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Editorial

Editorial

"Publicar ou perecer" é a palavra de ordem tanto para as pessoas quanto para as instituições cujas atividades são predominantemente intelectuais. Publicar é como que a evidência de estar vivo e do ter amadurecido. Isso explica em parte a proliferação de publicações periódicas em todas as áreas, inclusive na de educação.

Ninguém sabe ao certo quantos periodicos brasileiros há nesta área, nem quais as suas características. Pode-se afirmar seguramente apenas que há muitas dezenas deles, se considerados os produzidos por órgãos oficiais, por instituições de ensino e/ou pesquisa e aqueles, poucos, produzidos comercialmente. Com igual segurança pode-se afirmar que o conjunto desses periódicos constitui uma verdadeira nebulosa, altamente dinâmica.

Nebulosa, porque nem seus contornos estão ainda delineados, e dinâmica, porque há periódicos brasileiros nascendo e morrendo, incessamente.

A alta "mortalidade infantil" dos periódicos brasileiros tem diversas causas prováveis, dentre elas: escassez de recursos materiais, inexperiência e/ou fala de condições do grupo de editoração para dedicar-se à publicação e ainda escassez de originais para publicar.

Resta ainda o argumento de que a instituição pode ser parcialmente ressarcida por meio de uma eficiente política de distribuição. Esta, incluindo a permuta, carreia recursos bibliográficos para a biblioteca assegurando um relativo retorno material.

Política de distribuição, eis um dos tópicos a exigir reflexão conjunta dos editores, por depender de cooperação, de reciprocidade.

A segunda provável causa de morte prematura dos periódicos pode estar nas características do próprio grupo desafiado a produzi-los. Boa vontade é essencial, mas não basta. O desânimo pode sobrevir antes da aprendizagem autodidática, e posta à prova desde o início, e muito antes do êxito, que, vindo, representa novo alento.

A outra provável causa apontada para a curta vida dos periódicos relaciona-se com a obtenção de matéria para publicar. A regularidade do periódico lhe confere crédito, mas está na dependência da confiança dos autores em lhe submeterem seus artigos. A importância do periódico é avaliável ainda em termos de heterogeneidade de procedência dos artigos, o que implica em trazer trabalhos produzidos em outras instituições. Outras questões básicas do mesmo tipo são o estabelecimento de uma linha para inclusão de matéria: se geral, se especializada; e o estabelecimento de critérios para aceitação de matéria, quer quanto à qualidade, quer quanto às suas características de apresentação.

Também estas ponderações são cruciais para os editores. E uma vez que o Brasil comporta uma variada gama de periódicos na área de educação, cumpre aos editores aclararem a situação em benefício dos próprios periódicos e, por extensão, das instituições mantenedoras, além, naturalmente, de ser em benefício dos autores, que merecem ver seus artigos devidamente comunicados.

Problemas relacionados com recursos materiais e humanos dificultam o andamento regular dos trabalhos de editoração, levantando sempre de novo a questão da eficácia, senão da validade de se produzirem periódicos artesanalmente. Problemas relacionados com a devida comunicação dos trabalhos - e é para isso que se criam os periódicos - fazem questionar a validade daqueles que têm curta duração ou permanecem obscuros.

Todas estas preocupações são, possivelmente, comuns aos editores de periódicos. Surge, daí, a idéia de uma reunião para troca de experiências, reunião essa que a Universidade Federal do Paraná se dispõe a sediar.

Pede-se sugestões aos interessados na realização de uma reunião dessa natureza.

Relinda Köhler

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1982
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