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O escritor-intelectual

The intellectual writer

El escritor intelectual

Resumo

Este texto teve como objetivo discutir algumas inquietações sobre o processo de espetacularização do escritor-intelectual das letras, envolvido, cada vez mais, pelos recursos multimediáticos. Por vezes, os escritores-intelectuais das letras operam em favor de veículos de comunicação em que se procura disseminar sua obra crítica e teórica, ao mesmo tempo que buscam se colocar em evidência, ainda que inconscientemente, como forma de resistência aos tempos de polarização como o que vivemos. No cenário da sociedade digital contemporânea, há um novo (outro) papel assumido pelo escritor-intelectual das letras que tem dialogado com outro público, fora da academia, e cujas percepções sobre a literatura e a sociedade do presente têm permeado seus escritos.

Palavras-chave:
espetacularização; intelectual das letras; literatura brasileira contemporânea

Abstract

This text aimed to discuss some concerns about the process of spectacularization of the literary-intellectual writer, increasingly involved by multimedia resources. At times, intellectual writers of Letters operate in favor of communication vehicles in which they seek to disseminate their critical and theoretical work, while at the same time seeking to place themselves in evidence, albeit unconsciously, as a form of resistance to times of polarization such as the ones we live in today. In the scenario of contemporary digital society, there is a new (another) role assumed by the literary intellectual writer who has been dialoguing with another public, outside the academy, and whose perceptions about literature and the society of the present have permeated his writings.

Keywords:
spectacularization; intellectual writer of letters; contemporary Brazilian literature

Resumen

Este texto tiene como objetivo discutir algunas inquietudes sobre el proceso de espectacularización del escritor-intelectual de las Letras, cada vez más involucrados por los recursos multimedia. En ocasiones, los escritores intelectuales de las Letras operan a favor de vehículos de comunicación en los que buscan difundir su trabajo crítico y teórico, al mismo tiempo que buscan ponerse en evidencia, aunque sea inconscientemente, como una forma de resistencia a tiempos de polarización, como los que vivimos. En el escenario de la sociedad digital contemporánea, hay un nuevo (otro) rol que asume el escritor intelectual literario que ha venido dialogando con otro público, fuera de la academia, y cuyas percepciones sobre la literatura y la sociedad del presente han permeado sus escritos.

Palabras clave:
espectacularización; intelectual de las letras; literatura brasileña contemporánea

A sociedade contemporânea tem passado por um processo de espetacularização de nós mesmos que tem fundamentado nossas relações e, cada vez mais, se mostra irreversível, sobretudo pelo modo como estamos lidando com o eu e com o outro em um mundo que vive diante das telas e das conexões dos meios multimediáticos. Quero dizer com isso que nossa cultura digital contemporânea, se, por um lado, aponta para nosso desaparecimento dentro de nós mesmo, dos quais restarão senão fragmentos de nós e de nossas memórias (seja da rede, seja fora dela), por outro, revela nossa grande capacidade de podermos estar no mundo, de fato, ainda que momentaneamente, dada a natureza efêmera das redes, permitindo-nos sermos percebidos enquanto sujeitos, como propõe Türcke (2010)TÜRCKE, Christoph (2010). Sociedade excitada: filosofia da sensação. Campinas: Unicamp., em Sociedade excitada.

A figura do intelectual das letras configura aqui o centro dessas minhas reflexões para discutir alguns mecanismos de operação da sua função enquanto sujeito atuante e indispensável para a sociedade e para a literatura, sobretudo porque, em tempos de polarização política como o que vivemos, os intelectuais das letras tratam de literatura, mas também de temas outros da sociedade e têm se posicionado de forma mais contundente e ampla para além do território da academia, por meio de redes sociais e de jornais, por exemplo.

Com essas observações, tratarei do que tenho denominado de processo de espetacularização do intelectual das letras, o qual abrange aqui críticos, teóricos e escritores, sujeitos que pensam e escrevem sobre a produção atual da literatura e das artes e que, cada vez mais, podem ser percebidos em perfis e plataformas no meio digital, numa espécie de movimento de retorno e ressignificação de seu papel.

Considero, dessa forma, que os intelectuais de hoje constroem e divulgam suas imagens, suas personas, e alimentam uma espécie de espetáculo de si em espaços virtuais (mesmo que involuntariamente), como sítios, redes sociais e jornais em meio eletrônico, para que possam ser (mais) lidos e ouvidos. Além disso, é preciso levarmos em conta que o campo político e cultural diante de novas configurações como as que vivemos nestes tempos mais recentes de polarização nos remete a essa figura que age e atua por intermédio de intervenções e desempenha um papel cultural não só restrito à universidade, mas em toda a sociedade, o que me leva aos trabalhos desenvolvidos em O silêncio dos intelectuais, de Novaes (2006)NOVAES, Adauto (org.) (2006). O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras., cuja discussão trata da atuação desses sujeitos antes e hoje, e em O papel do intelectual hoje, de Margato e Gomes (2004MARGATO, Izabel; GOMES, Renato Cordeiro (2004). O papel do intelectual hoje. Belo Horizonte: UFMG.), cujas discussões também tratam do declínio de sua atuação.

Ante o cenário da sociedade digital contemporânea, de natureza fluida, híbrida e camaleônica, creio ser necessário fomentar a discussão sobre o papel do intelectual das letras especificamente, em tempos de pandemia, quando encontros virtuais se tornaram comuns, de modo que possamos entender melhor o âmbito e a importância de sua atuação para além dos espaços acadêmicos.

Nesse sentido, Habermas (2018HABERMAS, J. Não pode haver intelectuais se não há leitores. El País Semanal, 7 maio 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/25/eps/1524679056_056165.html. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04...
) faz uma observação interessante sobre a atual figura e o papel do intelectual que me parece pertinente a essas minhas reflexões:

Para a figura do intelectual, tal como a conhecemos no paradigma francês, de Zola até Sartre e Bourdieu, foi determinante uma esfera pública cujas frágeis estruturas estão experimentando agora um processo acelerado de deterioração. A pergunta nostálgica de porque já não há mais intelectuais está mal formulada. Eles não podem existir se já não há mais leitores aos quais continuar alcançando com seus argumentos (Habermas, 2018HABERMAS, J. Não pode haver intelectuais se não há leitores. El País Semanal, 7 maio 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/25/eps/1524679056_056165.html. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04...
).

Isso é interessante, sobretudo, se pensarmos na ideia do silêncio dos intelectuais discutida há algum tempo num evento de 2006, momento em que se pensava, entre aquele grupo de pesquisadores, que o país vivia uma “radical transformação seguida de uma anemia criadora em todas as áreas de atividade, entre elas política e o pensamento” (Novaes, 2006NOVAES, Adauto (org.) (2006). O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras., p. 7), e, ademais, ainda um momento em que a crítica e o pensamento intelectual se notavam restritos aos ambientes acadêmicos ou grupos específicos, cujos leitores tinham um perfil já institucionalizado, fosse pela academia, fosse pelo ambiente jornalístico, ambientes muito profícuos para a expressão intelectual e distantes ainda do universo das mídias digitais, preponderantes para pensarmos sobre o intelectual de hoje.

Ao retomarmos a fala de Habermas (2018HABERMAS, J. Não pode haver intelectuais se não há leitores. El País Semanal, 7 maio 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/25/eps/1524679056_056165.html. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04...
) sobre a falta de leitores para que o intelectual exerça sua função e papel, hoje há um movimento de retorno do intelectual muito em função de um cenário parecido com aquele do evento de 2006, descrito no livro de Novaes (2006NOVAES, Adauto (org.) (2006). O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras.), momento de radical polarização política e social e de difusão dos ambientes digitais que propicia ao discurso intelectual visibilidade e, logo, leitores que possam ser alcançados por argumentos de toda natureza.

Além disso, ainda que consideremos o silêncio intelectual de alguns anos atrás e, hoje, percebemos mais claramente a atuação de seus discursos, não podemos dizer que o intelectual em algum momento deixou de existir, senão que passou a exercer seu papel com menos força em função da falta de leitores, seguindo a ideia do filósofo.

Essa é uma especulação genérica de um momento em que o intelectual, o qual podemos entender não apenas como o homem das letras, o artista, o político, o histórico, o filósofo etc., mas também nós mesmos enquanto pesquisadores, tinha seu discurso restrito a alguns nichos de leitores, sobretudo se pensarmos na academia, em seus periódicos e eventos. O atual cenário acadêmico e político permite-nos configurar novos espaços de atuação do intelectual diante dos espaços digitais e dos acontecimentos políticos dos últimos anos, principalmente de 2018 para cá. Ampliou-se o acesso aos nichos e desterritorializou-se o espaço da crítica acadêmica, fazendo com que o diálogo do intelectual com seu leitor pudesse atingir outros leitores, outros suportes para pensar o mundo ao seu redor e, assim, fosse capaz de exercer seu papel de construtor e crítico de si mesmo1 1 Não posso deixar de pontuar aqui a atuação constante e contundente de Luiz Ruffato diante dos acontecimentos políticos e sua relação com a leitura de literatura no Brasil, a exemplo do que lemos em “Para Luiz Ruffato, literatura ignora classe média baixa que votou em Bolsonaro” (Molinero, 2019), publicado na Folha de S.Paulo. e de sua postura, que pensa a sociedade criticamente, como nos aponta Cury (2019CURY, Maria Zilda Ferreira (2019). Intelectuais em cena. O Eixo e a Roda, Belo Horizonte, v. 28, n. 3, p. 117-135. https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.3.117-135
https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.3....
, p. 118):

As reflexões teóricas não obedecem simplesmente a uma abordagem aleatória ou tampouco podem ser explicadas exclusivamente como modismo. Isso porque, se tais reflexões respondem, enquanto bens culturais, como todos os outros, a movimentos do mercado e estão como tal sujeitas a tendências momentâneas, atrelam-se igualmente a demandas e necessidades de explicação próprias ao contexto. Novas configurações nos campos político e cultural, o acirramento de divisões e conflitos criados e alimentados pelos processos políticos mais recentes explicam, entre outros desafios, a insistência atual na temática da ação dos intelectuais e de sua possibilidade de intervenção no mundo contemporâneo.

Nesse sentido é que faço uso do termo do retorno do intelectual, em evidência muito em função do alcance dos meios digitais, de modo geral, que possibilita espaços múltiplos de interação e intervenção. O intelectual é agora espetacularizado, midiático e politizado, e isso nos permite repensar nas questões sobre os espaços e os tempos sociais e públicos nos quais ele intervém, para podermos visualizar melhor o campo dos media, a cultura midiática e os novos desafios introduzidos pelos media digitais2 2 Nesse sentido de visibilidade e espetacularização proporcionado pelos meios digitais aliado ao momento pandêmico, o canal do YouTube Estudos de Literatura UFF recentemente, em um de seus eventos online, convidou as escritoras Adriana Lisboa e Adriana Lunardi para tratarem do tema “Manual de sobrevivência em tempos difíceis: a prosa brasileira hoje”, em 13 de maio de 2021, numa discussão interessante e acertada sobre a prosa atual e como os desafios políticos e sociais têm afetado a sociedade e também as produções literárias de hoje (Estudos de Literatura UFF, 2021). .

Vemos o intelectual, como nos explica Gérard Leclerc (2004LECLERC, Gérard (2004). Sociologia dos intelectuais. São Leopoldo: Unisinos.), pertencente a um grupo social específico e às redes de afinidades em seu entorno, a exemplo dos espaços acadêmicos e dos escritores de literatura, sobretudo, dos quais trato aqui ao falar de intelectuais das letras. Para o autor, pensando da perspectiva de uma sociologia dos intelectuais, esse trabalho está ligado às profissões, ou seja:

Se o estatuto de intelectual não é de modo algum um estatuto profissional, ainda assim ele possui uma ligação evidente com certas profissões (escritores, universitários, jornalistas, artistas, pesquisadores científicos). O intelectual não é apenas um ideólogo. É também um profissional da inteligência (ou do intelecto), da criação, da inovação cultural e artística. O estudo da “função intelectual” situa-se, assim, no cruzamento da análise das ideologias e das sociologias das profissões (Leclerc, 2004LECLERC, Gérard (2004). Sociologia dos intelectuais. São Leopoldo: Unisinos., p. 61, grifo do original).

Assim, entendemos o intelectual como pertencente a um segmento de mercado editorial e com um público leitor específico. Esse nicho de leitores, hoje, em função dos meios digitais, é hiperativo na aquisição de bens e serviços culturais, o que favorece ao intelectual a construção de uma persona que se mostra ao público e a criação de um entorno sobre si mesmo que possa garantir sua visibilidade.

Assim, é este ponto que me interessa: o processo de espetacularização do intelectual das letras pertencente a um grupo, um nicho de críticos, teóricos e escritores, sujeitos que pensam e escrevem sobre a produção atual da literatura e das artes, envolvidos cada vez mais pelos recursos multimediáticos. Baseio-me na premissa de que esses sujeitos constroem e espetacularizam suas personas, o que impacta diretamente no mercado editorial, de modo a marginalizar ou centralizar determinados autores e obras3 3 Aline Bei é um dos exemplos de muitos escritores contemporâneos que promovem suas obras e suas personas em redes sociais. Ultimamente, ela tem participado de lives e entrevistas sobre sua produção literária promovidas por editoras ou pesquisadores de literatura. Ver: Porto (2021). .

Nesse campo dos media é que atua o intelectual das letras, um campo social cuja figura do público é essencial para a constituição, como preconiza Pierre Bourdieu (2002BOURDIEU, Pierre (2002). Campo de poder, campo int electual. Itinerario de um concepto. Buenos Aires: Montressor., p. 18):

Nunca se ha precisado por completo todo lo que se implica en el hecho de que el autor escribe para un público. Existen pocos actores sociales que dependan tanto como los artistas, y más generalmente los intelectuales, en lo que son y en la imagen que tienen de sí mismos de la imagen que los demás tienen de ellos y de lo que los demás son. “Existen cualidades — escribe Jean-Paul Sartre — que nos llegan sólo por los juicios de los demás.” Así ocurre con la cualidad de escritor, cualidad socialmente definida e inseparable, en cada sociedad y en cada época, de cierta demanda social, con la cual el escritor debe contar4 4 “Nunca se pôde precisar completamente tudo o que está implícito no fato de o autor escrever para um público. Há poucos atores sociais que dependem tanto quanto os artistas, e mais geralmente os intelectuais, sobre quem são e da imagem que têm de si mesmos, da imagem que os outros têm deles e do que os outros são. ‘Existem qualidades – escreve Jean-Paul Sartre – que chegam até nós apenas por meio dos julgamentos dos outros’. Assim acontece com a qualidade de escritor, qualidade socialmente definida e indissociável, em cada sociedade e em cada época, de determinada demanda social, com a qual o escritor deve contar”. .

Ao pensarmos na questão da demanda social tratada por Bourdieu (2002BOURDIEU, Pierre (2002). Campo de poder, campo int electual. Itinerario de um concepto. Buenos Aires: Montressor.), sobretudo quanto à forma como se veem e são vistos, não podemos nos esquecer da atuação de Émile Zola no chamado caso Dreyfus, de 1894, ao enviar uma carta a Félix Faure, presidente da república à época, em que repete várias vezes a expressão “J’accuse!” (“Eu acuso!”), defendendo Dreyfus e denunciando as pessoas que o acusavam injustamente. A carta foi publicada como um manifesto de intelectuais no diário Aurore, em 1898, seguida por uma longa série de outros manifestos assinados por escritores e estudiosos, exigindo que o caso Dreyfus fosse revisto. Manifestações dessa mesma natureza, não só de grupos de intelectuais, têm acontecido em defesa da liberdade de expressão e pela garantia de direitos constitucionais.

Ainda nesse ínterim, a demanda social do intelectual das letras se mostra hoje, sobremaneira, fundada nos medias como nunca se viu antes, muito em função dos seus espaços de poder, que se tornam palcos, veículos, para sua postura intervencionista diante de temas da sociedade. Os intelectuais tratam de seus livros e de sua literatura, mas também de temas relevantes da sociedade, e têm se posicionado de forma ampla para além da academia, em redes sociais e jornais de grande circulação. Sobre esse ponto, penso que o lugar de fala dos intelectuais atravessa e se desloca dos media para outros suportes e, logo, outros públicos.

Ao tratarmos de intelectuais e do deslocamento de suas atuações da academia para outros públicos, segundo Olinto (2004OLINTO, Heidrun Krieger (2004). Intelectuais no universo de Letras. Gragoatá, Niterói, v. 9, n. 17, p. 131-150. Disponível em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33323. Acesso em: 1º dez. 2022.
https://periodicos.uff.br/gragoata/artic...
, p. 133):

Nas sociedades democráticas atuais, deixa de existir o intelectual, passando ele a ser substituído por figuras de múltipla atuação, de caráter mais flexível e menos normativo. Ainda que hoje a sua autoridade – baseada no uso público de sua razão e na intervenção eficaz nas condições de vida – não seja aceita incondicionalmente, e que se note uma clara retirada da esfera pública para os espaços da academia que, pela própria natureza, facilitam esse recolhimento a serviço da produção de conhecimentos críticos, as formas de sua autorrepresentação sinalizam, no entanto, a vontade incessante de transcender o campo restrito de sua comunidade científica e manifestam o desejo de reconhecimento dos seus gestos ativistas em horizontes mais amplos, visíveis os dois na sua colaboração regular nos debates do seu interesse na esfera pública.

Assim, percebemos cada vez mais que a atuação pública do intelectual não se restringe mais ao campo acadêmico, senão que atinge e propaga seus discursos e atuação para outros meios da esfera pública. Nesse sentido, podemos pensar esse tema da função e do papel do intelectual mediante alguns outros pontos principais, como sobre o da literatura contemporânea, em que é preciso considerar esse sujeito como pertencente a um grupo social que age e atua nesse meio de produção tanto como crítico quanto como produtor.

Ao pensarmos do ponto de vista dos recursos multimediáticos, devemos considerar que é nesse espaço virtual, sobretudo, que esses sujeitos explorarão suas estratégias de autopromoção e divulgação de seus discursos; e do ponto de vista dos lugares de operação de seus discursos, é preciso levar em conta o intelectual agora mediático, ou seja, “aquele que é célebre, visível, conhecido do público culto ou mesmo do grande público… o problema do lugar dos intelectuais nos meios de comunicação, da relação entre a visibilidade midiática e a pertença ao mundo cultural, tornou-se central na sociedade de hoje” (Leclerc, 2004LECLERC, Gérard (2004). Sociologia dos intelectuais. São Leopoldo: Unisinos., p. 89).

Para atingir seus objetivos e cumprir, de fato, seu papel enquanto tal, o sujeito intelectual utiliza os media para se fazer visível, a exemplo das redes sociais, jornais e eventos culturais e acadêmicos. Outro ponto-chave dessas questões todas é a da espetacularização, o grande cerne da atual sociedade, e aqui insiro o grupo dos intelectuais das letras, mas poderíamos pensar em outros grupos que também fazem uso de estratégias e meios de espetacularização em busca de visibilidade, como o dos artistas de televisão, dos jornalistas, de empresários, de políticos etc. Porém, se pensarmos fora do mundo das letras e do academicismo, como considerar qualquer um ou qualquer discurso como pertencente à intelligentsia nesses tempos de midiatização? É o que nos provoca a pensar Andrade (2006, p. 379):

Outra dúvida, ainda mais problemática e inexplorada, incide na natureza do intelectual na idade da Web 2.0. Neste contexto digital recente, a referida proliferação das figuras sociais da intelectualidade surge contemporaneamente a uma mudança no sentido da relação entre o intelectual, o cidadão comum e o conhecimento não-especialista. Como mencionámos atrás, a partir do acesso expedito de um telemóvel aos instrumentos “sociais” da Web 2.0 (por exemplo, a escrita e a leitura de lugares da Internet como os blogues, serviços RSS etc.), qualquer cidadão se pode converter, embora parcialmente, num “cidadão jornalista”.

No cenário da sociedade digital contemporânea, o papel do intelectual das letras é essencial para a formação do pensamento crítico com respeito às questões como literatura, artes e sociedade. Ao pensarmos neles pela ótica de sua imersão nos ambientes de disseminação virtuais e do processo de autopromoção de suas personas, é interessante considerarmos a observação de Santos (2014SANTOS, Alckmar Luiz (2014). Solipsismo, espetacularização e exibicionismo nos intelectuais das Letras dos dias de hoje. In: MOREIRA, Maria Eunice; KOHLRAUSCH, Regina; JACOBY, Sissa (org.). Histórias ou histórias: desdobramentos da história da literatura. Porto Alegre: EDIPUCRS. p. 1-19. Disponível em: https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/Ebooks/Web/x-sihl/media/mesa-5.pdf. Acesso em: 1º dez. 2022.
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, p. 13):

Nesse caso, o intelectual das Letras busca reforçar sua espetacularização indiretamente, através do discurso que ele produz e que pode ser consultado a distância. É o caso em que a espetacularização de sua figura individual passa a se basear também na fetichização de seu discurso. Este também deve se converter em espetáculo: mais importante do que ser entendido, debatido, até mesmo contestado, ele tem a função primeira e primordial de chamar a atenção para a persona de seu autor. Em alguns casos, seus efeitos não vão mesmo além disso.

Santos (2014SANTOS, Alckmar Luiz (2014). Solipsismo, espetacularização e exibicionismo nos intelectuais das Letras dos dias de hoje. In: MOREIRA, Maria Eunice; KOHLRAUSCH, Regina; JACOBY, Sissa (org.). Histórias ou histórias: desdobramentos da história da literatura. Porto Alegre: EDIPUCRS. p. 1-19. Disponível em: https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/Ebooks/Web/x-sihl/media/mesa-5.pdf. Acesso em: 1º dez. 2022.
https://editora.pucrs.br/edipucrs/acesso...
) refere-se ao intelectual das letras que faz crítica literária não necessariamente sobre escritores que debatem entre si, ainda que isso possa acontecer em eventos literários, em periódicos acadêmicos ou em colunas de jornal, por exemplo, cujos temas abordados podem ser dos mais diversos. Podemos citar alguns nomes de escritores que são também críticos atuantes em jornais e outras mídias, como Luiz Ruffato, com uma coluna no El País (Rascunho, 2012RASCUNHO (2012). Luiz Ruffato. Rascunho. Disponível em: https://rascunho.com.br/noticias/luiz-ruffato/. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://rascunho.com.br/noticias/luiz-ru...
; Ruffato, 2018RUFFATO, Luiz (2018). Luiz Ruffato. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/autor/luiz_fernando_ruffato_de_souza. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://brasil.elpais.com/autor/luiz_fer...
); Cristovão Tezza (Folha de S.Paulo, 2019FOLHA DE S.PAULO (2019). Cristovão Tezza. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristovao-tezza/. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cr...
), Fernanda Torres (Folha de S.Paulo, 2023bFOLHA DE S.PAULO (2023b). Fernanda Torres. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernandatorres/. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/fe...
) e Bernardo Carvalho (Folha de S.Paulo, 2023aFOLHA DE S.PAULO (2023a). Bernardo Carvalho. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bernardo-carvalho/. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/be...
), na Folha de S.Paulo; e Luís Fernando Verissimo, no Estadão (Verissimo, 2019VERISSIMO, Luiz Fernando (2019). Os Cinnas deste mundo. O Estado de S. Paulo. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,os-cinnas-deste-mundo,70002732187. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://cultura.estadao.com.br/noticias/...
). Há também Regina Dalcastagnè, crítica e defensora do debate acadêmico e da democracia, como se observa em suas publicações mais recentes diante da gravidade política e social que o país vive. Ela organizou e liderou o manifesto da Associação Brasileira de Literatura Comparada, o #MARCHAVIRTUALPELACIÊNCIA, em maio de 2020, auge da pandemia no Brasil, quando o governo se via (e isso continua assim) negacionista e, ao mesmo tempo, displicente com as pesquisas acadêmicas no Brasil, que, aliás, observamos ainda hoje. Segundo ela, nesse manifesto:

Mas o mal que nos cerca é ainda mais terrível. A mentira, a irracionalidade, o negacionismo, a brutalidade que tomaram conta da política e das relações no Brasil, desde muito antes da chegada desse vírus, perturbam nosso cotidiano e assombram nosso futuro. Enquanto nos isolamos para proteger a vida, eles vão às ruas para pedir a volta da ditadura. Enquanto buscamos fórmulas para trabalhar à distância, realizando reuniões, bancas, encontros virtuais com alunos e orientandos, eles articulam o congelamento de nossos salários por vários anos. Enquanto escrevemos o próximo artigo, eles tiram os recursos para as mais importantes revistas acadêmicas da área de Humanas no país. Enquanto seguimos arduamente em nossas pesquisas, eles acabam com nossas bolsas de Iniciação Científica, essenciais para o começo de qualquer carreira acadêmica. Em seguida, serão as bolsas de mestrado e doutorado, os apoios para participação e realização de eventos, o financiamento das pesquisas em geral. O objetivo deles é eliminar historiadores, sociólogos, cientistas políticos, filósofos, antropólogos, artistas, linguistas, críticos literários da vida nacional (Dalcastagnè, 2020DALCASTAGNÈ, Regina. O que podem os estudos literários em meio a uma pandemia. Brasília: ABRALIC, 2020. Disponível em: https://abralic.org.br/downloads/2020/O-QUE-PODEM-OS-ESTUDOS-LITERARIOS-EM-MEIO-A-UMA-PANDEMIA-Regina-Dalcastagne.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021.
https://abralic.org.br/downloads/2020/O-...
).

Esse é um exemplo da intelligentsia que move o atual cenário nacional intelectual do Brasil e que busca apoio na esfera pública para dar voz às suas preocupações e problemáticas sociais que afetam a todos nós. Ao tratarmos de redes sociais e do espaço para serem ouvidos, podemos dizer que representam um grande sucesso no processo de espetacularização, como afirma Habermas (2018HABERMAS, J. Não pode haver intelectuais se não há leitores. El País Semanal, 7 maio 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/25/eps/1524679056_056165.html. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04...
):

Desde a invenção do livro impresso, que transformou todas as pessoas em leitores potenciais, foi preciso passar séculos até que toda a população aprendesse a ler. A Internet, que nos transforma todos em autores potenciais, não tem mais do que duas décadas. É possível que com o tempo aprendamos a lidar com as redes sociais de forma civilizada. A Internet abriu milhões de nichos subculturais úteis nos quais se troca informação confiável e opiniões fundamentadas.

Sobre isso, chamo a atenção às opiniões fundamentadas, porque, em tempos de isolamento social e restrições, a internet se tornou terreno fértil às manifestações de todo tipo (muitas delas coerentes e válidas, a exemplo do que propôs Dalcastagnè em seu manifesto pela ciência) e espaço para propagação das chamadas fake news. Quanto a esses espaços de discussão, chamo a atenção para o Caso Cuenca e suas manifestações no Twitter, rede social que tem sido palco de muitas reverberações políticas ao longo dos últimos anos e que tem ganhado espaço entre autoridades presidenciais (o caso Trump e a invasão ao Capitólio americano, em 6 de Janeiro de 2021, foram as mais recentes). Esses espaços de manifestação na rede têm sido alvo de governos extremistas e de conservadores numa tentativa de censurar manifestações estritamente democráticas, afinal são espaços públicos.

O Caso Cuenca foi publicado na Folha de S.Paulo em 2020, quando o escritor João Paulo Cuenca, um dos importantes autores contemporâneos brasileiros, publicou em seu Twitter: “O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”, parafraseando texto de Jean Meslier, autor do século 18. Meslier escreveu que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre” (apud Ferreira, 2020FERREIRA, Flávio (2020). Pastores da Igreja Universal movem dezenas de ações contra escritor por manifestação no Twitter. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/10/pastores-da-igreja-universal-movem-dezenas-de-acoes-contra-escritor-por-manifestacao-no-twitter.shtml. Acesso em: 1º dez. 2022.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020...
).

Segundo a reportagem, já havia mais de 80 ações apresentadas a juizados especiais cíveis em 19 estados, com pedidos de ressarcimento por dano moral em valores entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, e sobre a reportagem especificamente, vários pastores da Igreja Universal do Reino de Deus apresentaram à justiça ações de indenização contra o escritor em todo o país. Esse tipo de movimento de censura à liberdade de expressão tem sido recorrente contra outros artistas e personalidades e até mesmo pessoas comuns no ato do exercício da liberdade de expressão e tem preocupado muitos de nós.

Essas questões ecoam no que tenho tratado aqui sobre a exibição e a mediatização do intelectual do ponto de vista dos mecanismos de autopromoção relacionados com a construção de uma persona em cena, na mídia, mas também fora dela. O processo de exibição dos intelectuais das letras, dos escritores e do foco em suas personas tem relação também com a constituição da identidade dos escritores, por exemplo, o que recai sobre a proliferação de narrativas autobiográficas, biografias, memórias e gêneros híbridos autoconfessionais ou autorreferenciais que se observa em nossa literatura do agora e nas redes sociais, as quais representam uma persona totalmente engajada.

De certa forma, o discurso do intelectual propagado pelos meios digitais promove menor distanciamento entre esses sujeitos e seus leitores, e sem leitores não há exercício da sua função intelectual, tampouco escritora. O intelectual engajado é outro perfil que podemos agregar à ideia do intelectual espetacularizado, que o faz por meio do discurso que toma uma posição, ao pensarmos nos exemplos de Dalcastagnè e Cuenca, segundo Chauí (2006, p. 28):

Essa tomada de posição é exatamente o que a noção de engajamento ou do intelectual como figura que intervém criticamente na esfera pública procura exprimir, trazendo consigo não só a transgressão da ordem (como afirma Bourdieu) e a crítica do existente (como pretende a Escola de Frankfurt), mas também a crítica da forma e do conteúdo da própria atividade das artes, ciências, técnicas, filosofia e direito.

Isso tem nos mostrado outro modo de fazer crítica literária que não aqueles pautados apenas nos meios tradicionais de divulgação (refiro-me aos veículos impressos). Para Perrone-Moisés (2016, p. 61):

A crítica literária contemporânea pode ser classificada em três grandes categorias: a crítica universitária, que se manifesta na forma de artigos longos, destinada a leitores especializados; a crítica jornalística praticada nos meios de comunicação imediata, impressa e eletrônica, que se manifesta em textos curtos e informativos; a crítica exclusiva eletrônica dos blogs, que exprime opiniões sobre as obras publicadas.

Em todos esses tipos de crítica, de uma maneira ou de outra, perde-se a função de autoridade como se via antes no meio estritamente acadêmico, uma vez que há outras formas de se fazer crítica e outros públicos receptores dela, ainda que nem todos possam ser críticos, como bem aponta Gramsci (1989GRAMSCI, Antonio (1989). Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira., p. 7): “Todos os homens são intelectuais, poder-se-ia dizer então; mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”. O intelectual das letras passa por um processo de consagração de seu discurso, herança academicista. A noção da função e da figura do intelectual pode ser mais abrangente se vista de outro modo:

Dito de outro modo, para além do novo papel do “cidadão jornalista”, emerge hoje um novo tipo de ator social, o “cidadão investigador” (Andrade, 2007). A figura do “cientista comum” (lay scientist) já tinha sido, em parte, preconizada por Albert Schutz, quando este sociólogo falava dos “conceitos comuns”. De um modo mais abrangente, neste caso ou ainda na atuação de outros membros da intelligentsia interventora no espaço público digital, deparamo-nos hoje com a figura inédita do intelectual comum (lay intellectual), um agente social não especialista do conhecimento, mas experiente na panóplia dos novos saberes descentralizados (Andrade, 2016ANDRADE, Pedro (2016). Intelectuais e web 2.0/3.0: como pensar, no 3º milênio, a utopia do intelectual. In: SOUSA, C. M. (org.). Um convite à utopia. Campina Grande: EDUEPB, 2016. p. 365-398. Disponível em: https://books.scielo.org/id/kcdz2/pdf/sousa-9788578794880-11.pdf. Acesso em: 6 nov. 2023.
https://books.scielo.org/id/kcdz2/pdf/so...
, p. 381, grifos do autor).

De fato, “a figura do letrado-especialista brasileiro simplesmente deslocou-se para os meios de comunicação de massa, que, como a figura anterior do intelectual, impedem a instituição da esfera pública, impondo suas próprias opiniões” (Chauí, 2006, p. 40). Imerso nos recursos midiáticos e envolvido por eles, o intelectual de hoje atinge ou cumpre sua função e seu papel intervencionista sobre a sociedade e a literatura.

O que verificamos hoje é que o intelectual das letras volta a aparecer e a se fazer perceber tão atuante como nunca (depois um período de silêncio, observa-se um retorno, como apontei no início deste texto ao me referir ao livro de Novaes e a ressignificação de seu papel), agora com outros aparatos e estratégias disponíveis para que possa difundir o trabalho de seu ofício e sua persona em lugares antes restritos, com outros intelectuais que não só os da intelligentsia, como o intelectual comum.

Em função disso, há um diálogo com um público antes restrito aos meios especializados pelo menos, considerando ainda outros modos de fazer crítica e de se fazer ver, o que nos permite observar que o papel do intelectual tem se reconfigurado em função dos meios multimediáticos e do público que tem acesso ao seu discurso, já que não pode haver intelectuais se não há leitores e que a difusão digital permite que haja cada vez mais leitores, além do momento crítico em que vivemos em meio a polarizações políticas (não só no Brasil) e restrições causadas pela pandemia.

Sobre a consagração do intelectual, esteja ele em que grupo da intelligentsia esteja, como esse intelectual trafega em níveis distintos, sua valoração se dará senão em função de seu interlocutor e contexto, e a sua presença multimediática permite à sua persona se fazer presente o tempo todo. Por isso, esse deslocamento do discurso do intelectual dos meios estritamente acadêmicos para lugares comuns, como as redes sociais e jornais, por exemplo, é uma estratégia para que sua persona possa se manter sempre presente.

De toda maneira, essas questões ainda precisam ser mais bem pensadas para que possamos traçar e entender melhor a função dos intelectuais das letras e o alcance efetivo de seu discurso, a exemplo dos recentes manifestos assinados por intelectuais e artistas5 5 Ver: Ruffato (2021a; 2021b) e Vasconcelos (2021). e de obras literárias cujos enredos já se ambientam nesse cenário pandêmico e polarizado, a exemplo de Verão tardio, de Luiz Ruffato (2019), e A tensão superficial do tempo, de Cristovão Tezza (2020TEZZA, Cristovão (2020). A tensão superficial do tempo. São Paulo: Todavia.). As minhas discussões aqui não resolvem todas as inquietações sobre o papel do intelectual das letras de hoje, sobretudo porque vivemos o calor do momento, na esperança por dias melhores, mas apontam para que possamos estar caminhando para uma tendência literária e crítica mais politizada e engajada, não só autorreferencial, algo, aliás, que temos observado já há algum tempo e muito em função do papel preponderante dos meios multimediáticos em favor do discurso do intelectual.

  • 1
    Não posso deixar de pontuar aqui a atuação constante e contundente de Luiz Ruffato diante dos acontecimentos políticos e sua relação com a leitura de literatura no Brasil, a exemplo do que lemos em “Para Luiz Ruffato, literatura ignora classe média baixa que votou em Bolsonaro” (Molinero, 2019MOLINERO, Bruno (2019). Para Luiz Ruffato, literatura ignora classe média baixa que votou em Bolsonaro. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/05/para-luiz-ruffato-literatura-ignora-classe-media-baixa-que-votou-em-bolsonaro.shtml. Acesso em: 1º dez. 2022.
    https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/...
    ), publicado na Folha de S.Paulo.
  • 2
    Nesse sentido de visibilidade e espetacularização proporcionado pelos meios digitais aliado ao momento pandêmico, o canal do YouTube Estudos de Literatura UFF recentemente, em um de seus eventos online, convidou as escritoras Adriana Lisboa e Adriana Lunardi para tratarem do tema “Manual de sobrevivência em tempos difíceis: a prosa brasileira hoje”, em 13 de maio de 2021, numa discussão interessante e acertada sobre a prosa atual e como os desafios políticos e sociais têm afetado a sociedade e também as produções literárias de hoje (Estudos de Literatura UFF, 2021).
  • 3
    Aline Bei é um dos exemplos de muitos escritores contemporâneos que promovem suas obras e suas personas em redes sociais. Ultimamente, ela tem participado de lives e entrevistas sobre sua produção literária promovidas por editoras ou pesquisadores de literatura. Ver: Porto (2021).
  • 4
    “Nunca se pôde precisar completamente tudo o que está implícito no fato de o autor escrever para um público. Há poucos atores sociais que dependem tanto quanto os artistas, e mais geralmente os intelectuais, sobre quem são e da imagem que têm de si mesmos, da imagem que os outros têm deles e do que os outros são. ‘Existem qualidades – escreve Jean-Paul Sartre – que chegam até nós apenas por meio dos julgamentos dos outros’. Assim acontece com a qualidade de escritor, qualidade socialmente definida e indissociável, em cada sociedade e em cada época, de determinada demanda social, com a qual o escritor deve contar”.
  • 5
    Ver: Ruffato (2021aRUFFATO, Luiz (2021a). Antes que seja tarde. Rascunho. Disponível em: https://rascunho.com.br/liberado/antes-que-seja-tarde/. Acesso em: 6 nov. 2023.
    https://rascunho.com.br/liberado/antes-q...
    ; 2021bRUFFATO, Luiz (2021b). O fator Bolsonaro. Rascunho. Disponível em: https://rascunho.com.br/liberado/o-fator-bolsonaro/. Acesso em: 6 nov. 2023.
    https://rascunho.com.br/liberado/o-fator...
    ) e Vasconcelos (2021VASCONCELOS, Frederico (2021). Acadêmicos e advogados pedem ao STF declaração de incapacidade de Bolsonaro. Folha de S.Paulo. Disponível em: https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2021/05/13/academicos-e-advogados-pedem-ao-stf-declaracao-de-incapacidade-de-bolsonaro/. Acesso em: 6 nov. 2023.
    https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/...
    ).

REFERÊNCIAS

Editoras de Seção: Paulo César Thomaz e Rejane Pivetta

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2022
  • Aceito
    19 Abr 2023
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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