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Fatores associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas em estudantes de graduação brasileiros

RESUMO

Objetivos:

analisar os fatores associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas em estudantes de graduação brasileiros.

Métodos:

estudo observacional, transversal, com amostragem por conveniência, realizado em 2014/2015, envolvendo dados institucionais e questionário on-line autopreenchido, analisados por meio de medidas de frequência, tendência central/dispersão e regressão logística.

Resultados:

entre 126.326 estudantes, 62,8% reportaram uso de álcool; 11%, tabaco; e 7,5%, drogas ilícitas. Diversos fatores acadêmicos - como não residir com a família (repúblicas [álcool: ORa:2,38;IC95%:2,28-2,48; tabaco: ORa:2,20;IC95%:2,09-2,33; drogas ilícitas: ORa:2,53;IC95%:2,38-2,70]), atuar em movimentos universitários (estudantil [álcool: ORa:1,74;IC95%:1,65-1,83; tabaco: ORa:1,97;IC95%:1,86-2,08; drogas ilícitas: ORa:2,43;IC95%:2,28-2,59] e religioso [álcool: ORa:0,28;IC95%:0,26-0,29; tabaco: ORa:0,23;IC95%:0,21-0,26; drogas ilícitas: ORa:0,18;IC95%:0,16-0,21]) e falta de disciplina/hábito de estudo (álcool: ORa:1,41;IC95%:1,37-1,45; tabaco: ORa:1,53;IC95%:1,46-1,59; drogas ilícitas: ORa:1,85;IC95%:1,76-1,94) - foram associados ao uso das três categorias de substâncias.

Conclusões:

identificamos que uma série de fatores acadêmicos estão associados ao consumo de drogas lícitas e ilícitas. Esses achados podem ajudar a elaborar estratégias preventivas entre universitários.

Descritores:
Saúde Pública; Universidades; Consumo de Álcool na Faculdade; Uso de Tabaco; Drogas Ilícitas

ABSTRACT

Objectives:

to analyze the factors associated with the use of alcohol, tobacco and illicit drugs among Brazilian undergraduate students.

Methods:

observational, cross-sectional study, with convenience sampling, conducted in 2014/2015, involving institutional data and a self-completed online questionnaire, analyzed using measures of frequency, central tendency/dispersion and logistic regression.

Results:

among 126,326 students, 62.8% reported alcohol use; 11%, tobacco; and 7.5%, illicit drugs. Several academic factors-such as not residing with family (sororities [alcohol: aOR:2.38;95%CI:2.28-2.48; tobacco: AOR:2.20;95%CI:2.09-2.33; illicit drugs: AOR:2.53;95%CI:2.38-2.70]), acting in university movements (student [alcohol: AOR:1.74;95%CI:1.65-1.83; tobacco: AOR:1.97;95%CI:1.86-2.08; illicit drugs: AOR:2.43;95%CI:2.28-2.59] and religious [alcohol: AOR:0.28;95%CI:0.26-0.29; tobacco: AOR:0.23;95%CI:0.21-0.26; illicit drugs: AOR:0.18;95%CI:0.16-0.21]) and lack of discipline/study habit (alcohol: AOR:1.41;95%CI:1.37-1.45; tobacco: AOR:1.53;95%CI:1.46-1.59; illicit drugs: AOR:1.85;95%CI:1.76-1.94) - were associated with the use of the three categories of substances.

Conclusions:

we identified that a number of academic factors are associated with licit and illicit drug use. These findings may help in designing preventive strategies among college students.

Descriptors:
Public Health; Universities; Alcohol Drinking in College; Tobacco Use; Illicit Drugs

RESUMEN

Objetivos:

analizar factores relacionados al uso de alcohol, tabaco y drogas ilícitas en graduandos brasileños.

Métodos:

estudio observacional, transversal, con muestreo por conveniencia, realizado en 2014/2015, envolviendo datos institucionales y encuesta en línea autorellenado, analizados por medio de medidas de frecuencia, tendencia central/dispersión y regresión logística.

Resultados:

entre 126.326 estudiantes, 62,8% reportaron uso de alcohol; 11%, tabaco; y 7,5%, drogas ilícitas. Diversos factores académicos - como no residir con la familia (repúblicas [alcohol: Ora:2,38;IC95%:2,28-2,48; tabaco: Ora:2,20;IC95%:2,09-2,33; drogas ilícitas: Ora:2,53;IC95%:2,38-2,70]), actuar en movimientos universitarios (estudiantil [alcohol: Ora:1,74;IC95%:1,65-1,83; tabaco: Ora:1,97;IC95%:1,86-2,08; drogas ilícitas: Ora:2,43;IC95%:2,28-2,59] y religioso [alcohol: Ora:0,28;IC95%:0,26-0,29; tabaco: Ora:0,23;IC95%:0,21-0,26; drogas ilícitas: Ora:0,18;IC95%:0,16-0,21]) y falta de disciplina/hábito de estudio (alcohol: Ora:1,41;IC95%:1,37-1,45; tabaco: Ora:1,53;IC95%:1,46-1,59; drogas ilícitas: Ora:1,85;IC95%:1,76-1,94) - relacionados al uso de tres categorías de substancias.

Conclusiones:

identificamos que una serie de factores académicos están relacionados al consumo de drogas lícitas e ilícitas. Esos hallados pueden ayudar a elaborar estrategias preventivas entre universitarios.

Descriptores:
Salud Pública; Universidades; Consumo de Alcohol en la Universidad; Uso de Tabaco; Drogas Ilícitas

INTRODUÇÃO

O ingresso na universidade apresenta-se como uma fase decisiva na vida do estudante, aumentando sua autonomia e liberdade e, consequentemente, propiciando mais acesso a elementos de risco para a saúde11 Mendes F, Lopes MJ. Health vulnerabilities: the diagnosis of freshmen from a Portuguese university. Texto Contexto Enferm. 2014;23(1):74-82. https://doi.org/10.1590/S0104-07072014000100009
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. Estudos têm identificado consumos superiores de álcool, tabaco e outras drogas entre universitários em comparação à média da população em geral11 Mendes F, Lopes MJ. Health vulnerabilities: the diagnosis of freshmen from a Portuguese university. Texto Contexto Enferm. 2014;23(1):74-82. https://doi.org/10.1590/S0104-07072014000100009
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2 Tembo C, Burns S, Kalembo F. The association between levels of alcohol consumption and mental health problems and academic performance among young university students. PLoS One. 2017;12(6):1-13. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0178142
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-33 Eckschmidt F, Andrade AG, Oliveira LG. Comparação do uso de drogas entre universitários brasileiros, norte-americanos e jovens da população geral brasileira. J Bras Psiquiatr. 2013;62(3):199-207. https://doi.org/10.1590/S0047-20852013000300004
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.

Uma revisão da literatura com estudantes brasileiros sinalizou que o ambiente universitário é um motivador do uso de substâncias psicoativas44 Fernandes TF, Monteiro BMM, Silva JBM, Oliveira KM, Viana NAO, Gama CAP, et al. Uso de substâncias psicoativas entre universitários brasileiros: perfil epidemiológico, contextos de uso e limitações metodológicas dos estudos. Cad Saúde Coletiva. 2017;25(4):498-507. https://doi.org/10.1590/1414-462x201700040181
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. A associação entre a exposição ao ambiente universitário e o uso de álcool e transtornos relacionados também foi avaliada em uma amostra de base populacional de gêmeas (n = 787): as mulheres que frequentavam a universidade consumiram mais álcool que seus pares que não frequentavam a faculdade55 Slutske WS, Hunt-Carter EE, Nabors-Oberg RE, Sher KJ, Bucholz KK, Madden PAF, et al. Do college students drink more than their non-college-attending peers? evidence from a population-based longitudinal female twin study. J Abnorm Psychol. 2004;113(4):530-40. https://doi.org/10.1037/0021-843X.113.4.530
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.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil possui um consumo per capita de álcool maior do que a média do continente americano (8,7 vs. 8,4 litros de álcool/ano)66 World Health Organization (WHO). Global status report on alcohol and health [Internet]. Geneva (Switzerland): WHO Press; 2011 [cited 2020 Dec 23]. 286 p. Available from: http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/msbgsruprofiles.pdf
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; e, entre universitários, o consumo dessa substância tem se mostrado ainda mais elevado, tanto no Brasil77 Silva ÉC, Tucci AM. Padrão de consumo de álcool em estudantes universitários (calouros) e diferença entre os gêneros. Temas Psicol. 2016;24(1):313-23. https://doi.org/10.9788/TP2016.1-21
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-88 Colares V, Franca C. Estudo comparativo de condutas de saúde entre universitários no início e no final do curso. Rev Saúde Pública. 2008;42(3):420-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000300005
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como em outros países do mundo99 Davoren MP, Demant J, Shiely F, Perry IJ. Alcohol consumption among university students in Ireland and the United Kingdom from 2002 to 2014: a systematic review. BMC Public Health. 2016;16:173. https://doi.org/10.1186/s12889-016-2843-1
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. Um fato preocupante é o aumento no uso de álcool nessa população ao longo dos últimos anos, com maiores índices de consumo compulsivo e embriaguez que as gerações anteriores99 Davoren MP, Demant J, Shiely F, Perry IJ. Alcohol consumption among university students in Ireland and the United Kingdom from 2002 to 2014: a systematic review. BMC Public Health. 2016;16:173. https://doi.org/10.1186/s12889-016-2843-1
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. A OMS também estima que a prevalência de tabagismo entre pessoas com 15 anos ou mais seja de 22,7% no mundo1010 World Health Organization (WHO). Prevalence of tobacco smoking 2015 [Internet]. Geneva (Switzerland): WHO; 2017 [cited 2017 Nov 28]. Available from: http://apps.who.int/gho/data/node.sdg.3-a-viz?lang=en
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e que o fumo (ativo ou passivo) seja responsável pela morte de cerca de 6 milhões de pessoas por ano mundialmente1111 World Health Organization (WHO). WHO global report on trends in prevalence of tobacco smoking 2015 [Internet]. Geneva (Switzerland): WHO Press; 2015 [cited 2020 Dec 23]. 359 p. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/156262/9789241564922_eng.pdf?sequence=1
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. Entre universitários, esses valores são também elevados, e foi identificado um aumento na frequência de tabagismo nessa população da década de 1990 para a de 20001212 Steptoe A, Wardle J, Cui W, Bellisle F, Zotti AM, Baranyai R, et al. Trends in smoking, diet, physical exercise, and attitudes toward health in European University Students from 13 Countries, 1990-2000. Prev Med. 2002;35(2):97-104. https://doi.org/10.1006/pmed.2002.1048
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. Entre universitários brasileiros, as drogas ilícitas (medicamentos manufaturados, obtidos ou vendidos ilegalmente)1313 Health Sciences Descriptors. Illicit Drugs [Internet]. 2017 ed. São Paulo: BIREME/PAHO/WHO; 2017 [cited 2020 Dec 23]. Available from: https://decs.bvsalud.org/ths/resource/?id=24318&filter=ths_termall&q=Drogas%20Il%C3%ADcitas
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mais citadas como utilizadas alguma vez na vida são inalantes, maconha, ansiolíticos e anfetamínicos; foi ainda verificado que os universitários brasileiros usam quase duas vezes mais inalantes que os norte-americanos33 Eckschmidt F, Andrade AG, Oliveira LG. Comparação do uso de drogas entre universitários brasileiros, norte-americanos e jovens da população geral brasileira. J Bras Psiquiatr. 2013;62(3):199-207. https://doi.org/10.1590/S0047-20852013000300004
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.

Diante desse cenário, o uso de tais substâncias entre universitários tem sido considerado um problema de saúde pública mundial; e, no Brasil, segundo o último Censo da Educação Superior, em 2019, foram realizadas 8.604.526 matrículas na educação superior1414 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior 2019: Divulgação dos resultados [Internet]. Brasília (Brasil): INEP; 2020 [cited 2021 Feb 19]. 82 p. Available from: https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2020/Apresentacao_Censo_da_Educacao_Superior_2019.pdf
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. A enfermagem é uma profissão essencial e considerada nuclear na estrutura das profissões de saúde, possui um contingente de mais de 2 milhões de profissionais no Brasil, está presente em todas as estruturas organizacionais do sistema de saúde brasileiro (hospitais, ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde etc.) e atua nas várias dimensões da saúde (assistência, saúde pública, prevenção e promoção da saúde)1515 Silva MCN, Machado MH. Sistema de Saúde e Trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2020;25(1):7-13. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019
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. Sua multifuncionalidade possibilitou a expansão dos espaços de atuação dos profissionais, trabalhando em processos, coordenação e assistência em saúde dentro das instituições de ensino federais brasileiras. Sendo assim, a atuação dos profissionais de enfermagem, dentro e fora dos ambientes acadêmicos, demonstra-se essencial para controle do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre universitários.

Entretanto, embora o conhecimento sobre a relação entre a vida universitária e a saúde dos estudantes seja fundamental para a formulação de intervenções e políticas, os trabalhos sobre o tema ainda são limitados. A grande maioria dos estudos publicados avaliam poucos fatores acadêmicos; limitam-se a cursos ou a instituições específicas e a pequenas amostras; e são realizados em países restritos, principalmente os desenvolvidos. Dessa forma, surge a seguinte questão de pesquisa: “Quais fatores acadêmicos estão associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas?” A nossa hipótese é a de que diversos fatores acadêmicos estejam associados ao consumo dessas substâncias.

OBJETIVOS

Analisar os fatores associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas em estudantes de graduação de instituições federais brasileiras.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Esta pesquisa obteve a aprovação da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES)1616 Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. A ANDIFES [Internet]. Brasília (Brazil): ANDIFES; 2020 [cited 2020 Dec 23]. Available from: http://www.andifes.org.br/institucional/andifes/
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para utilização do banco de dados e do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa.

Desenho, período e local do estudo

Estudo observacional, transversal, com amostragem por conveniência, norteado pela ferramenta STROBE, realizado em 62 instituições federais brasileiras entre setembro de 2014 e fevereiro de 2015. Compõe o projeto Saúde dos Estudantes de Graduação de Instituições Federais Brasileiras”.

População; critérios de inclusão e exclusão

A população foi constituída de estudantes de graduação (bacharelados, licenciaturas e tecnólogos) regularmente matriculados em cursos presenciais (todas as áreas) de 62 instituições federais brasileiras em 2014. Considerando todas as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET) do país no referido ano (N = 65), apenas três não participaram desta pesquisa: a Universidade Federal do Espírito Santo e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, as quais não disponibilizaram os registros necessários para que seus estudantes tivessem acesso ao sistema de coleta de dados; e a Universidade Federal do Oeste da Bahia, devido à sua recente fundação (em 2013). Sendo assim, integraram o estudo 20 IFES/CEFET do Sudeste, 17 do Nordeste, 10 do Norte, 10 do Sul e 5 do Centro-Oeste (n = 62); houve a participação do Distrito Federal e de todos estados brasileiros, com exceção do Espírito Santo.

O critério de inclusão da pesquisa foi ser estudante de graduação regularmente matriculado em cursos presenciais em uma das 62 IFES/CEFET em 2014 (dados fornecidos pelas instituições de ensino; N = 939.604). Foram excluídos os estudantes que apresentavam questões do questionário em branco.

Protocolo do estudo

Os dados deste estudo foram coletados pela ANDIFES e pelo Fórum Nacional de PróReitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE)1717 Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis [Internet]. Brasília (Brazil): ANDIFES; 2020 [cited 2020 Dec 23]. Available from: http://www.andifes.org.br/forum-nacional-de-pro-reitores-de-assuntos-comunitarios-e-estudantis-fonaprace/
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, por intermédio da “IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras”1616 Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. A ANDIFES [Internet]. Brasília (Brazil): ANDIFES; 2020 [cited 2020 Dec 23]. Available from: http://www.andifes.org.br/institucional/andifes/
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. A pesquisa foi executada pelo Centro de Pesquisas Econômico-Sociais (CEPES), órgão complementar do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), conforme solicitado pelo FONAPRACE, mediante questionário online autopreenchido pelos estudantes (disponível em: http://www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Pesquisa-de-Perfil-dos-Graduanso-das-IFES_2014.pdf)1818 Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis. IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras [Internet]. Brasília (Brazil): ANDIFES; 2020 [cited 2020 Dec 23]. Available from: http://www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Pesquisa-de-Perfil-dos-Graduanso-das-IFES_2014.pdf
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.

As únicas informações fornecidas pelas instituições de ensino, e não pelo autopreenchimento do questionário on-line, foram: código e-MEC; Unidade da Federação e cidade da IFES/CEFET; código e-MEC do curso e CPF (transformado em um código individual de identificação); sexo; data e cidade de nascimento; e ano de ingresso do estudante.

Entre setembro e dezembro de 2014, foram fornecidas informações pelas instituições de ensino, possibilitando acesso ao sistema on-line. Entre 18 de novembro de 2014 e 1º de fevereiro de 2015, os estudantes acessaram o questionário on-line (com a possibilidade de vínculo aos sistemas de matrículas da instituição) e realizaram o autopreenchimento deste.

Uso de bebidas alcoólicas, tabaco ou drogas ilícitas foram as variáveis dependentes analisadas pelo estudo. Os estudantes responderam as perguntas: Com que frequência você faz uso de bebidas alcoólicas?, Com que frequência você faz uso de tabaco (cigarro ou outros)?” e Com que frequência você faz uso de drogas não lícitas?. A presença do uso da substância se dava pela escolha das respostas nos finais de semana, várias vezes por semana, todos os dias ou ocasionalmente; enquanto a ausência do uso, pela resposta nunca.

Os fatores acadêmicos (variáveis independentes) foram: ano acadêmico; área e turno do curso; caracterização do campus como sede ou avançado; modalidade de ingresso na instituição de ensino (ampla concorrência ou cota); tempo de dedicação extraclasse aos estudos; participação em atividades/programas acadêmicos; matrícula em curso que corresponde à primeira opção; intenção em trocar de curso; tipo de moradia; participação em atendimentos médicos e/ou psicológicos da assistência estudantil; participação em programa de assistência estudantil nas áreas de cultura e/ou esporte e lazer; provimento, por parte da universidade, de condições para a realização de alguma das suas atividades físicas; rede preferencial de atendimento médico; participação em movimento artístico-cultural, ecológico, estudantil, religioso e/ou político; e dificuldades com interferência significativa na vida ou no contexto acadêmico (adaptação a novas situações [cidade, moradia, distância da família, outras], dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo [livros, computador, outros], dificuldades financeiras, dificuldade de aprendizado, falta de disciplina/hábito de estudo, carga excessiva de trabalhos estudantis ou dificuldade na relação professor-estudante).

As variáveis sociodemográficas, utilizadas neste estudo para fins de ajuste, foram: idade, sexo, cor/raça e estado civil do estudante; escolaridade materna; renda familiar bruta per capita (estimada); realização de trabalho remunerado pelo estudante; relato de possuir filhos; e localização do campus na capital ou interior do estado. As variáveis renda familiar bruta e número de pessoas dependentes da renda foram informadas pelos estudantes em faixas. Posteriormente, para o cálculo da renda familiar bruta per capita, foram adotados os valores médios das faixas salariais (p.ex., de “um a dois salários mínimos”, considerava-se renda de 1,5 salário mínimo). Para a faixa “acima de dez salários mínimos” da renda familiar bruta, foi adotado o valor de 10,5 salários mínimos; e para a faixa “nove ou mais” do número de pessoas dependentes da renda, foi adotado o valor de dez pessoas.

Análise dos resultados e estatística

A caracterização da amostra foi realizada com uso de medidas de frequência (absoluta e relativa), tendência central e dispersão. Para identificar os fatores associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, utilizou-se regressão logística bruta e ajustada. Com base em análise bruta, as variáveis explicativas com valor p < 0,20 foram inseridas pelo método backward no modelo ajustado, sendo que aquelas com menor significância (maior valor p) foram retiradas uma a uma do modelo. O procedimento foi repetido até que todas as variáveis presentes no modelo possuíssem significância estatística (p < 0,05). No modelo ajustado, foram também incluídas as variáveis sociodemográficas descritas anteriormente com a finalidade de ajuste. Utilizou-se, para verificação da adequação do modelo final, o teste de Hosmer & Lemeshow. A razão de chances (odds ratio - OR), com intervalo de 95% de confiança (IC95%), foi utilizada como medida de associação. Os dados foram analisados com auxílio dos softwares SPSS (versão 20.0) e Stata (versão 13.0).

RESULTADOS

Ao final da pesquisa, atingiu-se uma amostra de 126.326 estudantes de graduação regularmente matriculados em cursos presenciais de 62 Instituições Federais Brasileiras em 2014 (131.662 respondentes; 5.336 excluídos). Dentre estes, o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas foi citado por, respectivamente, 62,8% (n = 79.293), 11% (n = 13.947) e 7,5% (n = 9.429) dos estudantes. Na Tabela 1, descreve-se o perfil sociodemográfico dos participantes.

Tabela 1
Perfil sociodemográfico dos estudantes de graduação de 62 Instituições Federais de Ensino Superior/Centros Federais de Educação Tecnológica, Brasil, 2014, (N = 126.326)

Os modelos de regressão logística bruta e ajustada sobre o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas são apresentados na Tabela 2. Foram identificadas maiores chances do uso das três categorias de substâncias entre universitários que não residiam com a família (destacando repúblicas [álcool: ORa: 2,38; IC95%: 2,28-2,48; tabaco: ORa: 2,20; IC95%: 2,09-2,33; e drogas ilícitas: ORa: 2,53; IC95%: 2,38-2,70] e moradias universitárias [álcool: ORa: 1,8; IC95%: 1,68-1,98; tabaco: ORa: 1,83; IC95%: 1,64-2,05; e drogas ilícitas: ORa: 2,53; IC95%: 2,23-2,87]), atuaram em movimentos do tipo artístico-cultural (destacando drogas ilícitas [ORa: 2,45; IC95%: 2,27-2,65]), ecológico, estudantil (destacando drogas ilícitas [ORa: 2,43; IC95%: 2,28-2,59]) e político; participaram de atividades em assistência estudantil em cultura; possuíam dúvidas sobre trocar de curso; e relataram dificuldades envolvendo relação professor-estudante, questões financeiras ou falta de disciplina/hábito de estudo.

Tabela 2
Modelos de regressão logística sobre o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre estudantes de graduação de 62 Instituições Federais de Ensino Superior/Centros Federais de Educação Tecnológica, Brasil, 2014, (N = 126.326)

Apresentaram ainda uma maior chance de uso de álcool os estudantes com maior tempo universitário, de Ciências Agrárias, de cursos noturnos, ingressantes por cota, participantes de programas acadêmicos e que relataram assistência estudantil por meio de atendimentos médicos ou condições universitárias para a realização de atividades físicas.

Adicionalmente, os estudantes de Ciências Humanas (ORa: 2,19; IC95%: 2,03-2,37), que não estavam matriculados em cursos que correspondiam à sua primeira opção de escolha, com intenção em trocar de curso e que participaram de atendimentos médicos ou psicológicos da assistência estudantil apresentaram maior chance de uso do tabaco.

Já a maior chance de uso de drogas ilícitas também esteve presente entre universitários com maior tempo institucional, de Ciências Humanas (ORa: 2,55; IC95%: 2,34-2,78), participantes de programas acadêmicos remunerados, com intenção em trocar de curso e que relataram assistência estudantil por meio de atendimentos psicológicos ou condições universitárias para atividade física.

Por outro lado, também foram identificadas menores chances do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre universitários de campi avançados, com maior tempo de dedicação extraclasse aos estudos (> 15 horas/semana), membros de movimentos religiosos [álcool (ORa: 0,28; IC95%: 0,26-0,29), tabaco (ORa: 0,23; IC95%: 0,21-0,26) e drogas ilícitas (ORa: 0,18; IC95%: 0,16-0,21)] e que relataram dificuldades envolvendo aprendizado e adaptação a novas situações. Os cursos diurnos, de Ciências Exatas/da Terra e de Linguística/Letras/Artes e envolvendo universitários com relato de dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo apresentaram ainda uma menor chance de uso de álcool. O menor uso de tabaco também foi observado entre os cursos diurnos, ingressantes por cota e com relato de carga excessiva de trabalhos estudantis. Já o menor uso de drogas ilícitas foi identificado entre as áreas de Engenharias e de Ciências Exatas/da Terra.

DISCUSSÃO

Foram identificadas maiores chances do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre universitários que não residiam com a família, atuaram em movimentos artístico-cultural, ecológico, estudantil e político, participaram de atividades em assistência estudantil em cultura, possuíam dúvidas sobre trocar de curso e relataram dificuldades envolvendo relação professorestudante, questões financeiras ou falta de disciplina/hábito de estudo. Por outro lado, foram identificadas menores chances do uso das três substâncias entre universitários de campi avançados, com > 15 horas/semana de dedicação extraclasse aos estudos, membros de movimentos religiosos e que relataram dificuldades envolvendo aprendizado e adaptação a novas situações.

Outros estudos nacionais identificaram prevalências do uso na vida de álcool, tabaco e drogas ilícitas mais elevadas do que as encontradas neste estudo1919 Souza J, Hamilton H, Wright MGM. O desempenho acadêmico e o consumo de álcool, maconha e cocaína entre estudantes de graduação de Ribeirão Preto - Brasil. Texto Contexto Enferm. 2019;28(spe):e315. https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-cicad-3-15
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-2020 Candido FJ, Souza R, Stumpf MA, Fernandes LG, Veiga R, Santin M, et al. The use of drugs and medical students: a literature review. Rev Assoc Med Bras. 2018;64(5):462-8. https://doi.org/10.1590/1806-9282.64.05.462
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. Revela-se que consumos de álcool, tabaco e drogas ilícitas se tornam maiores com o passar dos anos acadêmicos88 Colares V, Franca C. Estudo comparativo de condutas de saúde entre universitários no início e no final do curso. Rev Saúde Pública. 2008;42(3):420-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000300005
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) (semelhante ao observado para álcool e drogas ilícitas). A população universitária é mais vulnerável à iniciação e manutenção do consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas, em razão das possibilidades de compra, maior disponibilidade de situações de consumo, as recentes independência e autonomia adquiridas e, em muitas ocasiões, a falta de controle dos pais33 Eckschmidt F, Andrade AG, Oliveira LG. Comparação do uso de drogas entre universitários brasileiros, norte-americanos e jovens da população geral brasileira. J Bras Psiquiatr. 2013;62(3):199-207. https://doi.org/10.1590/S0047-20852013000300004
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,2121 Castaño-Perez GA, Calderon-Vallejo GA. Problems associated with alcohol consumption by university students. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(5):739-46. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3579.2475
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. De forma semelhante, aponta-se que residir com a família seria um fator protetor para uso das três categorias de substâncias44 Fernandes TF, Monteiro BMM, Silva JBM, Oliveira KM, Viana NAO, Gama CAP, et al. Uso de substâncias psicoativas entre universitários brasileiros: perfil epidemiológico, contextos de uso e limitações metodológicas dos estudos. Cad Saúde Coletiva. 2017;25(4):498-507. https://doi.org/10.1590/1414-462x201700040181
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5 Slutske WS, Hunt-Carter EE, Nabors-Oberg RE, Sher KJ, Bucholz KK, Madden PAF, et al. Do college students drink more than their non-college-attending peers? evidence from a population-based longitudinal female twin study. J Abnorm Psychol. 2004;113(4):530-40. https://doi.org/10.1037/0021-843X.113.4.530
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8 Colares V, Franca C. Estudo comparativo de condutas de saúde entre universitários no início e no final do curso. Rev Saúde Pública. 2008;42(3):420-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000300005
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13 Health Sciences Descriptors. Illicit Drugs [Internet]. 2017 ed. São Paulo: BIREME/PAHO/WHO; 2017 [cited 2020 Dec 23]. Available from: https://decs.bvsalud.org/ths/resource/?id=24318&filter=ths_termall&q=Drogas%20Il%C3%ADcitas
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19 Souza J, Hamilton H, Wright MGM. O desempenho acadêmico e o consumo de álcool, maconha e cocaína entre estudantes de graduação de Ribeirão Preto - Brasil. Texto Contexto Enferm. 2019;28(spe):e315. https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-cicad-3-15
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20 Candido FJ, Souza R, Stumpf MA, Fernandes LG, Veiga R, Santin M, et al. The use of drugs and medical students: a literature review. Rev Assoc Med Bras. 2018;64(5):462-8. https://doi.org/10.1590/1806-9282.64.05.462
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21 Castaño-Perez GA, Calderon-Vallejo GA. Problems associated with alcohol consumption by university students. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(5):739-46. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3579.2475
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-2222 Demenech LM, Dumith SC, Paludo SS, Neiva-Silva L. Academic migration and marijuana use among undergraduate students: evidences from a sample in southern Brazil. Ciênc Saúde Coletiva. 2019;24(8):3107-16. https://doi.org/10.1590/1413-81232018248.27292017
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.

Para o nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a avaliar a associação entre o consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas e movimentos universitários. Outro trabalho também identificou maior uso de tabaco e drogas ilícitas entre os universitários da área de Humanas2323 Andrade AG, Duarte PCAV, Oliveira LG. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília (BR): SENAD; 2010 [cited 2020 Dec 23]. 284 p. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
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. Ressaltase, entretanto, que apesar de os cursos de Ciências da Saúde serem detentores de maior acesso à informação, identificou-se menor uso de álcool entre as áreas de Ciências Exatas/da Terra e de Linguística/Letras/Artes e menor uso de drogas ilícitas entre as áreas de Engenharias e de Ciências Exatas/da Terra, demonstrando que não somente o acesso ao conteúdo teórico favoreceriam suas escolhas (conforme demonstrado também em outro estudo)2424 Rodríguez-Muñoz PM, Carmona-Torres JM, Rodríguez-Borrego MA. Influência do consumo de tabaco e álcool, de hábitos alimentares e atividade física em estudantes de enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem. 2020;28:e3230. https://doi.org/10.1590/1518-8345.3198.3230
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.

Enquanto foi identificado que os cursos noturnos apresentavam maior chance de uso de álcool, comparado aos cursos integrais, outro estudo2323 Andrade AG, Duarte PCAV, Oliveira LG. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília (BR): SENAD; 2010 [cited 2020 Dec 23]. 284 p. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
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não identificou essa diferença. Foi apontada, entretanto, maior frequência de uso de tabaco e drogas ilícitas e de uso simultâneo de álcool e outras drogas entre universitários do período noturno2323 Andrade AG, Duarte PCAV, Oliveira LG. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília (BR): SENAD; 2010 [cited 2020 Dec 23]. 284 p. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
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. Motivadores do uso das substâncias frequentemente citados por universitários são curiosidade, suporte e a interação social e alívio das insatisfações gerais da vida (podem estar relacionados ao perfil de estudantes de cursos noturnos, muitos destes, trabalhadores)2323 Andrade AG, Duarte PCAV, Oliveira LG. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília (BR): SENAD; 2010 [cited 2020 Dec 23]. 284 p. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
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.

Ao nosso conhecimento, este também foi o primeiro estudo a investigar a matrícula em cursos correspondentes à primeira opção e a intenção/dúvidas sobre a troca de curso, bem como suas associações com o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Demonstrou-se que essas insatisfações ou dúvidas podem estar associadas a comportamentos de risco para a saúde. Relatase que o uso abusivo de álcool tem sido associado à maior omissão/abandono/insatisfação escolar e quantidade de repetições nos cursos entre universitários2121 Castaño-Perez GA, Calderon-Vallejo GA. Problems associated with alcohol consumption by university students. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(5):739-46. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3579.2475
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.

Considerando que os universitários que relataram dificuldades financeiras e falta de disciplina/hábito de estudo estiveram associados a maiores chances de uso das três substâncias, outro estudo demonstrou que, tendo em conta o comportamento dos estudantes a respeito das aulas, estar atrasado, ausente e com dificuldades para concentração ou para completar as tarefas foram preditores independentes do consumo moderado e elevado de álcool22 Tembo C, Burns S, Kalembo F. The association between levels of alcohol consumption and mental health problems and academic performance among young university students. PLoS One. 2017;12(6):1-13. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0178142
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. Tendo em vista o desenho seccional deste estudo, não é possível atribuir causalidade entre o uso das substâncias e os fatores acadêmicos, sugerindo estudos prospectivos.

Semelhante ao observado para a relação professor-estudante, outro estudo observou associações significantes entre o consumo de álcool e brigas/discussões com amigos, conflitos com os pais e brigas/discussões com desconhecidos2121 Castaño-Perez GA, Calderon-Vallejo GA. Problems associated with alcohol consumption by university students. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(5):739-46. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3579.2475
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. Por outro lado, o maior tempo de dedicação extraclasse aos estudos foi associado à menor chance de uso das três substâncias, e outros estudos também identificaram que, nos dias em que os estudantes se dedicavam mais tempo aos estudos, relatavam-se menos episódios pesados de consumo de bebidas alcoólicas2525 Greene KM, Maggs JL. Academic time during college: Associations with mood, tiredness, and binge drinking across days and semesters. J Adolesc. 2017;56:24-33. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2016.12.001
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. Já os movimentos religiosos foram associados a uma redução de 72%, 76,5% e 81,2% nas chances de uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, respectivamente, corroborando os achados da literatura2626 Guidorizzi ZAC, Cumsille F, Robert M. A associação entre o uso de álcool, maconha e cocaína e as características sociodemográficas de universitários de Ribeirão Preto, Brasil. Texto Contexto Enferm. 2019;28(spe):e110. https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-cicad-1-10
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-2727 Silva LVER, Malbergier A, Stempliuk VA, Andrade AG. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. Rev Saude Publica. 2006;40(2):280-8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000200014
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.

Sobre a menor chance de uso das três substâncias nos campi avançados, estes são, normalmente, mais novos que os campi-sede e, possivelmente, a cultura de “diversão universitária”, em que o uso de substâncias psicoativas é frequente, ainda não tenha influenciado tanto esses ambientes. Dentre as motivações e/ou fatores de risco para o consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas no ambiente universitário, a influência do ambiente sociocultural (como a influência dos amigos, curiosidade e busca de diversão) tem se mostrado elemento central2828 Balthazar EB, Gaino LV, Almeida LY, Oliveira JL, Souza J. Risk factors for substance use: perception of student leaders. Rev Bras Enferm. 2018;71(Suppl5):2116-22. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0587
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.

Ter como rede preferencial de atendimento médico os serviços de saúde oferecidos pela própria universidade também não se associou a melhores indicadores sobre o uso de álcool, tabaco ou drogas ilícitas, comparado aos estudantes que citaram a rede pública; e algumas dimensões de assistência estudantil também estiveram associadas à maior chance de uso de uma das substâncias, podendo ter ocorrido pelo fato de os estudantes usuários buscarem com mais frequência os serviços de assistência da universidade como uma unidade de apoio. Novamente, considerando o desenho seccional, não é possível atribuir causalidade entre o uso das substâncias e, por exemplo, a participação em atendimentos psicológicos da assistência estudantil, sugerindo estudos prospectivos. Na Austrália, os estudantes que possuíam consumo elevado de álcool tinham 20% mais chance de reportar estresse psicológico, comparados aos indivíduos com menores níveis de consumo22 Tembo C, Burns S, Kalembo F. The association between levels of alcohol consumption and mental health problems and academic performance among young university students. PLoS One. 2017;12(6):1-13. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0178142
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. Outro estudo identificou: universitários que receberam conselho médico para reduzir o consumo de bebidas alcoólicas apresentaram uma prevalência 5,6 vezes maior de abusar do álcool, comparados aos que não receberam esse conselho2929 Pedrosa AASS, Camacho LAB, Passos SRL, Oliveira RVC, Oliveira RVC, Antonio A, et al. Consumo de álcool entre estudantes universitários. Cad Saude Publica. 2011;27(8):1611-21. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000800016
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. Assim, sugere-se que sejam reforçadas as ações preventivas voltadas ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas dentro da assistência estudantil, visto que os universitários são potenciais usuários. Além disso, é importante que os atendimentos em saúde (médicos, psicológicos, odontológicos e nutricionais) estejam pautados nos princípios da promoção da saúde e no atendimento humanizado, possibilitando um eficiente acolhimento dos universitários. Como medidas que podem ser adotadas para a prevenção do consumo abusivo de álcool, tabaco e drogas ilícitas, sugere-se: a educação com treino de habilidades para melhor lidar com o estresse, a detecção precoce do uso, o fornecimento de informação científica, programas de professores/tutores treinados para detectar problemas dessa ordem e a maior carga horária para as disciplinas que abordam o uso de substâncias psicoativas2727 Silva LVER, Malbergier A, Stempliuk VA, Andrade AG. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. Rev Saude Publica. 2006;40(2):280-8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000200014
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Cabe destacar que existem fatores relacionados a aspectos macroestruturais, podendo anteceder a entrada dos estudantes à vida acadêmica, como dificuldades financeiras - esse aspecto precisa ser levado em consideração, haja vista a sucessão de problemas em cadeia que envolve e que necessita de reparo. Medidas de assistência estudantil (qualitativa e quantitativamente adequadas), como bolsas, serviços e assistências, poderiam equilibrar tais iniquidades e propiciar melhores indicadores de saúde.

Os achados deste estudo apontam associações inéditas entre fatores acadêmicos e uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas em universitários. Deve-se ponderar se alguns movimentos universitários reúnem perfis de estudantes mais propensos ao uso das substâncias ou atuam como incentivadores ao uso, bem como avaliar consequências sobre dimensões acadêmicas e de saúde. Conforme destacado anteriormente, as publicações sobre o tema ainda são escassas e, quando disponíveis, avaliam apenas um ou poucos aspectos da vida acadêmica, sem uma avaliação completa, apesar da grande visibilidade internacional e da grande importância e impacto social do tema. Adicionalmente, foi contemplada a amostra de estudantes de graduação de instituições federais brasileiras mais abrangente de que se tem conhecimento: este artigo traz informações sobre instituições localizadas em todo território nacional e relevantes à saúde pública, conjuntamente a um número amostral expressivo. Este tema tem seu reconhecimento destacado pela OMS, que estimula a estratégia Health Promoting Universities.

Limitações do estudo

Dentre os fatores potencialmente influenciadores das respostas dos universitários, destaca-se a memória, o momento acadêmico vivenciado no ato do preenchimento do questionário (pré/pósprovas, carga horária do período, final de semestre etc.) e a interpretação da questão apresentada (autopreenchimento). Com relação à baixa taxa de resposta deste estudo (13,4% da população), ressalta-se que, em estudos epidemiológicos, os participantes tendem a diferir dos não participantes em relação a alguns aspectos, como sexo, nível socioeconômico, tempo disponível e hábitos, bem como condições de saúde física e mental. Entretanto, esse viés de participação tem sido apontado como uma maior limitação à validade dos estudos de prevalência do que dos estudos de associação, como é o caso do presente trabalho. Ainda, sugere-se que, em pesquisas futuras, sejam adotados instrumentos validados sobre o uso de substâncias e abordagem sobre o uso abusivo.

Contribuições para Políticas Públicas de Saúde

Foi identificado que uma série de fatores acadêmicos estão associados ao uso de álcool, tabaco e/ou drogas ilícitas. Saber o que está acontecendo, como está acontecendo e o que pode ser feito para melhorar a saúde dos universitários configura-se como uma necessária e importante estratégia de saúde pública. As universidades têm a oportunidade e a responsabilidade de desenvolver e implementar as melhores evidências de pesquisa disponíveis, definindo um ponto de referência para outros grupos. Foram evidenciados quais perfis estudantis requerem maior atenção dos profissionais de saúde, professores, coordenadores e gestores universitários; e sinalizadas as áreas preferenciais de intervenção. Tudo isso pode ajudar a elaborar estratégias para a prevenção do uso dessas substâncias entre universitários.

CONCLUSÕES

Este estudo confirmou que os fatores acadêmicos estão associados ao uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Identificamos que fatores acadêmicos importantes - como tempo de vivência acadêmica, entrada por cota, turno e área do curso, escolha de um curso que não corresponde a sua primeira opção de escolha, intenção ou dúvida em trocar de curso, não residência com a família, participação em movimentos universitários, tempo de dedicação extraclasse aos estudos, assistência estudantil e dificuldades com interferência significativa na vida/contexto acadêmico - estão associados às chances do uso de álcool, tabaco e/ou drogas ilícitas. Esses achados contribuem para a atuação dos profissionais de enfermagem na elaboração de políticas (especialmente governamentais, em instituições de ensino superior e cidades universitárias), assistência e promoção de saúde dos universitários.

AGRADECIMENTO

À Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior e ao Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis pela realização do inquérito e disponibilização dos dados, aos gestores e servidores das instituições de ensino pela mobilização da pesquisa, aos estudantes pela participação e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição e ao Campus Florestal da Universidade Federal de Viçosa pelos recursos humanos.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Álvaro Sousa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    23 Dez 2020
  • Aceito
    08 Mar 2021
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