSR.

O maior congresso científico brasileiro na área, o Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD), já possui uma track específica para trabalhos em Transformative Consumer Research. Periódicos nacionais, como a revista Organização & Sociedade e a Revista Eletrônica de Gestão Organizacional , abordam a gestão em uma perspectiva crítica e epistemológica da ciência, e têm o potencial de servir como catalisadores da produção nessas áreas no país. Além disso, é necessária a reafirmação da importância desses movimentos no contexto social, ratificando o potencial da pesquisa em provocar transformações em diferentes campos.

A pesquisa transformativa no Brasil precisa ser reconhecida pela interdisciplinaridade de conhecimento que preconiza e pela modificação de paradigmas que pode proporcionar. Quando os pesquisadores reconhecerem o papel deste movimento de pesquisa e assumirem sua função como advogados dos consumidores, será possível chegar em seu objetivo fundamental: provocar a mudança social. A pesquisa transformativa lida com os problemas do cotidiano dos indivíduos, e os resultados precisam provocar mudança em nível individual e coletivo, promovendo intervenções sociais e políticas.

Essa pesquisa possui algumas limitações, sendo a principal delas a escolha das bases analisadas. Por mais amplas que sejam Scopus, SPELL e SciELO, outras fontes de dados poderiam ser exploradas como forma de expandir o número de documentos encontrados. Sugere-se que em pesquisas futuras os pesquisadores ampliem a busca por trabalhos a partir de fontes adicionais. Além disso, uma revisão sistemática pode ser realizada para identificar se os trabalhos presentes na base seguem as características propostas pelos proponentes do movimento TCR/TSR, avaliando também as contribuições sociais propiciadas pelos trabalhos.

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  • Verificação de plágio
    A O&S submete todos os documentos aprovados para a publicação à verificação de plágio, mediante o uso de ferramenta específica.
  • Disponibilidade de dados
    A O&S incentiva o compartilhamento de dados. Entretanto, por respeito a ditames éticos, não requer a divulgação de qualquer meio de identificação dos participantes de pesquisa, preservando plenamente sua privacidade. A prática do open data busca assegurar a transparência dos resultados da pesquisa, sem que seja revelada a identidade dos participantes da pesquisa.
  • Financiamento: Os autores não receberam apoio financeiro para a pesquisa, autoria ou publicação deste artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021

Histórico

  • Recebido
    17 Maio 2019
  • Aceito
    21 Maio 2020
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