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SHIRLEY JACKSON, KAZUO ISHIGURO E O PÚBLICO LEITOR GEEK: ASPECTOS CONDICIONANTES DE MARCAS DE ORALIDADE EM TRADUÇÕES DE FICÇÃO DE GÊNERO E DE FICÇÃO LITERÁRIA1 1 Agradecimentos: Sou imensamente grato à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por auxílio concedido a esta pesquisa (Processo 19/01783-5: “As identidades da variação linguística representada em obras da alta literatura e em best-sellers de ficção popular”).

SHIRLEY JACKSON, KAZUO ISHIGURO AND THE GEEK READERSHIP: CONDITIONING ASPECTS OF ORALITY MARKERS IN TRANSLATIONS OF GENRE FICTION AND LITERARY FICTION

RESUMO

Este artigo apresenta uma pesquisa sobre marcas de oralidade em um romance de ficção de gênero, A assombração da casa da colina, de Shirley Jackson (traduzido por Débora Landsberg), e em um romance de ficção literária, Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro (traduzido por Beth Vieira), ambos publicados pelo Grupo Editorial Companhia das Letras. Em consonância com Amorim (2018a, 2018b e 2021a), este trabalho pretendeu avaliar se obras traduzidas, associadas aos best-sellers, como as de ficção de gênero, seriam permeáveis às marcas de oralidade, comparativamente às obras de ficção literária. Realizaram-se um levantamento quantitativo e uma análise qualitativa das marcas de oralidade. Coletaram-se informações sobre a popularidade das obras e sobre o nível de ressonância de seus autores junto ao campo acadêmico. Como o livro de Jackson é publicado por um selo voltado ao público geek, recorremos às informações de uma pesquisa sociológica acerca de seu perfil no Brasil. Os resultados apontaram que: a) ambas as obras detêm um grau elevado de marcas de oralidade; e b) apesar das diferenças, os dois autores desfrutam de elevado capital simbólico, traduzido em prêmios literários e em recepção crítica junto ao campo acadêmico-universitário. As análises sugerem a existência de hierarquias governando os graus de consagração/reverberação acadêmica quanto à diferenciação de obras e autores, mesmo no subcampo da ficção de gênero, e que leitores com diferentes níveis de capital cultural/escolar poderiam, talvez, exercer alguma influência no modo como que tradutores/editores projetam a representação da variação linguística nas traduções a serem publicadas.

Palavras-chave:
Estudos da Tradução; ficção de gênero; ficção literária; marcas de oralidade

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