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Desempenho em vocabulário receptivo e variáveis sociodemográficas em escolares com queixa de dificuldades de aprendizagem

RESUMO

Objetivo

Descrever e relacionar o desempenho do vocabulário receptivo em escolares com dificuldades de aprendizagem de diferentes gêneros, escolaridades e níveis socioeconômicos.

Métodos

Estudo documental, entre 2017 e 2019, considerando os dados demográficos gênero, escolaridade e nível socioeconômico da família. Os prontuários incluídos foram aqueles com avaliação fonoaudiológica completa. Para verificar o nível socioeconômico da família, foi utilizado o questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP e, para a habilidade do vocabulário receptivo, o Teste de Vocabulário por Figuras USP - TVfusp 139o. Nesse teste, o desempenho em vocabulário é classificado como “muito rebaixado”, “rebaixado”, “médio”, “elevado” e “muito elevado”. Para o critério de classificação apresentar-se na média, o escore de acertos por escolaridade é de 105,8 para o 2º ano, 112,8 para o 3º ano e 117,4 para o 4º ano.

Resultados

Dos 46 participantes da amostra, 31 (67,4%) eram do gênero masculino e 15 (32,6%) do feminino, com predomínio de estudantes no 4º ano (34,80%) e classe socioeconômica entre os níveis B2 e D-E. Na avaliação do vocabulário, 28 (60%) participantes obtiveram classificação média. Houve correlação entre a escolaridade e o desempenho em vocabulário receptivo (p=0,008) e entre a idade e o desempenho em vocabulário receptivo (p=0,007).

Conclusão

O desempenho em vocabulário receptivo avançou com a idade e a escolaridade, porém, não houve influência do nível socioeconômico.

Palavras-chave:
Linguagem; Baixa renda; Educação; Teste de linguagem; Aprendizagem

ABSTRACT

Purpose

To describe and relate the performance of receptive vocabulary in students with learning difficulties of different genders, educational levels, and socioeconomic levels.

Methods

Documentary study, approved by the Research Ethics Committee under number 1,012,635, with 46 records between 2017 and 2019, considering demographic data: gender, education, and socioeconomic level of the family. The medical records included were those with complete speech-language assessments. To check the family's socioeconomic level, the questionnaire from the Brazilian Association of Research Companies - ABEP was used, and for the receptive vocabulary skill, the Picture Vocabulary Test - TVfusp139o. In this test, the classification very low, low, medium, high and very high is used. For the classification criterion to be presented as the average, the score of correct answers by education is 2nd grade (105.8), 3rd grade (112.8) and 4th grade (117.4).

Results

Of the 46 participants in the sample, 31 (67.4%) were male and 15 (32.6%) female, with a predominance of students in the 4th year (34.80%) and socioeconomic class between levels B2 and D-E. In the vocabulary assessment, 28 (60%) of the 46 participants obtained an “average” classification. There was a correlation between education and receptive vocabulary performance (p = 0.008) and; between age and receptive vocabulary performance (p = 0.007).

Conclusion

Performance in receptive vocabulary advanced with age and education, but there was no influence on a socioeconomic level.

Keywords:
Language development; Low income; Education; Language tests; Learning

INTRODUÇÃO

A relação entre os níveis fonológico, semântico, morfossintático e pragmático propiciam a aquisição e o desenvolvimento da linguagem na criança(11 Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, Mendes L, Nóbrega V. Language developmental and acquisition: difficulties that may appear in this course. Rev. Psicopedag. 2008;25(78):297-306.). No nível semântico, está inserido o vocabulário, que consiste em uma forma indireta de acessar a linguagem e pode ser subdividido em expressivo e receptivo(22 Araújo MVM, Marteleto MRF, Schoen-Ferreira TH. An evaluation of receptive vocabulary in preschool children. Estud Psicol. 2010;27(2):169-76.,33 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Expressive vocabulary performance of students aged from 4 to 5 years attending public and private schools. Audiol Commun Res. 2018;23:e1836.).

O vocabulário expressivo corresponde às palavras que são emitidas pela criança. Já o receptivo, refere-se ao conjunto de palavras que ela consegue acessar a partir de sua capacidade inferencial de utilizar informações contextuais, serve como base para a evolução do vocabulário expressivo(44 Armonia AC, Mazzega LC, Pinto FCA, Souza ACRF, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relationship between receptive and expressive vocabulary in chidren with Specific Language Impairment. Rev CEFAC. 2015;17(3):759-65. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620156214.
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) e alicerce para o desenvolvimento da linguagem oral, uma vez que é preciso a compreensão de como produzir foneticamente determinada palavra para, de fato, emiti-la(55 Psyridou M, Eklund K, Poikkeus A, Torppa M. Reading outcomes of children with delayed early vocabulary: a follow-up from age 2–16. Res Dev Disabil. 2018;78:114-24. http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2018.05.004. PMid:29805034.
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).

A aquisição dessa habilidade é complexa e pode ocorrer de maneira variada entre escolares da mesma idade. É possível notar que, ao longo dos anos na idade escolar, o vocabulário se expande, apresentando picos de desenvolvimento acelerado. No entanto, além das condições biológicas individuais, o vocabulário depende da interferência dos fatores ambientais presentes no contexto em que o indivíduo está inserido e pode ser influenciado por aspectos intrínsecos e extrínsecos, como o contexto familiar, escolar e o nível socioeconômico(33 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Expressive vocabulary performance of students aged from 4 to 5 years attending public and private schools. Audiol Commun Res. 2018;23:e1836.,44 Armonia AC, Mazzega LC, Pinto FCA, Souza ACRF, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relationship between receptive and expressive vocabulary in chidren with Specific Language Impairment. Rev CEFAC. 2015;17(3):759-65. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620156214.
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,66 Moretti TCF, Kuroishi RC, Mandrá PP. Vocabulary of preschool children with typical language development and socioeducational variables. CoDAS. 2017;29(1):e20160098. PMid:28300961.,77 Nóro LA, Mota HB. Relationship between mean length of utterance and vocabulary in children with typical language development. Rev CEFAC. 2019;21(6):e4419. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20192164419.
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).

Destaca-se, aqui, a importante relação entre o desenvolvimento do vocabulário e o nível socioeconômico. Crianças em condições socioeconômicas mais baixas podem apresentar um vocabulário receptivo mais restrito, dada a dificuldade de acesso a estímulos linguísticos e cognitivos e falta de recursos de estimulação(88 Bradley RH, Corwyn RF. Socioeconomic status and child development. Annu Rev Psychol. 2002;53(1):371-99. http://dx.doi.org/10.1146/annurev.psych.53.100901.135233. PMid:11752490.
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). A falta de recursos materiais e atividades de lazer pode ser o motivo pelo qual as crianças de baixa renda alcançam resultados mais baixos nas provas de vocabulário(66 Moretti TCF, Kuroishi RC, Mandrá PP. Vocabulary of preschool children with typical language development and socioeducational variables. CoDAS. 2017;29(1):e20160098. PMid:28300961.). Assim, o impacto do nível socioeconômico na semântica é indireto, mediado pela capacidade dos pais em fornecer um ambiente adequado para a sua estimulação, o que é prejudicado nas famílias em condições socioeconômicas mais baixas(99 Lohndorf RT, Vermeer H, Cárcamo RA, Mesman J. Preschoolers’ vocabulary acquisition in Chile: the roles of socioeconomic status and quality of home environment. J Child Lang. 2018;45(3):559-80. http://dx.doi.org/10.1017/S0305000917000332. PMid:28931450.
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,1010 Horton-Ikard R, Weismer SE. A preliminary examination of vocabulary and word learning in African American toddlers from middle and low socioeconomic status homes. Am J Speech Lang Pathol. 2007;16(4):381-92. http://dx.doi.org/10.1044/1058-0360(2007/041). PMid:17971497.
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).

Além disso, crianças de famílias nessas condições podem apresentar dificuldade de aprendizagem, caracterizada por falhas no processo de desenvolvimento de habilidades que envolvam competências linguísticas, especialmente aquelas relacionadas à leitura e escrita, no ingresso da criança ao processo formal escolar(1111 Michelino MS, Cardoso AD, Silva PB, Macedo EC. Desempenho em testes psicopedagógicos e neuropsicológicos de crianças e adolescentes com dislexia do desenvolvimento e dificuldade de aprendizagem. Rev Psicopedagogia. 2017;34(104):111-25.,1212 Rodrigues MFG, Pinto DRV, Aquino JS, Silva J, Lelles SB. Atuação fonoaudiológica nos distúrbios de linguagem escrita: um caso clínico. ÚNICA Cad Acad. 2019;3(4):1-11.).

Depreende-se que o vocabulário está diretamente relacionado a esse processo de aprender a ler e a escrever e, portanto, compreender o desenvolvimento lexical é de suma importância para a identificação dos diversos perfis de desenvolvimento lexical de uma criança(1313 Karunanayake D, Madushani K, Vimukthi NDU. The Importance of Identifying Students with Learning Difficulty in the School Context. Asian. Journal of Education and Social Studies. 2020;12(4):8-18.,1414 Hoff E. The specificity of environmental influence: socioeconomic status affects early vocabulary development via maternal speech. Child Dev. 2003;74(5):1368-78. http://dx.doi.org/10.1111/1467-8624.00612. PMid:14552403.
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), bem como analisar as variáveis relacionadas a esse aprendizado, como o nível socioeconômico. Assim, o olhar longitudinal quanto ao desenvolvimento do vocabulário e a sua relação com o nível socioeconômico deve ser minucioso, principalmente nos casos em que há queixa escolar.

O desempenho em linguagem de crianças com dificuldades e transtornos de aprendizagem é caracterizado, geralmente, por um deficit no vocabulário. Desde idades precoces, crianças em risco familial para a dislexia já apresentam o vocabulário receptivo prejudicado, o que se relaciona ao posterior desenvolvimento da leitura. Em casos em que esse atraso é severo, são esperadas, também, dificuldades no desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica(1515 van Viersen S, de Bree EH, Verdam M, Krikhaar E, Maassen B, van der Leij A, et al. Delayed early vocabulary development in children at family risk of dyslexia. J Speech Lang Hear Res. 2017;60(4):937-49. http://dx.doi.org/10.1044/2016_JSLHR-L-16-0031. PMid:28282655.
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).

Considerando a relação entre o vocabulário, o nível socioeconômico e a aprendizagem da leitura, este artigo propôs estudar a lacuna existente na literatura sobre a relação entre as variáveis gênero, escolaridade e nível socioeconômico, no tocante a um grupo específico com dificuldades de aprendizagem que se tornam riscos para possíveis transtornos.

Diante do exposto e, considerando a influência dos aspectos sociais e econômicos no desenvolvimento do vocabulário receptivo, a pergunta desta pesquisa foi: “as variáveis sociodemográficas influenciam o desempenho do vocabulário receptivo em crianças com queixas de dificuldades de aprendizagem?” Para responder à pergunta, o objetivo do estudo foi descrever o desempenho em vocabulário receptivo de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem de diferentes escolaridades e níveis socioeconômicos, atendidas no Laboratório de Linguagem escrita, interdisciplinaridade e aprendizagem – LEIA, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

MÉTODO

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - HUOL/UFRN, sob nº 1.012.635, CAAE 42847315.1.0000.5292.

O método de pesquisa documental retrospectivo foi realizado por meio da análise de prontuários do período de 2017 a 2019. Foram investigados dados específicos da história clínica e avaliação de pacientes do Laboratório LEIA, que tem como proposta avaliar e intervir em crianças e adolescentes com queixas de dificuldades escolares, para possível identificação de sinais sugestivos de transtornos específicos de aprendizagem. Em geral, esses escolares são encaminhados ao LEIA por outros serviços de saúde, educação, pela própria clínica-escola de Fonoaudiologia da UFRN, ou por procura espontânea de familiares.

Para seleção dos prontuários, foram adotados como critérios de inclusão crianças que participaram do processo avaliativo fonoaudiológico completo no laboratório e prontuários com dados de anamnese que continham queixa de dificuldade de aprendizagem em leitura, escrita e/ou matemática. Como critérios de exclusão, foram consideradas aquelas crianças e adolescentes que tinham história de problemas sensoriais não corrigidos, neurológicos e/ou psiquiátricos já diagnosticados, ou seja, que já apresentavam alteração que pudesse justificar a sua dificuldade em aprender. Sendo assim, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, de 100 prontuários, 46 foram analisados neste estudo.

Foi estabelecido um protocolo para a escolha da análise dos dados demográficos a partir da anamnese e para avaliação do vocabulário receptivo:

  • Dados demográficos: foram analisados os seguintes dados específicos contidos na anamnese semiestruturada do Laboratório LEIA: gênero; idade; escolaridade da criança; nível socioeconômico familiar por meio do questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP(1616 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de classificação econômica Brasil. São Paulo: ABEP; 2015.), que divide a população em classes A, B1, B2, C1, C2 e D-E, baseando-se na posse de itens presentes nos domicílios e no grau de instrução dos chefes de famílias.

  • Vocabulário receptivo: foi utilizado o Teste de Vocabulário por Figuras – USP- TVfusp(1717 Capovilla FC. Teste de vocabulário por figuras USP-TVFUSP. São Paulo: Mennon, 2008.), em sua versão extensa (TVfusp139o), com o objetivo de avaliar o desenvolvimento do vocabulário auditivo (compreensão de palavras). Composto por 139 estímulos, cada estímulo contém quatro figuras para escolha. A criança deve escolher a figura que corresponde à palavra pronunciada pelo avaliador. Foi considerada a pontuação total e suas classificações de cada ano de escolaridade, respectivamente. Nesse teste, de acordo com a quantidade de acertos, classifica-se o vocabulário receptivo em “muito rebaixado”, “rebaixado”, “médio”, “elevado” e “muito elevado”. Para o critério de classificação apresentar-se na média, o escore de acertos por escolaridade é de 105,8 para o 2º ano, 112,8 para o 3º ano e 117,4 para o 4º ano. Considerando que as crianças e adolescentes que chegam ao Laboratório LEIA apresentam dificuldades de aprendizagem e não há um teste brasileiro em vocabulário receptivo para a escolaridade a partir do 5º ano, considerou-se a pontuação máxima do teste, ou seja, a do 4º ano, para os escolares acima desta escolaridade. Este processo de análise da pontuação foi realizado previamente à pesquisa. Assim, nos resultados desta pesquisa encontra-se a classificação utilizada pelo teste (muito rebaixado, rebaixado, médio, elevado e muito elevado).

Todos os familiares dos escolares atendidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Para a análise dos dados, foi realizada a análise descritiva das variáveis categóricas e quantitativas, por meio das frequências absolutas (n) e relativas (%) e da média, desvio padrão, valores mínimo e máximo, respectivamente. Os resultados estão apresentados em gráficos para as variáveis dos dados demográficos. A frequência de desempenho em vocabulário por gênero, idade, escolaridade e nível socioeconômico estão apresentados em Quadros. Para a análise inferencial, foi aplicado o teste Qui-quadrado de Pearson para associar as classificações do vocabulário receptivo e o nível socioeconômico, escolaridade e as classificações do vocabulário receptivo. Foi utilizado o teste do Coeficiente de Correlação de Spearman para verificar se houve correlação entre os valores de desempenho em vocabulário receptivo e idade. A magnitude do Coeficiente de Correlação (cc) de Spearman foi classificada da seguinte forma: desprezível (menor ou igual a 0,3), fraca (entre 0,4 e 0,5), moderada (entre 0,6 e 0,7), forte (entre 0,8 e 0,9) e muito forte (maior que 0,91). O nível de significância estatística adotado para todos os testes de análise inferencial foi de p≤0,05.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 46 prontuários de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos, com queixa de dificuldades de aprendizagem.

Na análise descritiva dos dados demográficos contidos na anamnese, verificou-se que, da amostra total, 16 (32,60%) eram do gênero feminino e 31 (67,40%) do masculino.

Quanto à idade, verificou-se maior concentração de escolares com 9 e 10 anos de idade, respectivamente (Figura 1).

Figura 1
Distribuição da amostra quanto à idade

Em relação à escolaridade, os participantes frequentavam entre o ensino fundamental I e o II, com predomínio de estudantes do ensino fundamental I (85,95%).

Quanto à análise socioeconômica, notou-se que o público atendido se encontrava entre as classes B2 e D-E, conforme a classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Figura 2).

Figura 2
Distribuição da amostra quanto ao nível socioeconômico

Em relação à análise descritiva entre os gêneros, observou-se que, na proporção intragrupos, houve maior frequência de desempenho médio em ambos, mas maior concentração de meninos entre os desempenhos elevado e muito elevado (Quadro 1).

Quadro 1
Caracterização da frequência de desempenho em vocabulário receptivo por gênero

O mesmo ocorreu na distribuição por idade, escolaridade e nível socioeconômico, com maior concentração de desempenho no nível médio do vocabulário receptivo (Quadros 2, 3 e 4).

Quadro 2
Caracterização da frequência de desempenho em vocabulário receptivo por idade
Quadro 3
Caracterização da frequência de desempenho em vocabulário receptivo por escolaridade
Quadro 4
Caracterização da frequência de desempenho em vocabulário receptivo por nível socioeconômico

Na análise inferencial, realizada por meio do teste do Coeficiente de Correlação de Spearman, entre idade e vocabulário receptivo houve correlação estatisticamente significativa (p=0,007), mas de magnitude fraca (cc=0,395). Quanto à relação entre vocabulário e escolaridade, por meio do teste Qui-quadrado de Pearson, houve correlação (p=0,008), o que significa que, quanto maior a escolaridade, melhor o desempenho em vocabulário receptivo. No tocante à relação entre o vocabulário receptivo e o nível socioeconômico, por meio do teste Qui-quadrado de Pearson, não houve associação entre ambos (p=0,458) (Quadro 5).

Quadro 5
Correlação do vocabulário receptivo com o nível socioeconômico, idade e escolaridade

DISCUSSÃO

O olhar holístico no desenvolvimento da linguagem, principalmente do vocabulário no contexto socioeconômico vivido pela criança, é bastante pertinente para detectar sinais de comprometimento no desenvolvimento linguístico-cognitivo. Sendo assim, este estudo propôs descrever o desempenho em vocabulário receptivo em escolares com dificuldades de aprendizagem de diferentes escolaridades e relacioná-lo com as variáveis sociodemográficas.

A aprendizagem da leitura é influenciada por múltiplas variáveis educacionais, cognitivas, psicológicas e desenvolvimentais. No geral, a amostra deste estudo apresentou desempenho médio em vocabulário conforme a escolaridade17, o que pode não explicar a origem das dificuldades de aprendizagem aqui apresentadas. Assim, é possível que outros fatores possam influenciar o desenvolvimento da leitura desses escolares, como o histórico familial para possíveis transtornos de aprendizagem(1818 Luniewska M, Chyl K, Dębska A, Banaszkiewicz A, Żelechowska A, Marchewka A, et al. Children with dyslexia and familial risk for dyslexia present atypical development of the neuronal phonological network. Front Neurosci. 2019;13:1287. http://dx.doi.org/10.3389/fnins.2019.01287. PMid:31849595.
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), o deficit no processamento fonológico(1919 Tenório SM, Ávila CL. Processamento fonológico e desempenho escolar nas séries iniciais do ensino fundamental. Rev CEFAC. 2012;14(1):30-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462011005000099.
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) e demais questões pedagógicas.

Com relação ao gênero, observou-se que a frequência de crianças do gênero masculino e feminino no desempenho médio do vocabulário receptivo foi similar, com melhor desempenho para as meninas, que podem utilizar quantidades maiores de estratégias de aprendizagem(2020 Pahom O, Farley A, Ramonda K. Are the best language learners from Mars or from Venus? Gender and vocabulary acquisition in the L2 spanish classroom. Reading Matrix: An International Online Journal. 2015;15(1):158-72.). Por outro lado, houve maior proporção do número de meninos com desempenho entre elevado e muito elevado. É importante ressaltar que, no presente estudo, o número de crianças do gênero feminino foi inferior ao do gênero masculino. Não há consenso na literatura a esse respeito, visto que estudos apontam que há indicativos de maiores alterações no desenvolvimento da linguagem em meninos, quando comparado ao das meninas(2121 Virtuozo CPM, Marques MC, Monteiro CP. The influence of sociocultural and biological variables on the performance of receptive language in preschool children. Distúrb Comun. 2018;30(4):705-12. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2018v30i4p705-712.
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), bem como evidências de que não existem diferenças significativas no desempenho entre gêneros(2222 Ferracini F, Capovilla AGS, Dias NM, Capovilla FC. Avaliação de vocabulário expressivo e receptivo na educação infantil. Rev. Psicopedagogia. 2006;23(71):124-33.). Estudos futuros com maior amostra de grupos com dificuldades de aprendizagem podem ser explorados para compreender essa relação do desempenho elevado em vocabulário e as questões de aprendizagem, comparando os gêneros.

Quanto à idade e escolaridade, verificou-se que as crianças mais velhas obtiveram melhor desempenho na prova de vocabulário receptivo. Assim, houve relações significativas entre escolaridade e o vocabulário, já descritas na literatura, em crianças com desenvolvimento de linguagem típico do 3º ao 5º do ensino fundamental(2323 Colombo RC, Cárnio MS. Reading comprehension and receptive vocabulary in Elementary School students with typical development. CoDAS. 2018;30(4):e201700145. PMid:30043898.). Neste estudo, a análise também da idade foi um importante dado considerado, pois a criança com dificuldade de aprendizagem deve ser analisada também pelo olhar do próprio desenvolvimento, visto que o sistema educacional atual não oferece respaldo suficiente para considerar somente a escolaridade.

O fato de o vocabulário receptivo ser um preditor essencial para a compreensão da leitura torna fundamental o aprofundamento de estudos para escolares que têm dificuldade na aquisição dessa habilidade. A qualidade do conhecimento sobre o vocabulário, mais do que a quantidade de palavras no léxico, se relaciona com a maior qualidade de compreensão leitora, pois as habilidades de interpretação dos diferentes significados de cada palavra na linguagem oral são transferidos para seu uso na linguagem escrita(2424 Li L, Zhu D, Wu X. The effects of vocabulary depth and depth on reading comprehension in middle childhood: the mediator role of listening comprehension. Read Writ Q. 2021;37(4):1-12. http://dx.doi.org/10.1080/10573569.2020.1809585.
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). Indivíduos com bom vocabulário receptivo se tornam leitores mais hábeis, o que se vincula ao potencial da compreensão leitora(2222 Ferracini F, Capovilla AGS, Dias NM, Capovilla FC. Avaliação de vocabulário expressivo e receptivo na educação infantil. Rev. Psicopedagogia. 2006;23(71):124-33.). Nesse sentido, existe relação de correspondência entre o vocabulário e o desempenho de leitura de crianças do 2º ao 5º ano do ensino fundamental(2525 Piccolo LR, Salles JF. Vocabulário e memória de trabalho predizem desempenho em leitura de crianças. Psicol Teor Prát (Impr). 2013;15(2):180-91.) sem queixas de dificuldades de aprendizagem. Assim, crianças com adequado desempenho no vocabulário receptivo não apresentaram indicativos de alterações na aprendizagem de leitura(2626 Nalom AFO, Schochat E. Performance of public and private school students in auditory processing, receptive vocabulary, and reading comprehension. CoDAS. 2020;32(6):e20190193. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20202019193. PMid:33237189.
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), o que novamente remete ao fato de que há outras possíveis etiologias de fatores linguísticos e cognitivos associados ao aprender a ler.

Esse olhar direcionado é imprescindível para o entendimento da realidade educacional das crianças que apresentam baixo desempenho em vocabulário receptivo, no tocante a uma possível remediação. Dessa forma, as estratégias de intervenção devem ser continuamente exploradas, visto que tal abordagem contribui para o aumento do desempenho do vocabulário receptivo em crianças com dificuldades de aprendizagem(2727 Wright L, Pring T, Ebbels S. Effectiveness of vocabulary intervention for older children with (developmental) language disorder. Int J Lang Commun Disord. 2018;53(3):480-94. http://dx.doi.org/10.1111/1460-6984.12361. PMid:29218830.
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).

Quanto ao nível socioeconômico, os resultados encontrados nesta pesquisa demonstraram que as crianças e adolescentes avaliados em um serviço público de atendimento encontravam-se em diferentes níveis socioeconômicos, entre B2 e D-E. Ainda, não houve correlações significativas entre vocabulário receptivo e nível socioeconômico, apesar de outros estudos apontarem para a influência do nível socioeconômico familiar no desempenho dos escolares nos testes de vocabulário receptivo, com pior desempenho quando comparados com escolares de classe economicamente alta(2525 Piccolo LR, Salles JF. Vocabulário e memória de trabalho predizem desempenho em leitura de crianças. Psicol Teor Prát (Impr). 2013;15(2):180-91.,2828 Sbicigo JB, Abaid JLW, Dell’Aglio DD, Salles JF. Nível socioeconômico e funções executivas em crianças/adolescentes: revisão sistemática. Arq Bras Psicol. 2013;65(1):51-69.).

Essa diferença nos achados pode estar relacionada ao fato que os escolares já se encontravam em fase posterior à aquisição e desenvolvimento da linguagem oral, pois o vocabulário receptivo é uma das primeiras habilidades a se desenvolver na criança(2929 Barbosa VM, Silva C. Correlation between receptive vocabulary skill, syntactic awareness, and word writing. Rev CEFAC. 2020;22(3):e2420. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20202232420.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/2020...
,3030 Serrat-Sellabona E, Aguilar-Mediavilla E, Sanz-Torrent M, Andreu L, Amadó A, Serra M. Sociodemographic and pre-linguistic factors in early vocabulary acquisition. Children. 2021;8(3):206. http://dx.doi.org/10.3390/children8030206. PMid:33803169.
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) o que, de certa forma, já direciona o olhar para as dificuldades de aprendizagem daqueles com desempenho inferior, inclusive pela idade dos sujeitos avaliados.

Dessa forma, diante dos achados obtidos, os desempenhos discordantes com a literatura podem ser justificados pelo fato de que o presente estudo foi realizado com escolares, em sua maioria, maiores que 9 anos de idade e é possível que o nível socioeconômico não influencie em idades posteriores a esta etapa do desenvolvimento, pois a permanência no ambiente escolar por alguns anos pode auxiliar na recuperação de aquisição dessa habilidade, independentemente da influência da família. Assim, a ampliação da amostra em estudos posteriores, com direcionamento para as questões das dificuldades de aprendizagem e em grupos já identificados sob o olhar de diagnóstico diferencial, pode auxiliar no entendimento dessas relações entre as variáveis estudadas. Além disso, compreender essa relação em um serviço de atendimento pode auxiliar em condutas direcionadas ao público ali presente, inclusive na escolha de habilidades para a avaliação e intervenção.

CONCLUSÃO

Houve concentração de meninos com desempenho de vocabulário receptivo entre elevado e muito elevado, o que merece atenção em estudos posteriores, visto que não é comum, na literatura, quando se trata do gênero masculino e a relação com as dificuldades de aprendizagem. Além disso, foi constatado que o desempenho em vocabulário receptivo avançou com idade e escolaridade, conforme previamente descrito pela literatura em crianças com desenvolvimento típico.

O desempenho em vocabulário receptivo das crianças e adolescentes de diferentes níveis socioeconômicos, entre B2 e D-E, foi médio. Assim, pressupõe-se que a consolidação dessa habilidade da linguagem oral não sofreu influência do fator socioeconômico no grupo de escolares com dificuldades de aprendizagem.

AGRADECIMENTOS

Aos colegas do Laboratório de Linguagem escrita, interdisciplinaridade e aprendizagem – LEIA/UFRN que participaram da coleta de dados.

  • Trabalho realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.
  • Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
  • Autor correspondente: Cíntia Alves Salgado Azoni. E-mail: cintiasalgadoazoni@gmail.com

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Dez 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    17 Maio 2021
  • Aceito
    14 Out 2021
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