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AS UNIDADES FRASEOLÓGICAS COM ZOÔNIMOS NOS DICIONÁRIOS BILINGUES ESCOLARES (PORTUGUÊS-INGLÊS) E A QUESTÃO DAS EQUIVALÊNCIAS

RESUMO:

As unidades fraseológicas com zoônimos (UFz) são expressões metafóricas integrantes da cultura e expressam aspectos peculiares da comunicação, com um colorido especial próprio à conversa dos falantes de uma língua. Por esta razão, espera-se que os dicionários possam verter as UFz para a língua alvo, com a maior proximidade possível com a língua-fonte, no que se refere à informalidade. Procura-se conhecer o como se dá o tratamento das UFz com relação às equivalências que lhe são atribuídas em dicionários bilíngues escolares, na direção português-inglês. Tomam-se por base pressupostos da Lexicografia e da Metalexicografia bilíngues com autores como Casares (1950)CASARES, J. Introducción a la lexicografía moderna. Madrid: CSIC, 1969. Original de 1950.; Zgusta (1971ZGUSTA, L. Manual of lexicography. Paris: Mounton, 1971., 1984ZGUSTA, L. Translational equivalence in the bilingual dictionary. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LEXICOGRAPHY AT EXETER, Tübingen, 1984. Proceedings… Tübingen: Niemeyer, 1984. p. 147-154.); Béjoint (1981BÉJOINT, H. The foreign student's use of monolingual English dictionaries. Applied Linguistics, Oxford, v.2, n.3, p.207-222, 1981., 1994BÉJOINT, H. Tradition and innovation in modern English dictionaries. Oxford: Oxford University Press, 1994., 2000BÉJOINT, H. Modern lexicography: an Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2000.); Hartmann (2007)HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007.; Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004. na interface que fazem com a Fraseologia com Zuluaga (1980)ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980.; Ortiz Alvarez (2000)ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino de português como língua estrangeira. 2000. 334p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) — Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.; Corpas Pastor (1996)CORPAS PASTOR, G. Manual de fraseología española. Madrid: Gredos, 1996.; Xatara (1998)XATARA, C. M. O campo minado das expressões idiomáticas. Alfa: Revista de. Linguística, São Paulo, v.42, n. esp., p.147-159, 1998.. O artigo objetiva dar a conhecer algumas conceituações dadas à equivalência e à Fraseologia na tentativa de entender o que se pode esperar das traduções oferecidas para as UFz nos dicionários pesquisados. Trata-se de um recorte da tese de Budny (2015)BUDNY, R. Unidades fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (Português- Inglês) e em livros didáticos do PNLD. 2015. 250p. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) — Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. que demonstra a pouca incidência desses fraseologismos (cerca de 37%) nesses materiais e a divergência de traduções para eles, traduções nem sempre satisfatórias para o aspecto cultural emblemático das Ufz.

PALAVRAS-CHAVE:
Unidades fraseológicas; Zoônimos; Dicionários; Equivalência

ABSTRACT:

The phraseological units with zoonyms (PUz) are culturally integrated metaphorical expressions, which denote peculiar aspects of our communication and give a special color to the language speakers' talk. Therefore, dictionaries may be expected to render PUz to the target language, with closest meaning to the source language, regarding the informality aspect. It is expected to learn how PUz equivalences are treated in bilingual school dictionaries in Portuguese-English direction. Theoretical principles that support the investigation are the ones from the Bilingual Metalexicography represented by Casares (1950)CASARES, J. Introducción a la lexicografía moderna. Madrid: CSIC, 1969. Original de 1950.; Zgusta (1971ZGUSTA, L. Manual of lexicography. Paris: Mounton, 1971., 1984ZGUSTA, L. Translational equivalence in the bilingual dictionary. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LEXICOGRAPHY AT EXETER, Tübingen, 1984. Proceedings… Tübingen: Niemeyer, 1984. p. 147-154.); Bejóint (1981BÉJOINT, H. The foreign student's use of monolingual English dictionaries. Applied Linguistics, Oxford, v.2, n.3, p.207-222, 1981., 1994BÉJOINT, H. Tradition and innovation in modern English dictionaries. Oxford: Oxford University Press, 1994., 2000BÉJOINT, H. Modern lexicography: an Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2000.); Hartmann (2007)HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007.; Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004. on the interface they make with the Phraseology of Zuluaga (1980)ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980.; Ortiz Alvarez (2000); Corpas Pastor (1996)CORPAS PASTOR, G. Manual de fraseología española. Madrid: Gredos, 1996.; Xatara (1998)XATARA, C. M. O campo minado das expressões idiomáticas. Alfa: Revista de. Linguística, São Paulo, v.42, n. esp., p.147-159, 1998.. The aim of this paper is to demonstrate equivalences and conceptualizations of Phraseology toward the goal of trying to understand what one may expect from translations given to PUz by the researched dictionaries. It is based on the chapter 5 of Budny's (2015)BUDNY, R. Unidades fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (Português- Inglês) e em livros didáticos do PNLD. 2015. 250p. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) — Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. doctoral dissertation demonstrating the small incidence of phraseologisms (around 37%) on these reference materials and PUz translation divergences, which do not always receive a satisfactory translation if one focuses on their cultural emblematic aspect.

KEYWORDS:
Phraseological units; Zoonyms; Dictionaries; Equivalence

Introdução

Se alguém lhe perguntar sobre quais nomes de animais você se lembra, muito provavelmente, virão à sua mente nomes de animais domésticos mais conhecidos, como gato, cachorro, cavalo, burro. Caso você divague pelas memórias da infância, poderá ir mais longe e lembrar-se do macaco, da girafa, do elefante, do leão, vistos em uma ida ao circo; ou, ainda, da cobra cascavel, do lobo, nomes presentes em algum “causo” mirabolante contado por um tio próximo.

As sensações provocadas pelas imagens desses animais passam a povoar o imaginário popular e a se concretizar na fala de determinado povo, fazendo com que daí surjam fraseologismos conhecidos e usados cotidianamente no linguajar doméstico ou em ambientes em que se pode ficar mais à vontade. Expressões do tipo “virar bicho”, “conversa pra boi dormir”, “ser um burro de carga”, “viver como cão e gato”, “fome de leão”, “dizer cobras e lagartos” estão presentes nos diálogos do dia a dia. Elas são de fácil entendimento para o falante brasileiro acostumado a ouvi-las desde a infância, mas podem se tornar “um bicho-de-sete-cabeças” para o estrangeiro desavisado ou para o tradutor que verte um texto vernáculo para o inglês, ou, ainda, para o aprendiz de língua portuguesa que tem intenção de entender nossas expressões, recheadas de nomes de animais.

Esses motivos, por si só, já justificam um trabalho minucioso para se descrever e, na sequência, para se buscar a tradução e a inclusão desses fraseologismos nos dicionários bilíngues escolares. É o que faz esta pesquisadora que visa a verificar o como se dá a presença ou a ausência de unidades fraseológicas com zoônimos (UFz)1 1 Este artigo desenvolve parte da pesquisa de doutoramento realizada e defendida por esta pesquisadora (BUDNY, 2015). nesses materiais de referência, as também chamadas expressões metafóricas zoonímicas.

Os dicionários escolhidos para a pesquisa (referenciados na bibliografia) são dicionários escolares de fácil acesso nas livrarias, seja por questões econômicas, seja por sua popularidade. São eles: Oxford Escolar (2012), Longman Escolar (2009), Michaelis Escolar (2010), Collins Prático (2012), Mini-Webster's (HOUAISS, 2011HOUAISS, A. Webster's minidicionário, Inglês-Português/ Português-Inglês. Rio de Janeiro: Record, 2011.), Landmark (2006), e Larousse Avançado (2009). O último afasta-se da categoria dos demais, pois se volta para o nível avançado de conhecimento da língua estrangeira. Considera-se essa característica positiva, uma vez que ela favorece o estabelecimento de um parâmetro diferenciador na análise que se faz dos materiais.

Procura-se conhecer o como se dá o tratamento das UFz com relação às equivalências apresentadas ou — pela complexidade de conceituação do termo — às correspondências que lhe são atribuídas nesses materiais de referência, na direção português-inglês. Para se analisar os vários aspectos que envolvem essa discussão, tomam-se por base pressupostos da Lexicografia e da Metalexicografia bilíngues e trabalhos relevantes de autores como, por exemplo, Casares (1950)CASARES, J. Introducción a la lexicografía moderna. Madrid: CSIC, 1969. Original de 1950., Zgusta (1971ZGUSTA, L. Manual of lexicography. Paris: Mounton, 1971., 1984ZGUSTA, L. Translational equivalence in the bilingual dictionary. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LEXICOGRAPHY AT EXETER, Tübingen, 1984. Proceedings… Tübingen: Niemeyer, 1984. p. 147-154.), Zuluaga (1980)ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980., Bejóint (1994BÉJOINT, H. Tradition and innovation in modern English dictionaries. Oxford: Oxford University Press, 1994., 2000BÉJOINT, H. Modern lexicography: an Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2000.), Biderman (2001)BIDERMAN, M. T. C. Os dicionários na contemporaneidade: arquitetura, métodos e técnicas. In: OLIVEIRA, A. M. P. P. de O.; ISQUERDO, A. N. (Org.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. 2. ed. Campo Grande: Ed. da UFMS, 2001. p.131-144., Hartmann (2007)HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007., Martinez de Souza (1995)MARTINEZ DE SOUZA, J. Diccionario de lexicografía práctica. Barcelona: Bibliograf, 1995., Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004..

Ao se encontrar uma unidade fraseológica com zoônimo, compara-se a correspondência que lhe é atribuída (ou não) nos sete dicionários bilíngues para se verificar se as traduções apresentadas são as mesmas nesses dicionários e se as equivalências pertencem ao mesmo registro informal. Sabe-se que as UFz são expressões metafóricas integrantes da cultura do povo e expressam de forma peculiar determinados aspectos da comunicação, acrescentando um colorido especial e uma intimidade próprias à conversa dos falantes de uma língua. Por esta razão, espera-se que os dicionários possam verter a UFz para a língua alvo, observando-se a maior proximidade possível com a língua-fonte, no que se refere à informalidade, pois, conforme argumentam Fonseca e Cano (2011, p.2), os dicionários:

[…] testemunham uma civilização, refletem o conhecimento e o saber linguístico e cultural de um povo num determinado momento da história. Essa herança cultural é transmitida às novas gerações pela língua. […] também, registram a norma social desta época, com seus valores, suas interdições, as suas marcas de uso […].

As UFz representadas a partir das expressões metafóricas atendem à necessidade de comunicação de um grupo em um determinado momento e espaço e resultam de “um processo de criação no qual há a junção de determinados elementos para um significado global” (ORTIZ ALVAREZ, 2000, p. 269). Tal ato criador parece se inspirar na metáfora para a constituição de muitas dessas expressões. Com relação à constituição, cabe mencionar autores como, por exemplo, Ullmann (1964)ULLMANN, S. Semântica: uma introdução à ciência do significado. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1964. quando explica que a metáfora é composta, basicamente, por dois termos: o elemento do qual se fala e a ideia com a qual tal elemento é comparado, de modo que, quanto maior a diferença entre esses dois termos, mais expressiva será a metáfora. Castro (1978CASTRO, W. Metáforas machadianas: estruturas e funções. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978., p. 118), por sua vez, observa que a metáfora é um “[…] recurso inestimável e constante de criação e recriação dentro da língua, desde tempos imemoriais. É instrumento do conhecer e do nomear. Sua função é favorecida pelos tabus linguísticos, pelos eufemismos, e por outros recursos”. Ela é também fonte constante de (re/tro)alimentação dos sentidos figurados. Assim, a relevância dessas expressões linguísticas faz com que haja interesse em estudá-las, traduzi-las e, consequentemente, dicionarizá-las.

O usuário desses materiais de referência, geralmente aprendizes de línguas, tradutores, professores e pesquisadores necessitam encontrar nas correspondências presentes neles adequação, uniformidade e nível de registro compatível com a informalidade própria dessas unidades fraseológicas, principalmente se visarem àfunção de produção.

Com base nos teóricos citados, discute-se a questão da equivalência, alvo de divergências nos Estudos da Tradução.

Hartmann (2007HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007., p. 15) corrobora a opinião de Snell-Hornby (1987)SNELL-HORNBY, M. Towards a learner's bilingual dictionary. In: COWIE, A. (Ed.). The dictionary and the language learner. Papers from the Euralex Seminar at the University of Leeds. Tubingen, Niemeyer, 1987. p. 159-170. sobre a equivalência e afirma que o elaborador de um dicionário bilíngue não deve confiar “[…] na ilusão de equivalência entre lexemas, mas na percepção que a cobertura parcial e a não equivalência são uma realidade da comparação interlingual”. O autor não acredita em uma noção única de equivalência. Para ele, assim como para Snell-Hornby, a equivalência deveria ser subdividida em graus de equivalência. Essas categorias corresponderiam, por um lado, à ‘equivalência total’ (em um dos extremos) e, por outro, a nenhuma possibilidade de equivalência (ou seja, ‘nenhuma correspondência’). Por essas opiniões pode-se perceber a complexidade de entendimentos quanto a uma definição única para equivalência.

Para que se possa distanciar dos dois extremos previstos por Snell-Hornby (1987)SNELL-HORNBY, M. Towards a learner's bilingual dictionary. In: COWIE, A. (Ed.). The dictionary and the language learner. Papers from the Euralex Seminar at the University of Leeds. Tubingen, Niemeyer, 1987. p. 159-170. e por Hartmann (2007)HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007., pode-se ter como base o pragmatismo de Zgusta (1984)ZGUSTA, L. Translational equivalence in the bilingual dictionary. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LEXICOGRAPHY AT EXETER, Tübingen, 1984. Proceedings… Tübingen: Niemeyer, 1984. p. 147-154., que argumenta que o dicionário bilíngue, ao longo da história, tem apresentado a equivalência com basicamente duas propriedades diferentes: 1. Traduzibilidade (ou inserção) e 2. Paráfrase explanatória. Embora Zgusta evidencie o uso comum dessas propriedades nos dicionários, é ele mesmo quem afirma que o dicionário bilíngue não deveria oferecer paráfrases explanatórias ou definições, mas, sim, verdadeiros itens lexicais da língua alvo que, quando inseridos no contexto, produziriam uma tradução estável, sem entroncamentos. Acrescente-se que, com relação à tradução das UFz nos dicionários pesquisados, esses itens lexicais muitas vezes não estão inseridos no contexto informal das expressões.

Muito embora os lexicógrafos tentem contextualizar as UFz por meio de abonações, nem sempre conseguem seguir esse direcionamento para todos os casos.

O progresso da discussão em torno de um conceito cientificamente aceito para a equivalência é lento e os resultados ainda limitados. Percebe-se a falta de uma metodologia consistente para a aplicação de uma teoria e de uma prática que possam convergir para o dia a dia do lexicógrafo que, muitas vezes, faz seu trabalho de forma intuitiva e experimental.

Tendo em vista os estudos desenvolvidos nessa pesquisa, pode-se entender a equivalência para unidades fraseológicas com zoônimos como valores aproximativos de significados em contextos culturais diferentes, mas intermediados por acontecimentos semelhantes. Crê-se que a equivalência, vista dessa forma, pode fornecer traduções satisfatórias para muitas expressões nos dicionários escolares bilíngues.

Sabe-se que os dicionários bilíngues são importantes para o trabalho dos lexicógrafos e, mais ainda, para os estudos comparativos (HARTMANN, 2007HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007.). Ainda que seja comum encontrar nesses dicionários palavras desvestidas de seus contextos de origem, afastadas de seus ambientes colocacionais, pode-se afirmar que suas traduções apresentam algum tipo de relevância para as consultas do usuário ou do tradutor.

A dificuldade, geralmente, que se percebe em relação à busca pela equivalência nos materiais de referência bilíngues é a de encontrar ‘correspondência estática de palavras’ para a correspondência lexical. No que se refere à tradução de expressões idiomáticas ou metafóricas, e, mais marcadamente, à das zoonímicas, observa-se que elas têm um ‘quê’ de artificial e ‘irreal’, como argumenta Hartmann (2007, p.15). O que se encontra, muitas vezes, é a correspondência formal para uma expressão informal.

Um aspecto recorrente é o de que algumas equivalências apresentadas não são unânimes nos dicionários, o que aponta para o fato de que a necessidade de produção dos usuários pode não estar sendo atendida. Após minucioso estudo2 2 O estudo em questão faz parte da tese de doutorado “Unidades Fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (português-inglês) e em livros didáticos do PNLD”, defendida em 2015, na área da Lexicografia e ensino de Línguas Estrangeiras, no Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. acerca dessas ocorrências à luz das teorias da Metalexicografia e da Fraseologia, tenta-se oferecer uma análise pautada em exemplos reais, uma espécie de ‘raio-x’ das unidades fraseológicas com zoônimos.

Conhecer a Metalexicografia para entender o dicionário

A Metalexicografia, para Welker (2004, p.11), é “[…] o estudo de problemas ligados à elaboração de dicionários, crítica de dicionários, pesquisa da história da lexicografia, pesquisa do uso dos dicionários e tipologia”. Outra conceituação apresentada é a de Krieger (2006, p. 143) que afirma que a Metalexicografia é a “disciplina que trata da análise crítica de dicionários, investigando problemas em sua confecção”.

Observa-se na Metalexicografia praticada na atualidade a abundância de categorizações e de pensamentos no que concerne à apresentação de dicionários bilíngues escolares. Dentro dos aspectos metalexicográficos discute-se a delinquência dicionarística, ou seja, a prática da reimpressão de dicionários sem menção aos editores anteriores ou, ainda, a prática da equipe de marketing que supervaloriza o número de verbetes de uma obra, aumentando o estoque de lemas (lemário) em sua capa para favorecer a comercialização do dicionário.

Bergenholtz e Tarp (1995)BERGENHOLTZ, H.E.; TARP, S. Manual of specialized lexicography. Amsterdam; Philadelphia: Benjamins, 1995. explicam que a qualidade de uma obra lexicográfica inclui meticulosa seleção dos lemas orientada por objetivos criteriosos; isso deve vir explicado para o usuário na introdução ou no guia do usuário.

O usuário que se dedica a este estudo é o estudante de línguas, o tradutor, ou o pesquisador que se utiliza do dicionário com objetivos, geralmente, didáticos. Nesse sentido há uma Metalexicografia voltada para questões escolares, que é comumente chamada de lexicografia pedagógica (LP).

Na definição dada por Hernández (1998HERNÁNDEZ, H. La lexicografía didáctica del español: aspectos históricos y críticos. In: FUENTES MORAN, M. T.; WERNER, R. (Ed.). Lexicografía iberoromanicas: problemas, propuestas y proyectos. Frankfurt: Vervuert, 1998. p. 49-79., p.50), a lexicografia pedagógica recebe o nome de lexicografia didática. O autor equipara os dois termos e considera que tal lexicografia “se refere a obras destinadas a quem ainda não alcançou uma competência linguística suficiente em sua língua materna ou em uma segunda língua”. Entende-se por tal afirmação que a LP está inequivocamente ligada à facção de dicionários para aprendizes ou para aprendizagem. Com relação ao uso dos dicionários como materiais didáticos, muitas vezes se discute se são os monolíngues ou os bilíngues os melhores para auxiliar na aprendizagem e pode-se afirmar que é possível tirar bom proveito dos estudos por meio desse material de referência.

No âmbito dos dicionários considerados pedagógicos ou didáticos, como quer Hernández, registra-se a elaboração de um dicionário bilíngue contrastivo, por exemplo, o dicionário DIFAPE (DURÃO, RUANO, WERNER, 2009DURÃO, A. B. A. B.; RUANO, M. A. S.; WERNER, R. Equivalentes léxicos e informação semântica contrastiva no dicionário contrastivo Português-Espanhol. In: DURÃO, A. B. A. B. (Org.). Por uma lexicografia bilíngue contrastiva. Londrina: Ed. da UEL, 2009. p.193-207.), que se direciona a falantes de português brasileiro como língua materna em processo de aprendizagem de espanhol (variante peninsular) como língua estrangeira.

Esse dicionário contesta a ideia usual de que os dicionários monolíngues são os que mais podem ajudar o aprendiz e a de que os dicionários bilíngues não são apropriados para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Os autores (DURÃO, RUANO, WERNER, 2009DURÃO, A. B. A. B.; RUANO, M. A. S.; WERNER, R. Equivalentes léxicos e informação semântica contrastiva no dicionário contrastivo Português-Espanhol. In: DURÃO, A. B. A. B. (Org.). Por uma lexicografia bilíngue contrastiva. Londrina: Ed. da UEL, 2009. p.193-207., p.193-194) explicam:

Entre os argumentos contrários ao dicionário bilíngue como dicionário didático existem aqueles que destacam as diferenças semânticas entre as línguas, a impossibilidade de delimitar os significados léxicos de uma língua por meio da indicação de equivalentes em outra língua e o perigo da interferência. Muitos linguistas assumem a ideia de que o valor de cada elemento de uma língua se define pelo lugar que ocupa no interior do sistema desta língua, assim como por suas relações com outros elementos da mesma, portanto o valor de uma língua não pode ser idêntico ao valor de um elemento de outra língua. Partindo desse conceito, chega-se facilmente à conclusão de que o significado da unidade léxica de uma língua pode ser explicado unicamente mediante outros elementos da mesma língua, não podendo ser esclarecido satisfatoriamente mediante equivalentes por tradução.

A discussão em torno do dicionário bilíngue e/ou da lexicografia pedagógica envolvendo a dificuldade de se encontrar, nesses materiais, equivalentes de tradução que apresentem diferenças semânticas a contento pode explicar a iniciativa de pesquisadores — como Durão, Ruano e Werner, (2009)DURÃO, A. B. A. B.; RUANO, M. A. S.; WERNER, R. Equivalentes léxicos e informação semântica contrastiva no dicionário contrastivo Português-Espanhol. In: DURÃO, A. B. A. B. (Org.). Por uma lexicografia bilíngue contrastiva. Londrina: Ed. da UEL, 2009. p.193-207., entre outros — no sentido de procurar desenhar materiais didáticos apropriados para os aprendizes de línguas, uma vez que suas necessidades são diferentes das dos usuários monolíngues.

Conhecer a Fraseologia para entender as UFz

A Fraseologia é um campo de estudos que tem como objeto de reflexão os fraseologismos ou as unidades fraseológicas. É o campo do saber que estuda os fenômenos fraseológicos os quais dão conta de aspectos socioculturais presentes em uma dada comunidade. Estudá-los é uma forma de entender “as situações que motivam seu uso” (ORTÍZ ÁLVAREZ, 2012ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Tendências atuais na pesquisa descritiva e aplicada em fraseologia e paremiologia. Campinas: Pontes, 2012., p. 12).

Zuluaga (1980)ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980. muito contribuiu para o entendimento dos aspectos caracterizadores da Fraseologia. Ele explica que a Fraseologia designa “tanto el conjunto de fenômenos fraseológicos, como la ciencia que los estudia” (ZULUAGA, 1980ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980., p. 226). Emprega-se aqui o termo nos dois sentidos mencionados. No Brasil, os estudos fraseológicos na direção português-inglês, no âmbito da Lexicografia bilíngue, estão atrasados se comparados a outros pares de línguas (TAGNIN, 1989TAGNIN, S. O. Expressões idiomáticas e convencionais. São Paulo: Ática, 1989.; ORTÍZ ÁLVAREZ, 2000ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino de português como língua estrangeira. 2000. 334p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) — Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.). Não apenas esse fato, mas também a carência dos materiais fraseológicos nos dicionários bilíngues (principalmente dos que atendam à função de codificação/produção) vêm corroborar o interesse desta pesquisadora pelo estudo das unidades fraseológicas.

Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004. explica que os primeiros estudos de Fraseologia surgiram em território russo, no século XX, por volta dos anos 40, de parte de Vinogradov e Isašenko3 3 Na bibliografia de Ortíz Álvarez (2000) podem-se encontrar várias noções acerca dos estudos fraseológicos, frutos dos diversos trabalhos dos pesquisadores russos. . Fora do território russo, a Fraseologia começa a constituir-se como ciência por volta dos anos 70 e 80 desse mesmo século. O grande precursor dos estudos fraseológicos (ORTÍZ ÁLVAREZ, 2000ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino de português como língua estrangeira. 2000. 334p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) — Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.; WELKER, 2004WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004.) foi Bally (1961)BALLY, C. Traité de stylistique française. Heidelberg: C. Winter, 1961. Obra original de 1909., que criou um arcabouço conceitual para o estudo de fenômenos fraseológicos. A partir dele, a primeira monografia sobre o assunto, segundo Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004., parece ser de Makkai (1972)MAKKAI, A. Idiom structure in English. Hague: Mouton, 1972. (Janua Linguarum, series maior, 48)., que redigiu tese de doutorado em que aponta para as expressões idiomáticas. Outro trabalho mencionado por Welker e que percorre os estudos dos fraseologismos é o de Rothkegel (1973)ROTHKEGEL, A. Feste syntagmen. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1973., que oferece proposta de análise automática ou computacional de unidades fraseológicas. O estudioso alemão Burger (1973)BURGER, H. Deutsche idiomatik. Tübingen: Niemeyer, 1973. intensificou a pesquisa fraseológica e publicou trabalhos acerca de expressões idiomáticas. Uma contribuição também de grande relevância é a de Zuluaga (1980)ZULUAGA, A. Introducción al estudio de las unidades fijas. Frankfurt am Maim: Peter Lang, 1980.. Este autor faz um apanhado sobre a pesquisa fraseológica a partir de 1880 (Paul) até 1973 (Burger). Na atualidade, os estudos relativos aos fenômenos fraseológicos estão em plena expansão e o interesse por delimitar e conhecer as unidades fraseológicas é visível.

No quadro a seguir visualizam-se algumas definições de Fraseologia propostas por pesquisadores que vêm contribuindo para o desenvolvimento de estudos da área.

Quadro 1
Algumas definições de fraseologia.

Nas definições apresentadas pode-se verificar a ocorrência de palavras como agrupamentos, associações, cercania, idiomatismos, expressão, locução, combinações, entre outras, que assinalam para traços significativos presentes na fraseologia e que normalmente caracterizam as combinações tão peculiares desse fenômeno linguístico. As definições auxiliam no estudo dos fraseologismos cujas composições são objeto de investigação da área e, muitas vezes, de discordâncias teóricas. Um aspecto que abriga divergências é o relativo à escolha das categorias (expressões idiomáticas, colocações) que devem ser incluídas na Fraseologia.

Para o propósito deste estudo, alinham-se com as classificações para as unidades fraseológicas propostas pelos seguintes autores: Hausmann (1984 apud WELKER, 2004WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004.), Xatara (1998)XATARA, C. M. O campo minado das expressões idiomáticas. Alfa: Revista de. Linguística, São Paulo, v.42, n. esp., p.147-159, 1998., Burger (1998)BURGER, H. Phraseologie: eine einführung AM beispiel dês Deutschen. Berlin: E. Schmidt, 1998.. Esses estudiosos incluem nas combinações lexicais, além das expressões idiomáticas, as colocações, os provérbios, as máximas, os aforismos, as frases feitas, assim como poemas e orações nas unidades fraseológicas.

Nos estudos fraseológicos atuais, a expressão “unidade fraseológica” — objeto de estudo da Fraseologia — vem ganhando adeptos entre os estudiosos da área. Segundo Corpas Pastor (1996)CORPAS PASTOR, G. Manual de fraseología española. Madrid: Gredos, 1996., para se reconhecer as unidades fraseológicas há que se atentar para as seguintes características:

  1. expressão formada por várias palavras (as UFs são formadas por, no mínimo, duas palavras gráficas);

  2. expressão institucionalizada, ou seja, cristalizada com o tempo e conhecida e utilizada por falantes da língua em questão;

  3. expressão estável em variados graus;

  4. expressão que se caracteriza por apresentar particularidades sintáticas (elas não podem ser passadas para a voz passiva, por exemplo) ou semânticas (a palavra chave presente na composição da UF resiste a mudanças);

  5. expressão que se caracteriza pela possibilidade de variação de alguns de seus elementos integradores, seja com variantes já lexicalizadas na língua, seja com modificações ocasionais em contexto, como a UFz “estar com minhocas na cabeça | me deixar | me deixa com minhocas na cabeça | (não) por minhocas na (minha) cabeça”, que em inglês pode receber a tradução idiomática (have rocks in one's (your) head). Uma particularidade de algumas unidades fraseológicas (excetuando-se os provérbios) é que elas não constituem enunciados completos e, geralmente, funcionam como elementos da oração.

De acordo com Welker (2004, p. 164-166) e com exemplos fornecidos por esta pesquisadora, as UFs podem ser classificadas em: (1) idiomáticas, que podem ser ilustradas pelas UFz (e com algumas traduções idiomáticas) “estar em palpos de aranha” (to have (hold) a wolf by the ears) ou “estar com minhocas na cabeça” (have rocks in (one's) your head); (2) não idiomáticas, como, por exemplo, “como sardinha em lata” (packed like sardines); (3) as de diversos graus de idiomaticidade; (4) as parcialmente idiomáticas (ou semi-idiomáticas), em que um componente mantém seu significado literal, como em “agarrado como carrapato” (hanger-on).

Nos estudos dos fraseologismos, Ortíz Álvarez (2000)ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino de português como língua estrangeira. 2000. 334p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) — Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000., Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004., entre outros estudiosos da área, têm procurado explicar os limites da idiomaticidade, assim como estabelecer critérios de fixidez, no entanto, “não há limites precisos entre fraseologismos idiomáticos e não idiomáticos” e os fraseólogos concordam que o critério de fixidez é relativo (WELKER, 2004WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004., p. 165-166). Nesse sentido, ainda que os critérios de delimitação e classificação das UFs sejam heterogêneos, pode-se concordar com Ortíz Álvarez (2000, p. 90) quanto ao fato de que “[…] as UFs são sintagmas indivisíveis semanticamente e compostos por duas ou mais palavras e dependendo de sua estrutura gramatical e de sua função podem até constituir ou abranger orações”. No estudo efetuado relativamente às UFz, observam-se essas mesmas características apontadas por Welker e Ortíz Alvarez, sendo possível encontrar UFz (que aqui apresentamos em conjunto com algumas possíveis traduções idiomáticas) delimitadas apenas por dois lexemas, como “dar zebra” (the dark horse has won), “galinha morta” (to be dead easy), bem como UFz formadas por mais de dois lexemas, como em “puxar a brasa pra sua sardinha” (to feather one's nest), “estar com a pulga atrás da orelha” (to have a flea in one's ear). Encontram-se também nas UFz algumas variações em seus componentes, o que nos faz afirmar com Welker (2004)WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004. que o critério de fixidez das UFs é relativo e requer o aprofundamento das reflexões a esse respeito. Como se verifica são muitos os aspectos a serem pesquisados quando se trata das UFs.

O que se pode esperar em médio prazo é a ampliação de materiais de referências que contemplem as fraseologias e que busquem uma tradução que atenda o aspecto cultural das UFz. Os dicionários normalmente têm potencial para auxiliar o aluno a aprender expressões novas e a ajudá-lo a elaborar textos na LE. O dicionário pode explicar aspectos de uso de uma expressão idiomática com profundidade. Em bons dicionários podem-se encontrar definições claras e exemplos sobre como utilizar as palavras no âmbito de seus contextos de uso (HUMBLÉ, 2006HUMBLÉ, P. Melhor do que muitos pensam: quatro dicionários bilíngues PortuguêsInglês de uso escolar. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 2, n. 18, p. 253-273, 2006. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/6951>. Acesso em: 10 jul. 2017.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/tra...
; BEJÓINT, 1981BÉJOINT, H. The foreign student's use of monolingual English dictionaries. Applied Linguistics, Oxford, v.2, n.3, p.207-222, 1981.)5 5 Como Béjoint já dizia há mais de vinte anos atrás: “Em geral, o melhor dicionário para a produção é aquele que dá as informações mais detalhadas sobre sintaxe e colocação […]” (BÉJOINT, 1981, p.210). Tanto a sintaxe quanto a colocação supõem um conhecimento da ‘conduta’ das palavras que circundam a palavra desconhecida. , podem-se encontrar informações sobre o registro das UFs (informal, jocoso, chulo), que oferece maior segurança para quem precisa utilizar expressões populares. Vários estudiosos da lexicografia (KRIEGER, 2006KRIEGER, M.G. Políticas públicas e dicionários para escola: o programa nacional do livro didático e seu impacto sobre a lexicografia didática. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 18, p. 235-252, 2006. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/6950>. Acesso em: 10 jul. 2017.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/tra...
; WELKER, 2004WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004., 2008WELKER, H. A. Panorama geral da lexicografia pedagógica. Brasília: Thesaurus, 2008.; HARTMANN, 2007HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007.; DURAN, 2008DURAN, M. S. Parâmetros para a elaboração de dicionários bilíngues de apoio àcodificação escrita em línguas estrangeiras. 2008. 187p. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) — Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2008.) defendem a validade do dicionário como instrumento de apoio ao ensino de línguas estrangeiras.

A natureza e a variedade das equivalências encontradas para as unidades fraseológicas

Em tese defendida sobre o assunto (BUDNY, 2015BUDNY, R. Unidades fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (Português- Inglês) e em livros didáticos do PNLD. 2015. 250p. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) — Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.), constata-se que algumas UFz recebem equivalências diversificadas nos dicionários bilíngues escolares. Tal fato pode constituir obstáculo para os usuários desses dicionários, principalmente se estiverem em um contexto de sala de aula desenvolvendo atividades de produção em que todos trabalham, ao mesmo tempo, suas traduções a partir do mesmo texto-fonte. Nesse contexto, como se explicaria a diversidade de equivalências? E se o trabalho for o de uma tradução comercial a ser entregue ao cliente pelo tradutor? Como justificar as diversas ‘possíveis’ versões? Naturalmente, por um lado, pode-se afirmar que encontrar versões diferentes para a mesma unidade fraseológica com zoônimo ilustra a ambiguidade das equivalências nas unidades de sentido e constitui situação de hesitação para o usuário do dicionário. Por outro lado, as traduções (quando se encontram) nem sempre parecem corresponder ao efeito estilístico e informal que se espera delas.

Tome-se como exemplo a seguinte unidade fraseológica com zoônimo: “ser um asno”, que significa “uma pessoa que faz tudo errado e causa irritação por conta disso”. Ela é traduzida em seu sentido figurado ou popular, nos quatro dicionários pesquisados, como silly ass; stupid; fool; ass; ignorant. Caso se traduzisse a seguinte interjeição: “Seu asno!”, seria necessário escolher quais traduções melhor se encaixariam. Naturalmente, as correspondências “You silly ass!”, “You stupid!”, “You fool!”, “You ass!”, e “You ignorant!” vão traduzir de alguma forma a interjeição, mas considerando-se que a expressão faz parte de um contexto coloquial, informal, muito provavelmente “You ignorant!” ou “You stupid!” não corresponderiam à melhor opção para a expressão. Há a necessidade de se manter o aspecto estilístico da informalidade. Saliente-se ainda que o co(texto) deve ajudar na correspondência que possa melhor encaixar a tradução da interjeição.

Outro exemplo que se pode constatar na pesquisa é relativo à UFz “Ser uma baleia”, que significa, em sentido figurativo, pejorativo e popular, um indivíduo obeso, muito gordo. Dos dicionários pesquisados, quatro apresentaram as seguintes equivalências para a UFz: “To look like a beached whale”, “To be very overweight”, “To be enormous” e “a fat person”. Uma pessoa que queira empregar o coloquialismo pejorativo “Fulana está uma baleia!”, provavelmente não gostaria de ver sua fala traduzida em “So and So is overweight!”, ou ainda, “So and So is a fat person!”, “So and So is enormous!”. Embora essas traduções possam, em determinado momento, ser legítimas, deixam de sê-lo, quando a intenção é buscar o coloquial, o colorido da ênfase idiomática e cultural. Felizmente, para essa UFz pode-se facilmente encontrar a correspondência idiomática e cultural “So and So looks like a beached whale!”, que privilegia a tradução com os traços estilísticos e idiomáticos desejados para a UFz.

Quanto à UFz “vai dar bode”, que abriga sentido familiar, coloquial, e significa “vai ter problema”, traz a inconveniência da tradução formal “there'll be trouble” para uma expressão que se sabe coloquial, informal, e que espera um equivalente com a mesma informalidade. A UFz recebe do dicionário Larousse a correspondência “be hell to pay” que parece satisfazer a natureza coloquial e informal do fraseologismo.

Ainda pode-se tomar outro exemplo, a expressão olhos de águia a qual sugere que a pessoa que os possui consegue enxergar oportunidades que outras não veem. Segundo o UNESP, a expressão tem o sentido de perspicaz; agudo. Na busca pela UFz em um dicionário de expressões6 6 Disponível em: <http://www.dicionariodeexpressoes.com.br/busca.do?expressao=Olhos%20de%20%E1guia>. Acesso em: 18 abr. 2014. em português online encontrou-se a seguinte definição: olhar agudíssimo, muito penetrante, que tudo percebe e que tudo vê. Michaelis apresenta a equivalência piercing eyes. Procedeu-se a uma pesquisa no Google por uma referência à equivalência dada em inglês, e encontrou-se a abonação “She looked at me with ‘piercing eyes’, and I was suddenly frightened that she knew what I had done.7 7 Disponível em: <http://www.merriam-webster.com/dictionary/piercing>. Acesso em: 12 maio 2014. No entanto, verifica-se que a UFz pode igualmente ser traduzida por eagle eyes, conforme define o dicionário on-line Cambridge, significando “perceber tudo, até mesmo os pequenos detalhes” e seguida pela abonação em que a equivalência encontra-se na categoria adjetivada do inglês “My eagle-eyed mother noticed that some cakes had gone missing”8 8 Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/dictionary/british/eagle-eye>. Acesso em: 12 maio 2014. .

São inúmeros os casos que podem ser apontados de UFz traduzidas por correspondentes formais que não se aplicam no contexto de informalidade e expressividade dos fraseologismos. Daí a necessidade de mais estudos dos fraseologismos zoonímicos para uma melhor representação tradutológica nos dicionários.

As UFz são escassas nos dicionários bilíngues escolares. Paralelamente, não há muito referencial teórico sobre o tema. Um dos desafios a ser enfrentado é o da escassez de estudos fraseológicos na direção português-inglês. O que se encontra com profusão na área são dicionários e materiais de referência no sentido inglêsportuguês, que é o par de línguas mais descrito e traduzido na lexicografia atual (HARTMANN, 2007HARTMANN, R. R. K. Interlingual lexicography. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2007.).

Sabe-se que para fins de produção é relevante que o dicionário apresente as marcas relativas às variantes existentes em uma comunidade linguística. Elas podem corresponder “[…] à variação no espaço (regionalismo), à variação no tempo (arcaísmo), à variação na sociedade (cultismo/vulgarismo) e à variação temática (língua de especialidade)”, de acordo com Fonseca e Cano (2011, p.2); contudo, nem sempre tais marcas são atendidas pelos editores e lexicógrafos desses materiais.

Contribuições Esperadas

Neste artigo intentou-se não somente apresentar aspectos relevantes acerca dos estudos sobre unidades fraseológicas com zoônimos nos dicionários escolares bilíngues, com o fim de fortalecer sua utilização e reunir conhecimento teórico em torno do tema, como também contribuir para os estudos lexicográficos no Brasil, no que diz respeito ao estudo das unidades fraseológicas com zoônimos, à comparação de equivalências, de traços distintivos e ao registro das ocorrências nos dicionários bilíngues escolares. O senso comum diz que a ocorrência de unidades fraseológicas zoônimas é vasta, motivo pelo qual é merecedora de estudos mais aprofundados que possam contribuir para o avanço da categorização lexicográfica pedagógica no Brasil. Há alguns anos, especulava-se sobre o significado de uma palavra tendo como base uma análise obstinada, orquestrada manualmente na pesquisa de muitas páginas de textos escritos. Na atualidade, não se pode afirmar que os caminhos mudaram radicalmente, mas, sim, que as ferramentas tecnológicas9 9 (A Linguística de Corpus, por exemplo, tem contribuído muito para o estudo e análise das línguas em geral ou especializadas, suas ferramentas têm trazido à luz do olhar curioso dos pesquisadores interessantes aspectos dos fenômenos linguísticos em sua ocorrência natural). atuais possibilitam nortear caminhos bem mais alentadores no que tange à busca das traduções culturais10 10 Pode-se entender por “traduções culturais” as utilizadas nos estudos culturais que servem para demonstrar o processo de transformação linguística numa dada cultura. tão esperadas para as expressões populares com zoônimos.

  • 1
    Este artigo desenvolve parte da pesquisa de doutoramento realizada e defendida por esta pesquisadora (BUDNY, 2015BUDNY, R. Unidades fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (Português- Inglês) e em livros didáticos do PNLD. 2015. 250p. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) — Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.).
  • 2
    O estudo em questão faz parte da tese de doutorado “Unidades Fraseológicas com zoônimos em dicionários monolíngues e bilíngues (português-inglês) e em livros didáticos do PNLD”, defendida em 2015, na área da Lexicografia e ensino de Línguas Estrangeiras, no Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina.
  • 3
    Na bibliografia de Ortíz Álvarez (2000)ORTÍZ ÁLVAREZ, M. L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino de português como língua estrangeira. 2000. 334p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) — Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. podem-se encontrar várias noções acerca dos estudos fraseológicos, frutos dos diversos trabalhos dos pesquisadores russos.
  • 4
    Bally e Sechehaye (dois de seus alunos) compilaram anotações dos cursos ministrados por Saussure e editaram o Curso de Linguística Geral, livro seminal da ciência linguística.
  • 5
    Como Béjoint já dizia há mais de vinte anos atrás: “Em geral, o melhor dicionário para a produção é aquele que dá as informações mais detalhadas sobre sintaxe e colocação […]” (BÉJOINT, 1981BÉJOINT, H. The foreign student's use of monolingual English dictionaries. Applied Linguistics, Oxford, v.2, n.3, p.207-222, 1981., p.210). Tanto a sintaxe quanto a colocação supõem um conhecimento da ‘conduta’ das palavras que circundam a palavra desconhecida.
  • 6
  • 7
    Disponível em: <http://www.merriam-webster.com/dictionary/piercing>. Acesso em: 12 maio 2014.
  • 8
    Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/dictionary/british/eagle-eye>. Acesso em: 12 maio 2014.
  • 9
    (A Linguística de Corpus, por exemplo, tem contribuído muito para o estudo e análise das línguas em geral ou especializadas, suas ferramentas têm trazido à luz do olhar curioso dos pesquisadores interessantes aspectos dos fenômenos linguísticos em sua ocorrência natural).
  • 10
    Pode-se entender por “traduções culturais” as utilizadas nos estudos culturais que servem para demonstrar o processo de transformação linguística numa dada cultura.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2017

Histórico

  • Recebido
    Jun 2016
  • Aceito
    Mar 2017
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