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Apresentação Filosofia Unisinos v.24, n.3

Estimados(as) leitores(as), é com grande contentamento que apresentamos a publicação da terceira edição da Revista Filosofia Unisinos de 2023FILOSOFIA UNISINOS. São Leopoldo: Periódicos Unisinos, 2004-2023. ISSN 1984-8234. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/about. Acesso em: 20 out. 2023.
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. No volume atual, contamos com nove artigos que abordam diferentes temas e áreas da filosofia.

O primeiro texto, escrito por Prof. Dr. Adilson Felício Feiler e intitulado “A tradução de aristocracia em germanismo: uma questão disputada no debate entre Nietzsche e Brandes”, parte da concepção de que a dinâmica das forças que caracteriza o pensamento de Nietzsche, manifesta, na aristocracia, a vontade de superação de um povo dotado de espírito. O professor argumenta que na recepção que Brandes faz deste tema da aristocracia de Nietzsche, este adquire características de um radicalismo. Para sustentar tal argumentação, procura analisar, inicialmente, em que medida a aristocracia, quando elevada a radicalidade, pode implicar em uma leitura que envolva a dinâmica de um germanismo, radicado na exaltação da raça. Já, em um segundo momento, o objetivo é avaliar em que medida as implicações da recepção de Brandes acerca do radicalismo aristocrático, traduzido em moldes de germanismo, corroboraram a leitura que os nazistas realizaram do pensamento de Nietzsche. O Prof. Dr. Delamar José Volpato Dutra nos apresenta o segundo texto da edição, intitulado como “A desobediência civil como um direito de defesa em Rawls e uma tentativa de resposta à crítica de Raz”. Nesta pesquisa o professor defende a teoria da desobediência civil de Rawls como sendo um direito individual, embora seus desdobramentos práticos possam também apresentar traços políticos. Por outro lado, apresenta a posição de Raz que defende a desobediência civil como não sendo um direito e parte dessa concepção para analisar as consequências desta interpretação para a teoria de Rawls. Na parte final de seu texto, Volpato Dutra traz possíveis respostas, desde uma perspectiva rawlsiana, para Raz, defendendo a necessidade de reconstruir a teoria de desobediência de Rawls como teoria da resistência. O terceiro artigo é escrito pelo Prof. Dr. Fabiano de Lemos Britto e tem por título “Para uma leitura (não-)realista de Michel Foucault”. O texto propõe uma leitura não-realista das pesquisas de Michel Foucault, caracterizada pela recusa não do real enquanto objeto, mas de sua evidência ontológica. Inicialmente, o autor aborda nomes como o de Paul Veyne, Michel de Certeau e Giogio Agambem, com o intuito de apontar as insuficiências de interpretações que exigem uma ontologia, ou daquelas que a substituem pela excepcionalidade da criação. Em um segundo momento, detalha a questão da literatura como paradigma metodológico e, por fim, defende que a enunciação do discurso da arqueogenealogia está mais próximo do (não-)realismo de Fichte do que da dialética hegeliana. O artigo “O Republicanismo neorromano na concepção de liberdade de J. S. Mill” é escrito pelo Prof. Dr. Gilmar Santos e aborda a noção de que é possível afirmar a similitude entre a filosofia prática de Mill com o republicanismo. Para elucidar essa proposta o autor recorre a uma obra de Mill que não está associada à sua teoria da liberdade, não imediatamente ao menos, a saber, A sujeição das Mulheres. O texto intitulado como “Preceitos e consequências da unificação de lógica e metafísica por Hegel: uma reconstrução com base na noção metacategorial da negação”, escrito pelo Prof. Dr. Luiz Felipe da Silva Oliveira, é o quinto da presente edição e da diferenciação entre a Lógica (die Logik) e o lógico (das logische) extrai um recurso para explicação da noção metacategorial do método de negação autônoma, de Hegel, estendido tanto à lógica, quanto à filosofia da natureza e à filosofia do espírito como disciplinas diversas. Com isso, o autor expõe como a compreensão metacategorial da negação tem seu surgimento a partir dos ajustes sistemáticos realizados por Hegel, ainda em Jena, e como a plena aplicação deste método resolvia seus impasses filosóficos. O sexto artigo é intitulado “Del psiquismo a la otredad: las lecturas de Politzer, Merleau-Ponty y Foucault sobre la singularidad en la clínica freudiana” e escrito pelo Prof. Dr. Marcos José Müller que propõe uma discussão sobre a intersecção entre a filosofia francesa contemporânea e a psicanálise, centrada, sobretudo, no tema da “singularidade”. A questão norteadora da pesquisa trata do que é singularidade na clínica psicanalítica e em que sentido é possível ouvi-la do outro sem que a submeta a uma abstração ou conhecimento imposto como dispositivo. Trata-se de pensar como Politzer, Foucault e Merleau-Ponty, principalmente, buscaram canalizar o tema da singularidade em Freud. Merleau-Ponty pensa a noção freudiana de singularidade nos termos de uma nova teoria, a teoria da alteridade, aproximando a singularidade da noção pulsão de morte que, antecipa o que anos mais tarde, Lacan chamaria de “extimidade”. O texto escrito pelo Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva tem por título “Uma avaliação crítica da implausibilidade teórica do socioconstrutivismo” e é o sétimo desta edição. O autor argumenta que apesar de o socioconstrutivismo defender a tese de que tanto os critérios epistemológicos quanto os fatores sociocomunitários necessitam consideração na explicação científica, é objeto de críticas, insistindo na ideia de que é atribuído, pelos socioconstrutivistas, um papel exclusivo aos fatores sociocomunitários. Desse modo, os fatos científicos deixam de ser uma representação da natureza e se tornam uma mera construção social. O objetivo desta pesquisa é argumentar, mediante discussão do conceito de construção para os socioconstrutivistas, sua plausibilidade enquanto concepção de ciência a partir de um esclarecimento do próprio conceito de construção. O artigo intitulado “Verdade e justiça em Emmanuel Levinas”, escrito pelo Prof. Dr. Ozanan Vicente Carrara, é o oitavo da presente composição. O professor trata da abordagem de Emmanuel Levinas à questão da verdade, que é profundamente enraizada em sua filosofia ética, ou seja, em sua noção de justiça. A verdade diz relação à ética, na relação com o Outro, e não pode ser compreendida separadamente da justiça e da retidão na interação pessoal. Sua filosofia se distancia das abordagens de Husserl e Heidegger, enquanto também dialoga com Kierkegaard, buscando estabelecer a importância da ética como filosofia primeira. Prof. Dr. Vitor Sommavilla de Souza Barros é o autor do último artigo desta edição cujo título é “Moral subjectivism and the semantics of disagreements”. O filósofo discute qual teoria semântica os subjetivistas morais deveriam adotar. Em um primeiro momento é explicitado o entendimento acerca do que é o subjetivismo moral que inclui todas as teorias segundo as quais as sentenças morais são aptas à verdade. Por ser uma definição ampla, surge uma preocupação inicial, a saber, se uma abordagem semântica unificada pode acomodar todas as variedades de subjetivismo. Em seguida, analisa as principais teorias semânticas para sentenças morais e argumenta em favor do chamado Contextualismo ‘Não-Indexical’.

Agradecemos a todos(as) os(as) pareceristas pelas cuidadosas avaliações que realizaram de modo tão generoso, imparcial e rigoroso tecnicamente, sempre zelando pela qualidade desta produção. Gostaríamos, também, de agradecer especialmente a todos os articulistas que disponibilizaram suas pesquisas e saberes em nosso veículo de difusão filosófica. Desejamos, ainda, aos(às) nossos(as) leitores(as) uma ótima companhia com este conteúdo de qualidade ímpar.

Referências

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023
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