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NAS PRIVADAS RECREAÇÃO, NAS PÚBLICAS EDUCAÇÃO: AS CARACTERÍSTICAS DAS DISCIPLINAS RELACIONADAS AO LAZER NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

IN PRIVATE RECREATION, IN PUBLIC EDUCATION: THE CHARACTERISTICS OF SUBJECTS RELATED TO LEISURE IN PHYSICAL EDUCATION COURSES

EN PRIVADAS RECREACIÓN, EN PÚBLICAS EDUCACIÓN: LAS CARACTERÍSTICAS DE LAS DISCIPLINAS RELACIONADAS COM EL OCIO EN LOS CURSOS DE EDUCACIÓN FÍSICA

Resumo

O objetivo deste artigo foi caracterizar as disciplinas relacionadas ao lazer dos cursos de Educação Física de instituições privadas e públicas. Foi utilizada metodologia mista e a técnica Análise Categorial. Como conclusões, as disciplinas relacionadas ao lazer ocupam maior espaço nas instituições públicas comparativamente às privadas e não têm localização semestral específica dentro desses currículos. Sobre os temas, as disciplinas nas instituições privadas se aproximam principalmente da recreação e nas públicas da educação. Já os enfoques são semelhantes nas instituições privadas e públicas e as disciplinas valorizam principalmente o enfoque na história, teoria ou conceito de lazer. Sobre as bibliografias, a obra mais constatada é “Introdução ao Lazer” de Victor Andrade Melo e Edmundo Drummond Alves Júnior e o autor mais citado é Nelson Carvalho de Marcellino.

Palavras-chave:
Atividades de Lazer; Currículo; Ensino Superior; Formação Profissional.

Abstract

The objective of this article was to characterize the subjects related to leisure in Physical Education courses in private and public institutions. Mixed methodology and the Category Analysis technique were used. In conclusion, leisure-related subjects occupy more space in public institutions compared to private ones and do not have a specific semester location within these curricula. Regarding the themes, subjects in private institutions are mainly related to recreation and in public ones to education. On the other hand, the approaches are similar in private and public institutions and the disciplines mainly value the focus on the history, theory or concept of leisure. About the bibliographies, the most verified work is “Introdução ao Lazer” by Victor Andrade Melo and Edmundo Drummond Alves Júnior and the most cited author is Nelson Carvalho de Marcellino.

Keywords:
Leisure Activities; Curriculum; Higher Education; Professional Training.

Resumen

El objetivo de este artículo fue caracterizar los temas relacionados con el ocio en los cursos de Educación Física en instituciones públicas y privadas. Se utilizó la metodología mixta y la técnica de Análisis de Categorías. Como conclusiones, las materias relacionadas con el ocio ocupan más espacio en las instituciones públicas en comparación con las privadas y no tienen una ubicación semestral específica dentro de estos planes de estudio. En cuanto a las temáticas, las asignaturas en las instituciones privadas se relacionan principalmente con la recreación y en las instituciones públicas con la educación. Por otro lado, los enfoques son similares en instituciones públicas y privadas, y las disciplinas valoran principalmente el enfoque en la historia, teoría o concepto de ocio. En cuanto a las bibliografías, la obra más consultada es “Introdução ao Lazer” de Victor Andrade Melo y Edmundo Drummond Alves Júnior, y el autor más citado es Nelson Carvalho de Marcellino.

Palabras clave:
Actividades Recreativas; Currículum; Enseñanza Superior; Capacitación Profesional.

1 INTRODUÇÃO

Os cursos de graduação vêm passando por um notável crescimento no Brasil (BRANCO, 2020BRANCO, Uyguaciara Veloso Castelo. Ensino superior público e privado na Paraíba nos últimos 15 anos: reflexões sobre o acesso, a permanência e a conclusão. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 25, n. 1, p. 52-72, 2020. Disponível em: https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/3918. Acesso em 30 mar. 2023.
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; FRITSCH; JACOBUS; VITELLI, 2020FRITSCH, Rosangela; JACOBUS, Artur Eugênio; VITELLI, Ricardo Ferreira. Diversificação, mercantilização e desempenho da educação superior brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 25, n. 1, p. 89-112, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-40772020000100006
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) e no mundo (FRITSCH; JACOBUS; VITELLI, 2020FRITSCH, Rosangela; JACOBUS, Artur Eugênio; VITELLI, Ricardo Ferreira. Diversificação, mercantilização e desempenho da educação superior brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 25, n. 1, p. 89-112, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-40772020000100006
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; MANCEBO; VALE; MARTINS, 2015MANCEBO, Deise; VALE, Andréa Araujo; MARTINS, Tânia Barbosa. Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010. Revista Brasileira de Educação, v. 20, n. 60, p. 31-50, 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782015206003
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), o que ocorreu também nos cursos de Educação Física (EF) de forma ainda mais acentuada (BROCH et al., 2021BROCH, Caroline et al. The expansion of Physical Education in Brazilian higher education. Journal of Physical Education, v. 31, n. 1, p. 1-10, 2021. DOI: https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v31i1.3143
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). Para se ter a dimensão dessa expansão, no ano de 1995, totalizavam 140 cursos de EF no Brasil, e em 2019, 1526 de acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira, representando uma ampliação de 990%.

Tal crescimento fez emergir a necessidade de investigações sobre a formação em EF, o que impactou no aumento do número de pesquisas sobre os currículos desses cursos (RESENDE; LAZZAROTTI FILHO, 2019RESENDE, Moisés Sipriano; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O currículo de formação em Educação Física: análise das produções científicas. Movimento, v. 25, p. e25060, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90369
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), mais especificamente, intencionadas a analisar certas disciplinas dentro dessa formação (BRITO NETO, 2010BRITO NETO, Anibal Correia. O Estágio de desenvolvimento do campo de estudo em "formação de professores de Educação Física": primeiras aproximações. In: TERRA, Dinah Vasconcellos; SOUZA JÚNIOR, Marcílio (org.). Formação em Educação Física e Ciências do Esporte: políticas e cotidiano. Goiânia, GO: Aderaldo & Rothschild, 2010. p. 49-74.; RESENDE; LAZZAROTTI FILHO, 2019RESENDE, Moisés Sipriano; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O currículo de formação em Educação Física: análise das produções científicas. Movimento, v. 25, p. e25060, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90369
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).

Dentre as disciplinas investigadas estão as relacionadas ao lazer, que foram analisadas a partir de diferentes estudos que encontraram diversos resultados (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
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; GOMES; ISAYAMA, 2013GOMES, Rodrigo de Oliveira; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Lazer e Formação Profissional: Um Estudo sobre Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 16, n. 4, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.673. Acesso em: 29 mar. 2023.
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; ISAYAMA, 2002ISAYAMA, Helder Ferreira. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. 2002. 197 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.242766
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; MONTENEGRO; MOREIRA, 2014MONTENEGRO, Gustavo Maneschy; MOREIRA, Wagner Wey. Conhecimento sobre o lazer nos cursos de Educação Física da cidade de Belém. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 17, n. 3, p. 44-65, 2014. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014.972
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; NASCIMENTO; INÁCIO; LAZZAROTTI FILHO, 2019NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; INÁCIO, Humberto Luís de Deus; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura em Educação Física no estado de Goiás. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 4, p. 392-414, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16275
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). Dentre eles estão um apelo técnico e utilitarista nessas disciplinas, com carência de aprofundamento teórico (ISAYAMA, 2002ISAYAMA, Helder Ferreira. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. 2002. 197 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.242766
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), um reduzido espaço para o tema nos cursos (CAVALCANTE, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: tendências e diversidades. 167 f. 2021- Universidade de Brasília, 2021. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/41302. Acesso em 30 set. 2022.
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; ISAYAMA, 2002ISAYAMA, Helder Ferreira. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. 2002. 197 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.242766
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; MONTENEGRO; MOREIRA, 2014MONTENEGRO, Gustavo Maneschy; MOREIRA, Wagner Wey. Conhecimento sobre o lazer nos cursos de Educação Física da cidade de Belém. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 17, n. 3, p. 44-65, 2014. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014.972
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; NASCIMENTO et al., 2020NASCIMENTO, Diego Ebling do et al. Formação, lazer e currículo: os cursos de educação física do Tocantins. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 342-361, 2020. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.24044
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; NASCIMENTO; INÁCIO; LAZZAROTTI FILHO, 2019NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; INÁCIO, Humberto Luís de Deus; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura em Educação Física no estado de Goiás. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 4, p. 392-414, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16275
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), a necessidade de um maior equilíbrio entre a formação teórica e prática (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
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), uma diversificação das relações das disciplinas com outros temas (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; MONTENEGRO; MOREIRA, 2014MONTENEGRO, Gustavo Maneschy; MOREIRA, Wagner Wey. Conhecimento sobre o lazer nos cursos de Educação Física da cidade de Belém. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 17, n. 3, p. 44-65, 2014. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014.972
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) e uma autonomia por parte das instituições de ensino para a elaboração de seus currículos (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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).

Além disso, parte desses estudos analisaram as diferenças entre a formação para o bacharelado e a licenciatura, identificando que o conhecimento sobre o lazer é relevante para ambas formações (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
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; GOMES; ISAYAMA, 2013GOMES, Rodrigo de Oliveira; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Lazer e Formação Profissional: Um Estudo sobre Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 16, n. 4, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.673. Acesso em: 29 mar. 2023.
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), apresentando, inclusive, similaridades entre elas (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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), mas ainda assim, ganhando mais espaço no bacharelado (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; GOMES; ISAYAMA, 2013GOMES, Rodrigo de Oliveira; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Lazer e Formação Profissional: Um Estudo sobre Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 16, n. 4, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.673. Acesso em: 29 mar. 2023.
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).

Dentre esses estudos, alguns investigaram instituições públicas (MONTENEGRO; MOREIRA, 2014MONTENEGRO, Gustavo Maneschy; MOREIRA, Wagner Wey. Conhecimento sobre o lazer nos cursos de Educação Física da cidade de Belém. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 17, n. 3, p. 44-65, 2014. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014.972
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; NASCIMENTO et al., 2020NASCIMENTO, Diego Ebling do et al. Formação, lazer e currículo: os cursos de educação física do Tocantins. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 342-361, 2020. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.24044
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) e outros privadas e públicas (CAVALCANTE, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: tendências e diversidades. 167 f. 2021- Universidade de Brasília, 2021. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/41302. Acesso em 30 set. 2022.
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; FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
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; GOMES; ISAYAMA, 2013GOMES, Rodrigo de Oliveira; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Lazer e Formação Profissional: Um Estudo sobre Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 16, n. 4, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.673. Acesso em: 29 mar. 2023.
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; NASCIMENTO; INÁCIO; LAZZAROTTI FILHO, 2019NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; INÁCIO, Humberto Luís de Deus; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura em Educação Física no estado de Goiás. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 4, p. 392-414, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16275
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), mas nenhum deles teve como centralidade apresentar as características das disciplinas relacionadas ao lazer em instituições privadas e públicas, abrindo uma lacuna investigativa para este artigo. Nesse contexto emergiu a indagação: quais são as características das disciplinas relacionadas ao lazer dos cursos de EF de instituições privadas e públicas? Para responder tal problema o objetivo deste artigo foi caracterizar as disciplinas relacionadas ao lazer dos cursos de EF de instituições privadas e públicas.

2 O CURRÍCULO NO ENSINO SUPERIOR

O corpus empírico analítico deste artigo foram as disciplinas com o termo "lazer" em suas nomenclaturas nos currículos dos cursos de EF do Brasil. Tais dados fazem parte dos currículos dos cursos de EF, o que impacta na necessidade de aproximação ao conceito de currículo e das características dele no ensino superior.

Sacristán (2013SACRISTÁN, José Gimeno. O que significa o currículo? In: SACRISTÁN, José Gimeno (org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 16-35., p. 13) delimita o currículo como "[...] o conteúdo cultural que centros educacionais tratam de difundir naqueles que os frequentam, bem como os efeitos que tal conteúdo provoca em seus receptores [...]" com esses currículos se desenvolvendo internamente aos centros educacionais condicionados pela administração, professores e estudantes (SACRISTÁN, 2017SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.).

O currículo, com o passar dos anos, tornou-se objeto de estudo relevante, pois por meio de sua análise, obtém-se indícios de seu contexto de criação, expressando o que seus construtores têm como preferências teóricas e também apresentando a possibilidade de imaginar o futuro por meio do que está exposto nele, pois o mesmo se caracteriza como plano de intenções para o processo de ensino-aprendizagem (SACRISTÁN, 2013SACRISTÁN, José Gimeno. O que significa o currículo? In: SACRISTÁN, José Gimeno (org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 16-35., 2017).

Esses currículos não são estáticos e permanecem em constante transformação e o próprio caso do lazer na EF é exemplificativo. No início do século XXI, as disciplinas relacionadas ao lazer tinham graves deficiências teóricas e se aproximavam de aspectos técnicos e utilitaristas (ISAYAMA, 2002ISAYAMA, Helder Ferreira. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. 2002. 197 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.242766
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). Todavia, em pesquisas mais recentes, foi constatado que nessas disciplinas há um maior adensamento teórico em detrimento dos aspectos práticos, técnicos e instrumentais da formação (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
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; FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
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).

Além disso, é importante destacar que o currículo tem distinções em cada fase do ensino e analisá-lo requer a compreensão de que existem diferenças entre a educação básica e a universitária, já que nesta "[...] se destaca a adequação dos currículos ao progresso da ciência, de diversos âmbitos do conhecimento e da cultura, e à exigência do mundo profissional" (SACRISTÁN, 2013SACRISTÁN, José Gimeno. O que significa o currículo? In: SACRISTÁN, José Gimeno (org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 16-35., p. 37), fazendo-o adquirir concepções mais formais e acadêmicas (SACRISTÁN, 2013SACRISTÁN, José Gimeno. O que significa o currículo? In: SACRISTÁN, José Gimeno (org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 16-35.).

Nesta direção, o currículo no ensino superior apresenta distinções quando comparado a outros níveis de ensino. A seleção das disciplinas a serem cursadas e seus conteúdos são planejados para se adaptar às necessidades condicionadas pela formação nesse nível. As ementas, inclusive, são uma forma de currículo muito presente no ensino superior, diferentemente dos demais níveis educativos, ilustrando o caráter próprio destes documentos.

A partir dessas características, é importante destacar três principais elementos que influenciam na construção de uma disciplina no ensino superior, conforme apresentado na figura 1. O primeiro deles, são as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação (DCNCG), que apresentam amplos direcionamentos que devem ser levados em consideração por todas as instituições de ensino para a construção de seus currículos. O segundo, são as próprias instituições, que baseadas nas DCNCG, as adaptam às suas particularidades e criam currículos alinhados aos seus objetivos. Por fim, os docentes1 1 A forma como o ensino universitário se estrutura, com professores especialistas em determinadas áreas, faz com que em grande parte dos casos esses profissionais auxiliem na construção de uma disciplina. Em contrapartida, também é possível que determinadas instituições de ensino deixem a cargo de um gestor a elaboração de seus currículos, fazendo com que o professor não atue nessa construção, tornando-o um aplicador daquele currículo já criado. , que a partir de suas experiências anteriores, preferências teóricas e profissionais, podem - e devem - ser chamados para a construção dessas disciplinas, baseando-se nas DCNCG em conjunto com os objetivos da instituição de ensino que os torneiam para auxiliar na construção de tais currículos.

Figura 1
Principais influências na construção das disciplinas.

Todo este contexto ilustra a relevância em se analisar as disciplinas sobre o lazer, pois, por meio delas, obtém-se não só noções das possíveis aprendizagens dos estudantes, mas também, dos impactos das DCNCG da EF nos currículos, dos objetivos e características das instituições de ensino superior e das preferências dos docentes no que diz respeito ao lazer no Brasil.

3 METODOLOGIA

Os dados para este artigo foram as disciplinas com o termo "lazer" em suas nomenclaturas dos cursos de EF do Brasil de instituições privadas e públicas e suas respectivas quantidades, cargas horárias, localizações no fluxo curricular, ementas e bibliografias. Para a coleta de tais dados, foram utilizadas diferentes estratégias.

A primeira foi entrar em contato com o Ministério da Educação (MEC), por meio do Sistema Eletrônico de Informações ao Cidadão (e-SIC), interrogando se eles tinham disponíveis os dados necessários à pesquisa. O MEC retornou comunicando que tais dados são de responsabilidade das instituições de ensino e enviou uma planilha Excel com os cursos de EF do Brasil, juntamente com seus contatos (e-mail e telefone). Logo em seguida, entrou-se em contato com todas as instituições via telefone e e-mail requisitando os dados que poderiam ser enviados no corpo do e-mail ou por meio de um formulário criado no Google Forms.

Após essa etapa o retorno quantitativo foi baixo e outra estratégia de coleta foi adotada. Primeiro foram visitados os sites das instituições e realizadas buscas pelos dados necessários à pesquisa. Caso eles não se encontrassem disponíveis, foi procurado o e-mail do coordenador de curso e requisitadas essas informações que novamente poderiam ser repassadas no corpo do próprio e-mail ou por meio do formulário do Google Forms. Todo esse processo ocorreu entre 14 de abril de 2020 e 13 de setembro de 2020. A seguir estão o quantitativo de dados coletados (figura 2) e sua quantidade por estado da federação (gráfico 1).

Figura 2
Apresentação dos dados coletados.

Gráfico 1
Quantidade de cursos por estado2 2 Não cooperaram com a pesquisa instituições localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, motivo pelo qual estes estados não estão presentes no gráfico 1. .

Esses dados foram analisados por meio de metodologia mista, que associou elementos analíticos quantitativos e qualitativos, colaborando para a realização de investigação com lógicas plurais, conforme exposto por Creswell (2010)CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.. Posteriormente, elaborou-se uma planilha no Microsoft Excel®, que continha dados referentes à quantidade média de disciplinas por curso, à carga horária destas, suas localizações no fluxo curricular e às bibliografias utilizadas.

Para a análise das ementas foi empregada a Análise Categorial, definida como "[...] operações de desmembramento do texto, em categorias segundo reagrupamentos analógicos [...]" (BARDIN, 2016BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. 6. ed. São Paulo: Edições 70, 2016., p. 201), realizando a reunião de elementos textuais sob um título genérico com base em suas características similares dos dados. Tal processo analítico se deu em dois momentos, conforme a figura 3. No primeiro, identificou-se as relações que o lazer estabelece com outros temas, definidos como assuntos ou temáticas apresentadas dentro das ementas. No segundo, o foco recaiu nas proposições específicas para o lazer, ou em outros termos, sob qual enfoque ele seria estudado.

Figura 3
O processo de categorização dos temas e enfoques nas ementas.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 A QUANTIDADE, O ESPAÇO E O LOCAL DAS DISCIPLINAS RELACIONADAS AO LAZER

Como apresentado na metodologia, 52 cursos de EF de instituições privadas contribuíram com a pesquisa e identificou-se um total de 56 disciplinas relacionadas ao lazer nas grades curriculares dessas instituições, representando uma média de 1,07 disciplinas por curso. Já as instituições públicas totalizaram 54 com 83 disciplinas, o que dá uma média de 1,53.

Na soma total da carga horária de cada uma dessas disciplinas foi constatada um tempo de 3659 horas nas instituições privadas e 4585 horas nas públicas. Tendo como referência essas cargas horárias, as instituições privadas dedicam uma média de 70,36 horas para essas disciplinas e as públicas 84,90. Isso significa que as disciplinas relacionadas ao lazer ocupam um espaço de aproximadamente 2,19% nas instituições privadas e 2,65% nas públicas, quando levamos em consideração a carga horária mínima estipulada pela DCNCG da EF de 3200 horas3 3 Como não foram obtidos a carga horária total de cada dos cursos de EF investigados, optou-se por comparar o tempo em porcentagem dedicado a cada uma das disciplinas tendo como base as DCNCG. . É fundamental ressalvar que, como essas porcentagens foram baseadas no mínimo estabelecido pelas DCNCG da EF, pode ser que as instituições tenham uma carga horária maior que a estabelecida por tais diretrizes, o que impactaria em porcentagens ainda menores em caso de cargas horárias maiores que as mínimas estabelecidas pelas DCNCG.

Todos esses dados apresentam a hipótese de que o lazer tem ocupado pouco espaços dentro dos cursos de formação, o que inclusive é corroborado por outros estudos (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.11421...
; CORRÊA, 2009CORRÊA, Evandro Antonio. Formação acadêmica e intervenção profissional de Educação Física no âmbito do lazer. Motriz: Revista de Educação Física, v. 15, n. 1, p. 132-142, 2009. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2318/2225. Acesso em 30 set. 2022.
https://www.periodicos.rc.biblioteca.une...
; ISAYAMA, 2002ISAYAMA, Helder Ferreira. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. 2002. 197 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.242766
https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002....
; MONTENEGRO; MOREIRA, 2014MONTENEGRO, Gustavo Maneschy; MOREIRA, Wagner Wey. Conhecimento sobre o lazer nos cursos de Educação Física da cidade de Belém. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 17, n. 3, p. 44-65, 2014. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014.972
https://doi.org/10.35699/1981-3171.2014....
; NASCIMENTO et al., 2020NASCIMENTO, Diego Ebling do et al. Formação, lazer e currículo: os cursos de educação física do Tocantins. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 342-361, 2020. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.24044
https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020....
; NASCIMENTO; INÁCIO; LAZZAROTTI FILHO, 2019NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; INÁCIO, Humberto Luís de Deus; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura em Educação Física no estado de Goiás. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 4, p. 392-414, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16275
https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019....
). Entretanto, para a confirmação de tal hipótese, se faz necessária a comparação do lazer com outras disciplinas presentes na grade horária das instituições de ensino, o que não ocorreu. Além disso, há a possibilidade de o tema inserir-se dentro de outras disciplinas de forma transversal, em projetos de extensão, grupos de pesquisas, estágios.

Para além do cenário apresentado, é basilar ressaltar que o lazer dentro dos cursos de EF tem mais destaque nas instituições públicas em detrimento das privadas, já que estas disciplinas se apresentam em quantidade e tempo maior dentro das instituições públicas.

Sobre a localização no fluxo curricular, tais disciplinas não têm local de prevalência, o que significa que não há um semestre específico onde elas costumam inserir-se, conforme o gráfico 2.

Gráfico 2
Semestre de localização das disciplinas

Esta diversidade de localizações podem estar vinculadas às disputas ocorridas na elaboração dos currículos internamente às instituições, fazendo com que existam organizações curriculares destoantes entre elas, o que inclusive foi identificado em outros estudos (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.11421...
; SCHWARZ, 2007SCHWARZ, Liamara. A disciplina lazer e recreação na formação de professores de Educação Física: estudo sobre alguns tratos curriculares em universidades estaduais do Paraná. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/89774. Acesso em: 30 set. 2022.
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle...
).

4.2 OS TEMAS

A respeito dos temas com os quais o lazer se relaciona, identificados nas ementas, há uma diversificação dos mesmos que totalizam 39 nas instituições privadas e 49 nas públicas. Isso significa que além do lazer estar mais presente nas instituições públicas por conta da quantidade e do tempo dedicado às disciplinas, ele também diversifica ainda mais suas relações quando inserido nessas instituições.

Além disso, parece que as instituições de ensino superior rogam de certa autonomia na construção de suas disciplinas, pois, a relação do lazer com os mais diversos temas, representa uma ampla liberdade adquirida, o que sem sombra de dúvidas, impacta nesta diversidade de temas constatados. No gráfico 3 pode-se identificar esses temas e suas respectivas quantidades de aparições.

Gráfico 3
Os temas nas ementas das instituições privadas e públicas

Diante da impossibilidade de promover reflexões sobre todos esses temas, vamos dar destaque aos quatro mais recorrentes nas instituições privadas e públicas, que estão presentes no gráfico 4.

Gráfico 4
Os temas recorrentes nas ementas das instituições privadas e públicas

Nas instituições privadas, o tema mais recorrente é a recreação, com 44 aparições, diferentemente das públicas, em que o tema aparece 23 vezes, ilustrando profundas diferenças entre essas instituições. Esse descompasso é ainda mais significativo quando levamos em consideração que há uma maior quantidade de disciplinas em instituições públicas (83) comparativamente às privadas (56), o que indica que proporcionalmente, há ainda menos destaque para a recreação nas instituições públicas, conforme o gráfico 5.

Gráfico 5
A porcentagem de disciplinas que citam a recreação nas ementas das instituições privadas e públicas

Não é novidade a relação do lazer com a recreação dentro da EF, seja na formação (SEREJO; ISAYAMA, 2018SEREJO, Hilton Fabiano Boaventura; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Discursos sobre do recreação em disciplinas curso de Educação Física da UFMG (1969-1990). LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 21, n. 3, p. 90-125, 2018. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2018.1864
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, 2019SEREJO, Hilton Fabiano Boaventura; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Discursos sobre a recreação: um saber disciplinarizado na escola de Educação Física de Minas Gerais (1963 - 1969). Movimento, v. 25, p. e25023, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.77663
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; SEREJO; MACIEL JÚNIOR; ISAYAMA, 2017SEREJO, Hilton Fabiano Boaventura; MACIEL JÚNIOR, Mauro Lúcio; ISAYAMA, Hélder Ferreira. A recreação e o lazer como saberes em contrução nas escolas iniciais de Educação Física de Minas Gerais (1952 a 1962). Recorde - Revista de História do Esporte, v. 10, n. 2, p. 1-26, 2017. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/Recorde/article/view/14338. Acesso em 30 set. 2022.
https://revistas.ufrj.br/index.php/Recor...
) ou na atuação (GOMES, 2003GOMES, Christianne Luce. Significados de recreação e lazer no Brasil: reflexões a partir da análise de experiências institucionais (1926-1964). 2003. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/HJPB-5NVJWV. Acesso em: 30 set. 2022.
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; MELO, 2003MELO, Victor Andrade. Lazer e Educação Física: problemas historicamente construídos, saídas possíveis: um enfoque na questão da formação. In: WERNECK, Christianne Luce Gomes; ISAYAMA, Helder Ferreira (orgs.). Lazer, recreação e Educação Física. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003.; MELO; ALVES JÚNIOR, 2012MELO, Victor Andrade; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Introdução ao lazer. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.). Todavia, nos últimos anos, a recreação tem sido colocada para escanteio pela EF, pois no termo encontra-se um caráter mais prático, intervencionista e pouco reflexivo4 4 Claro que não defendemos um distanciamento do lazer com a recreação por conta desse caráter, afinal, assim como dito por Melo & Alves Júnior (2012), o conceito de recreação "[...] merece ser, contudo, melhor discutido [...]", mas não abandonado. (MELO; ALVES JÚNIOR, 2012MELO, Victor Andrade; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Introdução ao lazer. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.; PIMENTEL; PINTO, 2020PIMENTEL, Guiliano Gomes de Assis; PINTO, Leila Mirtes Magalhães. Tensões e relações no GTT Lazer e Sociedade do CBCE e o lugar da recreação. In: TSCHOKE, Aline; LARA, Larissa; ATHAYDE, Pedro (org.) Ciências do Esporte, Educação Física e Produção do Conhecimento em 40 Anos de CBCE. Natal, RN: EDUFRN, 2020.; SEREJO; ISAYAMA, 2018SEREJO, Hilton Fabiano Boaventura; ISAYAMA, Hélder Ferreira. Discursos sobre do recreação em disciplinas curso de Educação Física da UFMG (1969-1990). LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 21, n. 3, p. 90-125, 2018. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2018.1864
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; WERNECK, 2003WERNECK, Christianne Luce Gomes. Recreação e lazer: apontamentos históricos no contexto da Educação Física. In: WERNECK, Christianne Luce Gomes (org.). Lazer, recreação e educação física: turismo, cultura e lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.). Apesar disso, parece que esse distanciamento do lazer com a recreação se deu principalmente nas instituições públicas, e não nas privadas. Ademais, a aproximação da recreação com as instituições privadas pode ser fruto de uma maior quantidade de cursos de bacharelado nesses espaços, já que a recreação, com o passar dos anos, distanciou-se da escola e aproximou-se de outros espaços como clubes, associações, colônias de férias. Contudo, o amplo destaque do tema ainda sim pode ser considerado extremamente significativo.

Outra temática que se destaca nas instituições privadas é o jogo, que aparece 24 vezes e está relacionado à essa aproximação com a recreação, já que, historicamente, os jogos foram utilizados para a realização de atividades recreativas desde o início do século passado para ocupar o tempo de lazer da população (GOMES; ELIZALDE, 2012GOMES, Christianne Luce; ELIZALDE, Rodrigo. Horizontes Latino-americanos do lazer. Belo Horizonte, MG: UFMG, 2012.; ISAYAMA, 2007ISAYAMA, Helder Ferreira. Reflexões sobre os Conteúdos Físico-esportivos e as Vivências de Lazer. In: MARCELLINO, Nelson Carvalho (org.). Lazer e cultura. Campinas, SP: Alínea, 2007. p. 31-46.; MELO, 2003MELO, Victor Andrade. Lazer e Educação Física: problemas historicamente construídos, saídas possíveis: um enfoque na questão da formação. In: WERNECK, Christianne Luce Gomes; ISAYAMA, Helder Ferreira (orgs.). Lazer, recreação e Educação Física. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003.; SEREJO; MACIEL JÚNIOR; ISAYAMA, 2017SEREJO, Hilton Fabiano Boaventura; MACIEL JÚNIOR, Mauro Lúcio; ISAYAMA, Hélder Ferreira. A recreação e o lazer como saberes em contrução nas escolas iniciais de Educação Física de Minas Gerais (1952 a 1962). Recorde - Revista de História do Esporte, v. 10, n. 2, p. 1-26, 2017. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/Recorde/article/view/14338. Acesso em 30 set. 2022.
https://revistas.ufrj.br/index.php/Recor...
; WERNECK, 2003WERNECK, Christianne Luce Gomes. Recreação e lazer: apontamentos históricos no contexto da Educação Física. In: WERNECK, Christianne Luce Gomes (org.). Lazer, recreação e educação física: turismo, cultura e lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.). Além disso, a relação com os jogos dentro das instituições privadas também demonstra um descompasso em comparação com as públicas, já que o tema aparece somente sete vezes nas ementas destas instituições.

O terceiro tema de maior destaque nas instituições privadas é a cultura, que se vinculou ao lazer pelo fato de autores importantes da área elaborarem conceitos de lazer relacionando-o com a cultura (STIGGER, 2009STIGGER, Marco Paulo. Lazer, cultura e educação: possíveis articulações. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 30, n. 2, p. 73-88, 2009. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/437/353. Acesso em: 30 set. 2022.
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), como "As atividades de lazer são práticas culturais, no seu sentido mais amplo [...]" (MELO; ALVES JÚNIOR, 2012MELO, Victor Andrade; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Introdução ao lazer. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012., p. 34), ou o lazer como "Cultura vivenciada no tempo disponível das obrigações profissionais [...]" (MARCELLLNO, 2007MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e cultura: algumas aproximações. In: MARCELLINO, Nelson Carvalho (org.). Lazer e cultura. Campinas, SP: Alínea, 2007. p. 9-30., p. 10). Além do mais, a cultura é o primeiro tema que se apresenta em certo equilíbrio entre as instituições privadas e públicas já que o termo aparece 18 vezes nas instituições privadas e 25 nas públicas.

O quarto tema mais aparente nas instituições privadas é a educação e quando esse termo é utilizado nas ementas, em sua maioria, refere-se à educação pelo e para o lazer, o que é discutido em diversas obras que influenciaram o campo da EF (CAMARGO, 1998CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. Educação para o lazer. São Paulo, SP: Moderna, 1998.; MARCELLINO, 2012MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do lazer: uma introdução. 5. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.; STIGGER, 2009STIGGER, Marco Paulo. Lazer, cultura e educação: possíveis articulações. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 30, n. 2, p. 73-88, 2009. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/437/353. Acesso em: 30 set. 2022.
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). Entretanto, novamente existem diferenças entre o lazer nas instituições privadas em comparação com as públicas, porque apesar desse tema ser o quarto nas privadas, ele é o primeiro nas instituições públicas.

Na análise das instituições públicas há destaques distintos dos que aparecem nas privadas. O primeiro é a educação, assim como apresentado anteriormente, que se aproxima e se realça ainda mais nas instituições públicas. Tal aproximação também é reflexo de uma maior quantidade de instituições públicas que ofereciam o curso de licenciatura em suas formações, o que impacta em uma aproximação da educação com tais instituições, além claro, da ampla influência da educação pelo e para o lazer no campo da EF (STIGGER, 2009STIGGER, Marco Paulo. Lazer, cultura e educação: possíveis articulações. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 30, n. 2, p. 73-88, 2009. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/437/353. Acesso em: 30 set. 2022.
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)

O segundo tema destacado são as políticas públicas, que chamam a atenção pelo fato de aparecerem 28 vezes nas públicas e somente 13 nas privadas, ilustrando mais uma vez as diferenças entre as formações. As políticas públicas ganharam destaque no campo da EF no século XXI com a criação do Ministério do Esporte, que estimulou o financiamento de programas relacionados ao esporte e ao lazer, como no caso do Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC), impactando na absorção do tema por parte dos currículos da EF.

O esporte também é relevante para as instituições públicas e historicamente se vinculou ao lazer, pois os programas de estímulos ao lazer desde o século XX relacionavam-se a práticas esportivas (FEIX; GOELLNER, 2008FEIX, Eneida; GOELLNER, Silvana Vilodre. O florescimento dos espaços públicos de lazer e de recreação em Porto Alegre e o protagonismo de Frederico Guilherme Gaelzer. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 11, n. 3, p. 1-18, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/901. Acesso em: 30 set. 2022.
https://periodicos.ufmg.br/index.php/lic...
; GOMES, 2003GOMES, Christianne Luce. Significados de recreação e lazer no Brasil: reflexões a partir da análise de experiências institucionais (1926-1964). 2003. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/HJPB-5NVJWV. Acesso em: 30 set. 2022.
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; MELO; ALVES JÚNIOR, 2012MELO, Victor Andrade; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Introdução ao lazer. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.; WERNECK, 2003WERNECK, Christianne Luce Gomes. Recreação e lazer: apontamentos históricos no contexto da Educação Física. In: WERNECK, Christianne Luce Gomes (org.). Lazer, recreação e educação física: turismo, cultura e lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.) e assim como os boa parte dos temas, há uma enorme diferença entre a quantidade que o esporte se apresenta nas instituições públicas (27) comparativamente com as privadas (11).

Por fim, nas instituições públicas, aparece a relação com a cultura que assim como apresentado anteriormente, parece ser o tema que se encontra em maior equilíbrio entre as instituições.

4.3 OS ENFOQUES

Os enfoques se caracterizam como o modo de focar em um assunto, ou seja, sob qual perspectiva ele é tratado. No caso do lazer, na análise desses enfoques nas ementas notou-se também uma enorme diversificação. Foram encontrados um total de 35 diferentes enfoques nas instituições privadas e 46 nas públicas que podem ser constatados a seguir, no gráfico 6.

Gráfico 6
Os enfoques nas ementas das instituições privadas e públicas

Quando analisamos esses enfoques identificamos também algumas tendências, apresentadas no gráfico 7.

Gráfico 7
Os enfoques recorrentes nas ementas das instituições privadas e públicas

Nota-se que diferentemente dos temas que são significativamente distintos entre as formações, os principais enfoques dados ao lazer são semelhantes. Talvez a principal diferença se dê na aproximação das instituições privadas com a prática, e das públicas com os projetos. Além disso, ambas instituições valorizam os estudos sobre a história, conceitos e teorias do lazer que são elementos basilares para a compreensão do tema.

4.4 AS BIBLIOGRAFIAS

Ao analisar as bibliografias das disciplinas relacionadas ao lazer constata-se uma enorme diversidade, exposta na figura 4, com um total de 170 diferentes obras (livros, artigos, teses, dissertações, periódicos) nas instituições privadas e 318 nas instituições públicas. Chama a atenção a maior quantidade de referências nas instituições públicas, levantando a hipótese de que tais instituições rogam de maiores liberdades para a seleção das referências dentro das disciplinas, assim como constatado com os temas, mesmo levando em consideração a maior quantidade de disciplinas nas instituições públicas.

Figura 4
As obras nas bibliografias das disciplinas relacionadas ao lazer de instituições privadas e públicas

Apesar desta extrema diversidade, ainda assim, há algumas obras que são mais valorizadas dentro dessas instituições, conforme o gráfico 8.

Gráfico 8
As obras recorrentes nas bibliografias das instituições privadas e públicas5 5 A intenção, assim como na análise dos temas e dos enfoques, era dar destaque no gráfico somente às quatro obras mais citadas. Entretanto, como houve um empate das obras na quarta posição, todas as empatadas foram incluídas.

Na análise das obras identifica-se que "Introdução ao Lazer" é a mais citada como referência nas bibliografias, tanto nas instituições privadas, quanto nas públicas, ilustrando a relevância e o impacto desse livro para o lazer no Brasil, o que foi constatado também na formação para o bacharelado e para a licenciatura (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.11421...
).

Para além, identifica-se um alinhamento das obras com os temas identificados nas ementas apresentados anteriormente, pois nas instituições privadas parte das obras mais referenciadas estão vinculadas a recreação e aos jogos como "Trabalhando com a Recreação", "Lazer e Recreação: repertório de atividades por ambientes" e "Organização de Atividades de Lazer e Recreação"; e nas instituições públicas há obras que se alinham à temática da educação, das políticas públicas e do esporte como "Lazer e Educação" e "Lazer e Esporte: Políticas Públicas". Ademais, com exceção do livro "Introdução ao Lazer" e "Lazer e Educação", todos os outros se diversificam, mostrando tendências diferentes para a formação nas instituições privadas e públicas, assim como nos temas. Já os(as) autores(as) mais referenciados nas bibliografias são apresentados no gráfico 9.

Gráfico 9
Os(as) autores(as) recorrentes nas bibliografias das instituições privadas e públicas

Impressiona a presença de Nelson Carvalho Marcellino, que apesar de não ter a obra mais presente nas bibliografias, é o autor mais identificado nos currículos das disciplinas relacionadas ao lazer. No caso das instituições privadas, ele é citado mais que o triplo em comparação ao segundo colocado (Victor Andrade de Melo) e nas públicas mais que o dobro, o que ilustra a forte influência teórica-conceitual do autor para os estudos do lazer no Brasil. Além disso, Marcellino foi constatado como o mais citado em estudos sobre o lazer nos currículos de instituições de ensino superior em Goiás (NASCIMENTO; INÁCIO; LAZZAROTTI FILHO, 2019NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; INÁCIO, Humberto Luís de Deus; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura em Educação Física no estado de Goiás. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 4, p. 392-414, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16275
https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019....
), no Paraná (SCHWARZ, 2007SCHWARZ, Liamara. A disciplina lazer e recreação na formação de professores de Educação Física: estudo sobre alguns tratos curriculares em universidades estaduais do Paraná. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/89774. Acesso em: 30 set. 2022.
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle...
), em São Paulo (FILIPPIS; MARCELLINO, 2013FILIPPIS, André de; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Formação profissional em lazer, nos cursos de Educação Física, no Estado de São Paulo. Movimento, v. 19, n. 3, p. 31-56, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560
https://doi.org/10.22456/1982-8918.37560...
), em Tocantins (NASCIMENTO, et al., 2020) e em todo o Brasil (CAVALCANTE; LAZZAROTTI FILHO, 2021CAVALCANTE, Fernando Resende; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O lazer nos currículos dos cursos de Educação Física: diversidades e tendências. Movimento, v. 27, p. e27056, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1982-8918.114216. Acesso em 30 set. 2022.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.11421...
).

Esse quantitativo de referenciações nos currículos é fruto de sua extensa produção de obras sobre o lazer e também de um certo pioneirismo do autor, que aglutinou diversas discussões sobre o lazer ao final da década de 1980 a partir de suas obras sobre a temática (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2005ALMEIDA, Marco Antonio Bettine de; GUTIERREZ, Gustavo Luis. O lazer no Brasil: do nacional-desenolvimentismo à globalização. Conexões, v. 3, n. 1, p. 36-57, 2005. DOI: https://doi.org/10.20396/conex.v3i1.8637887
https://doi.org/10.20396/conex.v3i1.8637...
). Além do mais, seu impacto se desdobra inclusive para campo científico da EF (DIAS et al., 2017DIAS, Cleber et al. Estudos do lazer no Brasil em princípios do século XXI: panorama e perspectivas. Movimento, v. 23, n. 2, p. 601-616, 2017. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.66121
https://doi.org/10.22456/1982-8918.66121...
; WERNECK, 2000WERNECK, Christianne Luce G. A constituição do lazer como um campo de estudos científicos no Brasil: implicações do discurso sobre a cientificidade e autonomia deste campo. In: ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 12, 2000, Balneário Camboriú. Coletânea... Balneário Camboriú: Roca/Universidade do Vale do Itajaí, 2000. p. 77-88. Disponível em: https://grupootium.files.wordpress.com/2011/06/a-constituic3a7c3a3o-do-lazer-como-um-campo-de-estudos-cientc3adficos-no-brasil.pdf. Acesso em: 30 set. 2022.
https://grupootium.files.wordpress.com/2...
) o que corrobora com a forte influência dele para a EF desde a formação até a produção científica.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E LIMITES DA PESQUISA

Se o currículo é um plano de intenções para as possíveis aprendizagens dos estudantes, por meio do presente artigo, pode-se constatar o que a EF tem valorizado quando o assunto é o lazer nas instituições privadas e públicas do Brasil.

Em primeiro lugar, há indícios de que o lazer ocupa pouco espaço dentro das instituições, o que é corroborado por um grande número de pesquisas que realizaram investigações semelhantes. Para além, esse tempo é ainda menor quando comparamos as instituições privadas com as públicas, já que, naquelas, o espaço é ainda menor. Por fim, estas disciplinas não têm um local de prevalência na grade curricular, o que sinaliza que a seleção do semestre em que elas se localizarão é influenciada por disputas internas a cada instituição de ensino.

Na análise dos temas mais presentes nas disciplinas foram constatadas profundas diferenças entre as instituições, com as privadas se aproximando da recreação e as públicas da educação, o que demonstra disparidades entre a formação em um ou noutro local. Talvez a principal aproximação temática seja a cultura, que se encontra em certo equilíbrio entre instituições privadas e públicas. Sobre os enfoques, tanto as instituições privadas quanto as públicas valorizam principalmente estudos sobre a história, teoria ou conceito do lazer e diferentemente dos temas, os enfoques mais valorizados são semelhantes.

Nas bibliografias, tanto nas instituições privadas quanto nas públicas, a principal obra referenciada é "Introdução ao Lazer" escrita por Victor Andrade Melo e Edmundo Drummond Alves Júnior, o que ilustra o impacto desse livro para a formação em EF no Brasil. Já na análise dos(as) autores(as) mais citados há uma predominância do Nelson Carvalho de Marcellino, o que é fruto da extensa produção do autor e de um certo pioneirismo na discussão sobre o lazer a partir da década de 1980.

Apesar da constatação de diferenças entre as formações ofertadas por instituições privadas e públicas, a intenção deste artigo não foi menosprezar ou vangloriar uma ou outra formação. Na verdade, o que se constata são características e com base nelas, pode-se obter direcionamentos interessantes para a construção de novos currículos nos cursos de EF quando o assunto é lazer.

Como um limite deste artigo, identificou-se a pequena quantidade de cursos coletados da região Norte-Nordeste do Brasil, e apesar deste estudo ter como intenção analisar as disciplinas em todo o país, ele não conseguiu investigar os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, diante da indisponibilidade dos cursos nessas localizações em cooperarem com a pesquisa. Além do mais, os cursos que mais contribuíram são do eixo centro-sul, o que era esperado por conta do quantitativo maior de instituições de ensino superior nesses territórios.

Por fim, tal como partituras musicais, esses currículos são planos de intenções, que só se materializam a partir do momento que se tornam música, ou seja, na sala de aula. Por isso, para o futuro, é necessário investigar, para além desses currículos, as percepções das instituições, dos professores e dos estudantes sobre essas disciplinas relacionadas ao lazer.

  • 1
    A forma como o ensino universitário se estrutura, com professores especialistas em determinadas áreas, faz com que em grande parte dos casos esses profissionais auxiliem na construção de uma disciplina. Em contrapartida, também é possível que determinadas instituições de ensino deixem a cargo de um gestor a elaboração de seus currículos, fazendo com que o professor não atue nessa construção, tornando-o um aplicador daquele currículo já criado.
  • 2
    Não cooperaram com a pesquisa instituições localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, motivo pelo qual estes estados não estão presentes no gráfico 1.
  • 3
    Como não foram obtidos a carga horária total de cada dos cursos de EF investigados, optou-se por comparar o tempo em porcentagem dedicado a cada uma das disciplinas tendo como base as DCNCG.
  • 4
    Claro que não defendemos um distanciamento do lazer com a recreação por conta desse caráter, afinal, assim como dito por Melo & Alves Júnior (2012)MELO, Victor Andrade; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Introdução ao lazer. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012., o conceito de recreação "[...] merece ser, contudo, melhor discutido [...]", mas não abandonado.
  • 5
    A intenção, assim como na análise dos temas e dos enfoques, era dar destaque no gráfico somente às quatro obras mais citadas. Entretanto, como houve um empate das obras na quarta posição, todas as empatadas foram incluídas.
  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado com apoio: da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001; do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade de Brasília; e da Fundação de amparo à pesquisa do Distrito Federal.
  • COMO REFERENCIAR

    CAVALCANTE, Fernando Resende; NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; LAZZAROTTI FILHO, Ari. Nas privadas recreação, nas públicas educação: as características das disciplinas relacionadas ao lazer nos cursos de Educação Física. Movimento, v. 29, p. e29026, jan./dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.127561

ÉTICA DE PESQUISA

A pesquisa seguiu os protocolos do Committee on Publication Ethics (COPE).

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Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    15 Nov 2022
  • Aceito
    21 Fev 2023
  • Publicado
    13 Jul 2023
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
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