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Telessaúde e disfagia orofaríngea: uma revisão integrativa

RESUMO

Objetivo:

analisar a abordagem fonoaudiológica por meio da telessaúde em pacientes com disfagia e determinar as aplicações e efeitos desta prática.

Métodos:

para seleção foram utilizados os descritores: Telerehabilitation, Telemedicine, "Remote Consultation", "Delivery of Health Care", "Distance Counseling", "Therapy, Computer-Assisted", “Speech-Language Pathology”, "Speech Therapy", "Deglutition Disorders", Dysphagia, “Bottle Feeding" e "Enteral Nutrition” nas bases de dados PubMed, MedLine, Scopus e Web of Science e na literatura cinzenta, por meio do Google Acadêmico e ProQuest. Foram selecionados estudos sem delimitação de tempo, nas línguas português, inglês e espanhol, que descrevessem a aplicabilidade e/ou efeitos da telessaúde na prática fonoaudiológica junto à pacientes com alteração da deglutição/disfagia, sem restrição de sexo e idade. Para análise considerou-se: nível de evidência científica e recomendação, modalidade de telessaúde, objetivos, métodos e resultados/conclusão.

Revisão da Literatura:

foram encontrados 490 artigos e, após exclusão de duplicatas, análise dos títulos, resumos e leitura completa dos artigos, 22 estudos foram selecionados. Os artigos foram classificados nas modalidades da telessaúde: tele-educação, telediagnóstico, teleconsultoria, telerregulação e telemonitoramento.

Conclusão:

as modalidades de telessaúde descritas tiveram grande potencial para promover melhoras significativas em pacientes com alteração de deglutição/disfagia, sugerindo-as como viáveis para serviços fonoaudiológicos. Entre elas, a teleconsulta foi a menos explorada.

Descritores:
Deglutição; Transtornos de Deglutição; Telemedicina; Telerreabilitação; Fonoaudiologia

ABSTRACT

Purpose:

to analyze the telehealth speech therapy approach in patients with oropharyngeal dysphagia and determine the applications and effects of this practice.

Methods:

the following descriptors were used for selection: Telerehabilitation, Telemedicine, "Remote Consultation", "Healthcare Delivery", "Distance Counseling", "Therapy, Computer-Assisted", "Speech-Language Pathology", "Speech Therapy", "Swallowing Disorders", Dysphagia, “Bottle Feeding" and "Enteral Nutrition” in PubMed, MedLine, Scopus and Web of Science databases and in the gray literature, by Google Scholar and ProQuest. Studies were selected without time limits, in Portuguese, English and Spanish, that described the applicability and/or effects of telehealth in speech therapy practice in patients with swallowing disorders/dysphagia, regardless of gender and age. For analysis, the following were considered: level of scientific evidence and recommendation, telehealth modality, objectives, methods and results/conclusion.

Literature Review:

490 articles were found and, after exclusion of duplicates, analysis of titles, abstracts and reading of full articles, 22 studies were selected. The articles were classified into telehealth modalities: tele-education, telediagnosis, teleconsulting, teleregulation and telemonitoring.

Conclusion:

the telehealth modalities described had a great potential to promote significant improvements in patients presented with swallowing disorders/dysphagia, suggesting them as viable for speech therapy services. Among them, teleconsultation was the least addressed.

Descriptors:
Swallowing; Swallowing Disorders; Telemedicine; Telerehabilitation; Speech-Language Pathology

INTRODUÇÃO

Para a sobrevivência humana, a alimentação torna-se fonte indispensável para obtenção de nutrientes, energia e experiências prazerosas e sensoriais. Existem vários tipos de vias de alimentação, sendo a via oral a forma fisiológica. Entretanto, há pessoas que apresentam limitações para ingestão oral, sendo necessários utilização de via alternativa, manobras posturais e/ou manejos para favorecer a alimentação por via oral11. Furkim AM, Sacco ABF. Eficácia da fonoterapia em disfagia neurogênica usando a escala funcional de ingestão por via oral (FOIS) como marcador. Rev. CEFAC. 2008;10(4):503-12. https://doi.org/10.1590/S1516-18462008000400010
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. Esses procedimentos são necessários nos casos em que há uma alteração na deglutição, denominada disfagia orofaríngea, com prejuízos nos sistemas neurais, motores e/ou sistemas sensoriais que regulam a função de conduzir de forma segura o alimento da boca até o estômago22. Mendell DA, Logemann JA. Temporal sequence of swallow events during the oropharyngeal swallow. J Speech, Lang Hear Res. 2007;50(5):1256-71. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2007/088) PMID: 17905910.
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2007/0...

3. Zancan M, Lucchesi KF, Mituuti CT, Furkim AM. Onset locations of the pharyngeal phase of swallowing: meta-analysis. CoDAS. 2017;29(2):1-8. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016067 PMID: 28327783.
https://doi.org/10.1590/2317-1782/201720...
-44. Burkhead LM, Sapienza CM, Rosenbek JC. Strength-training exercise in dysphagia rehabilitation: principles, procedures, and directions for future research. Dysphagia. 2007;20;22(3):251-65. https://doi.org/10.1007/s00455-006-9074-z PMID: 17457549.
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.

Independentemente da etiologia da disfagia, pode haver riscos para a saúde, aumentando a probabilidade de desnutrição, infecção pulmonar, dificuldades na mastigação, regurgitação nasal, controle de saliva, tosse e/ou engasgos, que implicam em taxas de mortalidade, morbidade e custos hospitalares11. Furkim AM, Sacco ABF. Eficácia da fonoterapia em disfagia neurogênica usando a escala funcional de ingestão por via oral (FOIS) como marcador. Rev. CEFAC. 2008;10(4):503-12. https://doi.org/10.1590/S1516-18462008000400010
https://doi.org/10.1590/S1516-1846200800...
,55. Altman KW, Yu G-P, Schaefer SD. Consequence of dysphagia in the hospitalized patient. Arch Otolaryngol Neck Surg. 2010;136(8):784. https://doi.org/10.1001/archoto.2010.129 PMID: 20713754.
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,66. Toscano M, Viganò A, Rea A, Vizina A, Passo D'Elia T, Puledda F et al. Sapienza Global Bedside Evaluation of Swallowing after Stroke: the GLOBE-3S study. Eur J Neurol. 2019;26(4):596-602. https://doi.org/10.1111/ene.13862 PMID: 30414300.
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. Dessa forma, pacientes disfágicos precisam de um cuidado longitudinal que possa atender suas demandas, minimizando os danos causados pelas manifestações da disfagia. Para isso, é necessária uma equipe multidisciplinar com trabalho integrativo e humanizado, que inclui a participação do fonoaudiólogo nos diferentes níveis de atenção à saúde77. Santos LB, Mituuti CT, Luchesi KF. Speech therapy for patients with oropharyngeal dysphagia in palliative care. Audiol., Commun. Res. 2020;25:e2262. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2262
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,88. Penié JB, Porbén SS, Gonzaléz CM, Ibarra AMS. Grupo de apoyo nutricional hospitalario: diseño, composicion y programa de actividades. Rev Cuba Aliment y Nutr. 2000;14(1):55-64..

Em decorrência da frequente demanda para atendimento de pacientes com disfagia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a Fonoaudiologia Hospitalar possibilita a intervenção precoce por meio da avaliação e diagnóstico diferencial, com a finalidade de prevenir e reduzir as complicações clínicas99. Silva DLS, Lira FOQ, Oliveira JCC, Canuto MSB. Speech therapy practice in the intensive care unit of a hospital of infectious diseases of Alagoas. Rev. CEFAC. 2016;18(1):174-83. https://doi.org/10.1590/1982-0216201618112015
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. Nesse sentido, essa atuação pode, ainda, envolver a reabilitação de aspectos da cognição e comunicação, além de integrar a Telefonoaudiologia ao âmbito hospitalar1010. Canuto MSB, Pereira RJS. Fonoaudiologia e disfagia em ambiente hospitalar. Rev. Intensiv. 2011;6:28-34.,1111. Medeiros GC, Sassi FC, Andrade CRF. Use of silicone bracelet to signal risk of bronchoaspiration in a hospital setting. Audiol., Commun. Res. 2019;24:e2258. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2258
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.

No intuito de oferecer saúde a todos e em todos os lugares, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, deu início à elaboração da estratégia global de Saúde Digital. Neste plano, entende-se por Saúde Digital todos os conceitos relacionados à Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs), compreendidos como ferramentas que utilizam os avanços tecnológicos para potencializar o acesso à saúde1212. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. O que é saúde digital? [accessed 2021 jul 27]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-digital
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
. Integrada à Saúde digital, a Telessaúde foi incluída neste conceito e, por meio da publicação do Decreto de nº 9795, de 17 de maio de 2019, o Ministério da Saúde destinou ao Departamento de Saúde Digital as responsabilidades sobre a Telessaúde no Brasil, no âmbito do SUS1313. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. Programa Telessaúde Brasil Redes. [accessed 2021 jul 27] Available at: https://www.saude.gov.br/telessaude/saude-digital-e-telessaude
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,1414. Brasil. Decreto n.º 9.795, de 17 de maio de 2019 [homepage on the internet]. Presidencia da República. [accessed 2021 jul 27]. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9795.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_at...
.

No Estados Unidos (EUA), em 2005, em decorrência do avanço da informação e tecnologia de comunicação, a American Speech Language Hearing Association (ASHA) propiciou a utilização da teleprática para oferta de serviços fonoaudiológicos, além das atividades de educação à distância, sendo um modelo apropriado para avaliação, intervenção, telesupervisão e educação continuada1515. Beijer L, Rietveld T. Asynchronous telemedicine applications in rehabilitation of acquired speech-language disorders in neurologic patients. Smart Homecare Technol TeleHealth. 2015;3:39-48. https://doi.org/10.2147/SHTT.S54487
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,1616. ASHA: American-Speech and Hearing Association [homepage on the internet]. Telepractice. [accessed 2021 jul 27]. Available at: https://www.asha.org/practice-portal/professional-issues/telepractice/
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. Data de 1987 as primeiras documentações sobre a aplicação da telessaúde nos distúrbios de fala e linguagem nos EUA. No entanto, a prestação desse serviço no Brasil é recente1717. Duffy JR, Werven GW, Aronson AE. Telemedicine and the diagnosis of speech and language disorders. Mayo Clin Proc. 1997;72(12):1116-22..

Diante do isolamento social decorrente da pandemia da COVID-19, os serviços de saúde reorganizaram o modo de assistência aos usuários1818. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo coronavírus 2019. [accessed 2021 jul 26]. Available at: https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-Boletim-Especial-do-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf
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. Assim, a Fonoaudiologia reinventou-se durante a pandemia, dando avanço às práticas por meio da telessaúde como uma forma de atendimento à população, viabilizando o uso de tecnologias e favorecendo a saúde1111. Medeiros GC, Sassi FC, Andrade CRF. Use of silicone bracelet to signal risk of bronchoaspiration in a hospital setting. Audiol., Commun. Res. 2019;24:e2258. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2258
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.

Nessa perspectiva, o objetivo do presente estudo é analisar a abordagem fonoaudiológica por meio da telessaúde em pacientes com disfagia orofaríngea e determinar as aplicações e efeitos desta prática.

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Para definição da pergunta de pesquisa foi utilizada a estratégia PECO1919. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia [homepage on the internet]. Diretrizes Metodológicas: elaboração de revisão sistemáticas e metanálise de estudos observacionais comparativos sobre fatores de risco e prognósticos. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2014b. 132p. [accessed 2021 ago 19]. Available at: https://rebrats.saude.gov.br/diretrizes-metodologicas
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- 1) População/pacientes = indivíduos de todas as idades, ambos os sexos, com alteração/dificuldade na deglutição/disfagia; 2) Exposição = telessaúde aplicada pela Fonoaudiologia direcionada à alteração/dificuldade na deglutição/disfagia; 3) Comparação/controle = não se aplica; 4) Outcome (desfecho clínico) = aplicabilidade e/ou efeitos na função de deglutição/disfagia.

A localização e a seleção dos estudos foram executadas por meio do levantamento de textos publicados sobre o assunto, nas bases de dados: MedLine (PubMed), Scopus e Web of Science. Adicionalmente, foi realizada uma busca na literatura cinzenta nas bases Google Acadêmico e ProQuest, a fim de recuperar todos os estudos sobre a temática. Não houve delimitação do período da coleta/data de publicação dos estudos. Foram utilizados os descritores, em língua inglesa, espanhola e português brasileiro: Telerehabilitation, Telemedicine, "Remote Consultation", "Delivery of Health Care", "Distance Counseling", "Therapy, Computer-Assisted", “Speech-Language Pathology”, "Speech Therapy", "Deglutition Disorders", Dysphagia, “Bottle Feeding" e "Enteral Nutrition”. A busca foi realizada em setembro de 2020 a partir de combinações e cruzamentos dos descritores, utilizando-se o operador lógico AND, para combinação dos descritores e termos utilizados para rastreamento das publicações, além do operador OR, para busca de termos semelhantes (Apêndice A APÊNDICE A. ESTRATÉGIAS DE BUSCAS NAS BASES DE DADOS E LITERATURA CINZENTA. Base de Dados Busca Medline (PubMed) #1Search: ((((((((«Telerehabilitation»[Mesh]) OR «Telerehabilitation/methods»[Mesh]) OR «Telemedicine»[Mesh]) OR «Remote Consultation»[Mesh]) OR «Delivery of Health Care»[Mesh]) OR «Delivery of Health Care/therapeutic use»[Mesh]) OR «Distance Counseling»[Mesh]) OR «Therapy, Computer-Assisted»[Mesh]) OR «Therapy, Computer-Assisted/therapeutic use»[Mesh] #2 Search: (((«Speech-Language Pathology»[Mesh]) OR «Speech-Language Pathology/methods»[Mesh]) OR «Speech Therapy»[Mesh]) #3 Search: (((((((«Deglutition Disorders»[Mesh]) OR «Deglutition Disorders/rehabilitation»[Mesh]) OR «Deglutition Disorders/therapy»[Mesh)) OR («Bottle Feeding»[Mesh] OR «Enteral Nutrition»[Mesh] )) OR «Diet/therapeutic use»[Mesh] Scopus TITLE-ABS-KEY (telerehabilitation OR telehealth OR telediagnostics OR telemonitoring OR telemedicine ) TITLE-ABS-KEY ( «swallowing disorders» OR «deglutition disorders» OR «dysphagia» AND therapy OR «deglutition therapy») Web of Science # 1 TS= (Telerehabilitation OR Telehelth OR Telemedicine OR Teletherapy OR Remote Consultation OR Distance Counseling OR Delivery of Health Care OR Telemonitoring OR Telediagnosis OR Therapy Computer Assisted) #2 TS= (Speech Language Pathology OR Speech Therapy AND Swallowing Disorders OR Deglutition Disorders OR Dysphagia Therapy OR Deglutition Therapy AND Bottle Feeding OR Enteral Nutrition) Google Scholar Tudo no título: « Telerehabilitation OR Telehelth AND Deglutition Disorders OR Dysphagia AND Speech Language Pathology” ProQuest TI,AB (Telerehabilitation OR Telehelth OR Telemedicine OR Teletherapy OR Remote Consultation OR Distance Counseling OR Delivery of Health Care OR Telemonitoring OR Therapy Computer Assisted) AND (Speech Language Pathology OR Speech Therapy) AND (Swallowing Disorders OR Deglutition Disorders OR Dysphagia Therapy OR Deglutition Therapy OR Bottle Feeding OR Enteral Nutrition ) ). A busca foi realizada de forma independente por dois pesquisadores, visando minimizar possíveis perdas de citações.

A análise de cada uma das citações recuperadas foi realizada de forma independente por três pesquisadores. Inicialmente foi realizada a análise dos títulos e resumos das citações, visando avaliar a pertinência da sua seleção e inclusão no estudo. Posteriormente foram analisados os textos completos das citações selecionadas.

As referências foram gerenciadas e as duplicatas removidas usando o software EndNote X7 (Thomson Reuters, Philadelphia, Pennsylvania)2020. McKinney A. EndNote Web: web-based bibliographic management. J Electron Resour Med Libr. 2013;10(4):185-92. https://doi.org/10.1080/15424065.2013.847693
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. A leitura de títulos e resumos foi realizada por meio do software Rayyan (Qatar Computing Research Institute, Doha, Qatar)2121. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan-a web and mobile app for systematic reviews. Syst Rev. 2016;5(1):210. https://doi.org/10.1186/s13643-016-0384-4
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.

Foram selecionados estudos que descrevessem a aplicabilidade e/ou efeitos da telessaúde na prática fonoaudiológica junto a indivíduos com alteração da deglutição/disfagia, de ambos os sexos, sem restrição de idade. Foram excluídos estudos que não abordavam a atuação fonoaudiológica por meio da telessaúde, estudos que não possuíam enfoque na habilitação/reabilitação da deglutição/disfagia, estudos do tipo revisão, carta, editoriais, anais de congresso, escritos em outras línguas que não fossem o português, inglês ou espanhol, bem como estudos repetidos por sobreposição das palavras-chave.

Os artigos que compuseram a amostra do estudo foram analisados de duas formas: a primeira avaliou o nível de evidência científica e recomendação por meio do instrumento Oxford Centre for Evidence-based medicine2222. Oxford Centre for Evidence-based Medicine: levels of evidence [homepage on the internet]. 2009 Mar [accessed 2021 ago 19]. Available at: http://www.cebm.net/oxford-centre-evidence-based-medicine-levels-evidence-march-2009
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(Oxford); e a segunda referiu-se a uma análise crítica, com base nos objetivos dessa revisão. O instrumento Oxford2222. Oxford Centre for Evidence-based Medicine: levels of evidence [homepage on the internet]. 2009 Mar [accessed 2021 ago 19]. Available at: http://www.cebm.net/oxford-centre-evidence-based-medicine-levels-evidence-march-2009
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é um método que se baseia no delineamento da investigação, e classifica as citações em relação aos níveis de evidência científica - 1a, 1b, 1c, 2a, 2b, 2c, 3a, 3b, 4 e 5 - e em grau de recomendação - A, B, C e D.

Durante a análise crítica, os artigos foram avaliados quanto à aplicabilidade e aos efeitos da telessaúde na Fonoaudiologia aplicada à função de deglutição/disfagia. Foram extraídos dos textos completos os marcadores: modalidade de telessaúde (tele-educação, telediagnóstico, teleconsultoria, telerregulação e telemonitoramento); objetivos; métodos; e resultados/conclusão.

REVISÃO DA LITERATURA

Foram analisados 460 artigos científicos, sendo que 22 desses foram considerados válidos para compor a revisão (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão.

O nível de evidência científica e o grau de recomendação2222. Oxford Centre for Evidence-based Medicine: levels of evidence [homepage on the internet]. 2009 Mar [accessed 2021 ago 19]. Available at: http://www.cebm.net/oxford-centre-evidence-based-medicine-levels-evidence-march-2009
http://www.cebm.net/oxford-centre-eviden...
dos estudos encontram-se descritos no Quadro 1. Os estudos que abordam a atuação fonoaudiológica por meio da telessaúde em pacientes com alteração da deglutição/disfagia são ainda escassos, especialmente quando se trata de aplicação e efeitos dessa prática. Pesquisas com número pequeno de participantes e metodologia de avaliação e tratamento não descritos de forma aprofundada reduzem o nível de evidência científica. Faz-se necessário ampliar a produção científica nessa área, especialmente os ensaios clínicos randomizados e as revisões sistemáticas, e, assim, estabelecer critérios de avaliação e metodologia de tratamento1919. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia [homepage on the internet]. Diretrizes Metodológicas: elaboração de revisão sistemáticas e metanálise de estudos observacionais comparativos sobre fatores de risco e prognósticos. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2014b. 132p. [accessed 2021 ago 19]. Available at: https://rebrats.saude.gov.br/diretrizes-metodologicas
https://rebrats.saude.gov.br/diretrizes-...
. Nos artigos selecionados, houve predomínio de estudos observacionais ou ensaios clínicos de menor qualidade metodológica, o que, de forma geral, ainda não permite generalizações. Alguns estudos citam técnicas/formas de aplicação da telessaúde4545. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. Saúde Digital e Telessaúde. [accessed 2021 ago 19]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-digital/telessaude/telessaude
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
com testes em pequena escala.

Quadro 1
Nível de evidência científica e grau de recomendação dos artigos selecionados

O Quadro 2 apresenta os resultados da etapa de análise crítica. Os artigos foram separados por modalidade de telessaúde - tele-educação, telediagnóstico, teleconsultoria e telemonitoramento4545. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. Saúde Digital e Telessaúde. [accessed 2021 ago 19]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-digital/telessaude/telessaude
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
.

Quadro 2
Análise crítica dos artigos que compuseram a revisão, conforme modalidade de telessaúde((1212. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. O que é saúde digital? [accessed 2021 jul 27]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-digital
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
,4545. Brasil. Ministério da Saúde (MS) [homepage on the internet]. Saúde Digital e Telessaúde. [accessed 2021 ago 19]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-digital/telessaude/telessaude
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
))

Analisando os artigos que abordaram a teleducação como modalidade de telessaúde (n=4), identificou-se que todos utilizaram o treinamento assistido por meio de TICs, um deles para treinamento de equipe profissional3131. Davis L, Copeland K. Effectiveness of computer-based dysphagia training for direct patient care staff. Dysphagia. 2005;20(2):141-8. https://doi.org/10.1007/s00455-005-0007-z PMID: 16172824.
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e outros três para treinamento/formação de profissionais2323. Brady S, Rao N, Gibbons P, Williams L, Hakel M, Pape T. Face-to-face versus online training for the interpretation of findings in the fiberoptic endoscopic exam of the swallow procedure. Adv Med Educ Pract. 2018;9:433-41. https://doi.org/10.2147/AMEP.S142947 PMID: 29928150.
https://doi.org/10.2147/AMEP.S142947...
,2525. Catalani B, Luccas GR de, Berretin-Felix G. Educação mediada por tecnologia em disfagia orofaríngea: proposta de ensino na graduação. Rev Grad USP. 2020;4(1):71-83. https://doi.org/10.11606/issn.2525-376X.v4i1p71-83
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,3232. Ferguson NF, Estis JM. Training students to evaluate preterm infant feeding safety using a video-recorded patient simulation approach. Am J Speech-Language Pathol. 2018;27(2):566-73. https://doi.org/10.1044/2017_AJSLP-16-0107 PMID: 29536107.
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.

Pesquisadores3131. Davis L, Copeland K. Effectiveness of computer-based dysphagia training for direct patient care staff. Dysphagia. 2005;20(2):141-8. https://doi.org/10.1007/s00455-005-0007-z PMID: 16172824.
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verificaram a eficácia de um módulo de segurança da deglutição aplicado à equipe de enfermagem de centros médicos, mediante a aplicação de testes de conhecimento pré e pós-treinamento. Além disso, registraram a diminuição de 59,6% nas taxas de pneumonia hospitalar após a aplicação do programa, sem que outras mudanças conhecidas na política dos hospitais fossem identificadas, sugerindo que o treinamento do manejo da disfagia é necessário e, por meio da teleducação, auxilia profissionais da saúde a se qualificarem.

Na busca pela formação de profissionais, um estudo2323. Brady S, Rao N, Gibbons P, Williams L, Hakel M, Pape T. Face-to-face versus online training for the interpretation of findings in the fiberoptic endoscopic exam of the swallow procedure. Adv Med Educ Pract. 2018;9:433-41. https://doi.org/10.2147/AMEP.S142947 PMID: 29928150.
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concluiu que a incorporação de tecnologia nos programas de pós-graduação em Medicina e Fonoaudiologia rendeu ganhos comparáveis às palestras tradicionais em relação à capacidade de aprender a interpretar com precisão o exame de fibra óptica endoscópica da deglutição (FEES). Outro estudo3232. Ferguson NF, Estis JM. Training students to evaluate preterm infant feeding safety using a video-recorded patient simulation approach. Am J Speech-Language Pathol. 2018;27(2):566-73. https://doi.org/10.1044/2017_AJSLP-16-0107 PMID: 29536107.
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identificou que o uso da simulação de vídeo permite que alunos apliquem efetivamente os princípios de alimentação de bebês prematuros e pratiquem habilidades de pensamento crítico antes de entrar em estágios clínicos relacionados. O estudo cita que, no ambiente educacional atual, as oportunidades de treinamento com prematuros de alto risco são limitadas em decorrência da dificuldade de acesso a serviços de saúde especializados e disponibilidade de supervisores clínicos com experiência e indica, também, custos altos dos simuladores de pacientes.

Por fim, outro estudo2525. Catalani B, Luccas GR de, Berretin-Felix G. Educação mediada por tecnologia em disfagia orofaríngea: proposta de ensino na graduação. Rev Grad USP. 2020;4(1):71-83. https://doi.org/10.11606/issn.2525-376X.v4i1p71-83
https://doi.org/10.11606/issn.2525-376X....
concluiu que o ensino híbrido foi efetivo para a formação de estudantes de Fonoaudiologia em relação à disciplina de estágio supervisionado direcionado à disfagia orofaríngea, somente aplicada na modalidade presencial.

Sete estudos foram classificados na modalidade telediagnóstico2626. Malandraki GA, McCullough G, He X, McWeeny E, Perlman AL. Teledynamic evaluation of oropharyngeal swallowing. J Speech, Lang Hear Res. 2011;54(6):1497-505. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0284) PMID: 22052284.
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/1...
,3333. Kantarcigil C, Malandraki GA. First step in telehealth assessment: a randomized controlled trial to investigate the effectiveness of an electronic case history form for dysphagia. Dysphagia. 2017;32(4):548-58. https://doi.org/10.1007/s00455-017-9798-y PMID: 28424897.
https://doi.org/10.1007/s00455-017-9798-...
,3535. Morrell K, Hyers M, Stuchiner T, Lucas L, Schwartz K, Mako J et al. Telehealth stroke dysphagia evaluation is safe and effective. Cerebrovasc Dis. 2017;44(3-4):225-31. https://doi.org/10.1159/000478107 PMID: 28848110.
https://doi.org/10.1159/000478107...
,3636. Sharma S, Ward EC, Burns C, Theodoros D, Russell T. Assessing swallowing disorders online: a pilot telerehabilitation study. Telemed e-Health. 2011;17(9):688-95. https://doi.org/10.1089/tmj.2011.0034 PMID: 21882996.
https://doi.org/10.1089/tmj.2011.0034...
,3838. Ward EC, Burns CL, Theodoros DG, Russell TG. Impact of dysphagia severity on clinical decision making via telerehabilitation. Telemed e-Health. 2014;20(4):296-303. https://doi.org/10.1089/tmj.2013.0198 PMID: 24443927.
https://doi.org/10.1089/tmj.2013.0198...
,3939. Ward EC, Sharma S, Burns C, Theodoros D, Russell T. Validity of conducting clinical dysphagia assessments for patients with normal to mild cognitive impairment via telerehabilitation. Dysphagia. 2012;27(4):460-72. https://doi.org/10.1007/s00455-011-9390-9 PMID: 22271284.
https://doi.org/10.1007/s00455-011-9390-...
,4242. Perlman AL, Witthawaskul W. Real-time remote telefluoroscopic assessment of patients with dysphagia. Dysphagia. 2002;17(2):162-7. https://doi.org/10.1007/s00455-001-0116-2 PMID: 11956842.
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. Destes, dois estudos aplicaram o exame videofluoroscópico (VFS) da deglutição associada à telessaúde2626. Malandraki GA, McCullough G, He X, McWeeny E, Perlman AL. Teledynamic evaluation of oropharyngeal swallowing. J Speech, Lang Hear Res. 2011;54(6):1497-505. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0284) PMID: 22052284.
https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/1...
,4242. Perlman AL, Witthawaskul W. Real-time remote telefluoroscopic assessment of patients with dysphagia. Dysphagia. 2002;17(2):162-7. https://doi.org/10.1007/s00455-001-0116-2 PMID: 11956842.
https://doi.org/10.1007/s00455-001-0116-...
. Um deles4242. Perlman AL, Witthawaskul W. Real-time remote telefluoroscopic assessment of patients with dysphagia. Dysphagia. 2002;17(2):162-7. https://doi.org/10.1007/s00455-001-0116-2 PMID: 11956842.
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apresentou um sistema de internet em tempo real para avaliação interativa da fase oral e faríngea da deglutição - TESS. Por mais que tenha sido identificado um delay entre a imagem capturada no hospital e a imagem do controlador, a avaliação da deglutição foi possível. O outro2626. Malandraki GA, McCullough G, He X, McWeeny E, Perlman AL. Teledynamic evaluation of oropharyngeal swallowing. J Speech, Lang Hear Res. 2011;54(6):1497-505. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10-0284) PMID: 22052284.
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testou a viabilidade do TESS, sistema apresentado pelo estudo descrito anteriormente. Verificou-se concordância para classificação e recomendação entre as avaliações realizadas pelo sistema e pelo modo tradicional.

Em outros três estudos, avaliou-se a deglutição de forma clínica, utilizando-se o modo remoto e o presencial3535. Morrell K, Hyers M, Stuchiner T, Lucas L, Schwartz K, Mako J et al. Telehealth stroke dysphagia evaluation is safe and effective. Cerebrovasc Dis. 2017;44(3-4):225-31. https://doi.org/10.1159/000478107 PMID: 28848110.
https://doi.org/10.1159/000478107...
,3636. Sharma S, Ward EC, Burns C, Theodoros D, Russell T. Assessing swallowing disorders online: a pilot telerehabilitation study. Telemed e-Health. 2011;17(9):688-95. https://doi.org/10.1089/tmj.2011.0034 PMID: 21882996.
https://doi.org/10.1089/tmj.2011.0034...
,3939. Ward EC, Sharma S, Burns C, Theodoros D, Russell T. Validity of conducting clinical dysphagia assessments for patients with normal to mild cognitive impairment via telerehabilitation. Dysphagia. 2012;27(4):460-72. https://doi.org/10.1007/s00455-011-9390-9 PMID: 22271284.
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. Um deles3636. Sharma S, Ward EC, Burns C, Theodoros D, Russell T. Assessing swallowing disorders online: a pilot telerehabilitation study. Telemed e-Health. 2011;17(9):688-95. https://doi.org/10.1089/tmj.2011.0034 PMID: 21882996.
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demonstrou que não houve diferenças de concordância entre as duas modalidades, indicando a viabilidade da avaliação clínica no modo remoto. O outro estudo3939. Ward EC, Sharma S, Burns C, Theodoros D, Russell T. Validity of conducting clinical dysphagia assessments for patients with normal to mild cognitive impairment via telerehabilitation. Dysphagia. 2012;27(4):460-72. https://doi.org/10.1007/s00455-011-9390-9 PMID: 22271284.
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mostrou altos níveis de concordância entre a avaliação presencial e a remota em relação à segurança da alimentação de pacientes disfágicos. Os autores3939. Ward EC, Sharma S, Burns C, Theodoros D, Russell T. Validity of conducting clinical dysphagia assessments for patients with normal to mild cognitive impairment via telerehabilitation. Dysphagia. 2012;27(4):460-72. https://doi.org/10.1007/s00455-011-9390-9 PMID: 22271284.
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destacam que o aspecto higiene oral apresentou um índice de confiabilidade inferior àquele determinado pelo estudo (80%). Do mesmo modo, um estudo3535. Morrell K, Hyers M, Stuchiner T, Lucas L, Schwartz K, Mako J et al. Telehealth stroke dysphagia evaluation is safe and effective. Cerebrovasc Dis. 2017;44(3-4):225-31. https://doi.org/10.1159/000478107 PMID: 28848110.
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avaliou pacientes com acidente vascular encefálico agudo presencialmente à beira do leito e remotamente com o sistema RP-7i (InTouch Health). Apesar de não ser possível realizar palpação no paciente de maneira remota, os pesquisadores sentiram-se confortáveis para julgar sem esse procedimento, fazendo uso do recurso de zoom do sistema, o que foi suficiente para observar a elevação laríngea3535. Morrell K, Hyers M, Stuchiner T, Lucas L, Schwartz K, Mako J et al. Telehealth stroke dysphagia evaluation is safe and effective. Cerebrovasc Dis. 2017;44(3-4):225-31. https://doi.org/10.1159/000478107 PMID: 28848110.
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.

Um outro estudo3838. Ward EC, Burns CL, Theodoros DG, Russell TG. Impact of dysphagia severity on clinical decision making via telerehabilitation. Telemed e-Health. 2014;20(4):296-303. https://doi.org/10.1089/tmj.2013.0198 PMID: 24443927.
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examinou se a gravidade da disfagia impactava a tomada de decisão clínica para a segurança da ingestão oral e percepções clínicas durante exame clínico da deglutição conduzido por meio de telerreabilitação. Os resultados apoiam o uso da telerreabilitação para fornecer diagnósticos válidos para pacientes disfágicos em qualquer gravidade, e destacam a importância de os clínicos realizarem treinamento e preparação adequados antes de avaliar pacientes mais complexos.

Foi identificado, também, um estudo3333. Kantarcigil C, Malandraki GA. First step in telehealth assessment: a randomized controlled trial to investigate the effectiveness of an electronic case history form for dysphagia. Dysphagia. 2017;32(4):548-58. https://doi.org/10.1007/s00455-017-9798-y PMID: 28424897.
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que documentou a eficácia de um formulário eletrônico (e-Hit) para pacientes ambulatoriais com disfagia, e forneceu evidências de que a primeira etapa de uma avaliação da deglutição - preenchimento do histórico do caso - pode ser efetivamente concluída via telessaúde por indivíduos com conexão confiável à internet e habilidades básicas de alfabetização em informática.

Na modalidade de teleconsultoria, foi identificado apenas um estudo2828. Raatz MK, Ward EC, Marshall J. Telepractice for the Delivery of Pediatric Feeding Services: a survey of practice investigating clinician perceptions and current service models in Australia. Dysphagia. 2020;35(2):378-88. https://doi.org/10.1007/s00455-019-10042-9 PMID: 31363846.
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. Nele, foi conduzida uma pesquisa online para determinar a percepção de fonoaudiólogos sobre serviços de alimentação pediátrica via teleprática e identificar obstáculos e facilitadores. Apenas 17% da amostra demonstrou confiança em ofertar os serviços clínicos, indicando a necessidade de treinamento. Embora a maioria dos entrevistados tenha relatado acesso à tecnologia, a maioria tinha dificuldade de acessá-la diariamente para estabelecer serviços regulares de teleprática. Preocupações em relação à segurança e eficácia da realização de avaliações de alimentação pediátrica por meio de teleprática também foram identificadas. Concluíram que os esforços contínuos para melhorar o acesso do clínico à tecnologia e outras evidências da eficácia desse modelo de prestação de serviços para alimentação pediátrica auxiliarão na sua implementação clínica.

Os estudos identificados como componentes do telemonitoramento foram prevalentes em relação às outras modalidades de telessaúde2424. Cassel SG, McIlvaine JA. Patient responses to swallowing safety cues: a comparison of traditional face-to-face and tele-dysphagia instructional methods. Surg Rehabil. 2017;1(5):1-7. https://doi.org/10.15761/SRJ.1000126
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,2727. Malandraki GA, Roth M, Sheppard JJ. Telepractice for pediatric dysphagia: a case study. Int J Telerehabilitation. 2014;6(1):3-16. https://doi.org/10.5195/ijt.2014.6135 PMID: 25945217.
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,2929. Burns CL, Ward EC, Gray A, Baker L, Cowie B, Winter N et al. Implementation of speech pathology telepractice services for clinical swallowing assessment: an evaluation of service outcomes, costs and consumer satisfaction. J Telemed. 2019;25(9):545-51. https://doi.org/10.1177/1357633X19873248 PMID: 31631757.
https://doi.org/10.1177/1357633X19873248...
,3030. Burns CL, Ward EC, Hill AJ, Kularatna S, Byrnes J, Kenny LM. Randomized controlled trial of a multisite speech pathology telepractice service providing swallowing and communication intervention to patients with head and neck cancer: Evaluation of service outcomes. Head Neck. 2017;39(5):932-9. https://doi.org/10.1002/hed.24706 PMID: 28225567.
https://doi.org/10.1002/hed.24706...
,3434. Mayadevi M, Thankappan K, Limbachiya SV, Vidhyadharan S, Villegas B, Ouyoung M et al. Interdisciplinary Telemedicine in the Management of Dysphagia in Head and Neck. Dysphagia. 2018;33(4):474-80. https://doi.org/10.1007/s00455-018-9876-9 PMID: 29404691.
https://doi.org/10.1007/s00455-018-9876-...
,3737. Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Adherence to a prophylactic swallowing therapy program during (Chemo) radiotherapy: impact of service-delivery model and patient factors. Dysphagia. 2017;32(2):279-92. https://doi.org/10.1007/s00455-016-9757-z PMID: 27844152.
https://doi.org/10.1007/s00455-016-9757-...
,4040. Bidmead E, Reid T, Marshall A, Southern V. "Tele Swallowing": a case study of remote swallowing assessment. Clin Gov An Int J. 2015;20(3):155-68. https://doi.org/10.1108/CGIJ-06-2015-0020
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,4141. Constantinescu G, Kuffel K, King B, Hodgetts W, Rieger J. Usability testing of an mHealth device for swallowing therapy in head and neck cancer survivors. Health Informatics J. 2018;25(4):1373-82. https://doi.org/10.1177/1460458218766574 PMID: 29618274.
https://doi.org/10.1177/1460458218766574...
,4343. Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Examining user perceptions of SwallowIT : a pilot study of a new telepractice application for delivering intensive swallowing therapy to head and neck cancer patients. J Telemed Telecare. 2016;23(1):53-9. https://doi.org/10.1177/1357633X15617887 PMID: 26670210.
https://doi.org/10.1177/1357633X15617887...
,4444. Wall LR, Kularatna S, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Isenring E et al. Economic analysis of a three-arm RCT exploring the delivery of intensive, prophylactic swallowing therapy to patients with head and neck cancer during (Chemo) radiotherapy. Dysphagia. 2019;34(5):627-39. https://doi.org/10.1007/s00455-018-9960-1 PMID: 30515560.
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. Destes, quatro estudos2424. Cassel SG, McIlvaine JA. Patient responses to swallowing safety cues: a comparison of traditional face-to-face and tele-dysphagia instructional methods. Surg Rehabil. 2017;1(5):1-7. https://doi.org/10.15761/SRJ.1000126
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,3030. Burns CL, Ward EC, Hill AJ, Kularatna S, Byrnes J, Kenny LM. Randomized controlled trial of a multisite speech pathology telepractice service providing swallowing and communication intervention to patients with head and neck cancer: Evaluation of service outcomes. Head Neck. 2017;39(5):932-9. https://doi.org/10.1002/hed.24706 PMID: 28225567.
https://doi.org/10.1002/hed.24706...
,3737. Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Adherence to a prophylactic swallowing therapy program during (Chemo) radiotherapy: impact of service-delivery model and patient factors. Dysphagia. 2017;32(2):279-92. https://doi.org/10.1007/s00455-016-9757-z PMID: 27844152.
https://doi.org/10.1007/s00455-016-9757-...
,4444. Wall LR, Kularatna S, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Isenring E et al. Economic analysis of a three-arm RCT exploring the delivery of intensive, prophylactic swallowing therapy to patients with head and neck cancer during (Chemo) radiotherapy. Dysphagia. 2019;34(5):627-39. https://doi.org/10.1007/s00455-018-9960-1 PMID: 30515560.
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compararam o atendimento remoto com o presencial, a fim de elencar as fragilidades e potencialidades de cada modalidade, bem como, a implementação de métodos e aplicativos de monitoramento.

Um estudo3737. Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Adherence to a prophylactic swallowing therapy program during (Chemo) radiotherapy: impact of service-delivery model and patient factors. Dysphagia. 2017;32(2):279-92. https://doi.org/10.1007/s00455-016-9757-z PMID: 27844152.
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comparou três modelos de tratamento: o presencial, o pelo aplicativo SwallowIT e a terapia autodirigida pelo paciente. A porcentagem de exercícios completados pelos participantes foi de 27%, independente do modelo. As razões comuns para a não adesão foram dor, náusea, saliva espessa, dificuldade para engolir, fadiga, depressão, bem como dificuldades de adaptação na prática em torno de compromissos da vida e do trabalho. Considerando o modelo SwallowIT, foram encontrados níveis comparáveis de adesão ao tratamento dirigido pelo terapeuta, e aderência superior à terapia autodirigida.

Outro estudo3030. Burns CL, Ward EC, Hill AJ, Kularatna S, Byrnes J, Kenny LM. Randomized controlled trial of a multisite speech pathology telepractice service providing swallowing and communication intervention to patients with head and neck cancer: Evaluation of service outcomes. Head Neck. 2017;39(5):932-9. https://doi.org/10.1002/hed.24706 PMID: 28225567.
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comparou o modelo de atendimento remoto com o atendimento tradicional em uma população de pacientes em tratamento de câncer de cabeça e pescoço para identificar o nível de satisfação dos participantes. Não houve diferenças significativas entre os modelos de atendimento em relação ao tempo de espera. No entanto, os profissionais que atenderam ao grupo de forma remota não tiveram custos de deslocamento. A prestação de serviços fonoaudiológicos especializados de forma remota para pacientes em tratamento de câncer de cabeça que vivem em áreas rurais demonstrou-se eficaz com alto nível de satisfação pelos pacientes.

Com o mesmo objetivo, um estudo2424. Cassel SG, McIlvaine JA. Patient responses to swallowing safety cues: a comparison of traditional face-to-face and tele-dysphagia instructional methods. Surg Rehabil. 2017;1(5):1-7. https://doi.org/10.15761/SRJ.1000126
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comparou resultados do tratamento em disfagia em pacientes com acidente vascular cerebral nas modalidades presencial e online. Neste último, as sessões foram conduzidas por dois fonoaudiólogos via videoconferência pelo FaceTime e os pacientes receberam pistas visuais e auditivas para facilitar a compreensão de estratégias. Todas as sessões foram gravadas e visualizadas por um terceiro fonoaudiólogo, certificado, para confiabilidade entre avaliadores. O método de teledisfagia produziu resultados eficazes.

Ainda avaliando o tratamento entregue em diferentes modalidades, outro estudo4444. Wall LR, Kularatna S, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Isenring E et al. Economic analysis of a three-arm RCT exploring the delivery of intensive, prophylactic swallowing therapy to patients with head and neck cancer during (Chemo) radiotherapy. Dysphagia. 2019;34(5):627-39. https://doi.org/10.1007/s00455-018-9960-1 PMID: 30515560.
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investigou os custos para o serviço de saúde pelo modelo SwallowIT em comparação com o modelo presencial semanal com o fonoaudiólogo e o tratamento independente direcionado ao paciente. O SwallowIT forneceu um atendimento mais econômico do que o direcionado pelo fonoaudiólogo e maior relação custo-benefício do que o modelo direcionado pelo paciente.

Também fazendo uso do SwallowIT, um estudo4343. Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Examining user perceptions of SwallowIT : a pilot study of a new telepractice application for delivering intensive swallowing therapy to head and neck cancer patients. J Telemed Telecare. 2016;23(1):53-9. https://doi.org/10.1177/1357633X15617887 PMID: 26670210.
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avaliou a percepção de usuários sobre aplicativo, que foi projetado para apoiar os pacientes com câncer orofaríngeo a concluir remotamente a terapia intensiva de deglutição e com suporte durante o tratamento de quimiorradioterapia. O aplicativo foi disponibilizado em um tablet que continha orientações de exercícios de deglutição com o apoio de vídeos instrucionais, imagens e textos. Os resultados não apontaram mudanças estatisticamente significantes nas percepções nos dois momentos de avaliação. No entanto, os usuários relataram facilidade do uso do SwallowIT e consideram o método eficaz e funcional na aplicação dos exercícios.

Em outra perspectiva, um relato de caso foi conduzido2727. Malandraki GA, Roth M, Sheppard JJ. Telepractice for pediatric dysphagia: a case study. Int J Telerehabilitation. 2014;6(1):3-16. https://doi.org/10.5195/ijt.2014.6135 PMID: 25945217.
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para identificar a viabilidade de um método de telessaúde em um paciente pediátrico. O paciente era totalmente dependente do tubo de gastrostomia para alimentação, nutrição e hidratação durante quatro anos. Para avaliação, utilizou-se o protocolo The Eating Assessment Tool (EAT-10) e a videofluoroscopia. Em seguida, o paciente foi submetido ao programa intensivo de teleprática que resultou na ausência da sensação do alimento parado, apontado antes como um problema grave pela família. A família ficou satisfeita e indicou preferência pelo programa e modalidade remota, classificando-a como igual à presencial.

O programa Teleswallowing foi utilizado em um estudo4040. Bidmead E, Reid T, Marshall A, Southern V. "Tele Swallowing": a case study of remote swallowing assessment. Clin Gov An Int J. 2015;20(3):155-68. https://doi.org/10.1108/CGIJ-06-2015-0020
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e conduzido em cinco lares de idosos para avaliação da deglutição de forma remota. A avaliação foi realizada por videochamada, na qual o fonoaudiólogo observava o paciente e direcionava os enfermeiros para auxiliar na postura dos participantes e no uso dos equipamentos. Este programa apontou resultados positivos em relação a diminuição de custos, otimização do tempo, redução da lista de espera para atendimento fonoaudiológico, além do aumento da confiança dos enfermeiros em identificar sinais de disfagia.

Um dispositivo móvel de telemonitoramento domiciliar foi avaliado em um estudo4141. Constantinescu G, Kuffel K, King B, Hodgetts W, Rieger J. Usability testing of an mHealth device for swallowing therapy in head and neck cancer survivors. Health Informatics J. 2018;25(4):1373-82. https://doi.org/10.1177/1460458218766574 PMID: 29618274.
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que submeteu cinco pacientes à terapia móvel (Mobili-T). Os participantes foram agendados com um fonoaudiólogo para serem apresentados ao sistema e ao tutorial de navegação do aplicativo. A interpretação das telas de progresso caracterizou-se como a tarefa que demandou maior suporte do fonoaudiólogo. No geral, os pacientes demonstraram-se satisfeitos com o aplicativo e com as informações de suporte.

De outro modo, um estudo3434. Mayadevi M, Thankappan K, Limbachiya SV, Vidhyadharan S, Villegas B, Ouyoung M et al. Interdisciplinary Telemedicine in the Management of Dysphagia in Head and Neck. Dysphagia. 2018;33(4):474-80. https://doi.org/10.1007/s00455-018-9876-9 PMID: 29404691.
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avaliou a eficácia de discussões interdisciplinares no tratamento de pacientes disfágicos após tratamento de alterações de cabeça e pescoço. Para tanto, foram realizadas teleconferências entre as equipes de dois institutos de diferentes países - Índia e EUA - para discussão da história clínica, do exame físico e da avaliação da deglutição. Foi possível notar que 77% dos pacientes estavam com via oral suspensa antes das reuniões, e após, 70% foi capaz de se alimentar por via oral exclusiva. Os resultados sugerem a viabilidade de conferências mensais de telemedicina entre equipe multidisciplinar, com benefícios ao paciente e treinamento clínico especializado.

Por fim, em um estudo2929. Burns CL, Ward EC, Gray A, Baker L, Cowie B, Winter N et al. Implementation of speech pathology telepractice services for clinical swallowing assessment: an evaluation of service outcomes, costs and consumer satisfaction. J Telemed. 2019;25(9):545-51. https://doi.org/10.1177/1357633X19873248 PMID: 31631757.
https://doi.org/10.1177/1357633X19873248...
, foi relatada a implementação do modelo de teleprática por fonoaudiólogos com experiência em serviços de telessaúde em disfagia. Foram relatados problemas operacionais, como a documentação de encaminhamento incompleta e problemas técnicos, tais como posição da câmera e microfone. Apesar disso, nenhuma consulta foi cancelada e altos níveis de satisfação foram apontados pelos pacientes e profissionais.

Não foram identificados estudos que compusessem a modalidade telerregulação.

CONCLUSÃO

Foram identificados estudos em quatro modalidades de telessaúde: tele-educação, telediagnóstico, teleconsultoria e telemonitoramento. Não foram identificados estudos que se enquadrassem na modalidade telerregulação. A modalidade que apresentou maior número de estudos foi o telemonitoramento, seguido pelo telediagnóstico, pela tele-educação e, por fim, pela teleconsultoria.

O telemonitoramento pode produzir resultados clínicos eficazes semelhantes ao método presencial. O uso de programas, sistemas e aplicativos para auxiliar a reabilitação dos distúrbios da deglutição evidenciou o telemonitoramento como facilitador dos atendimentos, principalmente em áreas remotas, com redução da lista de espera para consulta fonoaudiológica e maior autonomia dos pacientes no tratamento. A aplicação do telediagnóstico na prática clínica demonstrou-se desafiadora devido a barreiras tecnológicas. No entanto, comparado ao diagnóstico presencial, demonstrou nível semelhante de confiabilidade entre profissionais e maior satisfação por parte dos usuários devido ao baixo custo de deslocamento e otimização do tempo.

A tele-educação é um meio que auxilia e potencializa a qualificação profissional e educação continuada de fonoaudiólogos e demais profissionais da saúde, além de ser uma grande aliada de instituições de ensino. Somente um estudo foi classificado na modalidade teleconsultoria, estando relacionado à consulta sobre a oferta de serviços clínicos.

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  • Estudo realizado na Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
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APÊNDICE A. ESTRATÉGIAS DE BUSCAS NAS BASES DE DADOS E LITERATURA CINZENTA.

Base de Dados Busca Medline (PubMed) #1Search: ((((((((«Telerehabilitation»[Mesh]) OR «Telerehabilitation/methods»[Mesh]) OR «Telemedicine»[Mesh]) OR «Remote Consultation»[Mesh]) OR «Delivery of Health Care»[Mesh]) OR «Delivery of Health Care/therapeutic use»[Mesh]) OR «Distance Counseling»[Mesh]) OR «Therapy, Computer-Assisted»[Mesh]) OR «Therapy, Computer-Assisted/therapeutic use»[Mesh] #2 Search: (((«Speech-Language Pathology»[Mesh]) OR «Speech-Language Pathology/methods»[Mesh]) OR «Speech Therapy»[Mesh]) #3 Search: (((((((«Deglutition Disorders»[Mesh]) OR «Deglutition Disorders/rehabilitation»[Mesh]) OR «Deglutition Disorders/therapy»[Mesh)) OR («Bottle Feeding»[Mesh] OR «Enteral Nutrition»[Mesh] )) OR «Diet/therapeutic use»[Mesh] Scopus TITLE-ABS-KEY (telerehabilitation OR telehealth OR telediagnostics OR telemonitoring OR telemedicine ) TITLE-ABS-KEY ( «swallowing disorders» OR «deglutition disorders» OR «dysphagia» AND therapy OR «deglutition therapy») Web of Science # 1 TS= (Telerehabilitation OR Telehelth OR Telemedicine OR Teletherapy OR Remote Consultation OR Distance Counseling OR Delivery of Health Care OR Telemonitoring OR Telediagnosis OR Therapy Computer Assisted) #2 TS= (Speech Language Pathology OR Speech Therapy AND Swallowing Disorders OR Deglutition Disorders OR Dysphagia Therapy OR Deglutition Therapy AND Bottle Feeding OR Enteral Nutrition) Google Scholar Tudo no título: « Telerehabilitation OR Telehelth AND Deglutition Disorders OR Dysphagia AND Speech Language Pathology” ProQuest TI,AB (Telerehabilitation OR Telehelth OR Telemedicine OR Teletherapy OR Remote Consultation OR Distance Counseling OR Delivery of Health Care OR Telemonitoring OR Therapy Computer Assisted) AND (Speech Language Pathology OR Speech Therapy) AND (Swallowing Disorders OR Deglutition Disorders OR Dysphagia Therapy OR Deglutition Therapy OR Bottle Feeding OR Enteral Nutrition )

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    27 Maio 2023
  • Aceito
    09 Out 2023
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