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PLANEJAMENTO PARA A PARTICIPAÇÃO DE ALUNOS DOS ÚLTIMOS PERÍODOS DO CICLO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA IDENTIFICAÇÃO E TREINAMENTO DE PARTEIRAS LEIGAS DE UMA COMUNIDADE

1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Uma ação conjunta entre comunidade, instituições de saúde e estudantes de enfermagem proporcionaria melhor assistência no parto domiciliar?

2. JUSTIFICATIVA

Sabendo-se que as instituições que prestam assistência à parturiante são deficientes, tanto em quantidade quanto em qualidade e, partindo-se do pressuposto que se houvesse conscientização da comunidade para uma maior utilização dessas instituições, provavelmente seria impossível o atendimento de todas as parturientes com estes recursos. Vemos então que a cobertura da população de mulheres durante o parto, bem poderia ser feita a nível de atenção primária, ou seja, utilizando os próprios recursos da comunidade.

No intuito de conseguir trabalhar com a comunidade de maneira profunda, realizando trocas culturais e comportamentais, resolvemos dirigir nosso planejamento de atividades para elementos chaves, quais sejam, as parteiras leigas. Estes elementos funcionam como líderes, exercendo grande domínio e desfrutando de grande prestígio na comunidade onde vivem. Através da identificação, aproximação e autêntico interesse pelo ensino-aprendizagem e treinamento destas, espera-se que os resultados obtidos, em termos de comunidade, sejam muito mais abrangentes.

De modo a favorecer tanto a comunidade como a aprendizagem e troca cultural, importante nos parece tentar uma integração da universidade, através de seus alunos, com essas comunidades, em um planejamento integrado junto a grupos comunitários de sorte a permitir a identificação e treinamentos de parteiras e mães em uma área. Para isto, teremos que considerar de maneira especial três enfoques: atenção primária de saúde, a comunidade e a participação de alunos de enfermagem em trabalhos diretos com a comunidade.

2.1 - Atenção Primária de Saúde

Um dos grandes problemas atuais da humanidade é o grande número de pessoas que estão fora do alcance dos sistemas formais de assistência à saúde, apesar destes estarem se desenvolvendo numa tentativa frustrada de abranger toda a população.

Este é um problema que vem preocupando a todos os envolvidos nesta área de tal forma que, na IV Reunião Especial dos Ministros de Saúde das Américas(1616 ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD - El Papel de La Enfermeira en La Atención Primária de Salud. Washington, Oficina Sanitária Panamericana, 1977, 16 p.), realizada em 26 e 27/ 09/77, em Washington, foram confirmados os propósitos de "intensificar os esforços e aumentar os recursos para acelerar os processos de extensão da cobertura de Serviços de Saúde a toda a população". Visando este atendimento global, é indispensável buscar outros procedimentos, neste caso a atenção primária de Saúde. Na Conferência Internacional(1515 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD - Relación entre Los Agentes de Salud de La Comunidad, Los Serviços Sanitários y la Própria Comunidad. In: Crônica de la OMS, 32:162-6, 1978.)sobre atenção primária de saúde realizada na Rússia no período de 06-12/09/78, esta foi conceituada como: "um meio prático para colocar ao alcance de todos os indivíduos e famílias das comunidades a assistência de saúde indispensável, de forma aceitável e proporcional a seus recursos, e com sua plena participação". Para isso engloba os fatores sociais e de desenvolvimento que influem no funcionamento do sistema de saúde.

É indispensável, portanto, a participação de representantes da comunidade no planejamento e execução dos programas de desenvolvimento, pois estes estão vivendo as dificuldades, sentindo as necessidades e desfrutando de interesses comuns.

A assistência materno-infantil é uma área muito apropriada ao trabalho do sistema formal junto aos sistemas não formais de saúde praticados pelas comunidades.

"A confiança no próprio esforço e a consciência social são fatores chaves no progresso humano".(1818 PARETA, J.M.R. Et Alii - Saúde da Comunidade: Temas de Medicina Preventiva e Social. São Paulo. Editora Mc Graw-Hill do Brasil, 1976, 295 p.)

Baseados nesses conhecimento da comunidade sobre sua própria situação, o primeiro passo do sistema formal será a identificação dos líderes, no caso de assistência materno-infantil principalmente, as parteiras leigas, que funcionarão como agentes de saúde propiciando o desenvolvimento pessoal e coletivo. Ao sistema de saúde, no caso com a participação ativa de alunos de enfermagem, caberá discutir e desenvolver o treinamento, assessoramento e controle às pessoas que já prestam assistência não formal às comunidades, assim como a troca de informações claras sobre as vantagens e desvantagens das atividades propostas e seus custos relativos.

Delimitadas as atividades de cada um dentro do sistema de assistência primária, parte-se em conjunto para, a avaliação da situação, a definição dos problemas, a determinação das prioridades e o planejamento.

A execução das atividades deve ser revista continuamente, para que estas se desenvolvam de acordo com os objetivos traçados, para facilitar a identificação e listagem das dificuldades e para o reajuste das atividades quando necessário.

2.2 - A Comunidade

O grupo materno-infantil considerado em seu sentido mais amplo, abrange cerca de 70,98% da população brasileira. Frente à importância, biológica e sócio-econômica, deste contingente populacional, o Ministério da Saúde destaca-o como "dé prioridade para efeito das ações integradas de saúde, de interesse coletivo".(1111 MINISTÉRIO DA SAÚDE - Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil. Brasília, Coordenação de Proteção Materno-Infantil. 1975, 19 p.)

Visando a elevação do nível de saúde deste grupo foi traçado o Programa de Saúde Materno-infantil, que integra a Política de Saúde Materno-infantil prevista no artigo 1.º da Lei n.º 6.229/75, cujo objetivo central é a redução da morbidade e mortalidade do grupo materno-infantil.(1010 MINISTÉRIO DA SAÚDE - Política de Saúde Materno-Infantil. Brasília, M.S., S.d., 23 p.)

A fim de alcançar este objetivo estão propostas, no II Plano Nacional de Desenvolvimento, as seguintes metas (1111 MINISTÉRIO DA SAÚDE - Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil. Brasília, Coordenação de Proteção Materno-Infantil. 1975, 19 p.), para o grupo materno:

  • - Cobertura de 50% da população de gestantes;

  • - Cobertura de 50% na assistência técnica ao parto;

  • - Cobertura de 20% na assistência ao puerpério.

Incluindo no Programa de Saúde Materno-infantil está o subprograma de Assistência Materno (1111 MINISTÉRIO DA SAÚDE - Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil. Brasília, Coordenação de Proteção Materno-Infantil. 1975, 19 p.), atendendo:

  • - A gestação através da assistência pré-natal precoce, contínua e regular;

  • - Ao parto através de Unidades de Saúde que proporcionem assistência ou supervisão técnica ao parto domiciliar;

  • - Ao puerpério através de supervisão ginecológica à mulher e, assistência e proteção ao recém-nascido.

Pode-se assegurar, pelo depoimento de autoridades sanitárias e observação das estatísticas vitais, que é grande o número de gestantes atendidas em seu domicílio pela parteira leiga, que pouco ou nenhum preparo técnico-formal tem para dar uma contribuição mais efetiva. Esta característica é muito encontrada atualmente, nas comunidades economicamente menos desenvolvidas. Nas regiões mais desenvolvidas a responsabilidade da gestante está a cargo do médico ou da enfermeira obsté-trica.

FREDDI (3FREDDI, Wanda Escobar S. - A enfermeira obstétrica no contexto brasileiro. In: Enfermagem em Novas Dimensões, São Paulo, 3(5): 283-8, 1977.) diz que - "a responsabilidade da enfermeira obstétrica abrange o treinamento do pessoal em serviço, cabendo-lhe, ainda, o treinamento e a supervisão de "curiosas". A tutela das "curiosas tradicionais" é ainda necessária em nosso meio, pois estas não podem ser substituídas totalmente por enfermeiras obstétricas, como seria ideal".

2.3 - A Participação de Alunos de Enfermagem

Por que a participação de alunos dos últimos períodos do curso de graduação em enfermagem?

Um dos principais objetivos estabelecidos no Plano Decenal de Saúde (Santiago, 1972) foi "a extensão dos serviços de saúde, de maneira que ao final da década sejam acessíveis a toda a população do Hemisfério" (1717 ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD - IV Reunião Especial de Ministros de Salud de Las Américas. Washington, Oficina Sanitária Panamericana, 1978, 53 p.). A enfermeira pode ser o ponto chave para que este objetivo seja alcançado. Como integrante da equipe deve encarar saúde não em termos individuais, e sim considerando a comunidade como um todo, reconhecendo que as ações não devem partir só do setor de saúde, mas de uma ação conjunta com outros setores. Certamente se aproveitado todo o potencial de formação dos enfermeiros, grande parte da extensão de cobertura dos Serviços de Saúde, particularmente no que se refere à assistência materno-infantil, poderia ser entregue à responsabilidade desse profissional.

Nesse trabalho ousamos propor que seja modificado o enfoque do ensino de enfermagem em nossa Universidade, por sentir a necessidade de que o aluno gradue-se com uma visão ampla sobre enfermagem e esteja preparado para desenvolver atividades de maneira a responsabilizar-se socialmente pela elevação do nível de saúde da população. Para conseguir isso ele terá que encarar a comunidade como cliente que tem o direito de decidir sobre o seu processo de desenvolvimento e participar de modo decisivo na obtenção e manutenção da saúde. Nesse caso o prineípio maior é o da ação coletiva, antes mesmo que o da ação individual.

E o papel da enfermeira neste novo enfoque será desempenhado ao incluir as seguintes atividades:

  • - "Diagnosticar o nível de saúde do indivíduo e da comunidade como um todo;

  • - Tomar decisões junto aos representantes da comunidade em situações que exijam discernimento e execução das soluções pertinentes;

  • - Participar da capacitação do indivíduo e da comunidade para identificar e satisfazer suas necessidades;

  • - Avaliar junto com os usuários o efeito que as ações de saúde têm sobre o indivíduo, grupo e comunidade". (1717 ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD - IV Reunião Especial de Ministros de Salud de Las Américas. Washington, Oficina Sanitária Panamericana, 1978, 53 p.)

Considerando as recomendações do Grupo Setorial de Saúde, DAU/MEC, em Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação em Enfermagem (8MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação em Enfermagem. Brasília, DAU/GSS, s. d., 5 pág.), um dos indicadores destaca a "articulação entre os programas dos serviços de saúde e os de ensino de enfermagem" a fim de tornar mais autêntica e assegurada a introdução dos docentes e discentes na força de trabalho, bem como mais frontalmente verdadeiro o encontro do ensino-aprendizagem com a situação da clientela.

Estão indicados alunos dos últimos períodos do curso de graduação, observando que:

  • - Já cursaram o ciclo básico e parte do ciclo profissional, incluindo Enfermagem em doenças transmissíveis;

  • - Já cursaram ou estão cursando Enfermagem Materno-infantil;

  • - Estão ou estarão cursando Enfermagem em Saúde Pública.

Uma ação conjunta entre o corpo discente e o pessoal dos serviços de saúde, irá desenvolver modelos de assistência sanitária, que envolvam a participação ativa da comunidade na resolução das suas necessidades de saúde e propiciarão aprendizagem apropriada para os estudantes ao "incorporar no ensino conceitos e experiências de aprendizagem em Enfermagem dirigidos à comunidade como um todo". (1717 ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD - IV Reunião Especial de Ministros de Salud de Las Américas. Washington, Oficina Sanitária Panamericana, 1978, 53 p.)

Este trabalho possibilitará ao estudante fazer: um diagnóstico de saúde da comunidade, a identificação e atenção a grupos de alto risco e a avaliação da atenção de enfermagem à clientela.

Pensamos também na interação da enfermagem com outros integrantes da equipe de saúde deixando assim em aberto a inclusão de outros niveis profissionais atuando em conjunto dentro deste planejamento. Isto favoreceria não só a integração Universidade-Comunidade como também a integração em equipes profissionais a partir da formação na própria Universidade, onde todos trabalharão em conjunto para o fortalecimento de suas ações e para o surgimento de um respeito mútuo nas atividades de cada um, para a efetivação de utilidade social de todas as profissões da saúde.

3. OBJETIVOS

Um projeto dessa natureza visa:

  • - Reduzir a morbilidade e a mortalidade materna e neo-natal.

  • - Identificar, treinar e controlar parteiras leigas de uma região, reconhecendo-as como agentes de saúde, em partos domiciliares, sob supervisão e apoio técnico da enfermagem.

  • - Integrar as atividades de estudantes de enfermagem com programas de atenção primária de saúde, na área materno-infantil.

  • - Incluir no currículo, experiências de aprendizagem que permitam ao estudante incorporar em suas ações de enfermagem, a identificação precoce de grupos de alto risco perinatal na comunidade.

  • - Modificar o enfoque do ensino, em enfermagem, de saúde individualizada para saúde comunitária.

  • - Incorporar nos conjuntos de atividades técnicas e éticas pertinentes à educação a importância dos elementos culturais e das trocas que devem ocorrer para solidificar e aprofundar os conhecimentos de Saúde.

4. DEFINIÇÃO DE TERMOS

4.1 - Agentes de Saúde

Indivíduo que, possui um papel de liderança na comunidade e, será. treinado para promover seu desenvolvimento e o desenvolvimento da comunidade.

4.2 - Alto Risco

São patologias ou condições fisiológicas que podem causar danos para mãe e filho.

4.3 - Atenção Primária

"É um meio prático para colocar ao alcance de todos os indivíduos e famílias das comunidades, assistência de saúde indispensável, de forma aceitável e proporcional a seus recursos, e com sua plena participação". (1414 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD - Atención Primária de Salud. Switzerland, OMS, 1978, 55 p.)

4.4 - Comunidade

Organização social composta de pessoas que compartilham, em distintos graus, de características, interesses e aspirações políticas, econômicas, sociais e culturais.

4.5 - Controle

Conjunto de medidas propostas para identificar as fases de desenvolvimento de um fenômeno.

4.6 - "Curiosas"

Ver parteira leiga.

4.7 - Parteira Leiga

Mulher, sem preparo teórico ou prático, que graças à sua experiência e/ou aos laços de parentesco ou amizade que a une às famílias, realiza partos nos domicílios.

4.8 - Perinatal

Refere-se à mulher e à criança no período do parto.

4.9 - Treinamento

Curso de pequena duração, que tem como finalidade desenvolver habilidades em uma determinada área.

4.10 - Unidade de Saúde

Estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência médico-sanitária a uma população, em área geográfica definida, sem internação de pacientes.

4.11 - Enfermeira Obstétrica

Profissional de nível universitário que prossegue o curso além de enfermeiro geral, optando pela habilitação específica em enfermeiro obstetra ou obstetriz.

4.12 - Enfermeiro Geral

Profissional de nível universitário que tem o seu curso de graduação com Ciclo Básico e Ciclo Profissional obedecido o Currículo Mínimo da Resolução n.º 4/72, apenas não optando por qualquer habilitação específica. Corresponde ao título de Enfermeiro Geral ou como chamam alguns Enfermeiro Generalista.

5. DESENVOLVIMENTO DO PLANEJAMENTO

Dissemos antes que a parteira leiga é uma líder natural na sua comunidade, que bem deve ser reconhecida como agente de saúde, sob a supervisão, e apoio da enfermeira.

Urge, portanto, lançar medidas próprias para: sua identificação na comunidade; oferecer-lhes um treinamento que objetive melhorar a prática de seus serviços em conhecimentos e técnicas para que prestem um serviço domiciliar melhor, contribuindo assim para a diminuição dos coeficientes de morbi-mortalidade perinatal e, promova a ligação das parteiras aos serviços de saúde para controle e orientação contínua de suas atividades.

Descreveremos a seguir um modelo de planejamento para identificação, treinamento e controle de parteiras leigaz. Este está dividido em etapas, assim dispostas:

5.1 - Primeira Eetapa - Análise da Comunidade

Para realizar uma ação de saúde, com a participação comunitária, é necessário fazer uma análise para conhecer a comunidade, seu modo de vida e o modo de pensar dos seus habitantes. Assim saberemos se a ação que pretendemos programar é uma resposta às suas necessidades.

Em primeiro lugar devem ser coletados dados sobre a comunidade, através de um formulário abrangendo:

  • - Características geográficas;

  • - Características populacionais;

  • - Características sócio-econômicas;

  • - Características ambientais;

  • - Características dos meios de comunicação;

  • - Características de saúde.

Coletados, os dados seriam analisados principalmente visando verificar a disponibilidade dos recursos que poderão ser utilizados no desenvolvimento do programa.

Os problemas de saúde seriam observados a partir da estatística vital e. particularmente no nosso caso, a morbi-mortalidade perinatal que serviria de referência para a implementação do programa.

Os líderes, grupos e instituições necessários na dinâmica do trabalho seriam identificados para uma conscientização e mobilização posterior. Seriam verificados:

  • - Número de parteiras da área;

  • - Suas condições de trabalho;

  • - Freqüência de complicações;

  • - Tipo de clientela atendida;

  • - Número de gestantes da área;

  • - Gestantes que freqüentam serviços de pré-natal;

  • - Número de instituições de saúde da área;

  • - Tipo de assistência prestada;

  • - Capacidade de atendimento;

  • - Outros.

5.2 - Segunda Etapa - Entrosa-mento com as Instituições de Saúde.

Para estimar, os recursos materiais e humanos de saúde, envolvidos na implementação do programa, é necessário o entrosamento com as instituições de saúde da área. Estas deverão ser motivadas e mobilizadas no sentido de contribuir com assessoramento ao programa, de modo que sirvam de base para a sua implantação. Isto se faz necessário principalmente porque o programa será desenvolvido com alunos, e temos que lembrar que as atividades escolares abrangem todo o ano-calendário universitário, ficando assim em descoberto alguns meses. Se pensarmos em termos de saúde da comunidade, veremos que não é válido ter programas desenvolvidos em períodos cíclicos. Se estamos propondo treinamento e controle de parteiras leigas, o melhor modo de tornar efetivo o programa é estarmos presentes continuamente.

Daí a importância de, em programai dessa natureza, promover a integração entre Comunidade, Unidades de Saúde Pública, Unidades Hospitalares e Universidade para a melhoria da assistência ao parto. Estas estarão ligadas diretamente à parteira, que continuará realizando as ações para elevar o padrão de assistência ao parto na comunidade, e ao lado disso ter livre acesso ao sistema formal recorrendo ao mesmo não somente após às complicações já instaladas, mas sobretudo no clima de confiança e apoio técnico-científico e ético que deve existir no reconhecimento da co-existência dos dois sistemas, formal e não formal. Aí é que deve ser entendido o enfermeiro e/ou o estudante de Enfermagem como o intérprete do sistema não formal junto ao sistema formal e estabelecer a relação de ajuda recíproca face aos fatos culturais e à evolução científica, cumprindo um papel de analista ao tempo que equilibrador entre as situações que devem ser preservadas porque não agridem à saúde e as que têm que ser discutidas e resolvidas junto à comunidade porque representam riscos à vida. Por sua vez, uma responsabilidade torna-se preponderante ao se tratar sobre saúde coletiva em trabalhos dessa natureza, qual seja a de reconhecer que o modo próprio de viver de cada comunidade representa o elemento vivo de alimentação do sistema formal de prestação de serviços que a ela se dirige.


5.3 - Terceira Eetapa - Treinamento dos Alunos das Disciplinas Materno-Infantil e Saúde Pública.

Com a participação de alunos das dissiplinas Materno-Infantil e Saúde Pública estaremos propiciando que seja dado um enfoque duplo para o problema.


Para a participação do aluno nesse planejamento é necessário:

  • - Embasamento teórico-prático na disciplina Enfermagem Obstétrica;

  • - Conhecimento do programa do curso;

  • - Habilidade e destreza na assistência ao parto;

  • - Entrosamento prévio com a Unidade Sanitária e demais instituições de saúde participantes;

  • - Interação com a comunidade em que vai atuar.

5.4 Quarta Etapa - Planejamento do Programa

5.4.1 - Cadastramento

As parteiras leigas seriam cadastradas de acordo com a área de atuação das mesmas, levantadas durante a coleta de dados. Deveria ser organizado um. arquivo na Unidade Sanitária onde serão catologadas as fichas de identificação (Anexo I ANEXO I Questionário de Sondagem Preliminar ).

Estas fichas seriam manuseadas pela enfermeira, da Unidade, responsável pelo controle das parteiras. A cada comparecimento a enfermeira anotaria a data, o número de partos realizados, o número de encaminhamentos, o material solicitado e observações, tais como: tema discutido na reunião, orientação individual, problemas ocorridos durante os partos e outros. O preenchimento correto e contínuo das fichas iria servir para a observação da qualidade da assistência prestada à comunidade

5.4.2 - Organização dos Grupos

Deveriam ser organizados grupos de no máximo 10 parteiras para cada instrutor, para que através de reuniões de discussão, demonstrações e palestras sejam ensinadas às parteiras leigas, técnicas simples para melhorar a assistência ao parto.

Os cursos teriam lugar na Unidade Sanitária, na sala de parto de uma maternidade e em domicílios da comunidade.

De acordo com a área de atendimento da parteira e a divisão do ano letivo seriam formados os grupos.


5.4.3 - Conteúdo do Programa

5.4.3.1 - Título do curso

Orientação para Parteiras Leigas

5.4.3.2 - Objetivos

  • - Desenvolver técnicas simples e discuti-las à luz da experiência das parteiras leigas para que as mesmas possam dar melhor assistência ao parto em domicílios.

  • - Conscientizar a parteira sobre seu papel em relação à assistência médico-sanitária adequada, bem como sua participação na redução da morbidade e mortalidade materna e infantil.

  • - Promover seu entrosamento com a unidade sanitária para controle e orientação contínua de suas atividades, apoiando-se em um sistema de autenticidade e confiança no trabalho integrado.

  • - Reconhecer e apoiar a posição de líder que a parteira ocupa dentro da comunidade, para a promoção da saúde, sobretudo de gestantes e crianças.

5.4.3.3 - Carga Horária

80 horas.

5.4.3.4 - Desenvolvimento do Programa


5.4.3.5 - Avaliação

Seria aplicado no início do curso um questionário para sondagem de conhecimentos e atividades desenvolvidas.

No transcurso das aulas seriam observadas: a participação nos debates de grupo, a assiduidade e o desempenho nas técnicas.

Ao final do curso seria aplicado um questionário de sondagem sobre os conhecimentos adquiridos e as mudanças de comportamento sentidas e demonstradas.

5.4.4 - Estratégia de Supervisão das Parteiras

Tão importante quanto o treinamento é a supervisão continuada, através de apoio e controle no trabalho das parteiras. Para que ela não volte ao padrão do antigo trabalho é necessária a sua vinculação à Unidade Sanitária e supervisão das visitadoras no seu local de prestação de serviços.

Após o treinamento seriam discutidas e propostas algumas atribuições da parteira, tais como as que se seguem:

5.4.4.1 - Parteira

  • - Assistir partos em domicílio dentro dos ensinamentos e técnicas recebidos durante o curso:

  • - Comparecer semanalmente para reabastecer a maleta de material (curativo esterilizado, nitrato de prata, mertiolate, fichas) e entregar fichas de notificação de nascimento:

  • - Comunicar à enfermeira da Unidade Sanitária ocorrência de complicações e os encaminhamentos feitos;

  • - Comparecer mensalmente à reunião da Unidade Sanitária, para limpeza e renovação do material da maleta e complementar conhecimentos através de orientações;

  • - Encaminhar gestantes e crianças à Unidade Sanitária para acompanhamento médico-sanitário;

  • - Promover a saúde, através da divulgação na comunidade, de informações sobre saneamento básico, prevenção de doenças e instituições de saúde existentes na área.

  • - Indicar as novas parteiras leigas das comunidades próximas.

  • - Participar do treinamento feito pelas Unidades Sanitárias, quer como aluna, quer como auxiliar de treinamento de outras.

5.4.4.2 - Enfermeira da Unidade

  • - Distribuir para as parteiras medicamentos e material esterilizado, semanalmente ou quando necessário;

  • - Organizar mensalmente reuniões, para limpeza e reabastecimento da maleta e, para orientação através de palestras;

  • - Analisar individualmente ou em grupo os casos elogiáveís ou reprováveis;

  • - Receber fichas de notificações dos partos assistidos pelas parteiras;

  • - Orientar visitadoras sanitárias em relação às visitas domiciliares às puérperas e recém-nascidos cuidados pelas parteiras;

  • - Atualizar anualmente as fichas de saúde de cada parteira;

  • - Atualizar o mapa de distribuição de parteiras controladas na área.

  • - Descobrir novas parteiras leigas:

  • - Promover o treinamento das parteiras descobertas.

5.5 - Quinta Etapa - Implementação do Programa

5.5.1 - Matrícula

Seriam matriculadas no curso de treinamento, as parteiras leigas atuantes na área, identificadas na análise da comunidade.

No ato da matrícula seria preenchida a ficha de cadastramento, relativas e seriam dadas as orientações, relativas ao curso, para a parteira.

5.5.2 - Freqüência

Receberiam certificados de conclusão as parteiras que freqüentassem 85% do curso. As que forem eliminadas por falta, estariam automaticamente matriculadas na próxima turma.

5.5.3 - Local do Treinamento

As aulas seriam realizadas na Unidade Sanitária. No caso de impossibilidade deveria escolher-se um local adequado ao propósito, dentro da própria comunidade onde as mesmas residem.

5.5.4 - Locais e Estágio

  • - Unidade Sanitária

  • - Maternidade

  • - Domicílios (seriam indicados pelas parteiras).

5.5.5 - Grupos

Seriam formados grupos de no máximo dez parteiras.

5.5.6 - Duração e Carga Horária do Curso

Os cursos teriam duração de um mês e meio, com carga horária mínima:


5.5.7 - Exame de Saúde

As parteiras fariam os seguintes exames de saúde, na Unidade Sanitária:

  • - Abreugrafia e baciloscópia

  • - Parasitológico

  • - Sorologia para Lues

  • - Dermatológico.

  • Obs.: Só freqüentariam a primeira turma do curso as que fossem consideradas aptas no exame de saúda. As que assim não o fossem, fariam tratamento de saúde e estariam automaticamente admitidas na próxima turma.

5.5.8 - Corpo Docente

As aulas seriam ministradas por alunos de enfermagem dos últimos períodos do curso de graduação e integrantes da equipe da Unidade Sanitária.

5.5.9 - Certificado de Conclusão

Seria concedido Certificado de Conclusão, às parteiras que alcançassem aproveitamento mínimo de 70% e a freqüência já estipulada. As que não alcançassem esse nível, estariam automaticamente matriculadas no próximo curso.

5.5.10 - Controle e Supervisão após o Curso

Seria realizado através de:

  • - Comparecimento semanal da parteira à Unidade Sanitária, onde serão entregues as notificações de nascimento;

  • - Comparecimento mensal à Unidade Sanitária para reunião de atualização;

  • - Visitas domiciliares às clientes atendidas.

5.5.11 - Início das Atividades

Anexo X ANEXO V Comprovante do Nascimento para a Mãe

5.5.12 - Avaliação do Programa

Seria realizada nos meses de janeiro e fevereiro, coincidindo com as férias escolares.

O instrumento de avaliação do programa seria montado pela equipe em tempo hábil, considerando os objetivos do programa.

  • TAVARES, C.M.A. - Planejamento para a participação de alunos dos últimos períodos do ciclo profissional de enfermagem na identificação e treinamento de parteiras leigas de uma comunidade. Rev. Bras. Enf.; DF, 32: 89-120, 1979.

ANEXO I Questionário de Sondagem Preliminar

ANEXO II Questionário de Sondagem Posterior

1. Os assuntos abordados durante o curso já eram de seu conhecimento?

2. Quais eram desconhecidos?

3. Que tipo de encaminhamento fará para uma gestante?

4. A gestante deve ser acompanhada pela parteira? Quando?

5. Que preparativos recomendaria à gestante para o parto?

6. Qual o material necessário para o parto?

7. Como deve ser o ambiente onde se realizará o parto?

8. Quando devem ser lavadas as mãos?

9. Descreva os passos da assistência ao parto.

10. Quais as orientações que você daria a uma gestante?

11. E a uma puérpera?

12. Quais as providências que tomaria em caso de complicação?

ANEXO III Cadastramento da Parteira na Unidade Sanitária UNIDADE SANITÁRIA

ANEXO IV Notificação de Nascimento para a Unidade Sanitária

ANEXO V Comprovante do Nascimento para a Mãe

ANEXO VI Livro de Registros da Parteira

ANEXO VII Vestuário da Parteira

ANEXO VIII Maleta da Parteira

A maleta deverá ter armação forte, feita de modo a permitir fechar-se bem ou conservar-se aberta de modo que os objetos sejam retirados com facilidade. E provida de um gorro de pano barato, que pode ser tirado para lavar. O gorro é um saco retangular que se abre e fecha por meio de um cadarço duplo. Ao se abrir a maleta, pode ser dobrado sobre sua beirada para protegê-la ou pode permanecer fechado para proteger seu conteúdo.

O material contido na maleta deverá ser:

  • 2 gorros plásticos de aproximadamente 80x80 cm.

  • 1 gorro plástico de aproximadamente 50x50 cm.

  • 1 envelope plástico, contendo:

    • 1 escova de unhas.

    • 2 toalhas de mão.

  • 1 envelope plástico, contendo:

    • 1 avental.

    • 1 gorro.

    • 1 máscara.

  • 1 saco plástico com algodão.

  • 1 saco de papel.

  • 1 saboneteira com sabão.

  • 1 balança de mão.

  • 1 livro de registros e impressos de notificação de nascimento.

  • 1 tesoura de ponta redonda.

  • 1 vidro de conta-gotas com nitrato de prata a 1%.

  • 1 vidro com mertiolate ou mercúrio.

  • 1 vidro de álcool.

  • 2 pacotes de curativo umbilical, contendo:

    • 1 gaze dobrada, com uma ponta gendada.

    • 1 palito com ponta de algodão ou cotonete.

    • 3 cordões de 30 cm (linha Urso n.º 0, ou similar).

    • pedaços de gaze IV.

  • 1 pacote de curativo, contendo:

    • 1 gaze gendada.

    • 1 palito ou cotonete.

  • - 1 bandeja ou bacia pequena.

  • - 1 sonda retal.

  • - 1 funil.

  • - 1 tubo de borracha de aproximadamente 80 cm.

  • - 1 intermediário de vidro.

  • - 1 recipiente para solução.

  • - papel higiênico.

  • - fita métrica.

  • - termômetro.

  • - 2 seringas.

  • - 4 agulhas.

  • - caneta.

ANEXO IX Material Necessário no Domicílio

Convém que a gestante prepare desde o início do 8.º mês, o material necessário para o hora do parto.

Compete à parteira dar à mãe direções minuciosas para a preparação do quarto para o parto, cabendo à família a responsabilidade disso.

Medidas a serem tomadas:

  • - Limpeza minuciosa do quarto, principalmente da cama;

  • - A cama deve ficar para o centro do quarto com os pés expostos à melhor luz;

  • - Preparar a cama da criança;

  • - Providenciar o material necessário, que é:

    • 2 paninhos para higiene

    • 2 toalhas

    • 4 fronhas

    • 4 lençóis

    • 2 camisolas

    • 1 cobertor

    • 1 par de meias brancas

    • 1 dúzia de panos higiênicos ou 2 caixas de modess.

    • 1 pacote de algodão

    • 200 folhas de jornais

    • 1 chaleira

    • 2 baldes

    • 1 caçarola grande com tampa

    • 1 jarro de água

    • sabão de coco

    • tesoura comum

    • 1 rolo de papel higiênico fechado

    • 1 urinol

    • roupinhas da criança

    • utensílios da criança.

RECOMENDAÇÕES

  • - Sejam implantados programas como este para elevação do nível de saúde da população;

  • - As Universidades modifiquem o enfoque, no ensino de enfermagem, de assistência individualizada para comunitária;

  • - Os alunos dentro das suas atividades práticas, interem-se com a realidade da comunidade;

  • - Haja interação entre as ações da Comunidade, Universidade, Unidades Hospitalares e Unidades de Saúde Pública:

  • - As parteiras sejam encaradas como agentes de saúde dentro da Comunidade.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 1979
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