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REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA SOBRE CRIAÇÃO DE VALOR COLABORATIVO ENTRE ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS E EMPRESARIAIS

RESUMO

Este artigo tem como objetivo propor um framework integrativo que sintetiza a literatura sobre criação de valor colaborativo entre organizações sem fins lucrativos e empresariais. Uma revisão sistemática da literatura foi conduzida, resultando em 41 artigos. Os artigos foram analisados quantitativamente para apresentar uma visão geral; e qualitativamente com o objetivo de identificar fatores que influenciam a criação de valor colaborativo. O framework proposto apresenta atributos e subatributos para criação de valor. O framework amplia o estudo sobre a temática, apresentando o contexto (países e empresas) e as principais teorias da literatura. Estudos em economias emergentes baseados em teorias relevantes e métodos quantitativos ainda são escassos. Também são poucos os estudos que abordam os impactos ambientais e econômicos das parcerias e que analisam a relação entre os atributos e sua influência na criação de valor. Assim, uma agenda de pesquisa abrangendo tais aspectos foi proposta.

PALAVRAS-CHAVE
Colaboração; criação de valor; organizações empresariais; organizações sem fins lucrativos; revisão sistemática da literatura

ABSTRACT

This paper aims to propose an integrative framework that synthesizes the literature on collaborative value creation between nonprofit and business organizations. A systematic literature review was conducted of 41 papers. We analyzed the content of the papers quantitatively to present an overview. We also provided a qualitative analysis with the aim of identifying those attributes that influence collaborative value creation. The proposed integrative framework was based on the main findings, and the attributes and sub-attributes for value creation were presented. The framework extends the study on collaborative value creation, and provides the context (countries and businesses) and the main theories found in the literature. There is a lack of studies of emerging economies that adopt relevant theories (such as the relational view) and quantitative methods. Studies that address the environmental and economic impacts of partnerships and analyze the relationship between attributes and their influence on value creation are also scarce. Thus, a research agenda was proposed encompassing such aspects.

KEYWORDS
Collaboration; value creation; business; nonprofit organizations; systematic literature review

RESUMEN

Este artículo propone un marco integrador que sintetice la literatura sobre la creación de valor colaborativo entre organizaciones sin fines de lucro y organizaciones empresariales. Se realizó una revisión sistemática de la literatura que resultó en 41 artículos. Aplicando análisis de contenido, analizamos los artículos cuantitativamente. También proporcionamos un análisis cualitativo para identificar los factores que influyen en la creación de valor. El marco tiene atributos y subatributos para la creación de valor, y amplía el estudio sobre el tema presentando el contexto y las principales teorías. Hay una falta de estudios en las economías emergentes que adopten teorías relevantes y métodos cuantitativos. También son escasos los estudios que abordan los impactos ambientales y económicos de las colaboraciones y analizan la relación entre los atributos y su influencia en la creación de valor. Así, se propuso una agenda de investigación que englobe estos aspectos.

PALABRAS CLAVE
Colaboración; creación de valor; negocios; organizaciones sin fines de lucro; revisión sistemática de la literatura

INTRODUÇÃO

O crescimento da colaboração interorganizacional tem levado pesquisadores a explorar como diferentes fatores podem contribuir para o desenvolvimento de vantagens competitivas (Arya & Lin, 2007Arya, B., & Lin, Z. (2007). Understanding collaboration outcomes from an extended resource-based view perspective: The roles of organizational characteristics, partner attributes, and network structures. Journal of Management, 33(5), 697-723. doi: 10.1177/0149206307305561
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) ou colaborativas (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. The Academy of Management Review, 23(4), 660-679. doi: doi: 10.5465/amr.1998.1255632
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). No entanto, grande parte das pesquisas sobre a colaboração interorganizacional tem estudado este fenômeno no contexto das organizações empresariais (FPBs, do inglês for-profit businesses) (Cao & Zhang, 2011Cao, M., & Zhang, Q. (2011). Supply chain collaboration: Impact on collaborative advantage and firm performance. Journal of Operations Management, 29(3), 163-180. doi:10.1016/j.jom.2010.12.008
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; Lewis et al., 2010Lewis, M., Brandon-Jones, A., Slack, N., & Howard, M. (2010). Competing through operations and supply: The role of classic and extended resource-based advantage. International Journal of Operations & Production Management, 30(10), 1032-1058. doi: 10.1108/01443571011082517
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). Poucos artigos têm se concentrado na colaboração envolvendo organizações sem fins lucrativos (NPOs, do inglês nonprofit organizations) e outras organizações (Arya & Lin, 2007Arya, B., & Lin, Z. (2007). Understanding collaboration outcomes from an extended resource-based view perspective: The roles of organizational characteristics, partner attributes, and network structures. Journal of Management, 33(5), 697-723. doi: 10.1177/0149206307305561
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).

Entre os vários tipos de colaboração envolvendo NPOs, a colaboração com organizações empresariais se destaca (Austin & Seitanidi, 2012; Parker & Selsky, 2004Parker, B., & Selsky, J. W. (2004). Interface dynamics in cause-based partnerships: An exploration of emergent culture. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 33(3), 458-488.). Na literatura, este tipo de parceria é chamado de business-nonprofit partnership (BNPP). Uma BNPP “é um contrato discricionário entre uma NPO e um FPB para tratar de problemas sociais ou ambientais, de modo a produzir benefícios organizacionais para ambos os parceiros” (Al-Tabbaa, Leach, & March, 2014, p. 659).

O número de BNPPs vem crescendo rapidamente, e elas são consideradas por acadêmicos e profissionais como um veículo essencial e poderoso para a implementação da responsabilidade social corporativa, a realização de missões sociais e econômicas e o desenvolvimento de práticas de inovação social (Austin & Seitanidi, 2012; Sanzo, Álvarez, Rey, & García, 2015a). Al-Tabbaa et al. (2014)Al-Tabbaa, O., Leach, D., & March, J. (2014). Collaboration between nonprofit and business sectors: A framework to guide strategy development for nonprofit organizations. Voluntas, 25(3), 657-678. doi: 10.1007/s11266-013-9357-6
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também consideram a colaboração por meio de BNPPs como um processo de criação de valor que beneficia a sociedade, as empresa e as NPOs.

Assim, um dos elementos cruciais para o sucesso dessa parceria é o valor criado, que implica em benefícios mútuos (Schiller & Almog-Bar, 2013Schiller, R. S., & Almog-Bar, M. (2013). Revisiting collaborations between nonprofits and businesses: An NPO-Centric view and typology. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 42(5), 942-962. doi:10.1177/0899764012471753
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). A criação de valor refere-se aos benefícios produzidos tanto para as empresas e NPOs envolvidas na colaboração quanto para as comunidades afetadas por esta relação (Austin, 2000Austin, J. E. (2000). Strategic collaboration between nonprofits and businesses. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 29(1), 69-97. doi: 10.1177/089976400773746346
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; Murphy et al., 2015Murphy, M., Arenas, D., & Batista, J. M. (2015). Value creation in cross-sector collaborations: The roles of experience and alignment. Journal of Business Ethics, 130(1), 145-162. https://doi.org/10.1007/s10551-014-2204-x
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).

Embora a colaboração intersetorial entre empresas e NPOs já seja bem explorada na literatura, limitamos o escopo do artigo ao processo de criação de valor nessas parcerias, uma vez que se trata de um fenômeno ainda recente e pouco explorado na literatura. Os poucos estudos encontrados focam em um modelo teórico com o intuito de avaliar a colaboração, tal como o modelo proposto por Gajda (2004)Gajda, R. (2004). Utilizing collaboration theory to evalute strategic alliances. American Journal of Evaluation, 25(1), 65-77. doi: 10.1016/j.ameval.2003.11.002
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. Murphy et al. (2015)Murphy, M., Arenas, D., & Batista, J. M. (2015). Value creation in cross-sector collaborations: The roles of experience and alignment. Journal of Business Ethics, 130(1), 145-162. https://doi.org/10.1007/s10551-014-2204-x
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analisaram se os parceiros envolvidos em uma BNPP percebiam o tipo e o grau de benefícios criados por sua parceria intersetorial. Moldovan, Greenley, e Lakatos (2016) explicaram como as NPOs e várias empresas podem beneficiar umas às outras por meio da reputação, do conhecimento e de recursos úteis. Em particular, Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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apresentaram um estudo avançado sobre processos de criação de valor em BNPPs, e identificaram os benefícios por elas gerados.

Embora os autores mencionem a relevância da criação de valor, ainda há uma lacuna relativa a saber em que ela consiste exatamente, especialmente no contexto das BNPPs (Lodsgård & Aagaard, 2017Lodsgård, L., & Aagaard, A. (2017, July). Creating value through CSR across company functions and NGO collaborations. Scandinavian Journal of Management, 33, 2015-2017. doi: 10.1016/j.scaman.2017.05.002
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). Além disso, nenhum dos estudos buscou sistematizar o conhecimento acerca desse processo por meio da identificação dos atributos que podem influenciar o processo de criação de valor. Ao buscar preencher essas lacunas, portanto, este artigo propõe-se a realizar uma revisão sistemática da literatura (RSL), e oferece: (i) uma visão geral dos estudos que abordaram a criação de valor colaborativo entre organizações sem fins lucrativos e empresariais; (ii) as lacunas das pesquisas; e (iii) uma agenda de pesquisa. Com base nos principais achados, propomos um framework integrativo que sintetiza a literatura sobre a criação de valor colaborativo entre organizações sem fins lucrativos e empresariais, e apresentamos os atributos e subatributos necessários à criação de valor, bem como as teorias, aspectos sustentáveis, empresas e países que compõem o foco dos estudos.

Uma vez que o artigo identifica os atributos para a criação de valor nas BNPPs, líderes de NPOs e FPBs podem avaliar esse processo e identificar o que precisa ser melhorado para desenvolver valor colaborativo, ou o que precisa ser mantido para manter os benefícios esperados. Este artigo também realiza uma contribuição substancial ao criar uma análise integrada da literatura acerca do fenômeno estudado.

Este artigo está dividido da seguinte forma: após esta introdução (Seção 1), apresentamos os métodos científicos adotados para a realização da pesquisa (Seção 2); a Seção 3 apresenta os resultados; a Seção 4 apresenta uma discussão seguida do framework integrativo e da agenda de pesquisa; a última seção (Seção 5) oferece as principais conclusões.

MÉTODOS

As RSLs caracterizam-se pela adoção de um processo replicável e cognitivo de reunião, avaliação crítica e síntese dos estudos relacionados que tratam de uma questão específica sobre um determinado fenômeno (Ishak & Osman, 2016Ishak, A. H., & Osman, M. R. (2016). A systematic literature review on Islamic values applied in quality management context. Journal of Business Ethics, 138(1), 103-112. doi: 10.1007/s10551-015-2619-z
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).

Neste artigo, aplicamos as etapas de RSL sugeridas por Ensslin et al. (2017)Ensslin, L., Ensslin, S. R., Dutra, A., Nunes, N. A., & Reis, C. (2017). BPM governance: A literature analysis of performance evaluation. Business Process Management Journal, 23(1), 71-86. doi: 10.1108/BPMJ-11-2015-0159
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: investigação preliminar e seleção e análise de artigos (Figura 1). Começamos com uma investigação preliminar para definir as cadeias de busca iniciais e verificar se os termos eram alinhados com o tema. As cadeias de busca foram definidas durante a pesquisa exploratória.

Figura 1
Etapas da RSL

Web of Science (WOS), Scopus, Science Direct, Emerald, e SciELO foram as bases de dados selecionadas. A investigação preliminar começou (primeira etapa) com um teste de alinhamento utilizando algumas palavras-chave (Quadro 1) e combinações entre elas. De acordo com Maier et al. (2016)Maier, F., Meyer, M., & Steinbereithner, M. (2016). Nonprofit organizations becoming business-like: A systematic review. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 45(1), 64-86. doi: 10.1177/0899764014561796
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, o termo NPO apresenta nomenclaturas distintas, e a pesquisa exploratória permitiu-nos identificar uma ampla variedade de termos a ele relacionados, os quais adotamos no teste de alinhamento. Durante a busca, foi realizada uma breve revisão dos títulos. Uma vez esgotadas as combinações, o termo “third sector” [terceiro setor] foi excluído, uma vez que não aparecia nas publicações. Isso pode ser explicado pelo fato de o termo ter sido gradualmente substituído pelo termo “nonprofit sector” [setor sem fins lucrativos] (Salamon & Anheier, 1997Salamon, L. M., & Anheier, H. K. (1997). Defining the nonprofit sector: A cross-national analysis. New York, USA: Manchester University Press.). Os termos mais apropriados são mostrados na Figura 2. As bases de dados Emerald, Direct Science e SciELO foram excluídas porque ou seu retorno de artigos era baixo, ou não havia retorno algum, ou os artigos eram os mesmos da WOS.

Quadro 1
Palavras-chave de busca e testes de aderância
Figura 2
Palavras-chave e combinações

As palavras de busca relacionadas ao tema interagiam com as palavras-chave apresentadas nos Grupos 1 e 2 (Quadro 1), resultando em 482 artigos, excluindo os resultantes de conferências, patentes, capítulos de livros etc., uma vez que estes não possuíam relevância científica medida por fator de impacto. A Tabela 1 mostra os resultados encontrados em cada base de dados. Com o objetivo de examinar o máximo número de artigos, incluímos artigos da pesquisa exploratória encontrados no software Mendeley, a fim de garantir uma análise ampla.

Tabela 1
Base de dados

O processo de seleção (segunda etapa) começou com a eliminação dos artigos duplicados (utilizando o software EndNote), conforme recomendado por Ensslin et al. (2017)Ensslin, L., Ensslin, S. R., Dutra, A., Nunes, N. A., & Reis, C. (2017). BPM governance: A literature analysis of performance evaluation. Business Process Management Journal, 23(1), 71-86. doi: 10.1108/BPMJ-11-2015-0159
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. Deletamos 353 artigos, pois adotamos combinações diferentes de palavras de busca (ver Quadro1), aumentando, assim, a chance de ter muitos artigos duplicados. Uma sequência de análises foi então realizada (Ensslin et al., 2017Ensslin, L., Ensslin, S. R., Dutra, A., Nunes, N. A., & Reis, C. (2017). BPM governance: A literature analysis of performance evaluation. Business Process Management Journal, 23(1), 71-86. doi: 10.1108/BPMJ-11-2015-0159
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): títulos, relevância científica (devido ao baixo número de artigos restantes neste estágio, decidiu-se não eliminar artigos com baixo reconhecimento científico), resumos, e a pronta disponibilidade dos artigos na íntegra (apenas nove artigos foram excluídos porque era impossível realizar seu download sem pagar). Estabelecemos critérios de inclusão e exclusão em cada etapa, e apresentamos razões para nossas exclusões (Quadro 2). Finalmente, após ler todos os artigos, o portfólio final continha 41 artigos (Quadro3).

Quadro 2
Parâmetros de inclusão e exclusão
Quadro 3
Amostra de artigos

Conforme sugerido por Tranfield, Denyer, e Smart (2003)Tranfield, D., Denyer, D., & Smart, P. (2003). Towards a methodology for developing evidence-informed management knowledge by means of systematic review. British Journal of Management, 14, 207-222. doi: 10.1111/1467-8551.00375
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, para desenvolver uma síntese de dados (terceira etapa), consideramos as informações necessárias à elaboração das tabelas síntese. Essas tabelas incluíram detalhes sobre a fonte de informação e quaisquer outros aspectos relevantes para o estudo.Dessa forma, foi criada uma planilha em MS Excel e nela inserimos informações como título, autores, ano, periódico, as referências e autores mais citados, os principais periódicos, o número de citações, os objetivos, as teorias, os países, a empresa em que a pesquisa foi desenvolvida, métodos de pesquisa, lacunas, oportunidades de pesquisa, atributos e as variáveis ou características utilizadas pelos autores para abordar a criação de valor. Essa planilha foi importante para ajudar na análise, uma vez que adotamos a metodologia de análise de conteúdo, que é altamente flexível e largamente utilizada como abordagem sistemática e rigorosa de análise de dados obtidos ou gerados durante o estudo (White & Marsh, 2006White, M. D., & Marsh, E. E. (2006). Content analysis: A flexible methodology. Library Trends, 55(1), 22-45. doi: 10.1353/lib.2006.0053
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). A análise de conteúdo pode ter aplicações qualitativas, quantitativas ou ambas, como no caso deste artigo.

Portanto, os resultados foram estruturados em duas partes. Primeiro, conduzimos uma visão geral quando analisamos os artigos quantitativamente e descritivamente, e também utilizando o software BibExcel. Em segundo lugar, por meio de análises aprofundadas dos atributos, variáveis ou características utilizadas pelo(s) autor(es) da amostra, definimos os códigos (categorias) por conteúdo indutivo. Para fazê-lo, os pesquisadores interpretaram e decidiram quais informações deveriam ser agrupadas na mesma categoria (chamadas de atributos e subatributos neste artigo). Uma vez que identificamos muitos atributos da criação de valor, o principal objetivo foi reduzir o número agrupando os similares (conforme apresentado na Seção 3.2). Para incluir cada subatributo nos atributos, os autores identificaram quais estavam interrelacionados.

Finalmente, ao considerar as análises quantitativas e aprofundadas, foi possível oferecer uma visão geral da agenda de futuras oportunidades de pesquisa e propor um framework integrativo que representa uma síntese do valor colaborativo entre NPOs e empresas. Ambas as análise são apresentadas na Seção 3.

Cabe destacar as limitações do método de pesquisa que influenciarão o desenvolvimento de futuros estudos. Por exemplo: (i) a etapa de “seleção de artigos” é influenciada pela percepção pessoal de cada pesquisador; e (ii) o estudo não representa toda a população de artigos que abordam a criação de valor porque critérios de exclusão e palavras de busca específicas foram utilizados.

RESULTADOS

Visão geral dos processos de criação de valor nas BNPPs: análises descritivas

A Figura 3 apresenta o número total de publicações por ano. Embora não tenhamos determinado um período para a RSL, o artigo mais antigo era o de Austin (2000)Austin, J. E. (2000). Strategic collaboration between nonprofits and businesses. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 29(1), 69-97. doi: 10.1177/089976400773746346
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, mostrando que o tema é relativamente novo, embora os estudos tenham aumentado nos últimos cinco anos. O aumento dos problemas socioeconômicos complexos enfrentados pela sociedade, e a conscientização das organizações de que abordagens restritas a apenas um setor não são mais suficientes para resolver as crises, podem ter influenciado o recente interesse no tema

Figura 3
Publicações por ano

A Quadro 4 mostra as principais teorias adotadas. As mais amplamente utilizadas foram a teoria dos stakeholders e a Visão Baseada em Recursos, seguidas pela Teoria da Dependência de Recursos e Teoria Institucional. A justificativa básica para sua utilização é que tais abordagens oferecem ferramentas estratégicas possíveis para explicar e gerenciar as questões levantadas no ambiente técnico e institucional. A teoria dos stakeholders também ajuda no reconhecimento de como parceiros em uma BNPP mobilizam o interesse de diferentes stakeholders em questões sociais e ambientais (Parker & Selsky, 2004Parker, B., & Selsky, J. W. (2004). Interface dynamics in cause-based partnerships: An exploration of emergent culture. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 33(3), 458-488.). Por outro lado, as abordagens baseadas em recursos ajudam a explicar como os parceiros trocam, melhoram ou desenvolvem recursos e capacidades. Portanto, ambas as teorias têm sido aplicadas para explicar o fenômeno das BNPPs e entender o processo de criação de valor. Além disso, mesmo não havendo consenso sobre a teoria mais apropriada, todas essas abordagens parecem ser essenciais para entender a colaboração intersetorial, especialmente o processo de criação de valor. Hond, Bakker e Doh (2015)Hond, F. den, Bakker, F. G. A. de, & Doh, J. P. (2015). What prompts companies to collaboration with NGOs? Recent evidence from the Netherlands. Business & Society (54), 187-228. doi: 10.1177/0007650312439549
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também sugerem que diferentes lentes teóricas poderiam reconhecer quais as dependências existentes, levando em conta as contingências ambientais, ou compreender a complexidade das relações entre NPOs e FPBs.

Quadro 4
Teorias

A Figura 4 mostra os principais métodos adotados. Após cinco anos de predominância do uso de estudos de caso, os pesquisadores também vem utilizando, recentemente, revisões de literatura e surveys. Os estudos de caso foram aplicados predominantemente para explicar os fenômenos, uma vez que não há pesquisas preliminares, mas, à medida que o tema evoluiu, outros métodos foram utilizados. Recentemente, estudos de caso vem sendo aplicados no contexto de países em desenvolvimento, uma vez que as pesquisas sobre o tema ainda são contemporâneas nesse contexto. Com relação aos estudos teóricos, a maioria deles desenvolveu um framework (Quadro 5). Três deles analisaram a literatura de forma não estruturada, e os outros três artigos elaboraram proposições ou hipóteses por meio do framework que propuseram.

Figura 4
Métodos científicos de pesquisa
Quadro 5
Artigos teóricos

A Quadro 3 apresenta também os periódicos que publicam sobre o tema. Os mais citados foram o Journal of Business Ethics (JBE) e o Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly (NVSQ). Ambos possuem evidente proeminência na esfera acadêmica, com fatores Journal Citation Report (JCR2017) de 3796 e 1932, respectivamente.

Atributos da criação de valor colaborativo em BNPPs

Entender como uma BNPP pode criar valor é essencial para suas iniciativas de treinamento e implementação, bem como para proporcionar aos parceiros uma ‘aposta segura’, no sentido de que vale a pena investir na parceria a fim de alcançar os benefícios esperados. No entanto, de acordo com Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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, embora tenha havido um significativo progresso no tema, não há linguagem comum com relação à definição e à dinâmica de como diferentes processos de colaboração podem contribuir para a criação de valor. Além disso, na colaboração entre uma NPO e uma empresa, o valor pode ser criado pelas ações independentes de um dos parceiros, o que é chamado de ‘criação única’, ou pelas ações conjuntas dos parceiros, o que é chamado de ‘cocriação’ (Austin & Seitanidi, 2012aAustin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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).

Após uma leitura aprofundada de todos os artigos, foi possível identificar os fatores ou variáveis (chamados de fatores neste artigo) relacionados ao processo de criação de valor em BNPPs (Quadro 6). Examinando o Quadro 6, observamos que há similaridades entre os conceitos por trás das diferentes terminologias. Os autores geralmente associam esses fatores ao sucesso ou ao processo de criação de valor em uma BNPP. Também notamos que a maioria dos fatores estão relacionados às fontes do processo de criação de valor colaborativo mencionadas por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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: complementaridade de recursos, natureza dos recursos, direcionalidade dos recursos, utilização e interesses relacionados.

Quadro 6
Fatores relacionados à criação de valor colaborativo em uma BNPP a partir da RSL

DISCUSSÃO: UM FRAMEWORK INTEGRATIVO E "PROPOSTA DE AGENDA DE PESQUISA"

O objetivo deste artigo é propor um framework integrativo que sintetize a literatura sobre a criação de valor colaborativo entre organizações sem fins lucrativos e empresariais, e a Seção 3 permitiu desenvolver algumas análises. Por exemplo, a maioria dos artigos da amostra descreviam variáveis em consonância com as fontes de criação de valor colaborativo propostas por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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. Esta informação mostra que os atributos propostos por esses autores ainda são essenciais para a criação de valor nessas parcerias. Assim, para sintetizar as informações dos artigos analisados, chamamos os atributos apresentados na Tabela 6 de subatributos, e mostramos como esses subatributos estão em consonância com os termos adotados pelos autores da amostra. Todas essas informações são apresentadas na Quadro 7.

Quadro 7
Atributos e termos genéricos para os subatributos
Consideramos que as fontes apresentadas por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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são atributos do processo de criação de valor (lado direito da Figura 5), e são o ponto de partida para a proposição de um framework integrativo. Precisamos considerar esses atributos (e subatributos) em mais, conforme se verifica a seguir.
  • Complementaridade de recursos. De acordo com a literatura sobre dependência de recursos, uma base fundamental para a colaboração é a obtenção de acesso aos recursos necessários e ainda não possuídos (Austin & Seitanindi, 2012a). Sob a perspectiva da teoria das redes sociais, o acesso, compartilhamento e complementaridade dos recursos de parceiros em uma aliança também trazem benefícios específicos (Hond et al., 2015Hond, F. den, Bakker, F. G. A. de, & Doh, J. P. (2015). What prompts companies to collaboration with NGOs? Recent evidence from the Netherlands. Business & Society (54), 187-228. doi: 10.1177/0007650312439549
    https://doi.org/10.1177/0007650312439549...
    ). A visão relacional (VR) e a visão baseada em recursos estendida (VBRE) também consideram que o acesso aos recursos de um parceiro permite às empresas criar valor e, consequentemente, desenvolver vantagens colaborativas (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. The Academy of Management Review, 23(4), 660-679. doi: doi: 10.5465/amr.1998.1255632
    https://doi.org/10.5465/amr.1998.1255632...
    ; Lavie 2006Lavie, D. (2006). The competitive advantage of interconnected firms: An extension of the resource-based view. The University of Texas at Austin, 31(3), 638-658.). Dahan et al. (2010), Jamali e Keshishian (2009)Jamali, D., & Keshishian, T. (2009). Uneasy alliances: Lessons learned from partnerships between businesses and ngos in the context of CSR. Journal of Business Ethics, 84(2), 277-295. e Liu e Ko (2011)Liu, G., & Ko, W. W. (2011). Social alliance and employee voluntary activities: A resource-based perspective. Journal of Business Ethics, 104(2), 251-268. doi: 10.1007/s10551-011-0907-9
    https://doi.org/10.1007/s10551-011-0907-...
    apoiam a mesma ideia, enfatizando a importância da dependência e do compartilhamento de recursos para o processo de criação de valor na parceria. Finalmente, para avaliar a complementaridade de recursos e sua criação de valor potencial, é importante reconhecer se os recursos de cada parceiro possuem potencial para contribuir, incluindo recursos tangíveis (dinheiro, terras, instalações, maquinário, suprimentos, estruturas e recursos naturais) e recursos intangíveis (conhecimento, habilidades e práticas de gestão) (Austin & Seitanidi, 2012bAustin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012b). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 2: Partnership processes and outcomes. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(6), 929-968.).

  • Natureza dos recursos. De acordo com a VBR, os parceiros podem contribuir para a colaboração com recursos genéricos, isto é, aqueles que qualquer empresa ou NPO possui, para mobilizar e aproveitar mais recursos valiosos, como conhecimentos, capacidades, infraestrutura e relacionamentos essenciais ao sucesso da organização (Austin & Seitanidi, 2012aAustin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
    https://doi.org/10.1177/0899764012450777...
    ). Hond et al. (2015)Hond, F. den, Bakker, F. G. A. de, & Doh, J. P. (2015). What prompts companies to collaboration with NGOs? Recent evidence from the Netherlands. Business & Society (54), 187-228. doi: 10.1177/0007650312439549
    https://doi.org/10.1177/0007650312439549...
    concordam e acreditam que as organizações buscam parceiros que possam agregar valor econômico e social, seja pela recombinação de recursos valiosos aos quais os parceiros têm acesso, ou pelo desenvolvimento conjunto de novos recursos valiosos, gerando, assim, vantagens colaborativas.

  • Direcionalidade e uso dos recursos. Este aspecto refere-se ao fluxo de recursos, que pode ser predominantemente unilateral e oriundo principalmente de um parceiro, ou bilateral e de trocas recíprocas (Austin & Seitanidi, 2012aAustin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
    https://doi.org/10.1177/0899764012450777...
    ). Segundo os autores, entradas ou transferências paralelas (mas separadas) podem criar valor, mas a integração de recursos complementares e distintos (em uma perspectiva relacional) que produzem novos serviços ou atividades que nenhuma organização poderia ter criado sozinha ou em paralelo, cria novo valor.

  • Interesses relacionados. Colaborações intersetoriais podem ter objetivos distintos e nenhum parâmetro comum para avaliação de valor (Austin & Seitanidi, 2012aAustin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
    https://doi.org/10.1177/0899764012450777...
    ). Segundo os autores, no entanto, é essencial: (i) entender claramente como os parceiros consideram valor; (ii) conciliar sistemas de criação de valor divergentes; e (iii) enxergar a troca de valor como justa.

No entanto, como a amostra dos autores citou alguns subatributos sem consonância com os atributos propostos por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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, nós os denominamos “outros atributos” (lado direito da Figura 5). Os números no lado direito da Figura 5 representam os autores da amostra listados no Quadro 3. Esses subatributos exercem um impacto que pode ser direto ou indireto sobre a criação de valor. Por exemplo, se um dos parceiros se comporta de forma oportunista (aumentando os custos de transação, por exemplo), esta atitude terá uma influência negativa na criação de valor, uma vez que é considerada um fator relacional (Barroso-Mendez et al., 2015). O tamanho da organização pode agir como “atributo moderador” na cooperação entre NPOs e FPBs (Harangozó & Zilahy, 2015Harangozó, G., & Zilahy, G. (2015). Cooperation between business and non-governmental organizations to promote sustainable development. Journal of Cleaner Production, 89, 18-31. doi: 10.1016/j.jclepro.2014.10.092
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). Alguns “outros atributos” são chamados de “atributos externos”, uma vez que estão relacionados ao ambiente externo à parceria. Por exemplo, com relação às expectativas dos stakeholders, ao elaborar e implementar novas iniciativas de criação de valor, a BNPP precisa considerar cuidadosamente seu grupo heterogêneo de stakeholders (Al-Tabbaa et al., 2014Al-Tabbaa, O., Leach, D., & March, J. (2014). Collaboration between nonprofit and business sectors: A framework to guide strategy development for nonprofit organizations. Voluntas, 25(3), 657-678. doi: 10.1007/s11266-013-9357-6
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), bem como o impacto social, uma vez que ele leva a transformações nas esferas cultural, política e econômica (Sakarya et al., 2012Sakarya, S., Bodur, M., Yildirim-Oktem, O., & Selekler-Goksen, N. (2012). Social alliances: Business and social enterprise collaboration for social transformation. Journal of Business Research, 65(12), 1710-1720. doi: 10.1016/j.jbusres.2012.02.012
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). Finalmente, as “variáveis e inputs internos” são aqueles relacionados a cada parceiro. Por exemplo, as FPBs podem influenciar no desenvolvimento da inovação nas NPOs enquanto o marketing interno das NPOs pode também produzir vantagens para as FPBs (Sanzo et al., 2015aSanzo, M. J., Álvarez, L. I., Rey, M., & García, N. (2015a). Business-nonprofit partnerships: Do their effects extend beyond the charitable donor-recipient model? Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 44(2), 379-400. doi: 10.1177/0899764013517770
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).

Figura 5
Framework integrativo

*Os números na Figura representam os artigos da amostra apresentados no Quadro 3


Assim, a lógica do framework funda-se na ideia de que a colaboração cria sinergia, que produz resultados e cria valor, como se pode ver na parte de baixo da Figura 5. Portanto, reconhecer os atributos da criação de valor e em que cada atributo consiste pode melhorar a sustentabilidade organizacional de todas as organizações envolvidas em uma BNPP, por exemplo, bem como melhorar a reputação e oferecer uma base de receitas mais diversificada.

O framework também apresenta informações sobre pesquisas acerca do processo de criação de valor colaborativo em BNPPs. Por exemplo, embora a maior parte dos autores da amostra não utilizem uma teoria específica para estudar esse processo, alguns adotam teorias de forma conjunta (Al-Tabbaa et al., 2014Al-Tabbaa, O., Leach, D., & March, J. (2014). Collaboration between nonprofit and business sectors: A framework to guide strategy development for nonprofit organizations. Voluntas, 25(3), 657-678. doi: 10.1007/s11266-013-9357-6
https://doi.org/10.1007/s11266-013-9357-...
; Hond et al., 2015Hond, F. den, Bakker, F. G. A. de, & Doh, J. P. (2015). What prompts companies to collaboration with NGOs? Recent evidence from the Netherlands. Business & Society (54), 187-228. doi: 10.1177/0007650312439549
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; Suárez & Hwang, 2013Suárez, D. F., & Hwang, H. (2013). Resource constraints or cultural conformity? Nonprofit relationships with businesses. Voluntas, 24(3), 581-605.), predominantemente aqueles que adotam a teoria dos stakeholders e a VBR (ver Quadro 4).

Poucos artigos analisaram o impacto da criação de valor sobre o desempenho sustentável. Alguns deles consideram os três aspectos da sustentabilidade (econômico, social e ambiental), tais como Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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. Outros focaram apenas nos aspectos sociais, como Moldovan et al. (2016)Moldovan, A. M., Greenley, M., & Lakatos, E. S. (2016). Corporate social responsibility, NGOs and business partnerships for social sustainability. Review of Applied Socio-Economic Research, 11(1), 51-56. Recuperado de http://www.reaser.eu
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e Paton (2006)Paton, B. (2006). Collaboration among industry, civil society, and government for sustainability: A framework for identifying opportunities. Progress in Industrial Ecology - An International Journal, 3(12), 148-162.. Os aspectos ambiental (Harangozó & Zilahy, 2015Harangozó, G., & Zilahy, G. (2015). Cooperation between business and non-governmental organizations to promote sustainable development. Journal of Cleaner Production, 89, 18-31. doi: 10.1016/j.jclepro.2014.10.092
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) e econômico (Dahan et al., 2010) foram analisados em uma minoria de estudos. A literatura também indica que alguns estudos focam em contextos nacionais específicos, uma vez que investigaram o processo de criação de valor entre setores empresariais específicos, como farmacêuticos, empresas das áreas de saúde e educação, e micro e pequenas empresas.

Ao analisar o framework integrativo, bem como as principais lacunas, propomos alguns direcionamentos para pesquisas futuras (Figura 6)

Figura 6
Direcionamentos para pesquisas futuras

Teorias

Não há consenso sobre qual teoria pode explicar melhor a criação de valor em uma colaboração intersetorial. Assim, pesquisas futuras poderiam combinar teorias que consideram a parceria como uma estratégia essencial para alcançar vantagens colaborativas, como a VR e a VBRE, uma vez que nenhuma delas foi considerada na amostra deste artigo. As principais teorias também tendiam a focar na explicação dos motivos para a colaboração e nas dinâmicas contínuas, deixando de lado como essa colaboração pode criar valor para as partes. Como a colaboração entre NPOs e empresas pode estar relacionada a questões sustentáveis, a Visão Baseada em Recursos Naturais (VBRN) pode ser uma teoria útil para estudar este tema.

Métodos e contexto de pesquisa

A maioria dos estudos são qualitativos ou conceituais. Os estudos conceituais não investigam a literatura de modo sistemático, revelando que mais RSL são necessárias. Há também uma oportunidade para métodos mistos ou quantitativos, tais como surveys e modelagens matemáticas.

Há ainda uma falta de estudos nas economias emergentes e nas colaborações intersetoriais envolvendo o governo e sociedades civis. Assim, pesquisas futuras podem estudar em maior profundidade a colaboração intersetorial nessas economias, comparando-a com outros estudos em países desenvolvidos.

Atributos

Pesquisas futuras podem também investigar a influência da relação entre os atributos e subatributos (Figura 5), por exemplo, aplicando métodos mistos que utilizem especialistas e ferramentas multicritério. Por meio da técnica Delphi, os especialistas podem inferir a influência exercida pelos atributos e subatributos, a fim de chegar a um consenso. Ferramentas multicritério também possibilitam modelar os atributos para alcançar um índice de criação de valor colaborativo por meio da adoção de uma Abordagem Gráfico-Teórica (GTA, do inglês Graphic Theoretical Approach). O Processo Analítico em Rede (ANP, do inglês Analytic Network Process) também possibilita a priorização desses atributos que exercem uma influência significativa sobre a criação de valor colaborativo. Outra oportunidade consiste na investigação daqueles atributos que exercem mais influência sobre o processo de criação de valor, por meio de surveys ou Delphi, por exemplo.

Aspectos sustentáveis

Estudos futuros podem focar não apenas no aspecto social, mas também nas questões econômicas e ambientais. Entretanto, para fazê-lo, as empresas precisarão ir além da filantropia, e buscar novas estratégias de engajamento nas comunidades onde operam, obtendo, assim, maior relevância corporativa e exercendo um impacto social, econômico e ambiental mais significativo.

CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E ESTUDOS FUTUROS

Este artigo desenvolveu um framework integrativo que representa uma síntese das pesquisas sobre o processo de criação de valor em uma BNPP. Mesmo utilizando diferentes terminologias, alguns dos autores da amostra descreveram subatributos em consonância com os atributos propostos por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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, um estudo avançado sobre processos de CV entre uma empresa e uma NPO. Estes atributos foram operacionalizados em 11 subatributos. Também verificamos alguns subatributos sem alinhamento com os propostos por Austin e Seitanidi (2012a)Austin, J. E., & Seitanidi, M. M. (2012a). Collaborative value creation: A review of partnering between nonprofits and businesses - Part 1. Value creation spectrum and collaboration stages. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 41(5), 726-758. doi: 10.1177/0899764012450777
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; nós os chamamos de “outros atributos”. Esses subatributos foram agrupados em quatro atributos (que foram operacionalizados em 13 subatributos). “Outros atributos” também exercem um impacto direto ou indireto sobre o processo de criação de valor em uma BNPP. Portanto, esses atributos representam aqueles que podem influenciar a criação de valor em uma BNPP, e quando o valor é criado, a parceria produz resultados (esperados ou não). Estes achados representam a primeira contribuição deste artigo.

Em segundo lugar, o framework proposto contribui para o avanço do conhecimento na medida em que estende o estudo sobre as BNPPs e sua criação de valor, mostrando, por exemplo, o contexto (países e empresas) no qual a pesquisa sobre a criação de valor foi aplicada. Este resultado abre espaço para discussão, especialmente em economias emergentes e em muitos setores além dos identificados neste artigo.

Terceiro, mesmo sem consenso acerca da teoria mais apropriada, mostramos que o processo de criação de valor em BNPPs é complexo, e que precisa ser abordado utilizando diferentes teorias e pontos de vista. Quarto, embora a literatura apresente diferentes atributos (e subatributos) para abordar a criação de valor, entender como eles contribuem para isso não é fácil, o que ressalta a necessidade de examinar como esses atributos podem diferir, e em quais circunstâncias. Finalmente, a quinta contribuição está relacionada à agenda de pequisas futuras.

Esta pesquisa também tem suas limitações. Primeiro, consideramos bases de dados específicas e palavras de busca limitadas, e isto pode ter levado a uma perda de conteúdo. Assim, pesquisas futuras devem utilizar diferentes bases de dados e outras palavras de busca. Outras pesquisas podem discutir cada atributo e seus subatributos, ou reagrupá-los para obter um entendimento mais profundo dos efeitos sobre os atributos e o processo de criação de valor nas BNPPs. Finalmente, com base em nossos resultados, e analisando as lacunas do artigo, surgem questões: (i) quais teorias, estruturas de governança e atributos podem explicar melhor a criação de valor colaborativo nas BNPPs? (ii) considerando uma relação colaborativa, que implicações o valor criado traz para os diretores executivos das NPOs ou para os CEOs das empresas? (iii) como os líderes das NPOs e empresas podem manter a colaboração? (iv) quais valores os atributos criam e como eles podem ser medidos? (v) quais os impactos dos atributos sobre os aspectos sustentáveis (econômico, social e ambiental)? Essas questões críticas são importantes para estudiosos e profissionais, especialmente dada a pressão sobre as NPOs para gerar receitas corporativas, e a correspondente expectativa de que as empresas sejam socialmente responsáveis, especialmente por meio do apoio e estabelecimento de parcerias com as entidades sem fins lucrativos.

  • NOTA DE TRADUÇÃO
    Algumas abreviações e termos foram mantidos em inglês ao longo do texto por serem de uso corrente na literatura de língua inglesa revista pelo autor. A supressão do inglês, nesses casos, dificultaria ao leitor o acesso ao conteúdo dos originais citados. Evidentemente, os termos são, em sua primeira ocorrência no texto, acompanhados de tradução.
  • Avaliado pelo processo double-blind review. Editor Científico: Marcos Barros

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Out 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2019
  • Aceito
    06 Out 2020
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