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Editorial

EDITORIAL

Temos o prazer de compartilhar com vocês, leitores e autores, a inclusão de Per Musi na Scielo, uma das mais importantes bases internacionais de publicações científicas. Esta conquista, que torna a revista o único periódico de música do Brasil ali indexado, e o segundo da América Latina, reflete cinco anos de constantes melhorias do processo editorial. No site www.scielo.com.br já estão disponíveis os volumes 22, 23, 24 e 25, enquanto que os números anteriores serão gradualmente inseridos na sua base de dados. Lembramos também que todos os volumes da coleção de Per Musi, iniciada no ano 2000, estão disponíveis gratuitamente para download ou impressão no site de Per Musi Online, no endereço www.musica.ufmg.br/permusi. As versões impressas de quase todos os números da revista ainda podem ser adquiridas através do e-mail permusi@ufmg.br.

Este volume 25 de Per Musi apresenta 12 artigos e duas resenhas. Ilza Nogueira abre a revista com uma retrospectiva musicológica sobre a vida e a obra de Lindembergue Cardoso (1939-1989), membro do Grupo de Compositores da Bahia, por meio de uma análise dos cerca de 200 documentos musicais que ela catalogou em 2009. O próprio Lindembergue contribui com Per Musi, em cuja capa foi utilizado fragmento do manuscrito de sua obra O Voo do Colibri, para cravo e orquestra de cordas, de 1984.

Paulo de Tarso Salles revela as reminiscências do Quarteto Op.76 Nº 2 de Franz Haydn, "pai" dos quartetos de cordas, no 1º Movimento do Quarteto de cordas Nº 7 de Villa-Lobos de 1942. Aprofundando e revisando os comentários pioneiros de Arnaldo Estrella, Vasco Mariz e Eero Tarasti, busca explicar os aspectos texturais, harmônicos, motívicos e formais que muitos ainda consideram "excêntricos" no estilo do maior compositor brasileiro.

A partir de fontes primárias e extensa revisão bibliográfica sobre a imprensa musical brasileira e europeia do século XIX, Lino de Almeida Cardoso discute a obscura história envolvendo a data de criação, letra, música e discrepâncias musicais do Hino da Independência, cuja autoria ainda é creditada a Dom Pedro I.

Luigi Antonio Irlandini analisa o conceito de écriture e as polarizações que equilibram Gagaku, um dos movimentos da obra Sept Haikai de Olivier Messiaen: o ocidental e o oriental, a nostalgia e a inovação, a religiosidade e a intelectualidade, o passado e o futuro.

Buscando consolidar conceitos técnicos da tradição oral vigente entre intérpretes e compositores, Fernando Chaib destrincha as práticas de performance associadas ao vibrafone, abordando tipos de baqueta, timbres, ressonância, pedal, manipulação de arcos, abafamento, som contínuo, harmônicos e glissando, ao mesmo tempo em que provê exemplos significativos do repertório.

Baseadas nas diretrizes para construção de instrumentos psicológicos de Pasquali e na perspectiva ecológica, Thaís Branquinho Oliveira Fragelli e Isolda de Araújo Günther propõe um inventário para avaliar elementos sociais e físicos no comportamento saudável dos músicos, com vistas à prevenção de lesões ocupacionais.

As fisioterapeutas Marina Medici Loureiro Subtil e Lívia Maria Marques Bonomo, por meio da análise visual e fotográfica das posturas adotadas pelos músicos e da avaliação de cadeiras e estantes de partituras, buscam identificar os fatores de risco de DORTs (distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho) no tronco, pescoço, membros inferiores, braços, antebraços e punhos dos músicos instrumentistas.

Tendo como referência o histórico instrumento "La Parmigiana", construído pelo mestre da luteria italiana Giovanni Battista Guadagnini em 1765, Zoltan Paulinyi discute o ostracismo e o renascimento da viola pomposa, que tem atraído a atenção de luthiers, instrumentistas e compositores da atualidade.

Estudando a motivação entre músicos de uma orquestra brasileira, Fausto Kothe, Clarissa Stefani Teixeira, Érico Felden Pereira e Eugenio Andrés Díaz Merino revelam as relações entre organização, realização, envolvimento, desempenho e poder em um dos tipos de ambientes profissionais mais complexos do meio musical.

Daniel Serale reflete sobre os papéis colaborativos do compositor e do intérprete, e dos processos composicional e de performance, em Recycling Collaging Sampling, obra em três movimentos para percussão e recursos acusmáticos de Edson Zampronha, na qual a interação de ambos os papeis resulta em um trabalho cuja pertencência e autoria são igualmente compartilhados.

Laura Rónai revisita a análise semiológica de Eero Tarasti sobre Vallée d'Obermann, obra para piano do álbum Années de Pèlerinage, composta por Franz Liszt em 1836, mostrando as camadas de sedimentação em isotopias musicais como textura coral, contorno melódico, repetição de figuras, harmonias, cromatismo e dissonâncias.

Na Seção de Resenhas - Pega na Chaleira, Fátima Graciela Musri nos apresenta o livro Los caminos de la música: Europa y Argentina com trabalhos de seis dos mais renomados musicólogos e críticos musicais argentinos, publicação que resultou da integração entre três instituições: La Fondazione Spinola (Itália), Mozarteum de Jujuy (Argentina) e La Universidad Nacional de Jujuy (Argentina). Já Rodrigo Cantos Savelli Gomes nos apresenta o livro The New (Ethno)musicologies, organizado por Henry Stobart e que contém palestras de 12 autores do Fórum Britânico de 2001 sobre (etno)musicologia anglo-americana.

Fausto Borém

Fundador e Editor Científico de Per Musi

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Fev 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2012
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