Acessibilidade / Reportar erro

Aristóteles. Da adivinhação durante o sono. Apresentação, tradução e notas.

Aristotle. On Prophecy in Sleep. Introductory note and translation.

Resumo:

Tradução para o português do opúsculo Da adivinhação durante o sono, de Aristóteles, precedido de breve apresentação e acompanhada de notas elucidativas do texto.

Palavras-chave:
Aristóteles; Parva Naturalia; sonho; adivinhação.

Abstract:

Portuguese translation of Aristotle’s Prophecy in Sleep, preceded by a short presentation of the text and accompanied by explanatory notes

Keywords:
Aristotle; Parva Naturalia; dream; divination.

Apresentação

O opúsculo Da adivinhação durante o sono faz parte de um conjunto de textos de Aristóteles reunidos sob o título de Parva Naturalia, ou, em português, Pequenos Tratados de História Natural. Esse título teria sido utilizado pela primeira vez para se referir a esse grupo de textos do corpus aristotélico no século XIII EC por Aegidius Romanus, ou Egídio (Gil) de Roma (1247-1316), filósofo, tradutor, comentador de Aristóteles e discípulo de Tomás de Aquino.

A obra Parva Naturalia é composta dos seguintes tratados: Περὶ αἰσθήσεως καὶ αἰσθητῶν (De sensu et sensibilibus), Περὶ μνήμης καὶ ἀναμνήσεως (De memoria et reminiscentia), Περὶ ὕπνου καὶ ἐγρηγόρσεως (De somno et vigilia), Περὶ ἐνυπνίων (De insomniis), Περὶ τῆς καθ’ὕπνου μαντικῆς (De divinatione per somnum), Περὶ μακροβιότητος καὶ βραχυβιότητος, (De longitudine et brevitate vitae), Περὶ νεότητος καὶ γήρως (De juventute et senectute), Περὶ ζωῆς καὶ θανάτου (De vita et morte) e Περὶ ἀναπνοῆς, (De respiratione), os quais se estendem de 436a1 a 480b30 na edição de Bekker.1 1 Os três últimos opúsculos são, a depender da edição, agrupados sob um ou dois títulos. Na clássica edição de Bekker (1831-1836), os três últimos opúsculos são divididos em dois. Possuem em comum a investigação de questões que dizem respeito tanto ao corpo como à alma.

Considera-se que Da adivinhação durante o sono forma uma trilogia com os outros dois breves tratados que o precedem: Do sono e da vigília e Dos sonhos. No primeiro, Aristóteles analisa o sonho e a vigília como par de opostos complementares e, nos três capítulos que constituem o tratado, define o que é o sono e o que é a vigília, que sentidos afetam, quais são as suas causas, entre outros. No segundo tratado, Dos sonhos, também constituído por três capítulos, Aristóteles investiga que faculdade da alma os sonhos afetam, de que forma os sonhos se produzem e expõe a sua teoria de que os sonhos são um produto de movimentos residuais das percepções.

Em Da adivinhação durante o sono, constituído de dois capítulos, cuja tradução apresentamos a seguir, Aristóteles inicia questionando se é possível ou não a existência da adivinhação por meio dos sonhos (462b12-463b11). Se, por um lado, a opinião generalizada aponta para a existência da possibilidade de se prever o futuro através dos sonhos, por outro lado, não há causa razoável que explique como isso seria possível (462b-26). Sendo assim, Aristóteles passa à demonstração de que os sonhos são causas, sinais ou coincidências (462b26-463b11). Conclui que a maioria dos sonhos são coincidências e lhes atribui causas naturais (463b12-464b18), rejeitando a origem divina dos sonhos (462b12-463b31). Expõe a teoria de Demócrito para a origem dos sonhos, a que se segue a sua própria, e explica por que as pessoas vulgares são mais propensas a prever o futuro através dos sonhos (463b31-464a24). Em seguida, comenta algumas circunstâncias especiais que tornam determinadas pessoas mais propensas à adivinhação pelos sonhos (464a24-464b5), bem como qual característica é necessária para ser um bom intérprete de sonhos (464b5-15) e conclui seu texto (464b.16-18).

Aristóteles não descarta completamente a possibilidade de que a adivinhação possa ocorrer por meio dos sonhos. Como observam La Croce & Bernabé Pajares (1987LA CROCE, E.; BERNABÉ PAJARES, A. (1987) Aristóteles. Acerca de la generación y la corrupción. Tratados breves de historia natural. (introducciones, traducciones y notas) Madrid, Editorial Gredos., p. 157),

La razón por la que Aristóteles toma en consideración esta posibilidad [i.e. que a adivinhação por meio dos sonhos seja possível] está, además, en la línea de un principio metodológico muy característico del filósofo, según el cual una creencia general tiene visos de ser cierta.

No entanto, Aristóteles rejeita a origem divina dos sonhos - concepção tão difundida e que se encontra tão bem representada, por exemplo, nos poemas homéricos (na Ilíada, “os sonhos vêm de Zeus”, diz Aquiles no Canto I, v. 63).

É fato que a concepção acerca da origem dos sonhos e do papel desempenhado por eles na adivinhação se diferencia em Aristóteles do que encontramos na literatura anterior. A própria ideia de adivinhação em Aristóteles parece estar restrita à previsão de fatos futuros. Suas reflexões baseiam-se, sobretudo, na observação empírica e na reflexão sobre ela, bem como nas distinções conceituais a respeito do assunto investigado, o que resulta num texto cujo estilo é extremamente conciso. Nesse sentido, este tratado aristotélico sobre a adivinhação através dos sonhos situa-se num horizonte muito distante daquele em que a adivinhação pelos sonhos não somente é possível, mas é representada, dentro do imaginário do pensamento mítico, como uma forma de interlocução entre deuses e homens.2 2 Sobre o pensamento mítico, cf. Torrano (2019).

A tradução que ora apresentamos foi feita a partir da edição do texto feita por Ross (1970ROSS, W. D. (1970) Aristotle. Parva naturalia. Oxford, Clarendon Press. (1ed. 1955)), disponível no Thesaurus Linguae Graecae. Procuramos manter, tanto quanto possível, a fidelidade ao texto original, utilizando, na maioria dos casos, parênteses para indicar os acréscimos necessários ao bom entendimento do texto. As notas à tradução têm o propósito apenas de esclarecer alguns trechos e chamar atenção para a utilização de certos termos e para certas escolhas de tradução.

Da adivinhação durante o sono

[462b12] I. Quanto à adivinhação que ocorre durante o sono e que se diz provir dos sonhos, não é fácil nem desprezá-la nem acreditar nela, pois o fato de que todos ou a maioria [15] suponham que os sonhos possuem algum significado fornece credibilidade, visto que [isso] é dito com base na experiência. E o fato de a adivinhação através dos sonhos existir relativamente a algumas coisas não é algo inacreditável, pois possui alguma razão. Por isso, alguém poderia pensar de forma semelhante quanto aos demais sonhos.3 3 Isto é, poder-se-ia pensar que todos os sonhos são divinatórios, o que Aristóteles irá em seguida negar. No entanto, que não se veja nenhuma causa razoável pela qual isso pudesse ocorrer, [20] gera incredulidade. O fato de ser um deus quem envia os sonhos, além de outros desatinos, e de enviá-los não aos melhores e aos mais sensatos, mas a quem calha, é absurdo. Mas, se retirarmos a causa divina, nenhuma outra causa parece ser razoável, pois descobrir o princípio pelo qual alguns preveem o que acontece nas colunas de Héracles ou [25] no rio Borístenes4 4 As colunas de Héracles se referem ao atual Estreito de Gibraltar, que liga o Oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo. Borístenes era o nome do atual Dniepre, o quarto maior rio da Europa, que nasce a oeste de Moscou, atravessa vários países e deságua no Mar Negro. Ambas as referências, no entanto, remetem, tendo em vista o imaginário de um ateniense da época, aos confins do mundo. pareceria estar além de nossa compreensão. Necessariamente, portanto, os sonhos são ou as causas ou os sinais dos acontecimentos, ou coincidências - ou todas essas coisas, ou algumas delas ou somente uma.

Digo “causa” como, por exemplo, a lua é causa do eclipse do sol e a fadiga é causa [30] da febre; digo “sinal” como, por exemplo, entrar [no disco] de um astro é sinal de um eclipse e a aspereza da língua é sinal de febre; digo “coincidência”, como, por exemplo, o sol se eclipsar enquanto se está caminhando, pois isso não é nem o sinal [463a] nem a causa do eclipse, nem o eclipse é o sinal ou a causa do caminhar. Por isso, nenhuma coincidência ocorre sempre nem frequentemente. Acaso são então os sonhos uns as causas e outros os sinais do que, por exemplo, acontece no corpo? Ao menos, [5] os mais distintos médicos dizem que é necessário estarmos muito atentos aos sonhos,5 5 Encontramos no corpus hippocraticum um tratado sobre esse tema, o Da Dieta, traduzido para o português por Julieta Alsina (2016). e é razoável que pensem dessa forma não os expertos, mas os observadores e os que buscam o conhecimento de algo. Com efeito, os estímulos ocorridos durante o dia, se não são muito grandes e fortes, passam despercebidos, devido ao fato de os estímulos [10] da vigília serem maiores, mas, durante o sono, [ocorre] o contrário, pois os pequenos [estímulos] parecem ser grandes. Isso se evidencia no que ocorre frequentemente durante o sono: com efeito, cremos que estamos sendo atingidos por raios e que está trovejando, à ocorrência de pequenos sons em nossos ouvidos, e que desfrutamos do mel e de sabores doces ao escorrer [em nossa garganta] [15] um pouco de muco, e que caminhamos através do fogo e estamos muito aquecidos por acontecer de alguma parte [de nosso corpo] estar um pouco quente. Porém, ao despertarmos, fica claro que essas coisas são desse modo, de forma que, uma vez que os princípios de todas as coisas são pequenos, é evidente que também o sejam os das doenças e de outras afecções que estejam prestes a se produzirem no corpo. [20] Portanto, é claro que tais coisas são, necessariamente, mais evidentes durante o sono do que durante a vigília.

No entanto, não é absurdo que algumas imagens [que vemos] durante o sono sejam causas de ações relativas a cada uma delas. Com efeito, tal como quando estamos prestes a realizar uma ação, ou a estamos realizando, ou acabamos de realizá-la, ficamos muitas vezes engajados nessa ação e a realizamos [25] em sonhos vívidos6 6 Ou “sonhos verdadeiros”. O termo grego εὐθυονειρία, de acordo com os registros lexicais, é um neologismo de Aristóteles. É retomado em 464b7 e 464b16. (a causa disso é que o estímulo se encontra preparado por princípios diurnos). Assim também, necessariamente, os estímulos [que], ao contrário, [ocorrem] no sono são, muitas vezes, os princípios de ações diurnas, pelo fato de a sua ideia ter sido preparada, por sua vez, [30] nas imagens noturnas. Assim, portanto, é possível que alguns sonhos sejam tanto sinais como causas.

No entanto, a maioria dos sonhos parece ser coincidência, [463b] principalmente todos os extravagantes e aqueles cujo princípio não está em nós mesmos, mas que dizem respeito a batalhas navais ou a acontecimentos longínquos; quanto a esses, é provável que se dê o mesmo como quando alguém menciona algo e isso [5] calha de acontecer. Pois o que impede [de acontecer] dessa forma também durante o sono? É muito provável que ocorram muitas coisas desse tipo. Portanto, tal como o fato de alguém ser mencionado não é nem o sinal nem a causa de que essa pessoa se faça presente, da mesma forma, naquele caso, o sonho, para quem sonha,7 7 Literalmente, “para quem vê” (τῷ ἰδόντι). É interessante observar como se manifesta na linguagem o aspecto visual da experiência onírica, o que se relaciona, em tempos anteriores, a seu caráter exterior, de que dá testemunho a descrição dos sonhos em Homero, em que os sonhos eram enviados pelos deuses e o sonhador era um receptor passivo. Cf. Dodds (2002), De Paoli (2017). não é nem sinal nem causa do que se realiza, mas coincidência. Por isso, muitos sonhos [10] não se realizam, pois as coincidências não acontecem sempre nem frequentemente.

II. Geralmente, visto que também alguns outros animais sonham,8 8 Até onde podemos saber, Aristóteles é o primeiro autor a afirmar que os animais sonham. Cf. HA 536b27. os sonhos não poderiam ser enviados pelos deuses, nem ocorrem por causa disso.9 9 Isto é, por causa da adivinhação. (Todavia, [os sonhos] têm um aspecto divino, pois a natureza possui um caráter divino,10 10 Traduzimos por “aspecto divino” e “caráter divino” o adjetivo δαιμόνιος. mas não é [15] divina.) Eis o indício: muitos homens vulgares são prescientes e têm sonhos verdadeiros,11 11 O termo grego aqui é εὐθυόνειρος. Além de Aristóteles, é encontrado somente em Plutarco (M. 437f). dando-se o fato de que não são enviados pela divindade, mas que todos aqueles cuja natureza é, por assim dizer, tagarela e melancólica veem todos os tipos de visões, pois, por serem excitados por muitos e variados estímulos, deparam-se com visões semelhantes à realidade, sendo bem-sucedidos nisso [20] tal como alguns ao jogarem par ou ímpar, visto que, como também se diz, “se lançares muitas vezes, atingirás o alvo de uma forma ou de outra”,12 12 Carbone (2002, p. 316) chama atenção para o fato de o provérbio se basear na ambiguidade do verbo βάλλω, podendo significa tanto “lançar” como “atingir”. e, em razão disso, tal acontece. Que a maioria dos sonhos não se realize não é absurdo, pois não [se cumprem a maioria] dos sinais corpóreos e celestes, tal como os [que] as chuvas e os ventos [indicam] [25] (se sobrevém um outro processo mais poderoso do que aquele que, estando prestes a acontecer, originou o sinal, ele não acontece). E muitas boas resoluções quanto ao que é necessário ser feito se desfazem, por causa de outros princípios mais poderosos, pois, geralmente, não acontece tudo que estava prestes a acontecer, nem são o mesmo aquilo que será e o que está prestes a vir a ser. No entanto, é preciso [30] dizer que existem alguns princípios a partir dos quais nada se realiza e esses são naturalmente sinais de coisas que não acontecem.

A respeito dos sonhos [464a] que não têm princípios tais quais os que mencionamos, mas são exóticos com relação ao tempo, ao lugar ou ao tamanho, ou a nada disso, e, todavia, não possuindo, quem sonha,13 13 Em grego, τῶν ἰδόντων. Ver nota 7. os princípios em si mesmo,14 14 Isto é, se as imagens oníricas não são os sinais ou as causas de ações realizadas pelo sonhador. se a previsão se cumpre não por coincidência, [5] a seguinte [explicação] seria melhor do que diz Demócrito, que apresenta imagens e emanações como causa.15 15 Em Plutarco (Quaest. Conviv. 734F), diz-se que, de acordo com Demócrito, as imagens - que emanam dos objetos e, sobretudo, dos seres vivos - penetram no corpo através dos poros, produzindo os sonhos. Com efeito, quando algo põe em movimento a água ou o ar, uma parte põe em movimento a outra, e ocorre que tal tipo de movimento, quando aquela [primeira ação] parou, prossegue até certo ponto, mesmo sem a presença do motor. Assim, nada impede certos movimentos [10] e sensações de chegarem até as almas que estão sonhando16 16 Aqui, Aristóteles usa um dos verbos gregos para “sonhar”, ἐνυπνιάζω. (a partir daquilo de que Demócrito faz surgir imagens e emanações). Seja qual for o modo com que chegam [até as almas], são mais perceptíveis à noite, porque se dissolvem mais ao serem carregadas durante o dia (pois o ar noturno é menos exposto à agitação pelo fato de [15] as noites terem menos vento) e [porque] produzem uma sensação nos corpos em razão do sono, visto que, ao dormirmos, percebemos mais pequenos processos internos do que quando estamos acordados. Esses processos produzem imagens a partir das quais se prevê o futuro também a respeito de tais coisas,17 17 Isto é, sonhos exóticos com relação a tempo, lugar ou tamanho, cujos princípios não se encontram naquele que sonha. e, por causa disso, essa afetação [20] ocorre nas pessoas ordinárias e não nos mais inteligentes. Ocorreriam tanto de dia como aos mais sábios, se fosse um deus quem as enviasse. Assim, é natural que pessoas ordinárias prevejam [o futuro], pois a inteligência de tais pessoas não é reflexiva, mas [é] tal como um deserto e desprovida de tudo, e, uma vez posta em movimento, é conduzida pelo que a pôs em movimento. O motivo [25] pelo qual algumas pessoas fora de si preveem é que os seus próprios estímulos não as perturbam, mas são arrastadas [por eles]; portanto, percebem sobretudo os [estímulos] insólitos. O fato de haver alguns sonhos que se realizam18 18 Novamente, o termo grego aqui é εὐθυόνειρος. e que amigos façam previsões principalmente a respeito de amigos dá-se porque amigos preocupam-se sobretudo uns com os outros. [30] Com efeito, tal como quando, estando distantes, [amigos] rapidamente se reconhecem e se percebem, do mesmo modo [acontece] com relação aos estímulos, pois os dos amigos são os mais familiares.

E os melancólicos, por causa de sua veemência, tal como se lançassem à distância, são propensos a atingir o alvo, e, por causa da sua instabilidade, [464b] imaginam rapidamente o que vem a seguir. De fato, do mesmo que os poemas de Filênide, também os coléricos falam e raciocinam o que se associa por semelhança - tal como em “Afrodite frodite” - e assim eles vão avançando.19 19 Trata-se de uma passagem complicada e a referência à poetisa Filênide, autora de obras eróticas e a respeito da qual pouca informação se possui, não é segura. De fato, os nomes Filégide ou Filípide apareciam nos manuscritos, mas foram “corrigidos”, no século XV, pelo editor veneziano Nicholas Leonicus Thomaeus, para Filênide. Além disso, em razão de sua violência, [5] um estímulo seu não é expulso por outro estímulo.

O intérprete de sonhos mais hábil é aquele que é capaz de observar as semelhanças, pois qualquer um é capaz de interpretar os sonhos que se realizam. Digo “semelhanças”, porque as imagens [nos sonhos] são semelhantes às imagens refletidas na água, tal como [10] dissemos anteriormente. E, nesse caso, se o movimento é muito grande, a aparência e as imagens não são em nada semelhantes a coisas reais. Hábil em interpretar as aparências seria quem é capaz de rapidamente distinguir e reconhecer nos [elementos] despedaçados e distorcidos das imagens o que é próprio do homem ou do cavalo ou [15] de qualquer outra coisa. Também nesse caso o sonho produz algo semelhante, pois o movimento destrói a veracidade do sonho.

Portanto, falou-se o que é o sono e o que é o sonho, e por que causa cada um deles vem a ser, e, ainda, a respeito de todo tipo de adivinhação proveniente dos sonhos.20 20 Neste trecho final, pode-se perceber a unidade existente entre os três tratados aristotélicos sobre os sonhos.

Περὶ τῆς καθ' ὕπνον μαντικῆς

[462b12] I. Περὶ δὲ τῆς μαντικῆς τῆς ἐν τοῖς ὕπνοις γινομένης καὶ λεγομένης συμβαίνειν ἀπὸ τῶν ἐνυπνίων, οὔτε καταφρονῆσαι ῥᾴδιον οὔτε πεισθῆναι. τὸ μὲν γὰρ πάντας ἢ πολλοὺς [15] ὑπολαμβάνειν ἔχειν τι σημειῶδες τὰ ἐνύπνια παρέχεται πίστιν ὡς ἐξ ἐμπειρίας λεγόμενον, καὶ τὸ περὶ ἐνίων εἶναι τὴν μαντικὴν ἐν τοῖς ἐνυπνίοις οὐκ ἄπιστον· ἔχει γάρ τινα λόγον· διὸ καὶ περὶ τῶν ἄλλων ἐνυπνίων ὁμοίως ἄν τις οἰηθείη. τὸ δὲ μηδεμίαν αἰτίαν εὔλογον ὁρᾶν καθ' ἣν ἂν γίνοιτο, τοῦτο [20] δὴ ἀπιστεῖν ποιεῖ· τό τε γὰρ θεὸν εἶναι τὸν πέμποντα, πρὸς τῇ ἄλλῃ ἀλογίᾳ, καὶ τὸ μὴ τοῖς βελτίστοις καὶ φρονιμωτάτοις ἀλλὰ τοῖς τυχοῦσι πέμπειν ἄτοπον. ἀφαιρεθείσης δὲ τῆς ἀπὸ τοῦ θεοῦ αἰτίας οὐδεμία τῶν ἄλλων εὔλογος εἶναι φαίνεται αἰτία· τοῦ γὰρ περὶ τῶν ἐφ' Ἡρακλείαις στήλαις [25] ἢ τῶν ἐν Βορυσθένει προορᾶν τινας ὑπὲρ τὴν ἡμετέραν εἶναι δόξειεν ἂν σύνεσιν εὑρεῖν τὴν ἀρχήν. ἀνάγκη δ' οὖν τὰ ἐνύπνια ἢ αἴτια εἶναι ἢ σημεῖα τῶν γινομένων ἢ συμπτώματα, ἢ πάντα ἢ ἔνια τούτων ἢ ἓν μόνον. λέγω δ' αἴτιον μὲν οἷον τὴν σελήνην τοῦ ἐκλείπειν τὸν ἥλιον, καὶ τὸν κόπον [30] τοῦ πυρετοῦ, σημεῖον δὲ τῆς ἐκλείψεως τὸ τὸν ἀστέρα εἰσελθεῖν, τὴν δὲ τραχύτητα τῆς γλώττης τοῦ πυρέττειν, σύμπτωμα δὲ τὸ βαδίζοντος ἐκλείπειν τὸν ἥλιον· οὔτε γὰρ [463a] σημεῖον τοῦ ἐκλείπειν τοῦτ' ἐστὶν οὔτ' αἴτιον, οὔθ' ἡ ἔκλειψις τοῦ βαδίζειν· διὸ τῶν συμπτωμάτων οὐδὲν οὔτε ἀεὶ γίνεται, οὔθ' ὡς ἐπὶ τὸ πολύ. ἆρ' οὖν ἐστι τῶν ἐνυπνίων τὰ μὲν αἴτια, τὰ δὲ σημεῖα, οἷον τῶν περὶ τὸ σῶμα συμβαινόντων; λέγουσι [5] γοῦν καὶ τῶν ἰατρῶν οἱ χαρίεντες ὅτι δεῖ σφόδρα προσέχειν τοῖς ἐνυπνίοις· εὔλογον δὲ οὕτως ὑπολαβεῖν καὶ τοῖς μὴ τεχνίταις μέν, σκοπουμένοις δέ τι καὶ φιλοσοφοῦσιν. αἱ γὰρ μεθ' ἡμέραν γινόμεναι κινήσεις, ἂν μὴ σφόδρα μεγάλαι ὦσι καὶ ἰσχυραί, λανθάνουσι παρὰ μείζους τὰς [10] ἐγρηγορικὰς κινήσεις, ἐν δὲ τῷ καθεύδειν τοὐναντίον· καὶ γὰρ αἱ μικραὶ μεγάλαι δοκοῦσιν εἶναι. δῆλον δ' ἐπὶ τῶν συμβαινόντων κατὰ τοὺς ὕπνους πολλάκις· οἴονται γὰρ κεραυνοῦσθαι καὶ βροντᾶσθαι μικρῶν ἤχων ἐν τοῖς ὠσὶ γινομένων, καὶ μέλιτος καὶ γλυκέων χυμῶν ἀπολαύειν ἀκαριαίου φλέγματος [15] καταρρέοντος, καὶ βαδίζειν διὰ πυρὸς καὶ θερμαίνεσθαι σφόδρα μικρᾶς θερμασίας περί τινα μέρη γινομένης, ἐπεγειρομένοις δὲ ταῦτα φανερὰ τοῦτον ἔχοντα τὸν τρόπον· ὥστ' ἐπεὶ μικραὶ πάντων αἱ ἀρχαί, δῆλον ὅτι καὶ τῶν νόσων καὶ τῶν ἄλλων παθημάτων τῶν ἐν τοῖς σώμασι μελλόντων [20] γίνεσθαι. φανερὸν οὖν ὅτι ταῦτα ἀναγκαῖον ἐν τοῖς ὕπνοις εἶναι καταφανῆ μᾶλλον ἢ ἐν τῷ ἐγρηγορέναι.

ἀλλὰ μὴν καὶ ἔνιά γε τῶν καθ' ὕπνον φαντασμάτων αἴτια εἶναι τῶν οἰκείων ἑκάστῳ πράξεων οὐκ ἄλογον· ὥσπερ γὰρ μέλλοντες πράττειν ἢ ἐν ταῖς πράξεσιν ὄντες ἢ πεπραχότες πολλάκις [25] εὐθυονειρίᾳ ταύταις σύνεσμεν καὶ πράττομεν (αἴτιον δ' ὅτι προωδοποιημένη τυγχάνει ἡ κίνησις ἀπὸ τῶν μεθ' ἡμέραν ἀρχῶν), οὕτω πάλιν ἀναγκαῖον καὶ τὰς καθ' ὕπνον κινήσεις πολλάκις ἀρχὰς εἶναι τῶν μεθ' ἡμέραν πράξεων διὰ τὸ προωδοποιῆσθαι πάλιν καὶ τούτων τὴν διάνοιαν ἐν τοῖς [30] φαντάσμασι τοῖς νυκτερινοῖς. οὕτω μὲν οὖν ἐνδέχεται τῶν ἐνυπνίων ἔνια καὶ σημεῖα καὶ αἴτια εἶναι.

τὰ δὲ πολλὰ [463b] συμπτώμασιν ἔοικε, μάλιστα δὲ τά τε ὑπερβατὰ πάντα καὶ ὧν μὴ ἐν αὑτοῖς ἡ ἀρχή, ἀλλὰ περὶ ναυμαχίας καὶ τῶν πόρρω συμβαινόντων ἐστίν· περὶ γὰρ τούτων τὸν αὐτὸν τρόπον ἔχειν εἰκὸς ὃν ὅταν μεμνημένῳ τινὶ περί τινος τυχῇ τοῦτο [5] γιγνόμενον· τί γὰρ κωλύει καὶ ἐν τοῖς ὕπνοις οὕτως; μᾶλλον δ' εἰκὸς πολλὰ τοιαῦτα συμβαίνειν. ὥσπερ οὖν οὐδὲ τὸ μνησθῆναι περὶ τοῦδε σημεῖον οὐδὲ αἴτιον τοῦ παραγενέσθαι αὐτόν, οὕτως οὐδ' ἐκεῖ τοῦ ἀποβῆναι τὸ ἐνύπνιον τῷ ἰδόντι οὔτε σημεῖον οὔτ' αἴτιον, ἀλλὰ σύμπτωμα. διὸ καὶ πολλὰ τῶν ἐνυπνίων [10] οὐκ ἀποβαίνει· τὰ γὰρ συμπτώματα οὔτε ἀεὶ οὔθ' ὡς ἐπὶ τὸ πολὺ γίγνεται.

II. Ὅλως δὲ ἐπεὶ καὶ τῶν ἄλλων ζῴων ὀνειρώττει τινά, θεόπεμπτα μὲν οὐκ ἂν εἴη τὰ ἐνύπνια, οὐδὲ γέγονε τούτου χάριν (δαιμόνια μέντοι· ἡ γὰρ φύσις δαιμονία, ἀλλ' οὐ [15] θεία). σημεῖον δέ· πάνυ γὰρ εὐτελεῖς ἄνθρωποι προορατικοί εἰσι καὶ εὐθυόνειροι, ὡς οὐ θεοῦ πέμποντος, ἀλλ' ὅσων ὥσπερ ἂν εἰ λάλος ἡ φύσις ἐστὶ καὶ μελαγχολική, παντοδαπὰς ὄψεις ὁρῶσιν· διὰ γὰρ τὸ πολλὰ καὶ παντοδαπὰ κινεῖσθαι ἐπιτυγχάνουσιν ὁμοίοις θεωρήμασιν, ἐπιτυχεῖς ὄντες ἐν τούτοις [20] ὥσπερ ἔνιοι ἀρτιάζοντες· ὥσπερ γὰρ καὶ λέγεται “ἂν πολλὰ βάλλῃς, ἄλλοτ' ἀλλοῖον βαλεῖς”, καὶ ἐπὶ τούτων τοῦτο συμβαίνει.

ὅτι δ' οὐκ ἀποβαίνει πολλὰ τῶν ἐνυπνίων, οὐδὲν ἄτοπον· οὐδὲ γὰρ τῶν ἐν τοῖς σώμασι σημείων καὶ τῶν οὐρανίων, οἷον τὰ τῶν ὑδάτων καὶ τὰ τῶν πνευμάτων [25] (ἂν γὰρ ἄλλη κυριωτέρα ταύτης συμβῇ κίνησις, ἀφ' ἧς μελλούσης ἐγένετο τὸ σημεῖον, οὐ γίνεται), καὶ πολλὰ βουλευθέντα καλῶς τῶν πραχθῆναι δεόντων διελύθη δι' ἄλλας κυριωτέρας ἀρχάς. ὅλως γὰρ οὐ πᾶν γίνεται τὸ μελλῆσαν, οὐδὲ τὸ αὐτὸ τὸ ἐσόμενον καὶ τὸ μέλλον· ἀλλ' ὅμως ἀρχάς [30] γέ τινας λεκτέον εἶναι ἀφ' ὧν οὐκ ἐπετελέσθη, καὶ σημεῖα πέφυκε ταῦτά τινων οὐ γενομένων.

περὶ δὲ τῶν μὴ τοιαύτας [464a] ἐχόντων ἀρχὰς ἐνυπνίων οἵας εἴπομεν, ἀλλ' ὑπερορίας ἢ τοῖς χρόνοις ἢ τοῖς τόποις ἢ τοῖς μεγέθεσιν, ἢ τούτων μὲν μηδέν, μὴ μέντοι γε ἐν αὑτοῖς ἐχόντων τὰς ἄρχας τῶν ἰδόντων τὸ ἐνύπνιον, εἰ μὴ γίνεται τὸ προορᾶν ἀπὸ συμπτώματος, [5] τοιόνδ' ἂν εἴη μᾶλλον ἢ ὥσπερ λέγει Δημόκριτος εἴδωλα καὶ ἀπορροίας αἰτιώμενος. ὥσπερ γὰρ ὅταν κινήσῃ τι τὸ ὕδωρ ἢ τὸν ἀέρα, τοῦθ' ἕτερον ἐκίνησε, καὶ παυσαμένου ἐκείνου συμβαίνει τὴν τοιαύτην κίνησιν προϊέναι μέχρι τινός, τοῦ κινήσαντος οὐ πάροντος, οὕτως οὐδὲν κωλύει κίνησίν τινα [10] καὶ αἴσθησιν ἀφικνεῖσθαι πρὸς τὰς ψυχὰς τὰς ἐνυπνιαζούσας (ἀφ' ὧν ἐκεῖνος τὰ εἴδωλα ποιεῖ καὶ τὰς ἀπορροίας), καὶ ὅποι δὴ ἔτυχεν ἀφικνουμένας μᾶλλον αἰσθητὰς εἶναι νύκτωρ διὰ τὸ μεθ' ἡμέραν φερομένας διαλύεσθαι μᾶλλον (ἀταραχωδέστερος γὰρ ὁ ἀὴρ τῆς νυκτὸς διὰ τὸ νηνεμωτέρας [15] εἶναι τὰς νύκτας), καὶ ἐν τῷ σώματι ποιεῖν αἴσθησιν διὰ τὸν ὕπνον, διὰ τὸ καὶ τῶν μικρῶν κινήσεων τῶν ἐντὸς αἰσθάνεσθαι καθεύδοντας μᾶλλον ἢ ἐγρηγορότας. αὗται δ' αἱ κινήσεις φαντάσματα ποιοῦσιν, ἐξ ὧν προορῶσι τὰ μέλλοντα καὶ περὶ τῶν τοιούτων, καὶ διὰ ταῦτα συμβαίνει τὸ πάθος [20] τοῦτο τοῖς τυχοῦσι καὶ οὐ τοῖς φρονιμωτάτοις. μεθ' ἡμέραν τε γὰρ ἐγίνετ' ἂν καὶ τοῖς σοφοῖς, εἰ θεὸς ἦν ὁ πέμπων· οὕτω δ' εἰκὸς τοὺς τυχόντας προορᾶν· ἡ γὰρ διάνοια τῶν τοιούτων οὐ φροντιστική, ἀλλ' ὥσπερ ἔρημος καὶ κενὴ πάντων, καὶ κινηθεῖσα κατὰ τὸ κινοῦν ἄγεται.

τοῦ δ' ἐνίους [25] τῶν ἐκστατικῶν προορᾶν αἴτιον ὅτι αἱ οἰκεῖαι κινήσεις οὐκ ἐνοχλοῦσιν ἀλλ' ἀπορραπίζονται· τῶν ξενικῶν οὖν μάλιστα αἰσθάνονται. τὸ δέ τινας εὐθυονείρους εἶναι καὶ τὸ τοὺς γνωρίμους περὶ τῶν γνωρίμων μάλιστα προορᾶν συμβαίνει διὰ τὸ μάλιστα τοὺς γνωρίμους ὑπὲρ ἀλλήλων φροντίζειν· [30] ὥσπερ γὰρ πόρρω ὄντων τάχιστα γνωρίζουσι καὶ αἰσθάνονται, οὕτω καὶ τῶν κινήσεων· αἱ γὰρ τῶν γνωρίμων γνωριμώτεραι. οἱ δὲ μελαγχολικοὶ διὰ τὸ σφοδρόν, ὥσπερ βάλλοντες πόρρωθεν, εὔστοχοί εἰσιν, καὶ διὰ τὸ μεταβλητικὸν ταχὺ [464b] τὸ ἐχόμενον φαντάζεται αὐτοῖς· ὥσπερ γὰρ τὰ Φιλαινίδος ποιήματα καὶ οἱ ἐμμανεῖς ἐχόμενα τοῦ ὁμοίου λέγουσι καὶ διανοοῦνται, οἷον Ἀφροδίτην φροδίτην, καὶ οὕτω συνείρουσιν εἰς τὸ πρόσω. ἔτι δὲ διὰ τὴν σφοδρότητα [5] οὐκ ἐκκρούεται αὐτῶν ἡ κίνησις ὑφ' ἑτέρας κινήσεως.

τεχνικώτατος δ' ἐστὶ κριτὴς ἐνυπνίων ὅστις δύναται τὰς ὁμοιότητας θεωρεῖν· τὰς γὰρ εὐθυονειρίας κρίνειν παντός ἐστιν. λέγω δὲ τὰς ὁμοιότητας, ὅτι παραπλήσια συμβαίνει τὰ φαντάσματα τοῖς ἐν τοῖς ὕδασιν εἰδώλοις, καθάπερ καὶ [10] πρότερον εἴπομεν. ἐκεῖ δέ, ἂν πολλὴ γίγνηται ἡ κίνησις, οὐδὲν ὁμοία γίνεται ἡ ἔμφασις καὶ τὰ εἴδωλα τοῖς ἀληθινοῖς. δεινὸς δὴ τὰς ἐμφάσεις κρίνειν εἴη ἂν ὁ δυνάμενος ταχὺ διαισθάνεσθαι καὶ συνορᾶν τὰ διαπεφορημένα καὶ διεστραμμένα τῶν εἰδώλων, ὅτι ἐστὶν ἀνθρώπου ἢ ἵππου ἢ [15] ὁτουδήποτε, κἀκεῖ δὴ ὁμοίως τί δύναται τὸ ἐνύπνιον τοῦτο. ἡ γὰρ κίνησις ἐκκόπτει τὴν εὐθυονειρίαν. τί μὲν οὖν ἐστιν ὕπνος καὶ τί ἐνύπνιον, καὶ διὰ τίν' αἰτίαν ἑκάτερον αὐτῶν γίνεται, ἔτι δὲ περὶ τῆς ἐκ τῶν ἐνυπνίων μαντείας εἴρηται περὶ πάσης·

Bibliografia

  • ALSINA, J. (2016). A interpretação dos sonhos no Corpus hippocraticum: o Da dieta IV.Codex - Revista de Estudos Clássicos vol. 4, n. 2, p. 21-52. Doi: https://doi.org/10.25187/codex.v4i2.4286
    » https://doi.org/10.25187/codex.v4i2.4286
  • CARBONE, A. L. (2002). Aristotele. L’anima e il corpo. Parva Naturalia (introduzione, traduzione e note) Milano, Bompiani.
  • HETT, W. S. (1964) Aristotle. On the Soul. Parva Naturalia. On Breath (translation) Cambridge, Massachusetts, Harvard University Press.
  • DE PAOLI, B. (2017) Um sonho homérico no Críton de Platão. Anais de Filosofia Clássica v. 11, n. 21, p. 16-28. Doi: https://doi.org/10.47661/afcl.v11i21.13453
    » https://doi.org/10.47661/afcl.v11i21.13453
  • DODDS, E. R. (2002) Padrão de sonhos e padrão de cultura. In: Os gregos e o irracional. Tradução de Paulo Domenech Oneto. São Paulo, Editora Escuta, p. 107-138.
  • LA CROCE, E.; BERNABÉ PAJARES, A. (1987) Aristóteles. Acerca de la generación y la corrupción. Tratados breves de historia natural (introducciones, traducciones y notas) Madrid, Editorial Gredos.
  • MARTÍN GARCÍA, F. (1987) Plutarco. Obras morales y de costumbres IV: Charlas de sobremesa (introducción, traducción y notas) Madrid, Editorial Gredos .
  • MUGNIER, R. (1953) Aristote. Petits traités d’histoire naturelle (texte établi et traduit) Paris, Les Belles Lettres.
  • PALMIERI, M. L. (2015) Os tratados sobre o sono e os sonhos, De somno et vigilia e De insomniis, de Aristóteles Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Estudos Literários. Universidade Federal de Minas Gerais. 90 p.
  • ROSS, W. D. (1970) Aristotle. Parva naturalia Oxford, Clarendon Press. (1ed. 1955)
  • TORRANO, J. A. A. (2019) Mito e imagens míticas São Paulo: Editora Córrego.
  • VAN DER EIJK, P. J. (2005) Theoretical and empirical elements in Aristotle’s treatment of sleep, dreams and divination in sleep. In: Medicine and Philosophy in Classical Antiquity - Doctors and Philosophers on Nature, Soul, Health and Disease. Cambridge, Cambridge University Press, p. 169-205.
  • 1
    Os três últimos opúsculos são, a depender da edição, agrupados sob um ou dois títulos. Na clássica edição de Bekker (1831-1836), os três últimos opúsculos são divididos em dois.
  • 2
    Sobre o pensamento mítico, cf. Torrano (2019TORRANO, J. A. A. (2019) Mito e imagens míticas. São Paulo: Editora Córrego.).
  • 3
    Isto é, poder-se-ia pensar que todos os sonhos são divinatórios, o que Aristóteles irá em seguida negar.
  • 4
    As colunas de Héracles se referem ao atual Estreito de Gibraltar, que liga o Oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo. Borístenes era o nome do atual Dniepre, o quarto maior rio da Europa, que nasce a oeste de Moscou, atravessa vários países e deságua no Mar Negro. Ambas as referências, no entanto, remetem, tendo em vista o imaginário de um ateniense da época, aos confins do mundo.
  • 5
    Encontramos no corpus hippocraticum um tratado sobre esse tema, o Da Dieta, traduzido para o português por Julieta Alsina (2016ALSINA, J. (2016). A interpretação dos sonhos no Corpus hippocraticum: o Da dieta IV.Codex - Revista de Estudos Clássicos vol. 4, n. 2, p. 21-52. Doi: https://doi.org/10.25187/codex.v4i2.4286
    https://doi.org/10.25187/codex.v4i2.4286...
    ).
  • 6
    Ou “sonhos verdadeiros”. O termo grego εὐθυονειρία, de acordo com os registros lexicais, é um neologismo de Aristóteles. É retomado em 464b7 e 464b16.
  • 7
    Literalmente, “para quem vê” (τῷ ἰδόντι). É interessante observar como se manifesta na linguagem o aspecto visual da experiência onírica, o que se relaciona, em tempos anteriores, a seu caráter exterior, de que dá testemunho a descrição dos sonhos em Homero, em que os sonhos eram enviados pelos deuses e o sonhador era um receptor passivo. Cf. Dodds (2002DODDS, E. R. (2002) Padrão de sonhos e padrão de cultura. In: Os gregos e o irracional. Tradução de Paulo Domenech Oneto. São Paulo, Editora Escuta, p. 107-138. ), De Paoli (2017DE PAOLI, B. (2017) Um sonho homérico no Críton de Platão. Anais de Filosofia Clássica v. 11, n. 21, p. 16-28. Doi: https://doi.org/10.47661/afcl.v11i21.13453
    https://doi.org/10.47661/afcl.v11i21.134...
    ).
  • 8
    Até onde podemos saber, Aristóteles é o primeiro autor a afirmar que os animais sonham. Cf. HA 536b27.
  • 9
    Isto é, por causa da adivinhação.
  • 10
    Traduzimos por “aspecto divino” e “caráter divino” o adjetivo δαιμόνιος.
  • 11
    O termo grego aqui é εὐθυόνειρος. Além de Aristóteles, é encontrado somente em Plutarco (M. 437f).
  • 12
    Carbone (2002CARBONE, A. L. (2002). Aristotele. L’anima e il corpo. Parva Naturalia. (introduzione, traduzione e note) Milano, Bompiani., p. 316) chama atenção para o fato de o provérbio se basear na ambiguidade do verbo βάλλω, podendo significa tanto “lançar” como “atingir”.
  • 13
    Em grego, τῶν ἰδόντων. Ver nota 7.
  • 14
    Isto é, se as imagens oníricas não são os sinais ou as causas de ações realizadas pelo sonhador.
  • 15
    Em Plutarco (Quaest. Conviv. 734F), diz-se que, de acordo com Demócrito, as imagens - que emanam dos objetos e, sobretudo, dos seres vivos - penetram no corpo através dos poros, produzindo os sonhos.
  • 16
    Aqui, Aristóteles usa um dos verbos gregos para “sonhar”, ἐνυπνιάζω.
  • 17
    Isto é, sonhos exóticos com relação a tempo, lugar ou tamanho, cujos princípios não se encontram naquele que sonha.
  • 18
    Novamente, o termo grego aqui é εὐθυόνειρος.
  • 19
    Trata-se de uma passagem complicada e a referência à poetisa Filênide, autora de obras eróticas e a respeito da qual pouca informação se possui, não é segura. De fato, os nomes Filégide ou Filípide apareciam nos manuscritos, mas foram “corrigidos”, no século XV, pelo editor veneziano Nicholas Leonicus Thomaeus, para Filênide.
  • 20
    Neste trecho final, pode-se perceber a unidade existente entre os três tratados aristotélicos sobre os sonhos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2021
  • Aceito
    15 Jan 2022
Universidade de Brasília / Imprensa da Universidade de Coimbra Universidade de Brasília / Imprensa da Universidade de Coimbra, Campus Darcy Ribeiro, Cátedra UNESCO Archai, CEP: 70910-900, Brasília, DF - Brasil, Tel.: 55-61-3107-7040 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: archai@unb.br