Acessibilidade / Reportar erro

DIVERSIDADE DE FAMÍLIAS DE PARASITÓIDES (HYMENOPTERA: INSECTA) COLETADOS COM ARMADILHAS MALAISE EM FLORESTA NATIVA EM LUZ, ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL

DIVERSITY OF PARASITOID FAMILIES (INSECTA: HYMENOPTERA) COLLECTED BY MALAISE TRAPS IN THE NATIVE FOREST OF LUZ, STATE OF MINAS GERAIS, BRAZIL

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi de conhecer as famílias de himenópteros parasitóides (Insecta: Hymenoptera), coletados com armadilhas do tipo Malaise em floresta nativa em Luz, Estado de Minas Gerais, Brasil (19º45’03" e 19º49’03"S, 45º41’25" e 45º49’25"W). Durante o período de setembro de 2003 a março de 2004, foram coletados 1.131 espécimes, distribuídos em 21 famílias. Ichneumonidae e Encyrtidae foram as mais comuns, com 42,00% e 25,29% espécimes coletados, respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE
Hymenoptera; diversidade; parasitóides

ABSTRACT

The aim of this work was to assay the hymenopterous parasitoid families (Insecta: Hymenoptera), collected by Malaise traps in native forest of Luz, state of Minas Gerais, Brazil. From September of 2003 to March 2004, collection was made of 1,131 specimens, belonging to 21 families. Ichneumonidae and Encyrtidae were the most common families, with 42.00% and 25.29% specimens collected, respectively.

KEY WORDS
Hymenoptera; diversity; parasitoids

A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, sendo responsável pelo equilíbrio dos ecossistemas e fonte de imenso potencial de uso econômico (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). O que é biodiversidade? Disponívelem:< http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 29 jan. 2004.
http://www.mma.gov.br...
).

A região do Alto São Francisco possui poucas áreas de proteção ambiental, sendo uma das mais importantes, a Área de Proteção Ambiental do Córrego da Velha, localizada no Município de Luz, MG, sendo esta de significativa importância biológica e ecológica, pois preserva parte de fragmentos de Mata Atlântica, que está praticamente extinta na região.

Os insetos pertencentes à ordem Hymenoptera representam a terceira maior em relação ao número de espécies descritas dentro da classe (BORROR & DELONG, 1988BORROR, J.D. & DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. São Paulo: Edgard Blucher, 1988. 653p. Título Original: An Introduction to the Study of insects.). Dentre eles, destacam-se os parasitóides, que atuam como reguladores naturais das populações de vários hospedeiros, o que os tornam essenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico (BORROR & DELONG, 1988BORROR, J.D. & DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. São Paulo: Edgard Blucher, 1988. 653p. Título Original: An Introduction to the Study of insects.; LASALLE & GAULD, 1993LASALLE, J. & GAULD, I.D. Hymenoptera and biodiversity. Wallingford, UK: C.A.B. International, 1993. 348 p.; GRISSELL, 1999GRISSEL, E.E. Hymenopteran biodiversity: some alien notions. American Entomologist, v.45, n.4, p.235-244, 1999.; MARCHIORI et al., 2001MARCHIORI, C.H.; SILVA, C.G.; CALDAS, E.R.; ALMEIDA, K.G.S.; CARVALHO, S.A.; PENTEADO-DIAS, A.M.; DIAZ, N.B.; GALLARDO, F.E. Parasitóides da subfamília Eucoilinae (Hymenoptera: Cynipoidea: Figitidae) coletados em um remanescente de mata de cerrado em Itumbiara, GO. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.68, n.1, p.65-67, 2001.). São abundantes na natureza e ocupam os mais diversos tipos de ambientes disponíveis (GALLO et al., 2002GALLO, D; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p.). Atualmente, estima-se que existam pelo menos 250.000 espécies descritas no mundo (HANSON & GAULD, 1995HANSON, P.E. & GAULD, I.D. The biology of hymenoptera. Natural history. In: HANSON, P.E. & GAULD, I.D.(Eds.). The Hymenoptera of Costa Rica. New York: Oxford University Press, 1995. p.20-28.).

O objetivo deste trabalho foi de conhecer as famílias de himenópteros parasitóides, que ocorrem em floresta nativa na Área de Proteção Ambiental do Córrego da Velha, em Luz, MG, Brasil.

Os insetos foram coletados na Área de Proteção Ambiental do Córrego da Velha, localizada no Município de Luz, MG, Brasil entre as coordenadas 19°45’03" e 19°49’03"S; 45°41’25" e 45°49’25"W, durante o período de agosto/2003 a março/2004. Para a captura dos insetos, foram utilizadas duas armadilhas do tipo Malaise (TOWNES, 1972aTOWNES, H. A light-weight Malaise trap. Entomological News, v.83, n.9, p.239-247, 1972a) as quais foram montadas no interior de 2 fragmentos de Mata Atlântica a 30 m da borda.

Os insetos foram retirados do frasco coletor semanalmente e levados para o Laboratório de Zoologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco – FASF, onde foram triados e posteriormente identificadas as famílias e, também onde se encontram para posterior consulta. Parte dos insetos foram enviados para identificação nos laboratórios de entomologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e parte na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Foram coletados 1.131 espécimes de himenópteros parasitóides distribuídos em oito superfamílias e 21 famílias (Tabela 1).

Tabela 1
Himenópteros parasitóides coletados com armadilhas Malaise, em fragmentos de floresta nativa, no Município de Luz, MG.

De acordo com AZEVEDO et al. (2003)AZEVEDO, C.O.; CORRÊA, M.S.; GOBBI, F.T.; KAWADA, R. LANES, G.O; MOREIRA, A.R.; REDIGHIREI, E.S.; SANTOS, L.M & WAICHERT, C. Perfil de famílias de Vespas parasitóides (Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.16, p.946, 2003., existem 61 famílias desses insetos distribuídos ao redor do mundo, sendo muitas delas exclusivas de regiões biogeográficas, como por exemplo, a Holártica e a Australiana. Esses mesmos autores coletaram no Parque Estadual da Fonte Grande, um total de 28 famílias utilizando o método de varredura da vegetação.

Dentre as famílias coletadas neste experimento, destacaram-se Ichneumonidae e Encyrtidae com abundância relativa de 42,00% e 25,29%, respectivamente (475/1.131) e (286/1.131). AZEVEDO & SANTOS (2000)AZEVEDO, C.O. & SANTOS, H.S. Perfil da fauna de himenópteros parasitóides (Insecta, Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Reserva Biológica de Duas Bocas, Cariacica, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, série, n.11/12, p.117-126, 2000., realizando trabalhos de levantamento de himenópteros parasitóides em uma área de Mata Atlântica da Reserva Biológica de Duas Bocas (Cariacica, Espírito Santo), obtiveram um total de 8.305 espécimes, sendo as famílias Scelionidae, Braconidae e Eucoilidae as mais abundantes, esta última atualmente é considerada subfamília de Figitidae. AZEVEDO et al. (2003)AZEVEDO, C.O.; CORRÊA, M.S.; GOBBI, F.T.; KAWADA, R. LANES, G.O; MOREIRA, A.R.; REDIGHIREI, E.S.; SANTOS, L.M & WAICHERT, C. Perfil de famílias de Vespas parasitóides (Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.16, p.946, 2003., estudando a fauna de parasitóides em uma área de Mata Atlântica na Estação Biológica de Santa Lúcia (Santa Teresa, Espírito Santo), coletaram 26.779 indivíduos e observaram uma maior densidade das famílias Braconidae (17,23%) e Ichneumonidae (5,88%).

MARCHIORI & PENTEADO-DIAS (2002)MARCHIORI, C.H. & PENTEADO-DIAS, A.M. Famílias de parasitóides coletada em área de mata e pastagens no município de Itumbiara, Estado de Goiás. Acta Scientiarum, v.24, n.4, p.897-899, 2002. utilizando-se de bacias amarelas para captura de parasitóides pertencentes à ordem Hymenoptera, coletaram um total de 7.080 exemplares destes insetos, sendo os Ichneumonidae e Diapriidae os mais abundantes com 1.161 e 1.031 espécimes coletados, respectivamente. PERIOTO et al. (2005)PERIOTO, N.W.; LARA, R.I.R.; SELEGATTO, A. Himenópteros parasitóides da Mata Atlântica. II. Núcleo Grajaúna, Rio Verde da Estação Ecológica Juréia-Itatins, Iguape, SP, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p.81-85, 2005. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/72_1/perioto2.pdf>. Acesso em: 29 mai. 2005
http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/...
, constataram que as famílias Braconidae, Scelionidae, Diapriidae, Eulophidae, Ceraphronidae, Platygastridae, Ichneumonidae, Figitidae, Encyrtidae, Bethylidae e Mymaridae foram as mais freqüentes em suas amostragens.

As famílias Aulacidae, Leucospidae e Gasteruptiidae consideradas pouco freqüentes em amostragens foram capturadas neste experimento. Esses mesmos táxons foram reportados por AZEVEDO et al. (2003)AZEVEDO, C.O.; CORRÊA, M.S.; GOBBI, F.T.; KAWADA, R. LANES, G.O; MOREIRA, A.R.; REDIGHIREI, E.S.; SANTOS, L.M & WAICHERT, C. Perfil de famílias de Vespas parasitóides (Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.16, p.946, 2003..

Os Ichneumonidae e Encyrtidae foram as famílias mais freqüentes, enquanto que Aulacidae, Gasteruptiidae, Leucospidae e Signiphoridae foram as menos abundantes. Amplia-se com este estudo, o conhecimento da distribuição de famílias de parasitóides para o Brasil.

REFERÊNCIAS

  • AZEVEDO, C.O. & SANTOS, H.S. Perfil da fauna de himenópteros parasitóides (Insecta, Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Reserva Biológica de Duas Bocas, Cariacica, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, série, n.11/12, p.117-126, 2000.
  • AZEVEDO, C.O.; CORRÊA, M.S.; GOBBI, F.T.; KAWADA, R. LANES, G.O; MOREIRA, A.R.; REDIGHIREI, E.S.; SANTOS, L.M & WAICHERT, C. Perfil de famílias de Vespas parasitóides (Hymenoptera) em uma área de Mata Atlântica da Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.16, p.946, 2003.
  • BORROR, J.D. & DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos São Paulo: Edgard Blucher, 1988. 653p. Título Original: An Introduction to the Study of insects.
  • BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). O que é biodiversidade? Disponívelem:< http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 29 jan. 2004.
    » http://www.mma.gov.br
  • GALLO, D; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S; OMOTO, C. Entomologia Agrícola Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p.
  • GRISSEL, E.E. Hymenopteran biodiversity: some alien notions. American Entomologist, v.45, n.4, p.235-244, 1999.
  • HANSON, P.E. & GAULD, I.D. The biology of hymenoptera. Natural history. In: HANSON, P.E. & GAULD, I.D.(Eds.). The Hymenoptera of Costa Rica New York: Oxford University Press, 1995. p.20-28.
  • LASALLE, J. & GAULD, I.D. Hymenoptera and biodiversity Wallingford, UK: C.A.B. International, 1993. 348 p.
  • MARCHIORI, C.H. & PENTEADO-DIAS, A.M. Famílias de parasitóides coletada em área de mata e pastagens no município de Itumbiara, Estado de Goiás. Acta Scientiarum, v.24, n.4, p.897-899, 2002.
  • MARCHIORI, C.H.; SILVA, C.G.; CALDAS, E.R.; ALMEIDA, K.G.S.; CARVALHO, S.A.; PENTEADO-DIAS, A.M.; DIAZ, N.B.; GALLARDO, F.E. Parasitóides da subfamília Eucoilinae (Hymenoptera: Cynipoidea: Figitidae) coletados em um remanescente de mata de cerrado em Itumbiara, GO. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.68, n.1, p.65-67, 2001.
  • PERIOTO, N.W.; LARA, R.I.R.; SELEGATTO, A. Himenópteros parasitóides da Mata Atlântica. II. Núcleo Grajaúna, Rio Verde da Estação Ecológica Juréia-Itatins, Iguape, SP, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p.81-85, 2005. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/72_1/perioto2.pdf>. Acesso em: 29 mai. 2005
    » http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/72_1/perioto2.pdf
  • TOWNES, H. A light-weight Malaise trap. Entomological News, v.83, n.9, p.239-247, 1972a

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2005

Histórico

  • Recebido
    31 Out 2005
  • Aceito
    19 Dez 2005
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br