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The economy liberty and the state

RESENHAS

The economy liberty and the state

Arthur E. Warner

Michigan state Universxty

THE ECONOMY LIBERTY AND THE STATE. Por Calvin B. Hoover (The Twentieth Century Fund, New York, 1959, 424 páginas, US $5.00)

O título do livro, em si, já tem a propriedade de despertar a curiosidade do leitor. Ademais, o interêsse é logicamente aguçado pela indicação dos editores, na sobrecapa do livro, de que o leitor encontrará ali respostas a questões momentosas tais como: está o capitalismo tornando-se mais forte? Está decaindo? Tendendo para o socialismo? Há alguma indicação de que os países comunistas estejam "abrandando-se"? Que novas formas de sistemas econômicos e políticos estão surgindo? Irão sistemas políticos e econômicos diferentes forçar Oriente e Ocidente à guerra? O que acontecerá à liberdade?

Em virtude da seriedade com que são encaradas estas questões, qualquer tratado que apresentasse solução a mesmo uma só delas faria significativa contribuição ao entendimento humano. Lamentàvelmente, o livro não dá resposta, como querem os editores, a nenhuma destas questões. Não vai nisto crítica ao trabalho ou ao seu significado, pois o livro possui outros méritos que, por si, justificam a atenção do leitor.

O autor é um eminente economista americano que tem sido, por mais de um quarto de século, professor, auxiliar do governo dos Estados Unidos e estudioso das operações e contribuições dos sistemas econômicos contemporâneos. Êle tem tido o raro privilégio de poder observar "in loco" o funcionamento de todos os sistemas econômicos sôbre os quais escreve. É óbvia sua genuina preocupação por estes assuntos. HOOVER inicia seu estudo com um breve e quase nostálgico retrospecto sôbre a natureza e estrutura do que chama de "capitalismo à moda antiga". A seguir, dá a MARX a oportunidade de apresentar a mais clamorosa dissensão ao capitalismo de que se tem notícia, mas êste, no final, continua (de alguma forma) presente.

Segue-se o exame um tanto simplificado da queda do regime czarista na Rússia e um esquema completo do desenvolvimento do totalitarismo russo.. Aqui, HOOVER se aproveita bastante de suas experiências e observações na Rússia para apresentar pormenores e dar vivacidade à sua análise.

O nascimento e a queda do nazismo na Alemanha e do facismo na Itália são retratados com brevidade, para em seguida ser claramente feito o contraste dêsses regimes com o comunismo russo.

Na parte que nos parece ser a mais lúcida do livro, o autor descreve o declínio do "capitalismo da velha guarda" e sua transformação no capitalismo "modificado" do "New Deal". Esta descrição é feita do ponto de vista de um dos participantes ativos dessa transformação, pois HOOVER serviu como economista no Departamento de Agricultura durante os primórdios do "New Deal" e não deixa margem à dúvida de que aquêles foram tempos notáveis para colaborar com o govêrno dos Estados Unidos.

Finalmente, o livro apresenta um exame dos "sistemas econômicos mistos", de que fazem parte a Grã-Bretanha e os países da Europa Ocidental, HOOVER considera importantes êstes sistemas, porque mostram claramente a relação entre socialismo e nacionalização da indústria e os resultados daí advindos. Ao avaliar tais fenômenos, sugere HOOVER que o declínio da propriedade privada não tem, necessàriamente, sido acompanhado de qualquer diminuição perceptível da liberdade pessoal.

Os capítulos finais são dedicados à análise da liberdade individual sob diferentes sistemas. Há pouca possibilidade, segundo HOOVER, de que a liberdade individual seja substituída, no "capitalismo modificado", por qualquer aumento de coletivismo. Isto, certamente, não ocorrerá mediante o exercício da vontade consciente pela maioria dos votantes.

Conclui o autor com a observação de que o capitalismo ocidental se defronta com dois problemas, um bem reconhecido por todos os estudiosos de economia, mas o outro um tanto surpreendente. O primeiro é a onipresente vulnerabilidade dos sistemas capitalistas à inflação e deflação extremas. O segundo é o sério problema, segundo HOOVER, de não ser o capitalismo apoiado por sua própria "intelligentzia". Um remédio implícito para o segundo problema seria a leitura dêste livro.

Quaisquer que sejam seus pontos fracos de documentação ou de exploração científica, o livro tem o mérito de apresentar uma descrição e análise do funcionamento dos sistemas econômicos mundiais mais proeminentes. O autor examina as relações entre "meios" e "fins", na medida em que envolvem as liberdades individuais e a dignidade humana e, neste processo, oferece alguma compreensão útil àqueles que estão buscando soluções a êstes intrincados problemas políticoeconômicos. O livro deveria ser leitura obrigatória para todos os que, de alguma forma, estejam ligados à determinação de diretrizes para o desenvolvimento econômico dos países que estão lutando para melhorar o padrão de vida de seu povo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2015
  • Data do Fascículo
    Ago 1961
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