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CONCEPÇÃO DE CORPOREIDADE/SUBJETIVIDADE HUMANA: CONTRIBUIÇÃO DA EPISTEMOLOGIA COMPLEXA PARA O CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

CONCEPCIÓN DE CORPOREIDAD/SUBJETIVIDAD HUMANA: CONTRIBUCIÓN DE LA EPISTEMOLOGÍA COMPLEJA AL CAMPO DE LA EDUCACIÓN FÍSICA

Resumo

Este ensaio tem como objetivo avançar nos diálogos entre a epistemologia complexa e o campo de conhecimento da Educação Física, a partir da concepção de corporeidade/subjetividade humana. Trata-se de um estudo teórico realizado mediante pesquisa bibliográfica da obra de Edgar Morin, sobretudo, dos seis volumes de O método, com o qual se fundamentou a referida proposta. Contextualizou-se o cenário dos debates acerca do tema da corporeidade no campo da Educação Física, no qual se intenciona introduzir a concepção em questão. Esta concepção é o resultado da articulação teórica dos conceitos de corporeidade/subjetividade do indivíduo e de subjetividade social. Com essa proposição, que assume o paradigma dos sistemas complexos auto-organizados, espera-se estabelecer diálogos com outras perspectivas teóricas, pontes com outras áreas do conhecimento e apontar caminhos para pensar a prática pedagógica nas suas diferentes áreas de atuação.

Palavras-chave:
Corpo humano; Epistemologia; Educação Física.

Resumen

El objetivo de este ensayo es avanzar en los diálogos entre la epistemología compleja y el campo de conocimiento de la Educación Física, a partir de la concepción de corporeidad/subjetividad humana. Se trata de un estudio teórico realizado mediante investigación bibliográfica de la obra de Edgar Morin, sobre todo de los seis tomos de "El método", con el cual se fundamentó dicha propuesta. Se contextualizó el escenario de los debates sobre el tema de la corporeidad en el campo de la Educación Física, donde se pretende introducir esa concepción. Esta concepción es el resultado de la articulación teórica de los conceptos de corporeidad/subjetividad del individuo y de subjetividad social. Con esta proposición, que asume el paradigma de los sistemas complejos autoorganizados, se espera establecer diálogos con otras perspectivas teóricas, puentes con otras áreas del conocimiento y señalar caminos para pensar la práctica pedagógica en sus diferentes áreas de actuación.

Palabras clave:
Cuerpo humano; Epistemología; Educación Física.

Abstract

This essay aims to advance in the dialogues between complex epistemology and the field of knowledge of Physical Education, from the conception of human corporeality/subjectivity. This is a theoretical study carried out through bibliographic research on the work of Edgar Morin, especially the six volumes of The Method, on which this proposal was based. The scenario of debates on the theme of corporeality in the field of Physical Education was contextualised, in which it is intended to introduce the concept in question. This conception is the result of the theoretical articulation of the concepts of corporeality/subjectivity of the individual and of social subjectivity. With this proposition that assumes the paradigm of self-organised complex systems, it is hoped to establish dialogues with other theoretical perspectives, bridges with other areas of knowledge and to point out ways to think about pedagogical practice in its different areas of professional acting.

Keywords:
Human Body; Epistemology; Physical Education.

1 INTRODUÇÃO1 1 Este ensaio é desdobramento da tese do autor intitulada Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/40298. Acesso em: 25 jun. 2022.

A década de 1980 é um marco para o início dos debates e reflexões (MEDINA, 1989MEDINA, João Paulo S. A Educação Física cuida do corpo... e “mente. 8. ed. Campinas: Papirus, 1989.; OLIVEIRA, 2006OLIVEIRA, Vítor Marinho de. O que é Educação Física? 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. (original publicado em 1983).) que advertem para a necessidade de pensar os fundamentos filosóficos da Educação Física (EF) brasileira. Mais especificamente, na segunda metade da década de 1980, inicia-se o debate epistemológico e com ele as discussões acerca do tema da corporeidade (SÉRGIO, 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989.; SANTIN, 1987SANTIN, Silvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1987.).

Como se sabe, os anos 1980 são considerados como o momento inicial da “crise de identidade” da EF brasileira, enquanto área do conhecimento humano (DAOLIO, 1998DAOLIO, Jocimar. Educação Física brasileira: autores e atores da década de 1980. Campinas: Papirus,1998.; MEDINA, 1989MEDINA, João Paulo S. A Educação Física cuida do corpo... e “mente. 8. ed. Campinas: Papirus, 1989.). Nesse cenário, o tema da corporeidade assumiu um lugar de relevância dando destaque a uma reflexão filosófica do corpo, no sentido de problematizar a concepção de corpo assumida na produção do conhecimento dessa área. Problematização essa indissociável da concepção de ser humano subjacente à ideia de corpo, um dos pressupostos filosóficos a serem considerados em qualquer proposta teórica para a EF.

Conforme evidencia Nóbrega, Mendes e Gleyse (2016)NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; MENDES, Maria Isabel Brandão de Souza; GLEYSE, Jacques. Compreensões de corpo na educação física: análise de conteúdo das revistas EPS (França) e RBCE (Brasil). Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 38, n. 3, jul./set. p. 227-234, 2016. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/download/1803/1224. Acesso em: 9 fev. 2021.
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, até esse momento histórico, a noção de corpo predominante era de fundamentação biológica e calcada no dualismo corpo-mente. Com o surgimento das reflexões filosóficas relacionadas às questões epistemológicas e aos aspectos antropológicos, sociológicos, históricos e psicológicos da noção de corpo, o tema da corporeidade emerge trazendo uma nova perspectiva para pensar a EF, os Esportes e o Lazer no Brasil. Tal perspectiva, delineada a partir do tema da corporeidade, é fundamentada, principalmente, nas ideias do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, tendo como mediadores o filósofo português Manuel Sérgio (1987SÉRGIO, Manuel. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987., 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989., 1995aSÉRGIO, Manuel. Motricidade Humana: um paradigma emergente. Blumenau: Ed. FURB, 1995a.) e o filósofo brasileiro Silvino Santin (1987SANTIN, Silvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1987., 1990SANTIN, Silvino. Aspectos filosóficos da corporeidade. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.11, n. 2, p. 136-145, 1990. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/issue/view/58. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, 2006SANTIN, Silvino. Perspectivas na visão da corporeidade. In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Educação Física & Esporte: perspectivas para o século XXI. 13. ed. Campinas: Papirus, 2006. p. 51-69.).

Trazendo contribuições para pensar a EF no contexto escolar, e também buscando inspiração na fenomenologia do mesmo pensador francês, Moreira (1995a)MOREIRA, Wagner Wey. Educação física escolar: uma abordagem fenomenológica. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995a. e KUNZ (2012)KUNZ, Elenor. Educação física: ensino e mudanças. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2012. desenvolveram reflexões filosóficas sobre a ideia de corporeidade. Além desses dois autores, outros vão aparecendo nesse cenário da EF no final do século XX e início do século XXI, conforme será exposto neste ensaio. O mais importante a ser destacado é que para esses diferentes autores o tema da corporeidade é pensado à luz da tradição fenomenológica advinda de Edmund Husserl (1859-1938).

O interessante é que, apesar desses debates sobre a corporeidade tender a certa hegemonia da fenomenologia de Merleau-Ponty (ALMEIDA; BRACHT; GHIDETTI, 2013), nessa mesma época é apresentada ao campo de conhecimento da EF uma discussão sobre o corpo influenciada pela epistemologia complexa proposta por Edgar Morin. Ainda que não tenha assumido a noção de corporeidade como aspecto central em sua discussão, mas sim a ideia de motricidade, João Batista Freire (1991)FREIRE, João Batista. De corpo e alma: o discurso da motricidade. São Paulo: Summus, 1991. é o primeiro autor brasileiro a apresentar e explorar algumas contribuições deste outro pensador francês para pensar o corpo na EF.

Antes de Freire, Manuel Sérgio já havia se apropriado de contribuições das ideias de Edgar Morin para elaborar a epistemologia de uma Ciência da Motricidade Humana (CMH), sem, contudo, explorá-las para pensar a corporeidade. Após Freire, surgirão outros autores brasileiros (MOREIRA et al., 2006MOREIRA, Wagner Wey et al. Corporeidade aprendente: a complexidade do aprender viver. In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: Papirus, 2006. p. 137-154.; NÓBREGA; MOREIRA, 1999NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; MOREIRA, Wagner Wey. Para uma teoria da corporeidade: um diálogo com Merleau-Ponty e o pensamento complexo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 20, n. 2-3, abr./set. p. 173, 1999. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/issue/view/86. Acesso em: 9 fev. 2021.
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; NÓBREGA, 2010NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Uma fenomenologia do corpo. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010.) que apontam na direção de problematizar a questão do corpo e pensar o tema da corporeidade estabelecendo algum diálogo com a teoria da complexidade. Além ainda de outros autores (ANJOS, 2010ANJOS, Rogério. Introdução à ciência da motricidade humana. In: MEDINA, João Paulo S. A Educação Física cuida do corpo... e “mente”: novas contribuições e desafios do século XXI. 25. ed. Campinas: Papirus, 2010.; DACOSTA; DUARTE, 2003DACOSTA, Lamartine Pereira; DUARTE, Cátia Pereira. O debate epistemológico da Educação Física no âmbito dos cursos de pós-graduação stricto sensu reinterpretado por contribuições da teoria da complexidade de Morin. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 24, n. 2, p. 147-159, jan. 2003. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/363. Acesso em: 22 mar. 2014.
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; GAYA, 2006GAYA, Adroaldo. A reinvenção dos corpos: por uma pedagogia da complexidade. Sociologias, ano 8, n. 15, jan./jun., p. 250-272, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/3ZS39XpQh6Fb3h8XfnTd7hv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 3 fev. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-45222006000100009.
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, 2008GAYA, Adroaldo. As ciências do movimento humano. In: GAYA, Adroaldo (org.). Ciências do movimento humano: introdução à metodologia da pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2008.; SÉRGIO, 1987SÉRGIO, Manuel. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987., 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989., 1999SÉRGIO, Manuel. Um corte epistemológico: da educação física à motricidade humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.; TUBINO, 2002TUBINO, Manoel. As teorias da Educação Física e do Esporte: uma abordagem epistemológica. São Paulo: Manole, 2002.) que buscaram desenvolver uma discussão epistemológica no campo da EF a partir das ideias de Edgar Morin, com a intenção de contribuir, principalmente, para os desafios do delineamento de um objeto de estudo para esta área.

De um modo geral, este ensaio se situa neste cenário de discussões que buscam explorar as ideias de Edgar Morin para o campo da EF. Mais especificamente, na intenção de enfrentar o desafio ontológico e epistemológico de propor para a EF uma concepção de corporeidade fundamentada nas ideias deste autor e delineada por João e Brito (2004)JOÃO, Renato Bastos; BRITO, Marcelo de. Pensando a corporeidade na prática pedagógica em educação física à luz do pensamento complexo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.18, p. 213-301, 2004. e João (2018JOÃO, Renato Bastos. Contribuições à ciência da motricidade humana: por uma concepção de corporeidade à luz do pensamento complexo. In: FERES NETO, Alfredo (org.) Motricidade humana: novos olhares e outras práticas: à luz da transdisciplinaridade e das ciências emergentes. Curitiba: Appris, 2018., 2019JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e epistemologia da complexidade: por uma prática educativa vivencial. Educação e Pesquisa, 45, 1-17, 2019. https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945193169. Acesso em: mar. 2019
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, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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), elege-se como objetivo deste ensaio: avançar nos diálogos entre a epistemologia complexa e o campo de conhecimento da EF a partir da concepção de corporeidade/subjetividade humana.

2 O TEMA DA CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

Sem a intenção de apresentar uma revisão de literatura e sem desenvolver uma discussão acerca das ideias que as fundamentam, busca-se apenas indicar e delinear em linhas gerais as perspectivas nas quais foram fundamentadas as concepções de corporeidade na EF brasileira.

De acordo com alguns estudos nesse campo do conhecimento (ALMEIDA; BRACHT; GHIDETTI, 2013; NÓBREGA; ANDRIEU, 2018NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; ANDRIEU, Bernard. Corpo, Educação Física e Esporte: estudos franceses e brasileiros no período de 1970-1990. Movimento, v. 24, n. 1, p. 305-318, jan./mar. de 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.75177. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/75177. Acesso em: 3 mar. 2021.
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; NÓBREGA; MENDES; GLEYSE, 2016; NÓBREGA; SILVA; LIMA NETO, 2015NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; SILVA, Liege Monique Filgueiras da; LIMA NETO, Avelino Aldo de. Movimentos do pensamento: cenários da filosofia do corpo no Brasil. Dialektiké, v. 1, n. 2, p. 38-49, 2015. DOI: https://doi.org/10.15628/dialektike.2015.3047. Disponível em https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/dialektike/article/view/3047. Acesso em: 15 fev. 2021.
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), ainda que não seja exclusiva, é a perspectiva fenomenológica existencialista de Maurice Merleau-Ponty que fundamenta, predominantemente, as discussões acerca da corporeidade. Conforme apontam esses mesmos estudos, os precursores desse debate na EF brasileira são Manuel Sérgio e Silvino Santin.

O filósofo português explora as ideias de Merleau-Ponty, no que concerne a uma concepção de corporeidade, para fundamentar o objeto de estudo da CMH: as condutas motoras (SÉRGIO, 1987SÉRGIO, Manuel. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987., 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989., 1995aSÉRGIO, Manuel. Motricidade Humana: um paradigma emergente. Blumenau: Ed. FURB, 1995a., 1999). Cabe esclarecer que Manuel Sérgio utiliza as ideias de Edgar Morin para defender a necessidade da CMH assumir uma concepção de ser humano - subjacente à noção de condutas motoras -, a partir da articulação do que é físico, biológico e antropossociológico.

Entre os autores brasileiros, Santin (1987SANTIN, Silvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1987., 1990SANTIN, Silvino. Aspectos filosóficos da corporeidade. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.11, n. 2, p. 136-145, 1990. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/issue/view/58. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, 1994SANTIN, Silvino. Educação física: da alegria do lúdico à opressão do rendimento. Porto Alegre: EST/ESEF-UFRGS, 1994., 2006) é o primeiro a estabelecer a ponte entre uma visão fenomenológica merleau-pontyana da corporeidade e a EF, explorando essas ideias de um modo semelhante e também pontual, como fez Sérgio (ALMEIDA; BRACHT; GHIDETTI, 2013). Com essa visão, o autor propõe uma redefinição da concepção de ser humano compreendida em sua unidade e como intencionalidade imanente presente no movimento, no gesto e na expressão, em contraposição à visão reducionista propagada pela perspectiva biologicista do corpo dominante na EF brasileira até os anos 1980.

Outro autor brasileiro importante a propor uma discussão dos aspectos filosóficos da corporeidade para a EF é Wagner Wey Moreira (1995aMOREIRA, Wagner Wey. Educação física escolar: uma abordagem fenomenológica. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995a.; 1995bMOREIRA, Wagner Wey. Corpo presente num olhar panorâmico. In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Corpo Pressente. Campinas: Papirus, 1995b. p. 17-36.; 2019MOREIRA, Wagner Wey. Merleau-Ponty na sala de aula e na beira do campo: contribuições para a área da Educação Física/Esportes. In: NÓBREGA, Terezinha Petrucia; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira (org.). Merleau-Ponty e a Educação Física. São Paulo: Liber Ars, 2019. p. 21-37.). Em sua longa trajetória ainda em curso para pensar a corporeidade (GONÇALVES-SILVA et. al., 2016GONÇALVES-SILVA, Luiza Lana et al. Reflexões sobre corporeidade no contexto da educação integral. Educação em Revista, v.32, n.0, p. 185-209, Jan./Mar., 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698144794. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/H6PNWRLw3Bt98YzyC6vqqvC/?lang=pt. Acesso em: 7 mar. 2021.
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; MOREIRA; BOTELHO, 2021MOREIRA, Wagner Wey; BOTELHO, Rafael Guimarães. Corpo/corporeidade e ciência/tecnologia: encontros e/ou desencontros? Argumentos: Revista de Filosofia/UFC, ano 13, n. 25, p. 332-343, jan./jun. 2021. DOI: https://doi.org/10.36517/Argumentos.25.22. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/60063/162509. Acesso em: 17 marc. 2021.
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; MOREIRA; CAMPOS; SIMÕES, 2019MOREIRA, Wagner Wey; CAMPOS, Marcus Vinicius Simões de; SIMÕES, Regina. Motricidade, Corporeidade e Complexidade: diálogos a partir do hemisfério sul. Motricidades, v. 3, n. 3, p. 167-176, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2019-v3-n3-p167-176 . Acesso em: 17 marc. 2021.
https://www.motricidades.org/journal/ind...
; MOREIRA; CHAVES; SIMÕES, 2017MOREIRA, Wagner Wey; CHAVES, Aline Dessupoio; SIMÕES, Regina Maria Rovigati. Corporeidade: uma base epistemológica para a ação da Educação Física. Motrivivência, v. 29, n. 50, p. 202-212, maio, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p202. Acesso em: 7 mar. 2021.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
; MOREIRA; NOBREGA, 2008MOREIRA, Wagner Wey; NOBREGA, Terezinha Petrucia da. Fenomenologia, educação física, desporto e motricidade: convergências necessárias. Cronos, v. 9, n. 2, p. 349-360, jul./dez. 2008. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/1781. Acesso em: 3 mar. 2021.
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; MOREIRA; SCAGLIA; CAMPOS, 2017MOREIRA, Wagner Wey; SCAGLIA, Alcides José; CAMPOS, Marcus Vinícius Simões de. Corporeidade e motricidade na pedagogia do esporte: conhecimento e atitude indispensáveis para o ensino fundamental. Motricidades, v. 1, n. 1, p. 42-51, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2017-v1-n1-p42-51 Acesso em: 17 mar. 2021.
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; SANTOS; REIS; MOREIRA, 2020SANTOS, José Carlos dos; REIS, Laudeth Alves dos; MOREIRA, Wagner Wey Moreira. Corporeidade aprendente na escola: por uma abordagem fenomenológica em educação. Revista Cocar, v. 14 n. 30, p. 1-21, Set./Dez, 2020. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/3745. Acesso em: 17 mar. 2021.
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), este autor também se baseia na fenomenologia de Merleau-Ponty. Sua incursão nessas ideias se dá de uma forma semelhante aos dois autores mencionados anteriormente. Isto é, explora alguns conceitos-chave e destaca a noção de corporeidade como alternativa teórica para uma concepção da unidade humana. No entanto, também não aproveita mais profunda e extensamente a obra do filósofo francês. Ainda sobre este autor, é importante explicitar que suas reflexões acerca da corporeidade tangenciaram em alguma medida as ideias de Edgar Morin, para contextualizar o cenário epistemológico dos seus escritos, mas sem explorá-las para fundamentar diretamente esta noção (MOREIRA et al., 2006MOREIRA, Wagner Wey et al. Corporeidade aprendente: a complexidade do aprender viver. In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: Papirus, 2006. p. 137-154.; MOREIRA; BOTELHO, 2021MOREIRA, Wagner Wey; BOTELHO, Rafael Guimarães. Corpo/corporeidade e ciência/tecnologia: encontros e/ou desencontros? Argumentos: Revista de Filosofia/UFC, ano 13, n. 25, p. 332-343, jan./jun. 2021. DOI: https://doi.org/10.36517/Argumentos.25.22. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/60063/162509. Acesso em: 17 marc. 2021.
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; MOREIRA; CAMPOS; SIMÕES, 2019MOREIRA, Wagner Wey; CAMPOS, Marcus Vinicius Simões de; SIMÕES, Regina. Motricidade, Corporeidade e Complexidade: diálogos a partir do hemisfério sul. Motricidades, v. 3, n. 3, p. 167-176, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2019-v3-n3-p167-176 . Acesso em: 17 marc. 2021.
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; MOREIRA; CHAVES; SIMÕES, 2017MOREIRA, Wagner Wey; SCAGLIA, Alcides José; CAMPOS, Marcus Vinícius Simões de. Corporeidade e motricidade na pedagogia do esporte: conhecimento e atitude indispensáveis para o ensino fundamental. Motricidades, v. 1, n. 1, p. 42-51, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2017-v1-n1-p42-51 Acesso em: 17 mar. 2021.
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).

Um terceiro autor brasileiro que participa do debate acerca da ideia de corporeidade é Elenor Kunz (2000aKUNZ, Elenor. Esporte: uma abordagem com a fenomenologia. Movimento, v. 6, n. 12, p. I-XIII, 2000a. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.2503. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2503. Acesso em: 20 mar. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.2503...
, 2000bKUNZ, Elenor. Kinein: o movimento humano como tema. Kinein: Revista Eletrônica de Estudo do Movimento Humano, v. 1, n. 1, dez., 2000b. Disponível em: https://kinein.sites.ufsc.br/edit01/artigo1.pdf. Acesso: 20 mar. 2021.
https://kinein.sites.ufsc.br/edit01/arti...
, 2012), ainda que o termo não seja explorado de maneira explícita nos títulos dos seus escritos. O mais relevante da sua contribuição é o desenvolvimento de uma discussão mais aprofundada no sentido de utilizar um repertório mais amplo de conceitos fenomenológicos a partir de Merleau-Ponty (ARAUJO; DOMINGUES; KUNZ; SURDI, 2010ARAÚJO, Lísia Costa Gonçalves de; DOMINGUES, Soraya Corrêa; KUNZ, Elenor. SURDI, Aguinaldo Cesar. Ontologia do movimento humano: teoria do “se-movimentar” humano. Pensar a Prática, v. 13, n. 3, p. 112, set./dez. 2010. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v13i3.9782. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/9782/8388. Acesso em: 21 mar. 2021.
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; BETTI; KUNZ; ARAUJO; GOMES-DA-SILVA, 2007BETTI, Mauro; KUNZ, Elenor; ARAUJO, Lísia C. Gonçalves de; GOMES-DA-SILVA, Eliane. Por uma didática da possibilidade: implicações da fenomenologia de Merleau-Ponty para a Educação Física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 28, n. 2, p. 39-53, jan., 2007. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/54. Acesso em: 27 mar. 2021.
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; KUNZ; PEREIRA, 2019KUNZ, Elenor; PEREIRA, Danieli Alves. A Educação Física vista pela Fenomenologia. In: NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. (org.). Merleau-Ponty e a Educação Física. São Paulo: Liber Ars, 2019. p. 39-55.), assim como também de Husserl (PEREIRA; SURDI; KUNZ, 2010PEREIRA, Danieli Alves; SURDI, Aguinaldo Cesar; KUNZ, Elenor. Contribuições e possibilidades da fenomenologia na construção do conhecimento em Educação Física. EFDeportes.com: Revista Digital, ano 15, n. 148, setembro, 2010. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd148/construcao-do-conhecimento-em-educacao-fisica.htm. Acesso em: 21 mar. 2021.
https://www.efdeportes.com/efd148/constr...
; SURDI; KUNZ, 2009SURDI, Aguinaldo César; KUNZ, Elenor. A Fenomenologia como fundamentação para o Movimento Humano significativo. Movimento, v. 15, n. 2, p. 187-210, abr./jun., 2009. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.3054. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/3054/5141. Acesso em: 21 mar. 2021.
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, 2010SURDI, Aguinaldo Cesar; KUNZ, Elenor. Fenomenologia, movimento humano e a educação física. Movimento, v. 16, n. 4, p. 263-290, out./dez. de 2010. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.16075. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/16075/10855. Acesso em: 21 mar. 2021.
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), precursor da fenomenologia e ponto de partida das ideias do filósofo francês.

Em virtude das importantes contribuições que tem oferecido às discussões sobre a corporeidade no campo da EF brasileira, merece destaque a autora Terezinha Petrucia da Nóbrega. Em toda sua produção acadêmica desde seu mestrado em Educação, publicada no ano de 2000 no livro Corporeidade e educação física: do corpo objeto ao corpo-sujeito (NÓBREGA, 2019NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. A atitude fenomenológica: o corpo-sujeito. In: NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira (org.). Merleau-Ponty e a Educação Física. São Paulo: Liber Ars, 2019. p. 69-91.), passando por sua tese de doutorado intitulada “Para uma teoria da corporeidade: um diálogo com Merleau-Ponty e o pensamento complexo” de 1999, e atravessando as duas primeiras décadas deste século (NÓBREGA, 2000NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Merleau-Ponty: o corpo como obra de arte. Princípios, v. 7, n.8, p. 95-108, jan./dez., 2000., 2005NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Qual o lugar do corpo na educação? Notas sobre conhecimento, processos cognitivos e currículo. Educação e Sociedade, v. 26, n. 91, pp. 599-615, ago., 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302005000200015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/t5CV6czxDQfbXBJ9xNCmgjj/?lang=pt. Acesso em: 15 fev. 2021.
https://doi.org/10.1590/S0101-7330200500...
, 2008NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Merleau-Ponty o corpo como obra de arte e a inexatidão da verdade. Cronos, v. 9, n. 2, pp. 393-403, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/1784/pdf_34. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, 2010, 2014NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Corpo e natureza em Merleau-Ponty. Movimento, v. 20, n. 3, p. 1175-1196, jul./set. de 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.42753. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/42753/31605. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, 2016NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Corporeidades: inspirações merleau-pontianas. Natal: IFRN, 2016., 2019; MOREIRA; NÓBREGA, 2008NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Merleau-Ponty o corpo como obra de arte e a inexatidão da verdade. Cronos, v. 9, n. 2, pp. 393-403, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/1784/pdf_34. Acesso em: 15 fev. 2021.
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), advoga e estabelece uma concepção de corporeidade para o campo da EF fundamentada nas ideias de Merleau-Ponty.

Seu trabalho se destaca, conforme analisam Almeida, Bracht e Ghidetti (2013)ALMEIDA, Felipe Quintão de; BRACHT, Valter; GHIDETTI, Filipe Ferreira. A presença da fenomenologia na educação física brasileira: implicações para o estudo do corpo e outras problematizações. Educación Física y Ciencia, v. 15, n. 2, p. 1-16, 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=439942658001. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, pelo tratamento conceitual mais aprofundado e amplo da obra do filósofo francês, permitindo uma discussão mais rigorosa acerca da ideia de corporeidade. Além disso, explora noções que apontam para o diálogo entre Merleau-Ponty e outras áreas do conhecimento como as ciências cognitivas e a filosofia da mente e também discute algumas ambiguidades na obra deste filósofo.

No que concerne aos diálogos com as ideias de Edgar Morin, destaca-se sua tese de doutorado, citada acima, na qual propõe uma noção de corporeidade como campo de saber transdisciplinar, campo entendido como aquilo que emerge da capacidade interpretativa do ser vivo desde o nível celular até o nível simbólico e transcendente (NÓBREGA; MOREIRA, 1999NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; MOREIRA, Wagner Wey. Para uma teoria da corporeidade: um diálogo com Merleau-Ponty e o pensamento complexo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 20, n. 2-3, abr./set. p. 173, 1999. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/issue/view/86. Acesso em: 9 fev. 2021.
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). Esta perspectiva se coaduna com a proposta de uma concepção de corporeidade/subjetividade que aqui será apresentada. Contudo, no desenvolvimento das suas ideias, a autora se distância das ideias de Morin e se dedica fielmente à obra de Merleau-Ponty para pensar a corporeidade.

Ainda com relação às contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty para a EF a partir da problemática da corporeidade, não poderia deixar de ser mencionada a produção acadêmica de Iraquitan de Oliveira Caminha (CAMINHA, 2012CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Corpo, motricidade e subjetividade em Merleau-Ponty. In: CAMINHA, Iraquitan de Oliveira (org.). Merleau-Ponty em João Pessoa. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2012. p. 39-47.; 2015aCAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Corporeidade do atleta: tecnociências, subjetividade e dignidade humana. In: ALMEIDA, José Miranda de (org.). Memória, subjetividade e corporeidade. São Paulo: LiberArs, 2015a. p. 45-56.; 2019CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Eu, a Educação Física e Merleau-Ponty. In: NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira (org.). Merleau-Ponty e a Educação Física. São Paulo: LiberArs, 2019. p. 57-67.; CAMINHA; MACEDO, 2015CAMINHA, Iraquitan de Oliveira; MACEDO, Halamo César de Pessoa. O corpo como autor dos gestos esportivos e os processos de subjetivação na formação do atleta. In: CAMINHA, Iraquitan de Oliveira; TEIXEIRA, Fábio Luís Santos (org.). Educação Física e transfigurações do corpo. Curitiba: CRV, 2015. p. 45-70.; CAMINHA; SOUTO, 2018CAMINHA, Iraquitan de Oliveira; SOUTO, Gyulianne Maria Silva (org.). Educação Física e Reviravoltas do Corpo. Curitiba: Appris, 2018.; GOMES-DA-SILVA; CAMINHA, 2017GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Movimento humano: incursões na Educação Física e na cultura. Curitiba: Appris, 2017.). Este autor também apresenta outras contribuições ao debate acerca da corporeidade na EF, a partir de outras referências que enriquecem as discussões (DECUSSATTI; CAMINHA, 2018DECUSSATTI, Denis Davi Oliveira; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Hundertwasser e Morin na Educação Física: um caminho para se repensar o futuro da humanidade. In: CAMINHA, Iraquitan de Oliveira; SOUTO, Giulyanne Maria Silva. (org.). Educação Física e reviravoltas do corpo. Curitiba: Appris, 2018.p. 41-48., 2019DECUSSATTI, Denis Davi Oliveira; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Merleau-Ponty e Hundertwasser: repensando a teoria das cinco peles a parir da Educação Física. In: NÓBREGA, Terezinha Petrucia da; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira (org.). Merleau-Ponty e a Educação Física. São Paulo: LiberArs, 2019. p. 133-141., 2020DECUSSATTI, Denis Davi Oliveira; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Percepções sobre pele na área da educação física: experiências do tocar. Revista Cocar, v. 14, n. 30, set./dez., 2020. DOI: https://doi.org/10.31792/rc.v14i30. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/issue/view/167. Acesso em: 17 mar. 2021.
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; DECUSSATTI; TEIXEIRA; CAMINHA, 2016DECUSSATTI, Denis Davi Oliveira; TEIXEIRA, Fabio Luis Santos; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Educação Física e teoria das cinco peles: uma revisão sistemática. Movimento, v. 22, n. 1, 337-346, jan./mar. de 2016. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.55482. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/55482/36621. Acesso em: 17 mar. 2021.
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; SILVA; CAMINHA; GOMES, 2013SILVA, Giulyanne Maria Lima da; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira; GOMES, Isabelle Sena. O corpo e o tempo: a percepção dos idosos de um grupo de convivência. Pensar a Prática, v. 16, n. 4, p. 956­1270, out./dez. 2013. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/21069/15685. Acesso em: 18 mar. 2021. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v16i4.21069.
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). Ademais, atua como pesquisador em outras áreas do conhecimento, tais como a filosofia, a psicanálise, a psicologia e a pedagogia/educação.

Após a indicação dos principais autores que gravitam em torno da fenomenologia merleau-pontyana para abordar e fundamentar as discussões acerca do tema da corporeidade no campo da EF brasileira, pode-se agora caminhar em direção às reflexões exploratórias, porém significativas e diferenciadas, de João Batista Freire (1991)FREIRE, João Batista. De corpo e alma: o discurso da motricidade. São Paulo: Summus, 1991. sobre este mesmo tema. Apesar de não ter se dedicado à elaboração conceitual desta problemática, a importância das suas reflexões está na originalidade da busca de aproximar a epistemologia complexa de Edgar Morin do debate sobre a ideia de corporeidade.

Em seu livro De corpo e alma: o discurso da motricidade, o referido autor propõe uma visão sobre a relação entre o sensível e o inteligível que se fundamenta na perspectiva de um pensamento complexo para explorar as ideias de motricidade e de corporeidade. Destaca-se a tentativa de atribuir uma visão sistêmica à ideia de corporeidade, considerando o sensível e o inteligível como partes de um todo, o corpo ou a corporeidade, e esta como um sistema corporal organizado.

Não por acaso, João (2003)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e Aprendizagem Vivencial: uma perspectiva da complexidade humana para a educação. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2003. expõe essas reflexões de Freire (1991)FREIRE, João Batista. De corpo e alma: o discurso da motricidade. São Paulo: Summus, 1991. como introdutórias ao seu primeiro esboço de uma concepção de corporeidade fundamentada na obra O método de Edgar Morin. E ainda afirma que essas primeiras reflexões apresentadas por Freire, aproximando a ideia de corporeidade de uma perspectiva sistêmica complexa, indica um caminho de construção teórico-conceitual muito frutífero para o debate acerca da corporeidade, tanto na educação quanto na EF. Caminho este iniciado nos primeiros anos do século XXI e tendo alcançado uma primeira definição mais rigorosa e consistente depois de duas décadas de maturação, com a conclusão da tese de doutorado (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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) apresentada ao campo da psicologia clínica e agora ao campo da EF.

3 O CAMINHO PARA OUTRA CONCEPÇÃO DE CORPOREIDADE

A caminhada empreendida para alcançar outra concepção de corporeidade não poderia ter outro ponto de partida senão aquele mesmo: as ideias de Merleau-Ponty. Conforme explicita em sua dissertação de mestrado JOÃO (2003)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e Aprendizagem Vivencial: uma perspectiva da complexidade humana para a educação. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2003., a aproximação com o tema da corporeidade se deu mediante a interpretação de Santin (1987)SANTIN, Silvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1987. e Gonçalves (1994)GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas, SP: Papirus, 1994. do texto do filósofo francês.

No entanto, tendo praticamente vivido, simultaneamente, o contato com o tema da corporeidade no campo da EF e da Educação e a incursão na obra de Edgar Morin, João (2003)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e Aprendizagem Vivencial: uma perspectiva da complexidade humana para a educação. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2003. se propõe a trilhar esta obra com a finalidade e o desafio de pensar e elaborar um conceito de corporeidade. Tendo alcançado o primeiro esboço deste conceito, este é direcionado para fundamentar uma prática educativa vivencial (JOÃO, 2003JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e Aprendizagem Vivencial: uma perspectiva da complexidade humana para a educação. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2003., 2019JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e epistemologia da complexidade: por uma prática educativa vivencial. Educação e Pesquisa, 45, 1-17, 2019. https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945193169. Acesso em: mar. 2019
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) e também a prática pedagógica em EF (JOÃO; BRITO, 2004). E com a intenção de expor o desenvolvimento desse mesmo conceito e indicar a sua contribuição para a CMH de Manuel Sérgio, João (2018)JOÃO, Renato Bastos. Contribuições à ciência da motricidade humana: por uma concepção de corporeidade à luz do pensamento complexo. In: FERES NETO, Alfredo (org.) Motricidade humana: novos olhares e outras práticas: à luz da transdisciplinaridade e das ciências emergentes. Curitiba: Appris, 2018. apresenta a sua fundamentação teórica ao longo da obra O método, de Edgar Morin (1992MORIN, Edgar. O Método IV. As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1992. (original publicado em 1991)., 1996cMORIN, Edgar. O Método III. O conhecimento do conhecimento. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1996c. (original publicado em 1986)., 1997, 1999), limitada nos seus quatro primeiros volumes.

É indispensável esclarecer que ao longo desse caminho o autor em questão pôde compreender os contextos mais amplos nos quais está situada a obra de Edgar Morin, quais sejam, o da epistemologia da ciência e os dos filósofos precursores de um pensamento complexo. Cabe, então, destacar que Morin (1992MORIN, Edgar. O Método IV. As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1992. (original publicado em 1991)., 1996cMORIN, Edgar. O Método III. O conhecimento do conhecimento. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1996c. (original publicado em 1986)., 1997, 1999, 2003, 2005MORIN, Edgar. O Método VI. Ética. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2005. (original publicado em 2004).) arquiteta suas ideias a partir das teorias-chave que marcaram o século XX: informação, cibernética, sistemas, auto-organização, termodinâmica dos sistemas dinâmicos e fora do equilíbrio, situando-as no debate epistemológico anglo-saxônico (principalmente: Karl Popper, Thomas Kunh, Imre Lakatos) e também da Escola de Frankfurt, sobretudo com Habermas (MORIN, 1984MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1984., 1990MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1990., 2000MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. (original publicado em 1990)).

Além dessas referências, Morin (2014)MORIN, Edgar. Meus Filósofos. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2014. também busca estabelecer as pontes entre a filosofia e a ciência, alicerçando a epistemologia complexa no pensamento filosófico ocidental, evidenciando os pensadores precursores de um pensamento complexo, desde Heráclito a Hegel, dando o necessário destaque àquele que abordou diretamente a questão da complexidade: Gaston Bachelard (MORIN, 1984MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1984., 1990MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1990., 2000MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. (original publicado em 1990)). Não por acaso, o diálogo da epistemologia complexa com diferentes pensadores da filosofia ocidental exigiu que o autor da proposta de uma concepção de corporeidade/subjetividade buscasse uma visão geral da história da filosofia ocidental.

Almejando trilhar o caminho aberto por Morin (1992MORIN, Edgar. O Método IV. As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1992. (original publicado em 1991)., 1996cMORIN, Edgar. O Método III. O conhecimento do conhecimento. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1996c. (original publicado em 1986)., 1997, 1999, 2003, 2005MORIN, Edgar. O Método VI. Ética. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2005. (original publicado em 2004).), nesse momento com os seis volumes da obra O método, para forjar uma proposta teórico-conceitual fundamentada de maneira mais rigorosa e consistente na epistemologia complexa, João e Ribeiro (2019)JOÃO, Renato Bastos; RIBEIRO, Jorge Ponciano. Corporeidade/subjetividade na psicologia clínica: tecendo fios teórico-epistemológicos para bordar um complexo objeto de estudo. Psicologia USP, v. 30, e190103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-6564e190103. Acesso em: 19 set. 2020.
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e João (2020)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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buscam se apropriar da metarreflexão acerca do conhecimento realizada por Morin. Ou seja, explorar os três princípios epistemológicos propostos por Morin (1996c)MORIN, Edgar. O Método III. O conhecimento do conhecimento. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1996c. (original publicado em 1986). para fundamentar a concepção de corporeidade/subjetividade humana. O recursivo, que permite reconhecer os processos em que os produtos e os efeitos são necessários à sua produção e à sua causação. O dialógico, que permite reconhecer os fenômenos em que é preciso ligar termos antagônicos, ou mesmo contraditórios, para aprender a sua realidade. E o hologramático, que permite reconhecer em tudo o que é complexo, que assim como a parte está no todo, o todo está na parte.

É importante salientar que só a partir deste ponto da sua caminhada é que João e Ribeiro (2019)JOÃO, Renato Bastos; RIBEIRO, Jorge Ponciano. Corporeidade/subjetividade na psicologia clínica: tecendo fios teórico-epistemológicos para bordar um complexo objeto de estudo. Psicologia USP, v. 30, e190103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-6564e190103. Acesso em: 19 set. 2020.
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e João (2020)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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dão o necessário destaque à noção de subjetividade, colocando-a ao lado da noção de corporeidade, apesar de ela ter sempre estado relacionada a este conceito.

4 A CONCEPÇÃO DE CORPOREIDADE/SUBJETIVIDADE HUMANA

A concepção de corporeidade/subjetividade humana foi elaborada mais especificamente a partir do conceito de sujeito/subjetividade proposto por Edgar Morin em sua obra O método. Nessa obra encontra-se uma base teórica para a formulação de uma concepção de corporeidade indissociável da ideia de subjetividade, e que também permite integrar as diferentes dimensões dos processos subjetivos que já estão presentes na dimensão biológica. Sua concepção de sujeito/subjetividade é o resultado da articulação das teorias da auto-organização a partir de Von Neumann, Heinz Von Foerster, Humberto Maturana e Francisco Varela, da cibernética, das ciências cognitivas e de um arcabouço da Biologia em articulação com as ciências antropossociais (MORIN, 1996aMORIN, Edgar. A noção de sujeito. In: SCHNITMAN, Dora Fried (org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996a., 1999MORIN, Edgar. O Método II. A vida da vida. Mem Martins. 3. ed. Publicações Europa-América, 1999. (original publicado em 1980).).

Desde já cabe esclarecer que a expressão utilizada para a concepção em questão articula e reúne dois conceitos: corporeidade/subjetividade do indivíduo humano e subjetividade social. E também se faz necessário explicitar que a utilização da barra oblíqua [/], como sinal gráfico, significa inclusão, implicação, relação e continuidade entre os dois termos, os dois conceitos e as dimensões a que se referem. Além disso, como forma de escrita mais simples, o termo em questão é a tradução da expressão/figura corporeidade subjetividade2 2 Para a condição do indivíduo-sujeito humano, a circularidade entre os termos corporeidade e subjetividade poderá nos levar a posicionar um ou o outro como primeiro termo para destacá-lo em função da discussão em foco. humana, que caracteriza a relação indissociável, contínua, emergentista e rotativa entre as dimensões constituidoras da subjetividade humana desde a sua condição biológica.

O empreendimento realizado por Morin em sua obra O método tem como resultado teórico principal o complexo conceito de organização, formulado a partir das discussões acerca das ideias de sistema, de processos termodinâmicos, de auto-organização e de informação (cibernética) no século XX (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977).). A noção de organização compõe uma ideia mais ampla e fundamental relacionada à origem do cosmo; trata-se da ideia de anel tetralógico/pentalógico3 3 A noção de anel tetralógico apresentada no volume 1 da obra O método, estabelecendo a relação entre os quatro termos aqui indicados, é reconsiderada no volume 5, de modo a dar destaque ao termo “desorganização”, que já estava presente na elaboração teórica da noção de anel tetralógico. Com esta mudança, Morin (2003) utiliza a expressão pentagrama para fazer menção à figura que representa as relações entre ordem, organização, interações, desordem, desorganização. Para manter a expressão e a ideia de anel que caracteriza a forma circular dos processos genésicos na Natureza, bem como o modo de pensar da epistemologia complexa, será utilizada a expressão anel pentalógico neste ensaio. , o coração problemático da physis.

Esta ideia capital permite compreendermos o universo físico, a physis, como o lugar da criação e da organização, sendo comum não só ao que é físico, mas também à vida e ao humano (Morin, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977).). Mais especificamente, este anel é um princípio imanente de transformação e de organização de tudo que existe no e a partir do mundo físico, dos átomos ao Homo sapiens e às sociedades humanas. É um princípio abstraído por Morin (1997)MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977). para conceber o ser físico dos átomos e das estrelas, ou seja, conceber o modo de funcionamento do mundo físico, destacando as características principais: desordem, interações, ordem, organização e desorganização, num movimento circular em espiral a partir do qual tudo mais se constitui em níveis cada vez mais complexos de organização.

Figura 1
Anel pentalógico ou pentagrama.

Conforme será explicitado mais a frente, este princípio imanente que dá origem ao universo físico e desencadeia os processos genésicos da vida e do humano fundamenta a noção de configuração somática/subjetiva, a qual explica a lógica de funcionamento dos processos constituidores das diferentes dimensões da corporeidade/subjetividade humana.

Do ponto de vista ontológico-epistemológico, a corporeidade e a subjetividade devem ser consideradas de modo sistêmico, relacional e num continuum emergencial, formando uma unidade complexa organizada a partir de três dimensões ou sistemas constituidores do indivíduo: orgânico-sensório-motor, psíquico-afetivo-relacional e mental/espiritual4 4 Conforme esclarece Morin (2003), a utilização da palavra esprit (em francês), ou espírito, em português, se justifica pela carência da língua francesa de outra palavra que tivesse sua raiz na palavra latina mens (mind, mente). Nesse sentido, quando o autor utiliza a palavra “espírito”, está se referindo à mente e a todas as qualidades diversas que dela surgem. . No que concerne à subjetividade social, esta emerge a partir das interações entre indivíduos membros de uma dada sociedade e de sua cultura, constituindo um sistema caracterizado por um nível maior de complexidade, o qual retroage engendrando a corporeidade/subjetividade dos indivíduos-sujeitos em suas três dimensões.

Pensar de modo sistêmico e relacional significa buscar uma visão que olha, ao mesmo tempo, para o todo e para as partes de uma unidade complexa organizada, sem reduzir as partes ao todo e nem o todo a suas partes, para, então, chegar a uma descrição e explicação de um dado fenômeno, neste caso, a corporeidade/subjetividade humana. Sendo assim, deve-se assumir tal visão para a relação entre o todo do indivíduo-sujeito e as suas partes, as três dimensões (sistemas). Como também para o todo da subjetividade social - nas suas diversas configurações subjetivas sociais -, e as suas partes, os indivíduos enquanto subjetividades/corporeidades.

Para a compreensão de como se constituem as diferentes dimensões da subjetividade humana se faz necessário explicitar a noção capital de emergência para o pensamento complexo. Num sentido geral, todas as dimensões ou os sistemas da corporeidade/subjetividade humana emergiram de sistemas de sistemas. A ideia de emergência “abre-nos uma nova inteligência do mundo fenomênico; propõe-nos um fio condutor através das arborescências da matéria organizada” (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977)., p.108). Da formação dos átomos às estrelas, dos seres vivos unicelulares e pluricelulares até o ser humano e as sociedades humanas em nosso planeta, se organizaram sistemas de sistemas. E não só do ponto de vista da filogênese (evolução das espécies), mas também da ontogênese (desenvolvimento do indivíduo), do zigoto à pessoa constituída biopsicossocioculturalmente, se organizaram sistemas de sistemas, chegando às organizações socioculturais.

Nesse sentido, podemos compreender a corporeidade/subjetividade humana como uma emergência de emergências. Toda emergência é uma globalidade, um todo (um novo sistema) que emergiu das atividades das e entre as partes, sendo uma qualidade que não deixa decompor e que não podemos deduzir dos elementos anteriores. No que diz respeito ao debate em questão, significa que os produtos globais das atividades que formam tanto o sistema corporeidade/subjetividade do indivíduo quanto o sistema subjetividade social, dispõem de qualidades globais próprias e irredutíveis as suas partes isoladas, e as quais retroagem sobre as próprias atividades do sistema do qual emergem e de que se tornam inseparáveis.

A ideia de um continuum é fundamental para o entendimento de que as dimensões da corporeidade/subjetividade emergem a partir de uma gradual constituição e transformação das atividades configuradoras de cada um dos sistemas. Trata-se de um processo em estágios muito sutis, sem nenhum ponto de divisão claro. De acordo com João (2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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, p. 18), “as diferenças resultantes das transformações e emergências vão se dando numa determinada sequência, em que cada uma difere minimamente do elemento subsequente, daí resultando diferença acentuada entre os elementos iniciais e finais da sequência”. Dessa forma, a relação entre a corporeidade e a subjetividade deve ser entendida como um continuum organizacional. Nesse continuum a subjetividade emerge, paulatinamente, no indivíduo, a partir das dimensões do organismo (celular e intercelular), da atividade cérebro mente e da consciência, e também da dimensão social-cultural, a qual atua recursiva e retroativamente5 5 As noções de retroação e recursão são fundamentais para concebermos a unidade múltipla da corporeidade/subjetividade do indivíduo e da sua relação com a subjetividade social. Já tendo sido apresentada anteriormente a definição para recursão, cabe aqui explicitar a definição de retroação ou retroatividade: é a ideia de que o todo retroage, enquanto todo sobre os momentos e elementos particulares dos quais surgiu, suas partes (MORIN, 1997). A explicação para a relação retroativa e recursiva entres os níveis de emergência da subjetividade humana encontra-se em João (2020). sobre os níveis anteriores, participando das suas constituições (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

É necessário explicar mais detalhadamente que a relação entre corporeidade e subjetividade deve ser pensada a partir de três níveis de emergência e de organização da subjetividade no indivíduo-sujeito humano, mantendo sua unidade a partir da relação retroativa e recursiva entre os três níveis. Articulada com esse nível do indivíduo está a subjetividade que emerge no nível social-cultural (mediante as interações entre indivíduos), que por sua vez mantém sua unidade pela recursividade e retroatividade sobre a subjetividade individual. Cada um desses níveis guarda sua relativa autonomia, estabelecendo fronteiras entre eles e indicando que, mesmo articulados e dependentes entre si, não desenvolvem uma relação de linearidade entre si. Diferentemente disso, estabelecem uma relação de circularidades abertas como numa espiral e, ao mesmo tempo, dotados (cada um dos níveis) de um fecho que permite delimitar um funcionamento próprio e com certa independência.

Figura 2
Níveis de emergência da subjetividade humana

Partindo desses níveis de emergência da subjetividade humana foram elaborados os dois conceitos que constituem o que está sendo denominado de concepção de corporeidade/subjetividade. O conceito de corporeidade/subjetividade do indivíduo humano se refere a um sistema complexo que abarca o todo, a globalidade do ser humano. Este sistema complexo maior é constituído por três partes (dimensões) ou (sub)sistemas complexos menores. São eles o orgânico-sensório-motor, o psíquico-afetivo-relacional e o mental/espiritual, inter-relacionados, estabelecendo uma organização a partir da qual emerge o todo, a unidade, ou um sistema complexo maior. No dinamismo da inter-relação das três dimensões se dá a produção constante de configurações6 6 A ideia de configuração organizacional (MORIN, 1997) explica o dinamismo do anel pentalógico- retroativo-recursivo, presente desde os processos físico-químicos no átomo (gerando neguentropia e informação) e nos processos auto-eco-organizadores característicos das múltiplas dimensões do autos (MORIN, 1997, 1999) que, por sua vez, alicerçam as dimensões da corporeidade/subjetividade humana. Ela reúne os cinco elementos no anel pentalógico, que caracterizam os processos geradores da matéria, da vida e do mundo humano. As desordens, que geram interações, a partir das quais se estabelecem ordens, ou regularidades, e a organização. A organização, como indicado anteriormente, que liga os componentes que constituem qualquer objeto existente. E a desorganização, ou seja, a entropia que desagrega qualquer forma de organização. Toda forma de organização viva, vence temporariamente a entropia gerando neguentropia e informação, que são os processos que dão origem aos seres vivos, os mantém vivos e estão presentes nas múltiplas dimensões que os constituem. Deste modo, compreende-se o funcionamento (dinamismo) dos sistemas da corporeidade/subjetividade a partir da noção de configuração organizacional, guardando para cada sistema suas características especificas. somáticas/subjetivas que caracterizam os estados dinâmicos biopsicossocioculturais do indivíduo-sujeito (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

Figura 3
Corporeidade/subjetividade do indivíduo humano

O sistema orgânico-sensório-motor dotado de uma subjetividade organísmica surge de um protopsiquismo presente nas células e nas interações celulares, produzindo configurações somáticas. Como explicado acima, este é o primeiro nível de emergência da subjetividade humana. Da inter-relação entre a subjetividade organísmica e a cultura, emerge um psiquismo neurocerebral-cultural, com a participação específica do aparelho neurocerebral. A partir desse psiquismo superior inconsciente consciente, constituem-se dois outros sistemas.

O sistema psíquico-afetivo-relacional, caracterizado pela produção de sentidos (fluxos de pensamentos e linguagem) míticos/mágicos e pelos processos afetivos (fluxos de afetos) relacionados às nossas experiências imaginárias, fantasmáticas e oníricas. É um primeiro nível de elaboração psíquica e uma dimensão mais subjetiva do funcionamento psíquico.

E o sistema mental, responsável pela organização do pensamento e da ação, no qual são gerados sentidos (fluxos de pensamentos e linguagem) racional/empírico/técnico. Deste sistema emerge a consciência, o pensamento reflexivo do sujeito sobre si mesmo, sobre suas operações e ações, mediante a linguagem, que, enquanto mediadora do pensamento, oferece a possibilidade reflexiva para que as operações mentais se tornem objetos de consciência (MORIN, 1996). Sendo, ao mesmo tempo, uma emergência relacionada a indissociabilidade e continuidade entre as três dimensões, a consciência é um fenômeno radicalmente novo, possibilitado por esses atributos do sistema mental. Estas características conferem a este sistema um segundo nível de elaboração psíquica que permite ao sujeito manter uma relação mais objetiva com a realidade e também consigo mesmo. Este psiquismo superior e seus dois sistemas correspondem ao segundo nível de emergência da subjetividade e com a consciência configura-se o terceiro nível (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

Os funcionamentos sempre inter-relacionados destes dois sistemas (psíquico e mental) produzem um fluxo dinâmico e ininterrupto de configurações subjetivas, e estão constantemente atuando, também, recursivamente nas configurações somáticas, de tal forma que, na verdade, são sempre configurações somáticas/subjetivas, constituídas por afetos-sentidos, a unidade mais elementar dos processos somáticos/subjetivos. A partir desses três sistemas, constitui-se a corporeidade/subjetividade do indivíduo-sujeito humano (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

As interações entre indivíduos fazem emergir a subjetividade social, um sistema complexo maior que emerge das configurações subjetivas sociais que são constituídas e representam os vários e diferentes cenários sociais em que os indivíduos interagem, por exemplo, a família, a escola etc. Mais especificamente, a subjetividade social é um princípio subjetivo de identidade social gerado pela cultura, que inscreve o individuo na sociedade e a sociedade no indivíduo (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

Figura 4
Subjetividade social

Como um sistema complexo maior, a subjetividade social participa diretamente, por meio da cultura, da constituição dos três sistemas da corporeidade/subjetividade, principalmente, dos sistemas psíquico e mental. O mais importante a ser destacado é que a origem e a produção das configurações somáticas/subjetivas se dão na inter-relação entre a corporeidade/subjetividade individual e a subjetividade social. E como mencionado acima, é desta inter-relação que emergem os sistemas psíquico e mental do indivíduo-sujeito humano. Desta forma, temos nas interações entre os indivíduos, e a partir das inter-relações de suas configurações somáticas/subjetivas, a constituição das configurações subjetivas sociais nos diferentes grupos e instituições sociais (JOÃO, 2020JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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).

6 CONTRIBUIÇÕES AO CAMPO DE CONHECIMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A título de um esboço das possíveis contribuições da concepção de corporeidade/subjetividade humana para as discussões epistemológicas e pedagógicas na EF será indicado como ela pode se articular com a CMH de Manuel Sérgio (1987SÉRGIO, Manuel. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987., 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989., 1995aSÉRGIO, Manuel. Motricidade Humana: um paradigma emergente. Blumenau: Ed. FURB, 1995a., 1999). A proposta de apenas um esboço se justifica por este ensaio ter como finalidade principal apenas apresentar esta concepção a este campo de conhecimento a partir do tema da corporeidade.

Em sua proposta epistemológica para EF, Manuel Sérgio (1999)SÉRGIO, Manuel. Um corte epistemológico: da educação física à motricidade humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. realiza um corte epistemológico para estabelecer a passagem da EF, enquanto área do conhecimento fundamentada no paradigma da modernidade (MORIN, 1984MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1984.,1990MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1990., 1992MORIN, Edgar. O Método IV. As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1992. (original publicado em 1991).; SANTOS, 1989SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989., 2006SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006.), para a CMH, campo de conhecimento fundamentado num outro paradigma, em curso no seu desenvolvimento, e que talvez tenha na palavra complexidade os contornos da sua identidade (DUPUY, 1996DUPUY, Jean-Pierre. Nas origens das ciências cognitivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.; MORIN, 1990MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1990., 1996bMORIN, Edgar. Epistemologia da complexidade. In: SCHNITMAN, Dora Fried (org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996b., 2000MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. (original publicado em 1990); PRIGOGINE; STENGERS, 1997PRIGOGINE, Ilya; STENGERS, Isabelle. A nova aliança. Metamorfose da ciência. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1997.; SOULIÉ, 1991SOULIÉ, Fraçoise Folgeman. Les théories de la complexité. Autour de l’ oeuvre d’Henri Atlan. Paris: Seuil, 1991.). Indo direto à questão central que caracteriza esse outro paradigma, o desafio epistemológico está na articulação dos saberes da física, biologia e das ciências antropossociais (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977).), superando a lógica da disjunção (MORIN, 1992MORIN, Edgar. O Método IV. As Ideias: a sua natureza, vida, habitat e organização. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1992. (original publicado em 1991).). Por esta razão, Sérgio (1999SÉRGIO, Manuel. Um corte epistemológico: da educação física à motricidade humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999., p. 272) propõe que a CMH é a “ciência da compreensão e da explicação das condutas motoras, visando o estudo e constantes tendências da motricidade humana, em ordem ao desenvolvimento global do indivíduo e da sociedade e tendo como fundamento” justamente, a articulação elaborada por Edgar Morin.

Como fundamento filosófico para esta epistemologia, Sérgio (1987SÉRGIO, Manuel. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987., 1989SÉRGIO, Manuel. Educação Física, ou, Ciência da Motricidade Humana? Campinas: Papirus, 1989., 1999SÉRGIO, Manuel. Um corte epistemológico: da educação física à motricidade humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.) alicerça sua concepção de ser humano, principalmente, na ideia de corporeidade de Merleau-Ponty, ainda que faça referência às ideias de Morin e também explore outros autores para delinear esta mesma concepção. É precisamente em relação a este pressuposto filosófico que a concepção de corporeidade/subjetividade humana pode oferecer um conceito de ser humano para a CMH. Conforme apresentado anteriormente, esta concepção foi elaborada a partir da teoria da organização proposta por Morin ao longo da sua obra O Método, articulando o que é físico, biológico e antropossociológico no humano. Diante disso, são definidos os conceitos de corporeidade/subjetividade do indivíduo e de subjetividade social, buscando assumir a articulação dessas dimensões da condição humana.

Ao assumir esta perspectiva teórico-conceitual, abrem-se possibilidades de delinear objetos de pesquisa a partir da compreensão (dos processos subjetivos humanos) e explicação (dos processos biodinâmicos) das condutas motoras, como idealizou Sérgio (1999)SÉRGIO, Manuel. Um corte epistemológico: da educação física à motricidade humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. em sua definição de CMH. Isto é, desenhar caminhos de pesquisas que assumam o desafio de articular dimensões humanas que têm sido, predominantemente, investigadas de modo separado. Desafio este que exige a construção de aportes metodológicos que articulem perspectivas empírico-qualitativas-subjetivas e perspectivas empírico-quantitativas-biodinâmicas-cognitivas-comportamentais.

Do ponto de vista pedagógico, a concepção de corporeidade/subjetividade humana pode também contribuir com a educação motora (SÉRGIO, 1995bSÉRGIO, Manuel. Educação Motora: o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana. In: DE MARCO, A. Pensando a Educação Motora. Campinas-SP: Papirus, 1995b.), ramo pedagógico da CMH. Nesse sentido, o desenvolvimento de princípios metodológicos que permitam envolver a multidimensionalidade humana na prática educativa (JOÃO, 2019JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade e epistemologia da complexidade: por uma prática educativa vivencial. Educação e Pesquisa, 45, 1-17, 2019. https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945193169. Acesso em: mar. 2019
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), no contexto escolar e de promoção da saúde e do lazer, é de importância significativa.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o exposto, é possível ter uma visão geral da concepção de corporeidade/subjetividade humana elaborada por João (2020)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
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a partir da epistemologia complexa. Fundamentada na teoria da organização desenvolvido por Morin em sua obra O método e mais especificamente na noção de sujeito/subjetividade que se assenta nesta mesma teoria, tal concepção tem como matriz ontológica e epistemológica o paradigma dos sistemas complexos auto-organizados. Sustentada por esse paradigma, a proposta em questão apresenta uma complexa visão do humano, isto é, busca compreender o todo ou a unidade a partir da articulação das diferentes e múltiplas partes ou dimensões que compõem o todo.

Ainda que não tenha sido realizada uma análise crítica e comparativa entre as concepções de corporeidade advindas dos dois pensadores franceses, Merleau-Ponty e Morin, o que já demarca o objeto de pesquisas ulteriores, é possível afirmar que se trata de duas matrizes de pensamento distintas, estabelecendo de imediato a diferença entre as duas visões. No entanto, é necessária uma análise cuidadosa e minuciosa para abordar suas diferenças, de modo a buscar possíveis concorrências e antagonismos, mas considerando a possibilidade de ver neles alguma complementariedade que aponte para a complexidade da condição humana.

Nesse sentido, as pesquisas de Nóbrega (2005NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Qual o lugar do corpo na educação? Notas sobre conhecimento, processos cognitivos e currículo. Educação e Sociedade, v. 26, n. 91, pp. 599-615, ago., 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302005000200015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/t5CV6czxDQfbXBJ9xNCmgjj/?lang=pt. Acesso em: 15 fev. 2021.
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, 2010NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. Uma fenomenologia do corpo. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010., 2021NÓBREGA, Terezinha Petrucia da. A palavra é um certo lugar do meu mundo linguístico: notas sobre corpo, linguagem e expressão em Merleau-Ponty. Conexões, v. 19, n. 1, p. 1-17, 2021. DOI: 10.20396/conex.v19i1.8665342. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8665342. Acesso em: 17 marc. 2021.
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), Caminha (2015b)CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. O olho, o cérebro e o eu: interlocuções entre Merleau-Ponty e as neurociências. Sofia, v. 4, n. 2, ago./dez., p. 222-231, 2015b. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/index.php/sofia/article/view/11553. Acesso em: 25 mar. 2021.
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e Joffily Abath e Caminha (2012)JOFFILY ABATH, André; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Merleau-Ponty e o fisicalismo. Revista de Filosofia Aurora, v. 24, n. 35, p. 615-638, 2012. DOI: http://dx.doi.org/10.7213/rfa.v24i35.640. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/640. Acesso em: 20 mar. 2021.
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são pontos de partida importantes, pois evidenciam as contribuições das ideias de Merleau-Ponty para o debate com as ciências emergentes tais como as neurociências, a psicologia, a linguística, as ciências cognitivas, que por sinal reúne todas essas, e ainda a filosofia da mente. E isto porque é também com essas áreas do conhecimento, entre outras, que Morin estabelece o diálogo para a construção da sua proposta de um método complexo para as ciências.

Considerando ainda a relação da epistemologia complexa com essas áreas de discussão emergentes ao longo do século XX, pode-se compreender que a proposta da concepção de corporeidade/subjetividade humana permite estabelecer uma ponte entre o campo da EF e essas áreas emergentes do conhecimento científico e filosófico.

Não é por acaso que a proposta epistemológica para a EF com o qual a concepção em questão se coaduna é a CMH de Manuel Sérgio, conforme esboçado neste ensaio e em publicação anterior (JOÃO, 2018JOÃO, Renato Bastos. Contribuições à ciência da motricidade humana: por uma concepção de corporeidade à luz do pensamento complexo. In: FERES NETO, Alfredo (org.) Motricidade humana: novos olhares e outras práticas: à luz da transdisciplinaridade e das ciências emergentes. Curitiba: Appris, 2018.). E como também foi indicado, a articulação dessas duas perspectivas permite vislumbrar caminhos teórico-metodológicos de pesquisa (proposta de objetos de estudos e desenhos metodológicos) para enfrentar a complexa relação entre natureza e cultura no campo teórico e prático da EF, a partir, mais especificamente, da noção de configurações somáticas-subjetivas. Assumir esse desafio, não enfrentado por Sérgio (NÓBREGA; MENDES; GLEYSE, 2016), aponta para o desenvolvimento de pesquisas futuras.

Por fim, no que diz respeito ao campo da prática pedagógica em EF, a articulação da concepção de corporeidade/subjetividade humana com a educação motora (SÉRGIO, 1995bSÉRGIO, Manuel. Educação Motora: o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana. In: DE MARCO, A. Pensando a Educação Motora. Campinas-SP: Papirus, 1995b.), mencionada anteriormente, também indica a possibilidade de operacionalizar estudos ulteriores nos diferentes contextos de atuação da EF (educacional, saúde e lazer) partindo da epistemologia complexa e da CMH.

  • 1
    Este ensaio é desdobramento da tese do autor intitulada Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/40298. Acesso em: 25 jun. 2022.
  • 2
    Para a condição do indivíduo-sujeito humano, a circularidade entre os termos corporeidade e subjetividade poderá nos levar a posicionar um ou o outro como primeiro termo para destacá-lo em função da discussão em foco.
  • 3
    A noção de anel tetralógico apresentada no volume 1 da obra O método, estabelecendo a relação entre os quatro termos aqui indicados, é reconsiderada no volume 5, de modo a dar destaque ao termo “desorganização”, que já estava presente na elaboração teórica da noção de anel tetralógico. Com esta mudança, Morin (2003)MORIN, Edgar. O Método V. A humanidade da humanidade - a identidade humana. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2003. (original publicado em 2001). utiliza a expressão pentagrama para fazer menção à figura que representa as relações entre ordem, organização, interações, desordem, desorganização. Para manter a expressão e a ideia de anel que caracteriza a forma circular dos processos genésicos na Natureza, bem como o modo de pensar da epistemologia complexa, será utilizada a expressão anel pentalógico neste ensaio.
  • 4
    Conforme esclarece Morin (2003)MORIN, Edgar. O Método V. A humanidade da humanidade - a identidade humana. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2003. (original publicado em 2001)., a utilização da palavra esprit (em francês), ou espírito, em português, se justifica pela carência da língua francesa de outra palavra que tivesse sua raiz na palavra latina mens (mind, mente). Nesse sentido, quando o autor utiliza a palavra “espírito”, está se referindo à mente e a todas as qualidades diversas que dela surgem.
  • 5
    As noções de retroação e recursão são fundamentais para concebermos a unidade múltipla da corporeidade/subjetividade do indivíduo e da sua relação com a subjetividade social. Já tendo sido apresentada anteriormente a definição para recursão, cabe aqui explicitar a definição de retroação ou retroatividade: é a ideia de que o todo retroage, enquanto todo sobre os momentos e elementos particulares dos quais surgiu, suas partes (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977).). A explicação para a relação retroativa e recursiva entres os níveis de emergência da subjetividade humana encontra-se em João (2020)JOÃO, Renato Bastos. Corporeidade/subjetividade humana e psicoterapia corporal em Biossíntese: articulações entre o pensamento complexo e a psicologia clínica. 2020. 415 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40298/1/2020_RenatoBastosJo%c3%a3o.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://repositorio.unb.br/bitstream/104...
    .
  • 6
    A ideia de configuração organizacional (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977).) explica o dinamismo do anel pentalógico- retroativo-recursivo, presente desde os processos físico-químicos no átomo (gerando neguentropia e informação) e nos processos auto-eco-organizadores característicos das múltiplas dimensões do autos (MORIN, 1997MORIN, Edgar. O Método I. A natureza da natureza. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. (original publicado em 1977)., 1999MORIN, Edgar. O Método II. A vida da vida. Mem Martins. 3. ed. Publicações Europa-América, 1999. (original publicado em 1980).) que, por sua vez, alicerçam as dimensões da corporeidade/subjetividade humana. Ela reúne os cinco elementos no anel pentalógico, que caracterizam os processos geradores da matéria, da vida e do mundo humano. As desordens, que geram interações, a partir das quais se estabelecem ordens, ou regularidades, e a organização. A organização, como indicado anteriormente, que liga os componentes que constituem qualquer objeto existente. E a desorganização, ou seja, a entropia que desagrega qualquer forma de organização. Toda forma de organização viva, vence temporariamente a entropia gerando neguentropia e informação, que são os processos que dão origem aos seres vivos, os mantém vivos e estão presentes nas múltiplas dimensões que os constituem. Deste modo, compreende-se o funcionamento (dinamismo) dos sistemas da corporeidade/subjetividade a partir da noção de configuração organizacional, guardando para cada sistema suas características especificas.
  • FINANCIAMENTO
    Este ensaio é resultado de uma pesquisa de doutorado realizada no período de afastamento concedido pelo conselho da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília e pelo Ministério da Educação.

ÉTICA DE PESQUISA

A pesquisa seguiu os protocolos vigentes nas Resoluções 466/12 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil.

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Mauro Myskiw *, Raquel da Silveira *

* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    04 Out 2021
  • Aceito
    19 Jun 2022
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