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Tratamento endovascular de aneurisma sacular aórtico associado à doença de Adamantiades-Behçet

Resumo

A doença de Adamantiades-Behçet é uma desordem multissistêmica que se apresenta classicamente com úlceras orais e genitais e envolvimento ocular, podendo o acometimento vascular ocorrer em até 38% dos casos. O envolvimento aórtico é uma das manifestações mais severas e está associado a altas taxas de mortalidade, ocorrendo em 1,5 a 2,7% dos casos. Relatamos um caso de aneurisma sacular de aorta abdominal em um paciente de 49 anos com doença de Adamantiades-Behçet complicada, tratada por correção endovascular.

Palavras-chave:
síndrome de Behçet; aneurisma aórtico; procedimentos endovasculares

Abstract

Adamantiades-Behçet disease is a multisystemic disorder that classically presents with oral and genital ulcers and ocular involvement, with vascular involvement in up to 38% of cases. Aortic involvement is one of the most serious manifestations and is associated with high mortality rates, occurring in 1.5 to 2.7% of cases. We report a case of a saccular abdominal aorta aneurysm in a 49-year-old male patient with complicated Adamantiades-Behçet disease that was treated with endovascular repair.

Keywords:
Behçet syndrome; aortic aneurysm; endovascular procedures

INTRODUÇÃO

A doença de Adamantiades-Behçet (DAB) é uma síndrome rara, de caráter inflamatório e multissistêmico, podendo acometer o trato gastrointestinal, o sistema cardiovascular, as articulações e o sistema nervoso central, além de possíveis manifestações cutâneas, sendo sua fisiopatologia ainda desconhecida11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,22 Nishiyama T, Kondo Y, Okamoto S, et al. Aneurisma do arco aórtico na doença de Behçet tratada com sucesso com infliximabe. Med Interna. 2020;59(8):1087-91. http://dx.doi.org/10.2169/internalmedicine.3946-19. PMid:31915317.
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. O acometimento vascular está presente em cerca de 7 a 38% dos casos de DAB, sendo o sistema venoso o mais afetado em até 75% dos casos22 Nishiyama T, Kondo Y, Okamoto S, et al. Aneurisma do arco aórtico na doença de Behçet tratada com sucesso com infliximabe. Med Interna. 2020;59(8):1087-91. http://dx.doi.org/10.2169/internalmedicine.3946-19. PMid:31915317.
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,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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. As lesões arteriais têm uma prevalência entre 3,6 a 31% na literatura e variam desde aneurismas até estenoses ou tromboses arteriais agudas, sendo as artérias renais, pulmonares e abdominais as mais afetadas22 Nishiyama T, Kondo Y, Okamoto S, et al. Aneurisma do arco aórtico na doença de Behçet tratada com sucesso com infliximabe. Med Interna. 2020;59(8):1087-91. http://dx.doi.org/10.2169/internalmedicine.3946-19. PMid:31915317.
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,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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. O envolvimento aórtico é uma das manifestações mais severas e está associado a altas taxas de mortalidade, ocorrendo em 1,5 a 2,7% dos casos, apresentando-se usualmente na forma de pseudoaneurismas ou aneurismas saculares em aorta abdominal11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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,44 Kutay V, Yakut C, Ekim H. Rupture of the abdominal aorta in a 13-year-old girl secondary to Behçet disease: a case report. J Vasc Surg. 2004;39(4):901-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2003.12.020. PMid:15071462.
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. A cirurgia aberta, nesses casos, é considerada complicada e tecnicamente desafiadora33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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,44 Kutay V, Yakut C, Ekim H. Rupture of the abdominal aorta in a 13-year-old girl secondary to Behçet disease: a case report. J Vasc Surg. 2004;39(4):901-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2003.12.020. PMid:15071462.
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.

Não existe nenhum teste universalmente aceito para o diagnóstico de DAB. Assim, ele é realizado através da presença de sua tríade clássica, estabelecida pelo International Study Group for Behçet’s Disease: úlceras orais, úlceras genitais e uveíte11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,44 Kutay V, Yakut C, Ekim H. Rupture of the abdominal aorta in a 13-year-old girl secondary to Behçet disease: a case report. J Vasc Surg. 2004;39(4):901-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2003.12.020. PMid:15071462.
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,55 International Study Group for Behçet’s Disease. Criteria for diagnosis of Behçet’s disease. Lancet. 1990;335(8697):1078-80. PMid:1970380..

Relatamos um caso de acometimento arterial e venoso na DAB, com um aneurisma de aorta abdominal (AAA) sacular complicado, tratado via endovascular, e uma trombose venosa profunda (TVP) extensa, secundários à DAB. Houve aprovação do Comitê de Ética, sob parecer número 4.466.229. O paciente consentiu com a publicação do caso clínico e das imagens.

RELATO DO CASO

Homem de 49 anos com queixa de edema assimétrico de membro inferior esquerdo associado a dor em coxa ipsilateral e diarreia aquosa por 3 dias antes da admissão hospitalar (Figura 1A). Realizou-se uma ultrassonografia com Doppler venoso dos membros inferiores, que confirmou TVP no segmento venoso fêmoro-poplíteo à esquerda. Foi realizada, então, uma angiotomografia de abdome total, para avaliar extensão trombótica cavo-ilíaca, evidenciando, de forma incidental, um aneurisma sacular posterior de aorta abdominal, próximo ao corpo vertebral de L3 com acometimento predominantemente à esquerda e com trombos excêntricos, tendo o maior diâmetro de 6,4 cm e colo de 1,7 cm (Figura 2), bem como trombose de toda veia ilíaca comum e externa esquerda. Em seus antecedentes patológicos, paciente relatava úlceras orais e genitais recorrentes e artrite nos últimos 8 anos, além do surgimento de lesões acneiformes em dorso e face (Figura 1B). Não apresentava história de diabetes melito ou hipertensão arterial sistêmica e negava uso de álcool, tabaco ou outras drogas. Apresentava velocidade de hemossedimentação de 64 mm/h, proteína C reativa de 29 mg/L e dímero-D de 2.558 ng/mL. Leucograma sem alterações na contagem global ou na diferencial. Foi realizada angiotomografia de tórax, sendo afastados outros acometimentos aneurismáticos torácicos e embolia pulmonar.

Figura 1
(A) Edema assimétrico em membro inferior esquerdo secundário à trombose venosa profunda ilíaco-femoral; (B) Úlcera genital.
Figura 2
(A) Angiotomografia de aorta abdominal em corte sagital, com volumoso aneurisma sacular posterior; (B) Angiotomografia de reconstrução volumétrica, com volumoso aneurisma sacular posterior; (C) Angiotomografia de aorta abdominal em corte sagital, demonstrando colo e dimensão do aneurisma.

Devido ao quadro clínico descrito, foi feita a suspeita diagnóstica de DAB segundo os critérios estabelecidos pelo International Study Group for Behçet’s Disease (Tabela 1), com acompanhamento conjunto da equipe de reumatologia, e iniciado o tratamento com corticosteroides para DAB e enoxaparina 1 mg/kg duas vezes ao dia para o tratamento inicial da TVP aguda. No terceiro dia de internação hospitalar, o paciente evoluiu com dor abdominal e lombar à esquerda, sem queda de hemoglobina e mantendo estabilidade hemodinâmica. Nova angiotomografia do abdome demonstrava aumento das dimensões do aneurisma para 7,8 cm com infiltração para posterior, próximo das vértebras. Optou-se, então, pela suspensão da enoxaparina e administração de plasma fresco com implante de filtro de veia cava inferior infrarrenal via veia femoral esquerda e tratamento endovascular do AAA.

Tabela 1
Critérios diagnósticos do International Study Group para doença de Behcet* * Critérios da International Study Group for Behçet’s Disease5.

O implante da endoprótese Valiant® (Medtronic, Santa Rosa, Califórnia, EUA) reta 22 × 22 × 100 mm foi realizado via dissecção aberta de artéria femoral direita em aorta abdominal infrarrenal, preservando a bifurcação aórtica e com a oclusão do colo aneurismático, em suíte de hemodinâmica. A aortografia de controle demonstrou endoprótese bem posicionada e sem vazamentos (Figuras 33B).

Figura 3
(A) Aortografia abdominal em incidência anteroposterior pré-implante, demonstrando o volumoso aneurisma sacular; (B) Angiografia de controle pós-implante de endoprótese, sem vazamentos.

O pós-operatório foi realizado em unidade de terapia intensiva (UTI), com boa evolução, sem elevação de escórias nitrogenadas e apresentando todos os pulsos dos membros inferiores. O paciente teve alta da UTI no 2º dia de pós-operatório e alta hospitalar no 7º dia, com reintrodução do corticosteroide em nível ambulatorial. Após 2 anos de acompanhamento, o paciente mantém-se com boa evolução operatória, mantendo tomografias de controle sem sinais de vazamentos, sem sintomas da DAB e em uso de imunossupressor (azatioprina).

DISCUSSÃO

A DAB é uma síndrome rara, mais prevalente nas áreas ao redor da antiga rota do comércio da seda, no Oriente Médio e Ásia Central, e no Japão, acometendo ambos os sexos, porém com maior severidade no sexo masculino. Acomete prioritariamente a faixa etária entre 15 e 45 anos, com pico de incidência aos 30 anos11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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,55 International Study Group for Behçet’s Disease. Criteria for diagnosis of Behçet’s disease. Lancet. 1990;335(8697):1078-80. PMid:1970380.,66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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. Apesar de não apresentar etiologia bem esclarecida, estudos demonstram associação com os antígenos HLA-B51 e HLA-B2711 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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. Outros fatores estão sendo estudados quanto à relação com a fisiopatologia da doença, como história familiar e infecções microbianas, tais como o vírus herpes simples e a bactéria Streptococcus sanguis77 Desai SC, Gangadharan AN, Basavanthappa RP, Anagavalli Ramswamy C, Shetty R. Giant abdominal aortic aneurysm of uncommon etiology due to Behçet disease. J Vasc Surg. 2019;70(3):937-40. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2019.02.067. PMid:31327604.
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.

O quadro clínico é caracterizado por episódios inflamatórios agudos e recorrentes, marcados por úlceras aftosas orais e genitais, uveíte e lesões cutâneas, manifestações que são comuns e autolimitadas, com exceção da uveíte, que pode evoluir de forma grave e progressiva até a cegueira11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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. Devido à carência de exames complementares para o diagnóstico da DAB, sua suspeita se dá baseada na tríade clássica da doença: úlceras orais, úlceras genitais e uveíte11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,44 Kutay V, Yakut C, Ekim H. Rupture of the abdominal aorta in a 13-year-old girl secondary to Behçet disease: a case report. J Vasc Surg. 2004;39(4):901-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2003.12.020. PMid:15071462.
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. Os critérios diagnósticos para a DAB, com seus sinais e sintomas, foram estabelecidos pelo International Study Group for Behçet’s Disease55 International Study Group for Behçet’s Disease. Criteria for diagnosis of Behçet’s disease. Lancet. 1990;335(8697):1078-80. PMid:1970380. (Tabela 1).

A vasculite é o evento mais comum entre as manifestações clínicas vasculares da doença11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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. Diante do processo inflamatório constante, as células elásticas e musculares da parede arterial são progressivamente destruídas. A oclusão do vasa vasorum contribui para esse processo devido à necrose transmural, com posterior perfuração e formação de pseudoaneurisma33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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. O aneurisma pode acometer qualquer território arterial, sendo, no entanto, mais frequente nas artérias do abdome, femorais e pulmonar77 Desai SC, Gangadharan AN, Basavanthappa RP, Anagavalli Ramswamy C, Shetty R. Giant abdominal aortic aneurysm of uncommon etiology due to Behçet disease. J Vasc Surg. 2019;70(3):937-40. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2019.02.067. PMid:31327604.
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. Durante a formação aneurismática, o paciente pode se apresentar com dor importante devido ao processo inflamatório instalado, porém o diagnóstico do AAA necessita de alto grau de suspeição33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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. Essa manifestação é mais frequente no sexo masculino e apresenta um tempo médio de desenvolvimento de 5 a 9 anos após o estabelecimento dos critérios diagnósticos da DAB11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796...
,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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,88 Karkos CD, Zacharioudakis G, Papazoglou KO. Tratamento endovascular do aneurisma roto da aorta abdominal em paciente com doença de Adamantiades-Behçet. Hippokratia. 2017;21(4):204. PMid:30944514.. Apesar dos aneurismas na DAB serem raros, a sua ruptura constitui a principal causa de morte nessa doença, o que justifica o tratamento após a identificação66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,77 Desai SC, Gangadharan AN, Basavanthappa RP, Anagavalli Ramswamy C, Shetty R. Giant abdominal aortic aneurysm of uncommon etiology due to Behçet disease. J Vasc Surg. 2019;70(3):937-40. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2019.02.067. PMid:31327604.
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. A taxa de sobrevida após o diagnóstico do acometimento arterial é de 83% em 5 anos e de 66% em 15 anos66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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. A ruptura do aneurisma se dá pelo processo inflamatório dos tecidos perianeurismáticos e das reações fibróticas, e há risco de ruptura independente do diâmetro do vaso66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,99 Sahutoglu T, Artim Esen B, Aksoy M, Kurtoglu M, Poyanli A, Gul A. Clinical course of abdominal aortic aneurysms in Behçet disease: a retrospective analysis. Rheumatol Int. 2019;39(6):1061-7. http://dx.doi.org/10.1007/s00296-019-04283-y. PMid:30888471.
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. Por essa razão, lesões aneurismáticas em pacientes com DAB devem ser tratadas11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,44 Kutay V, Yakut C, Ekim H. Rupture of the abdominal aorta in a 13-year-old girl secondary to Behçet disease: a case report. J Vasc Surg. 2004;39(4):901-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2003.12.020. PMid:15071462.
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,66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,88 Karkos CD, Zacharioudakis G, Papazoglou KO. Tratamento endovascular do aneurisma roto da aorta abdominal em paciente com doença de Adamantiades-Behçet. Hippokratia. 2017;21(4):204. PMid:30944514.,99 Sahutoglu T, Artim Esen B, Aksoy M, Kurtoglu M, Poyanli A, Gul A. Clinical course of abdominal aortic aneurysms in Behçet disease: a retrospective analysis. Rheumatol Int. 2019;39(6):1061-7. http://dx.doi.org/10.1007/s00296-019-04283-y. PMid:30888471.
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.

O tratamento do aneurisma secundário à DAB pode ser realizado de três formas: clínico, cirúrgico aberto ou via endovascular. O tratamento clínico consiste tradicionalmente na administração de corticoide e imunossupressores (ciclofosfamida e azatioprina), sem, no entanto, apresentar diminuição da mortalidade quando realizado isoladamente, devido a ruptura ou oclusão dos vasos. Estudos recentes relatam diminuição das doses de corticoide e das taxas de recidiva quando associado o corticoide ao anti-TNFα, com resultados de regressão do aneurisma em 3 meses. A terapêutica clínica pode ser utilizada momentos antes da abordagem cirúrgica e apresenta melhora dos resultados. A correção cirúrgica do aneurisma de aorta pode ser feita de duas formas distintas: por ressecção e substituição com prótese, reforçada ou não por retalho livre do omento66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,1010 Tüzün H, Besirli K, Sayin A, et al. Management of aneu- rysms in Behcet’ssyndrome: an analysis of 24 patients. Surgery. 1997;121(2):150-6. http://dx.doi.org/10.1016/S0039-6060(97)90284-1. PMid:9037226.
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, e por aneurismectomia com fechamento direto com uso de patch de pericárdio em aneurisma saculares66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,1111 Freyrie A, Paragona O, Cenacchi G, Pasquinelli G, Guiducci G, Faggioli GL. True and false aneurysms in Behcet’s disease: case report with ultrastructural observa- tions. J Vasc Surg. 1993;17(4):762-7. http://dx.doi.org/10.1016/0741-5214(93)90123-4. PMid:8464098.
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. No entanto, esse tipo de abordagem pode complicar em cerca de 30 a 50% dos casos, principalmente quando realizada na fase ativa da doença11 Yahalom M, Bloch L, Suleiman K, Rosh B, Turgeman Y. Envolvimento cardiovascular na doença de Behçet: implicações clínicas. Int J Angiol. 2016;25(5):e84-6. http://dx.doi.org/10.1055/s-0035-1551796. PMid:28031663.
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,33 Tuzun H, Seyahi E, Arslan C, Hamuryudan V, Besirli K, Yazici H. Management and prognosis of nonpulmonary large arterial disease in patients with Behçet disease. J Vasc Surg. 2012;55(1):157-63. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2011.07.049. PMid:21944910.
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,66 Ducos C, de Lambert A, Pirvu A, Cochet E, Sessa C, Magne JL. Endovascular treatment of aortic and primitive iliac artery aneurysms associated with Behçet disease. Ann Vasc Surg. 2013;27(4):497.e5-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.avsg.2012.07.014. PMid:23541779.
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,77 Desai SC, Gangadharan AN, Basavanthappa RP, Anagavalli Ramswamy C, Shetty R. Giant abdominal aortic aneurysm of uncommon etiology due to Behçet disease. J Vasc Surg. 2019;70(3):937-40. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2019.02.067. PMid:31327604.
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,1212 Belczak SQ, Silva IT, Marques GG, et al. Tratamento endovascular da doença de Behçet: relato de caso. J Vasc Bras. 2019;18:e20180121. http://dx.doi.org/10.1590/1677-5449.180121. PMid:31360154.
http://dx.doi.org/10.1590/1677-5449.1801...
,1313 Souza NLAR, Siqueira DED, Cantador AA, Rossetti LP, Molinari GJDP, Guillaumon AT. Tratamento endovascular de aneurisma de aorta abdominal com erosão de vértebra lombar associada à doença de Behçet: relato de caso. J Vasc Bras. 2017;16(2):162-7. http://dx.doi.org/10.1590/1677-5449.009416. PMid:29930640.
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.

Desde 1984, um número crescente de investigadores tem relatado a eficácia do tratamento endovascular do AAA em pacientes com DAB. O acompanhamento regular desses pacientes pode detectar possíveis complicações, como pseudoaneurismas femorais (sítios de punção), migrações, fraturas de materiais e vazamentos tardios1414 Park JH, Han MC, Bettmann MA. Arterial manifestations of Behcet disease. AJR Am J Roentgenol. 1984;143(4):821-5. http://dx.doi.org/10.2214/ajr.143.4.821. PMid:6332492.
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Park et al.1414 Park JH, Han MC, Bettmann MA. Arterial manifestations of Behcet disease. AJR Am J Roentgenol. 1984;143(4):821-5. http://dx.doi.org/10.2214/ajr.143.4.821. PMid:6332492.
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descreveram o tratamento de três pacientes com DAB e aneurismas aórticos (torácico, suprarrenal e infrarrenal) usando o reparo endovascular. Um dos pacientes com aneurisma de aorta infrarrenal teve recorrência do aneurisma abaixo da endoprótese e foi tratado com nova correção endovascular. Os outros dois pacientes não tiveram complicações. A duração do acompanhamento foi de 31, 40 e 59 meses, respectivamente.

Nitecki et al.1515 Nitecki SS, Ofer A, Karram T, Schwartz H, Engel A, Hoffman A. Abdominal aortic aneurysm in Behc ̧et’s disease: new treatment options for an old and challenging problem. Isr Med Assoc J. 2004;6(3):152-5. PMid:15055270., comparando os resultados do tratamento cirúrgico com o endovascular em cinco pacientes tratados por AAA infrarrenal com DAB, demonstraram que os pacientes submetidos à cirurgia aberta tiveram maior taxa de morbimortalidade (uma morte, uma amputação maior e três pseudoaneurismas vs. uma insuficiência renal aguda transitória) comparados ao grupo tratado por via endovascular.

Neste relato de caso, não foi possível usar uma endoprótese bifurcada devido à indisponibilidade da mesma no local para um diâmetro aórtico e ilíaco reduzido, em um caso de urgência. Por esse motivo, optou-se pelo uso de uma endoprótese torácica reta de pequeno diâmetro, disponível naquele momento para o tratamento do aneurisma sacular de aorta abdominal infrarrenal, com um bom resultado final.

O uso de entopróteses torácicas no segmento aorto-ilíaco é relatado na literatura como uma alternativa razoável no tratamento de aneurismas aórticos infrarrenais complexos, nos quais o uso da técnica de chaminé, de endopróteses ramificadas ou fenestradas pode ser necessário. Entretanto, maior experiência com essa técnica (Funnel Technique) e um tempo de segmento maior são necessários para definir o uso desse material1616 Zanchetta M, Faresin F, Pedon L, et al. Funnel technique for first-line endovascular treatment of an abdominal aortic aneurysm with an ectatic proximal neck. J Endovasc Ther. 2006;13(6):775-8. http://dx.doi.org/10.1583/05-1691.1. PMid:17154703.
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,1717 Tasselli S, Perini P, Paini E, Milan L, Bonvini S. Use of a thoracic endograft in an acute abdominal aortic setting: case report and literature review. Vasc Endovascular Surg. 2017;51(7):493-7. http://dx.doi.org/10.1177/1538574417718446. PMid:28743219.
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. Sem dúvida, o implante de endoprótese torácica reta não seria nossa primeira escolha, tendo endopróteses bimodulares ou trimodulares de baixo perfil e com diâmetro adequado disponíveis. Além disso, a cirurgia aberta neste paciente com DAB em atividade, além de ser de alto risco, poderia ter um desfecho desfavorável.

Concluímos que o tratamento endovascular do AAA complicado pela DAB é efetivo. O resultado em médio prazo do acompanhamento foi satisfatório neste relato de caso.

  • Como citar: Metzger PB, Costa KR, Metzger SL, Almeida LC. Tratamento endovascular de aneurisma sacular aórtico associado à doença de Adamantiades-Behçet. J Vasc Bras. 2021;20:e20200201. https://doi.org/10.1590/1677-5449.200201
  • Fonte de financiamento: Nenhuma.
  • O estudo foi realizado no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), Salvador, BA, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    17 Out 2020
  • Aceito
    08 Abr 2021
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