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EDITORIAL

Abrimos este número com uma nota de pesar: em 28 de fevereiro passado, faleceu Neidson Rodrigues, vítima de câncer, presidente da ANPEd de novembro de 1995 a dezembro de 1997. Era professor titular da UFMG, aposentado, na qual foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação e diretor da Faculdade de Educação. Colega e amigo de muitos de nós, projetou-se no plano nacional pela realização do Congresso Mineiro de Educação, em 1983, quando superintendente da Secretaria de Educação daquele Estado, na gestão de Octavio Elísio como secretário, no governo de Tancredo Neves. Entre os vários livros por ele publicados, o mais difundido é Lições do Príncipe e outras lições, atualmente na 20ª edição, escrito na forma de cartas aos diretores e professores das escolas da rede estadual, como diálogo para a preparação do referido Congresso.

Em sua homenagem, estamos publicando neste número o depoimento de Ângela Imaculada Dalben, Maria Rita Neto Sales Oliveira e Rita Amélia Teixeira Vilela, que foram colegas suas na Faculdade e Educação e, as duas últimas, secretárias durante sua gestão como presidente da ANPEd. Publicamos também a longa entrevista, inédita, concedida por Neidson ao Centro de Referência do Professor, da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, cedida por Nelma Marçal, coordenadora do Projeto de História Oral daquele Centro, entrevistadora e responsável pela transcrição da mesma.

Em vez de apresentar aos nossos leitores e às nossas leitoras os artigos e demais textos inseridos no presente número de nossa Revista – que poderão ser conhecidos desde o sumário ou com o apoio dos resumos constantes ao final do volume –, preferimos fazer, neste editorial, uma breve análise a respeito da linha seguida pela Revista nestes últimos dois anos, tornando públicas algumas repercussões obtidas e dividindo com os leitores algumas de nossas preocupações.

No editorial do número 16, o primeiro produzido após nossa instalação como Comissão Editorial, escrevemos: "Como linha editorial da Revista Brasileira de Educação, sem desmerecer outras contribuições, estamos propondo continuar valorizando, na sua composição, especialmente artigos produzidos a partir de pesquisas, particularmente com discussão de políticas e teses fundamentais, artigos que façam 'varreduras' de temas importantes ou que proponham agendas de pesquisas sobre temáticas 'de ponta', ensaios que contenham reflexão teórica sobre um tema, assim como textos que revelem novas perspectivas históricas da educação brasileira. Consideramos essencial mapear áreas ainda pouco abordadas e que se mostram importantes para a reflexão e ação educativa, por exemplo: educação ambiental, abordagens atuais sobre juventude, gênero e relações raciais, relação economia e educação, avaliação de sistemas educacionais ou de práticas educativas".

Fazendo um balanço dos números publicados em 2001-2002 e juntando a eles o número atual, podemos afirmar estarmos conseguindo realizar, em grande parte, nossa proposta. Realmente foram publicados vários artigos produzidos a partir de pesquisas, algumas amplas e inovadoras, a elaborados a partir de trabalhos apresentados nas reuniões anuais ou recebidos diretamente pela secretaria da Revista; foram publicados vários ensaios, abortando teoricamente temas de relevância e alguns textos apresentando perspectivas históricas originais da educação brasileira. Não conseguimos, ainda, muitos artigos que fizessem a "varredura" de temas importantes ou propusessem agendas de pesquisa sobre temáticas "de ponta". Colocamos nessa categoria, no entanto, tanto a tradução de Jean-Louis Derouet, "A sociologia das desigualdades em educação", publicado no número 21, e o artigo de Almerindo Janela Afonso, "Estado, globalização e políticas educacionais", inserido neste número. De certa forma, os históricos dos grupos de trabalho da ANPEd, especialmente os elaborados para a 25ª Reunião Anual e que vêm sendo progressivamente publicados, apresentam reflexões importantes sobre os caminhos percorridos por esses grupos e antecipam tarefas a serem por eles assumidas.

Quanto às temáticas que dizíamos ainda pouco abordadas, entre elas educação ambiental, juventude, gênero e relações sociais, aos poucos foram sendo contempladas. Em especial, neste número estão sendo publicados três artigos sobre escolas indígenas, sobre formação de professores/as índios/as e representações relativas a índios/as em livros didáticos e outros artefatos culturais. Foi dada ênfase também aos estudos multiculturais e a diversas expressões educativas por intermédio da televisão. Outros artigos, em preparação, abordam a temática das políticas de juventude, formação de professores/as a distância, pressupostos do sistema assumidos, ou subsumidos, pelo SAEB Sistema de Avaliação da Educação Básica. Há uma exceção: ainda não dispomos de nenhum texto que analise as novas (?) relações entre economia e educação, embora neste número haja um texto analisando o papel dos empresários industriais nas atuais políticas de educação.

Também fazia parte de nosso proposta ampliar o leque de autores da Revista, pois era grande a concentração de trabalhos provindos do Centro-Sul. Aos poucos, fomos conseguindo esta ampliação, com artigos de autores do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, produtos de pesquisas por eles realizadas em seus estados.

Em termos da repercussão da Revista, há surpresas. Através de contatos com a Secretaria ou diretamente com autores, tem-se autorizado a reprodução de artigos em outros veículos e aceito propostas de tradução, tomado conhecimento de recomendações de leituras de determinados textos feitas por associações afins, assim como indicações de seu aproveitamento na definição de teses e dissertações. Embora nos falte uma avaliação da presença da Revista nas bibliotecas universitárias e de sua utilização por professores e alunos dos cursos de pós-graduação – uma das tarefas que está em nossos planos -, acreditamos poder dizer, com responsabilidade, que estamos conseguindo cumprir a linha editorial definida e as tarefas a que nos propusemos.

Vale destacar, finalmente, o encaminhamento da Revista para admissão no SciELO – Scientific Eletronic Library Online, coordenado pela BIREME, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, no começo deste ano. Nossa admissão nesse sistema significará não só importante credenciamento na área científica, como ampla disseminação da produção acadêmica da área.

A Comissão Editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2006
  • Data do Fascículo
    Abr 2003
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