Acessibilidade / Reportar erro

HIRSCHKOP, Ken. The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin

The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin. . Cambridge, United Kingdom. HIRSCHKOP, Ken. New York, NY: Cambridge University Press, 2021. 194p.E-book. . (Series: Cambridge introductions to literature)

Mikhail Bakhtin levou uma vida extraordinária: extraordinária em sua dificuldade e extraordinária em suas realizações.

Ken Hirschkop

No cenário internacional — especialmente, o cenário de língua inglesa —, o professor e pesquisador nova-iorquino Ken Hirschkop (University of Waterloo, Canadá) destaca-se como um dos mais afamados estudiosos das obras de Bakhtin e seus confrades. Além de organizar, ao lado de David Shepherd, a obra Bakhtin and Cultural Theory (original de 1989, com edição revista e expandida em 2001), Hirschkop é o responsável pela reflexão presente em Mikhaïl Bakhtin: an Aesthetic for Democracy (1999). Logo, não causa espécie que justamente o referido professor tenha sido escolhido para o desafio de elaborar The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin, publicado no final de 2021, como parte da série Cambridge Introductions to Literature, da Cambridge University Press.

Nesse texto, desde o primeiro capítulo — nomeadamente, Introduction —, o pesquisador norte-americano revela seu interesse de fazer o possível “para equilibrar e coordenar duas tarefas: apresentar um Bakhtin útil e interessante para estudantes e pesquisadores; e apresentar o que é, em alguns aspectos, um novo Bakhtin” (HIRSCHKOP, 2021HIRSCHKOP, K. Mikhaïl Bakhtin: An Aesthetic for Democracy. New York: Oxford University Press, 1999., p.4)1 1 No original: “(...) to balance and coordinate the two tasks: to present a usable and interesting Bakhtin for students and researchers; and to present what is in some respects a new Bakhtin”. Todas as traduções são de responsabilidade do autor. . E essas tarefas, certamente, ganham maiores condições de efetivação com a bem elaborada divisão do livro, qual seja, a divisão entre Life, Context, Works e Reception [Vida, Contexto, Obras e Recepção]— respectivamente, títulos do segundo, do terceiro, do quarto e do quinto capítulos. Temas que são seguidos por um sexto capítulo, intitulado A Brief Conclusion [Uma breve conclusão].

Como The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin é uma espécie de apresentação da vida e do pensamento de Bakhtin para leitores de diferentes tipos, um texto que se proponha a somente expor o Bakhtin apresentado por Hirschkop terminaria sendo um resumo do resumo. Portanto, aqui, além de uma brevíssima incursão em cada capítulo, tecerei considerações mais específicas, que ressaltam, efetivamente, os pontos mais distintos do texto de Hirschkop.

A meu ver, um primeiro ponto singular na obra de Hirschkop é o seu entendimento de que é preciso aceitar os limites impostos pela história de Bakhtin. É nesse sentido que, conferindo uma nova direção à metáfora das ruínas — proposta por Kristeva em Une poétique ruinée, prefácio da tradução francesa de Problemas da poética de Dostoiévski —, o pesquisador nova-iorquino afirma:

Bakhtin tinha grandes ideias e nenhum público: como resultado, temos as ruínas de um projeto. Nosso trabalho é percorrer as ruínas e extrair o que pudermos, consertar o que pudermos consertar, estender e reconstruir onde isso for possível e, finalmente, admitir que não podemos transformar as ruínas em um edifício acabado, não podemos desfazer a história que as produziu (HIRSCHKOP, 2021HIRSCHKOP, K. Mikhaïl Bakhtin: An Aesthetic for Democracy. New York: Oxford University Press, 1999., p.2)2 2 No original: “Bakhtin had big ideas and no audience: as a result, we have the ruins of a project. Our job is to go through the ruins and extract what we can, to repair what we can repair, to extend and reconstruct where that is possible, and, finally, to admit that we can’t make the ruins into a finished building, can’t undo the history that produced them”. .

Essa posição de Hirschkop parece-me louvável. Nem tanto porque ela nega dar acabamento ao que está nativamente inacabado, mas, sim, porque, oportunamente, lembra-nos de que o efetivo conhecimento de uma obra teórica passa pela atenção às condições socioculturais de sua produção.

E muito próximo disso, aliás, está outra louvável atitude do autor. Utilizando a metáfora das ruínas, Hirschkop demonstra todo respeito por aqueles que, mesmo em um tempo sem informações suficientes sobre o contexto de Bakhtin, buscaram ajudar na reconstrução desse projeto.

Observados esses primeiros pontos — que, claramente, marcam uma respeitável postura ética, tanto em relação a Bakhtin quanto em relação aos seus intérpretes —, vale a pena considerar questões atinentes ao conteúdo presente em The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin.

O segundo capítulo da obra de Hirschkop discorre sobre cinco períodos da vida de Mikhail Bakhtin. Na seção Youth, é apresentado o período que vai desde o nascimento de Bakhtin, em 1895, até o fatídico ano de 1917 — ano em que a Revolução Russa vem à tona. Na seção Friendships, considera-se o conturbado período que abrange desde 1918 até o aparentemente inesquecível ano de 1929 — ano da prisão de Bakhtin e da publicação de seu Problemas da obra de Dostoiévski. O intervalo entre 1930 e 1946 é relatado na seção Exile, Escape, and the War. A fase que se inicia em 1947 e termina em 1961 é narrada, muito brevemente, na seção Saransk. E, finalmente, na seção Rediscovery, Rehabilitation, ganha lugar o intervalo de anos que engloba desde 1961 até o ano do falecimento, isto é, 1975.

Com efeito, em que pesem os importantes comentários a respeito da instabilidade política e social que perdurou décadas a fio na URSS — e terminou interferindo, para o bem ou para o mal, no percurso intelectual de Bakhtin —, boa parte do que é relatado nesse segundo capítulo já aparece em outras páginas que registram a biografia do filósofo russo — seja em inglês, francês, português etc. Todavia, pode-se dizer que o texto de Hirschkop é dotado de uma visão biográfica mais equilibrada, e que essa visão tanto o impede de operar ataques baseados em conjecturas quanto o impede de promover uma hagiografia.

No que diz respeito ao terceiro capítulo, mais uma vez, pode-se observar cinco diferentes seções. Em Philosophy: Influences and Options for the Young Bakhtin, com o devido equilíbrio, Hirschkop aponta para a influência de Hermann Cohen sobre os escritos filosóficos iniciais do confrade de Volóchinov. Na seção intitulada Language: Soviet Struggles over Literary Criticism in the 1920s, and Bakhtin’ Linguistic Turn, o pesquisador nova-iorquino comenta a aparente singularidade de Bakhtin em meio aos diferentes grupos que competiam pelas rédeas da crítica literária russa nas três primeiras décadas do século XX. Na seção Excursus: Voloshinov’s Linguistic Turn, com certa pressa, que faz beirar a superficialidade, o autor retoma observações de Poole (2001)POOLE, B. From Phenomenology to Dialogue: Max Scheler’s Phenomenological Tradition and Mikhail Bakhtin’s Development from ‘Toward a Philosophy of the Act’ to His Study of Dostoevsky. In: HIRSCHKOP, K.; SHEPHERD, D. (eds.). Bakhtin and Cultural Theory. Revised and expanded second edition. Manchester, UK; New York, USA: Manchester University Press, 2001. p.109-135. e Brandist (2012)BRANDIST, C. O dilema de Voloshinov: sobre as raízes filosóficas da teoria dialógica do enunciado. In: BRANDIST, C. Repensando o círculo de Bakhtin: novas perspectivas na história intelectual. Organização e notas de Maria Inês Campos e Rosemary H. Schettini. Tradução de Helenice Gouvea e Rosemary H. Schettini. São Paulo: Contexto, 2012. p.35-63. acerca do trabalho filosófico-linguístico empreendido por Valentin N. Volóchinov. Por fim, nas duas últimas seções do terceiro capítulo — a saber, Literature: Socialist Realism and Arguments about the Novel in the 1930s e The 1950s and 1960s: Consolidation and a Quiet Life —, vêm à baila um conjunto de informações que põem em destaque, novamente, as injunções políticas que afetaram a vida de Bakhtin.

Em relação ao quarto capítulo, merece destaque o fato de que Hirschkop apresenta uma listagem — ora mais comentada, ora menos — de todos os escritos publicados de Mikhail Bakhtin. E essa listagem, como o próprio autor indica, não é organizada em virtude da cronologia das obras, mas, sim, em razão do tema que as perpassa. Mais importante do que isso, este quarto capítulo traz consigo uma exposição e uma análise crítica acerca de alguns conceitos bakhtinianos. A título de exemplo, observo que, depois de expor os conceitos de autor, herói, arte e responsabilidade, Hirschkop avança uma breve argumentação com o intuito de pôr em xeque a validade da relação eu/outro, tal como defendida por Bakhtin. Ainda a título de exemplo, vale registrar que, após a exposição em torno dos conceitos de autor, herói, arte e responsabilidade, o pesquisador traz à cena o argumento que sugere ver, pelo menos nos textos iniciais de Bakhtin, uma concepção de estética um tanto a-histórica.

É evidente que o leitor tem plena liberdade para discordar da análise crítica que Hirschkop propõe acerca dos conceitos escolhidos. Ainda assim, o próprio fato de a coerência dos conceitos ser questionada por um estudioso sério, que se aproxima amigavelmente dos estudos bakhtinianos, já é algo a se admirar.

Por fim, enquanto o quinto capítulo, Reception, apresenta uma exposição dos diferentes interesses que têm movido os estudiosos de Bakhtin ao longo dos anos — desde o interesse por apresentar Bakhtin como um filósofo religioso até o interesse por utilizálo nos estudos feministas e pós-coloniais —, o sexto capítulo, A Brief Conclusion, consiste em sugerir que, ainda que Bakhtin não seja original no que observa, é bastante original no modo como aplica ou permite-nos aplicar o que escreveu.

Por ora, então, a fim de não me estender demasiadamente nessas considerações de ordem mais descritiva, direi que, a despeito de todas as muitas dificuldades impostas pelo tema, The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin testemunha em favor da admirável capacidade de síntese e sistematização de Ken Hirschkop. Portanto, desde o leitor iniciante até o pesquisador mais afeito ao tema, podemos todos, em certa medida, nos beneficiar do trabalho do autor.

Isso tudo dito, cabe considerar algo mais. Estritamente falando, cabe dizer que, mesmo reconhecendo o valoroso feito de Hirschkop, é preciso guardar reserva diante de algumas de suas interpretações. Por motivos óbvios, não convém, aqui, avançar uma discussão detalhada em relação a cada uma delas. Ainda assim, a título de exemplo, vale mencionar ao menos uma, a fim de que o leitor de Hirschkop não passe por tais interpretações sem exercer o seu direito — e, na condição de bom leitor, seu dever — à desconfiança.

Nessa direção, a interpretação que parece mais passível de objeções é a que diz respeito a uma aparente equivalência entre os conceitos expressos pelos termos “polifonia” e “dialogismo”. No texto de Hirschkop, essa interpretação fica exposta, inicialmente, no segundo capítulo, quando, reportando os dizeres de Bakhtin presentes no prefácio de Problemas da obra de Dostoiévski, de 1929, o pesquisador afirma que essa obra “centra-se na ‘inovação revolucionária no campo do romance como uma forma artística’ de Dostoiévski, que Bakhtin chamou de ‘dialogismo’ [...]” (HIRSCHKOP, 2021HIRSCHKOP, K. Mikhaïl Bakhtin: An Aesthetic for Democracy. New York: Oxford University Press, 1999., p.17)3 3 No original: “[...] it’s focused on Dostoevsky’s ‘revolutionary innovation in the field of the novel as an artistic form’, which Bakhtin called ‘dialogism’ (PDA, 276/4)”. .

De fato, uma vez que a “inovação revolucionária” de Dostoiévski é a polifonia, as confusas aspas do texto de Hirschkop parecem avalizar uma equivalência entre polifonia e dialogismo. Afinal, essas confusas aspas podem dar a entender, por um lado, que o termo “dialogismo” também foi extraído do prefácio da obra de 1929, e, por outro lado, que o referido termo é utilizado por Bakhtin com o intuito de especificar o que seria a “inovação revolucionária” que Dostoiévski promove no âmbito do romance.

Entretanto, se vistas de perto, essas confusas aspas não fazem mais do que o óbvio: causar confusão. E isso, em primeiro lugar, porque o termo “dialogismo” não consta no prefácio de Problemas da obra de Dostoiévski (cf. BAKHTIN, 2022, p.52BAKHTIN, M. Problemas da obra de Dostoiévski. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo; ensaio introdutório e posfácio de Sheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2022.) e, em segundo lugar, porque a atitude de especificar a “inovação revolucionária” por meio do referido termo não é de Bakhtin, mas do próprio Hirschkop.

Essa estranha interpretação de Hirschkop ganha força quando o autor, a certa altura do quarto capítulo, apresenta-nos uma seção intitulada Dialogism as Polyphony. Ali, logo de partida, o pesquisador pontua que “a ideia de ‘dialogismo’ faz sua estreia no estudo de Bakhtin sobre Dostoiévski, de 1929, onde aparece como uma forma peculiar e interessante da relação autor/herói” (HIRSCHKOP, 2021HIRSCHKOP, K. Mikhaïl Bakhtin: An Aesthetic for Democracy. New York: Oxford University Press, 1999., p.75)4 4 No original: “The idea of ‘dialogism’ makes its debut in Bakhtin's 1929 study of Dostoevsky, where it appears as a peculiar and interesting form of the author/hero relationship”. .

Ora, quem conhece o conjunto da obra de Bakhtin não pode deixar de estranhar uma afirmação como essa. Afinal, em nenhum momento de seus textos, o termo “dialogismo” é utilizado para fazer referência à “forma peculiar e interessante da relação autor/herói”. De fato, o termo que designa semelhante relação é “polifonia”.

Por mais irônico que possa parecer, essa estranha interpretação de Hirschkop é absolutamente a mesma estranha interpretação passível de verificação na biografia que o próprio autor coloca em xeque, a saber, a pioneira Mikhail Bakhtin, de Katerina Clark e Michael Holquist, original de 1984. Afinal, o equívoco de igualar polifonia e dialogismo já se mostrava nessa última, quando, a respeito da obra de Bakhtin sobre Dostoiévski, os autores comentam:

o livro abre-se com uma demonstração de dialogismo em trabalho. Bakhtin procede com os outros críticos de Dostoiévski como este procede com suas personagens. Deixa que todos eles falem com voz própria, através de longas citações de cada um, mas, assim agindo, os críticos expõem as posições que ele, Bakhtin, deseja que exponham (CLARK; HOLQUIST, 2008CLARK, K; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2008., p.259).

Como se vê, para exemplificar o que chamam de “demonstração de dialogismo”, Clark e Holquist (2008)CLARK, K; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2008. mencionam a atitude de Bakhtin frente aos demais críticos de Dostoiévski, isto é, a atitude de “deixa[r] que todos eles falem com voz própria”. Assim, o que os autores tomam como dialogismo seria a equipolência de diferentes vozes, ou seja, a polifonia. E é sobre este equívoco, então, que se apresenta a espantosa sentença: “o que Bakhtin chama ‘polifonia’ é simplesmente aquele fenômeno cujo outro nome vem a ser dialogismo” (CLARK; HOLQUIST, 2008CLARK, K; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2008., p.261). E é justamente o mesmo equívoco, repito, que aparece nas páginas de Hirschkop.

Obviamente, essa breve resenha de The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin não é o lugar mais propício para discutir a fundo a distinção entre polifonia e dialogismo. Todavia, mesmo que de passagem, convém assinalar que, em relação a esse ponto, do lado oposto ao de Hirschkop, encontram-se aqueles que, de modo geral, veem o dialogismo em termos de uma responsividade imediata e histórica (cf. MORSON; EMERSON, 2008MORSON, G. S.; EMERSON, C. Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.; FARACO, 2009FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.).

Afora tudo isso, mesmo ciente do caráter introdutório da obra, há duas questões cujas ausências causaram-me algum espanto. Em primeiro lugar, a ausência de uma consideração mínima sobre a discussão bakhtiniana a respeito da axiologia. Em segundo lugar, a ausência de uma consideração mínima sobre o fenômeno da polifonia aos olhos de Volóchinov.

É verdade que, ao comentar brevemente o ensaio volochinoviano “A palavra na vida e a palavra na poesia”, publicado em 1926, Hirschkop reconhece o lugar especial que Volóchinov confere à avaliação social. Apesar disso, causa algum espanto que, tratando de Bakhtin propriamente dito, o pesquisador norte-americano não tenha avançado nesse tema. Portanto, aos meus olhos, a melhor apresentação da fundamental relação entre Bakhtin e a axiologia permanece registrada nos escritos do linguista brasileiro Carlos Alberto Faraco, com destaque para o elucidativo “Mikhail Bakhtin: linguagem e axiologia” (FARACO, 2021FARACO, C. A. Mikhail Bakhtin: linguagem e axiologia. AGlo. Anuario de Glotopolitica, 5, 2021. Disponível em: https://glotopolitica.com/aglo5-indice/. Acesso em: 27 jul. 2022.
https://glotopolitica.com/aglo5-indice/...
).

Quanto à questão da polifonia aos olhos de Volóchinov, é verdade que, sendo a obra de Hirschkop destinada a lidar com Bakhtin, essa reclamação parece incoerente. Entretanto, trata-se apenas de uma aparente incoerência, pois, à medida que o autor enfatiza a possível influência de Volóchinov sobre Bakhtin, seria coerente, sim, pontuar que, em termos de polifonia, os confrades parecem guardar certa distância um do outro (GOMES, 2022GOMES, F. A. A vindicação do axiológico: uma leitura da filosofia da linguagem de Valentin N. Volóchinov. 2022. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) -Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022. Disponível em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/LetrasFilipeAlmeidaGomes29844Textocompleto.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/...
).

Ao fim e ao cabo, estou convencido de que, como esbocei anteriormente, a nova obra de Ken Hirschkop tem pontos que exigem de cada leitor uma reflexão mais detida, mais prudente. Em todo caso, isso não é um demérito da obra. Pelo contrário, num campo em que a tentativa de evitar equívocos parece impedir definições claras e resumos objetivos — provocando, quase sempre, um tédio mortal —, a coragem de Hirschkop impressiona e, assim, convoca à leitura de The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin.

  • Pareceres
    Tendo em vista o compromisso assumido por Bakhtinina. Revista de Estudos do Discurso com a Ciência Aberta, a revista publica somente os pareceres autorizados por todas as partes envolvidas.
  • Declaração de disponibilidade de conteúdo

    Os conteúdos subjacentes ao texto da pesquisa estão contidos no manuscrito.
  • 1
    No original: “(...) to balance and coordinate the two tasks: to present a usable and interesting Bakhtin for students and researchers; and to present what is in some respects a new Bakhtin”. Todas as traduções são de responsabilidade do autor.
  • 2
    No original: “Bakhtin had big ideas and no audience: as a result, we have the ruins of a project. Our job is to go through the ruins and extract what we can, to repair what we can repair, to extend and reconstruct where that is possible, and, finally, to admit that we can’t make the ruins into a finished building, can’t undo the history that produced them”.
  • 3
    No original: “[...] it’s focused on Dostoevsky’s ‘revolutionary innovation in the field of the novel as an artistic form’, which Bakhtin called ‘dialogism’ (PDA, 276/4)”.
  • 4
    No original: “The idea of ‘dialogism’ makes its debut in Bakhtin's 1929 study of Dostoevsky, where it appears as a peculiar and interesting form of the author/hero relationship”.

REFERÊNCIAS

  • BAKHTIN, M. Problemas da obra de Dostoiévski. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo; ensaio introdutório e posfácio de Sheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2022.
  • BRANDIST, C. O dilema de Voloshinov: sobre as raízes filosóficas da teoria dialógica do enunciado. In: BRANDIST, C. Repensando o círculo de Bakhtin: novas perspectivas na história intelectual. Organização e notas de Maria Inês Campos e Rosemary H. Schettini. Tradução de Helenice Gouvea e Rosemary H. Schettini. São Paulo: Contexto, 2012. p.35-63.
  • CLARK, K; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2008.
  • FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
  • FARACO, C. A. Mikhail Bakhtin: linguagem e axiologia. AGlo. Anuario de Glotopolitica, 5, 2021. Disponível em: https://glotopolitica.com/aglo5-indice/ Acesso em: 27 jul. 2022.
    » https://glotopolitica.com/aglo5-indice/
  • GOMES, F. A. A vindicação do axiológico: uma leitura da filosofia da linguagem de Valentin N. Volóchinov. 2022. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) -Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022. Disponível em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/LetrasFilipeAlmeidaGomes29844Textocompleto.pdf Acesso em: 1 set. 2022.
    » http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/LetrasFilipeAlmeidaGomes29844Textocompleto.pdf
  • HIRSCHKOP, K. Mikhaïl Bakhtin: An Aesthetic for Democracy. New York: Oxford University Press, 1999.
  • MORSON, G. S.; EMERSON, C. Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
  • POOLE, B. From Phenomenology to Dialogue: Max Scheler’s Phenomenological Tradition and Mikhail Bakhtin’s Development from ‘Toward a Philosophy of the Act’ to His Study of Dostoevsky. In: HIRSCHKOP, K.; SHEPHERD, D. (eds.). Bakhtin and Cultural Theory Revised and expanded second edition. Manchester, UK; New York, USA: Manchester University Press, 2001. p.109-135.

Parecer I

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer I

A resenha tem um cunho crítico extremamente apropriado, devendo-se dizer a seu favor que nem por isso deixa de reconhecer o valor da obra resenhada, evitando cuidadosamente dar dela um resumo, que por definição deixaria o trabalho a desejar. Trata-se de oportuna resenha que levanta dois relevantes problemas de interpretação e terminologia desta obra e de outra obra de autores anglófonos, incitando o leitor especializado tanto a ler o livro resenhado, que tem uma contribuição a dar, como a enfocar os problemas apontados. APROVADO

  • recomendação: aceitar

Parecer III

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer III

O/A Autor/a organiza a apresentação do texto seguindo os capítulos apresentados por Hirschkop no seu sumário e o faz de modo claro, articulado e muito inteligente. Destaca aspectos centrais da obra e levanta alguns questionamentos pertinentes a conceitos centrais da obra bakhtiniana como, por exemplo, a compreensão do professor canadense em torno de “Dialogismo como Polifonia”.

Já na introdução da resenha, sinaliza seu posicionamento, afirmando: “além de uma brevíssima incursão em cada capítulo, tecerei considerações mais específicas, que ressaltam, efetivamente, os pontos mais distintos do texto de Hirschkop”.

Algumas incursões ficaram, de verdade, “brevíssimas”, e a título de sugestão seria o caso de incluir, ao menos, duas menções referentes à composição da obra resenhada:

  1. destacar o gênero “introdução”, marcado no título do livro The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin. Afinal, a proposta acadêmica é ser uma introdução ao pensamento de Bakhtin, tanto para aqueles que começam a leitura dos textos bakhtinianos como para pesquisadores que encontram uma nova leitura e, como o Autor/a da resenha, dialogam, discutem, refutam algumas concepções expostas em The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin.

  2. Antes dos capítulos, Hirschkop apresenta uma cuidadosa cronologia de Bakhtin, o que permite ao leitor compreender o autor e sua obra numa linha do tempo e não de modo fragmentado. Valorizo essa cronologia uma vez que a obra de Bakhtin, publicada postumamente, não seguiu a ordem cronológica da escrita.

No decorrer da resenha, o/a Autor/a insiste em colocar entre parênteses o ano de publicação da obra (2021) o que parece desnecessário a repetição da mesma informação, uma vez que se trata da obra resenhada.

Considero relevantes as considerações em torno das ressalvas feitas à obra resenhada: oportunas e levando o leitor a não adotar uma compreensão sem reflexão.

A título de contribuição, sugiro que a indicação da obra à página 6 seja atualizada, usando o título em português Problemas da obra de Dostoiévski (versão de 1929), na tradução de Grillo e Américo da editora 34, publicada em 2022.

É uma resenha significativa porque inclui além das reflexões críticas, indicações bibliográficas brasileiras, o que não apareceu na obra de Hirschkop. Com base no exposto acima, sou favorável à publicação. APROVADO

  • recomendação: aceitar

Disponibilidade de dados

Os conteúdos subjacentes ao texto da pesquisa estão contidos no manuscrito.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2023

Histórico

  • Recebido
    21 Set 2022
  • Aceito
    28 Nov 2022
LAEL/PUC-SP (Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Rua Monte Alegre, 984 , 05014-901 São Paulo - SP, Tel.: (55 11) 3258-4383 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: bakhtinianarevista@gmail.com