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INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DE ENFERMAGEM: PERSPECTIVA DE ENFERMEIROS SUPERVISORES, DOCENTES E GESTORES

RESUMO

Objetivo:

analisar a influência do Estágio Curricular Supervisionado na integração ensino-serviço na perspectiva dos enfermeiros supervisores de estágio, docentes orientadores e gestores.

Método:

estudo qualitativo descritivo- exploratório, realizado em um curso de graduação em enfermagem de uma Universidade Federal do interior do Rio Grande do Sul, entre fevereiro e julho de 2018, com 26 participantes: gestores, docentes orientadores, enfermeiros supervisores da atenção básica e enfermeiros supervisores da atenção hospitalar. A entrevista semiestruturada foi a técnica utilizada para coleta dos dados, os quais foram analisados por meio da Análise de Conteúdo.

Resultados:

na primeira categoria “influências do Estágio Curricular Supervisionado nos serviços de saúde” constataram-se a possibilidade de transformação mútua para o serviço e para o discente, promovendo aprendizagem dos profissionais, compartilhamento de novas ideias e estímulo ao enfermeiro na busca pelo conhecimento. Entretanto, identificou-se desinteresse de discentes na realização das atividades e limitações no planejamento de ações conjuntas. Na segunda categoria, “integração ensino-serviço: limitações e possibilidades” identificou-se que a integração ensino-serviço está ocorrendo de forma proveitosa, ao mesmo passo que ainda são necessários avanços para sua efetivação; o planejamento de ações do estágio nem sempre condiz com as necessidades do serviço de saúde e as atividades que ocorrem no ensino nem sempre são compartilhadas com os profissionais. O estágio foi descrito enquanto potencializador na efetivação da integração.

Conclusões:

o desenvolvimento do estágio possibilita a concretização da aprendizagem, mobiliza a rotina dos serviços e dos profissionais, instigando-os a mudanças e ao aprimoramento de conhecimentos, promovendo a qualificação da assistência de saúde.

DESCRITORES:
Educação em enfermagem; Estágios; Ensino superior; Serviços de integração docente-assistencial; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to analyze the influence of supervised internship on teaching-service integration from the perspective of internship nursing supervisors, faculty advisors and managers.

Method:

this is a qualitative descriptive-exploratory, carried out in an undergraduate nursing course at a federal university in the countryside of Rio Grande do Sul, between February and July 2018, with 26 participants: managers, faculty advisors, primary care nursing supervisor and hospital care nursing supervisor. The semi-structured interview was the technique used for data collection, which were analyzed using Content Analysis.

Results:

in the first category, “influences of supervised internship on healthcare services”, the possibility of mutual transformation for the service and for students was verified, promoting professionals’ learning, sharing new ideas and encouraging nurses in the search for knowledge. However, it was identified students’ lack of interest in carrying out activities and limitations in planning joint actions. In the second category, “teaching-service integration: limitations and possibilities”, it was identified that teaching-service integration is occurring in a fruitful way, while advances are still needed for its realization. The planning of internship actions is not always consistent with the healthcare service’s needs and activities that take place in teaching are not always shared with professionals. Internship was described as a potentiator in effecting integration.

Conclusions:

developing internship enables the realization of learning, mobilizes the routine of services and professionals, instigating them to change and improving knowledge, promoting healthcare qualification.

DESCRIPTORS:
Nursing education; Internship; Education; Higher; Teaching-assistance integration services; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

analizar la influencia de la Pasantía Curricular Supervisada en la integración docencia-servicio desde la perspectiva de enfermeras supervisoras de pasantías, asesoras de facultad y gerentes.

Método:

estudio cualitativo descriptivo-exploratorio, realizado en un curso de licenciatura en enfermería en una universidad federal del interior de Rio Grande do Sul, entre febrero y julio de 2018, con 26 participantes: gerentes, asesores de facultad, enfermeras supervisoras de atención primaria y enfermeras supervisoras de atención hospitalaria. La entrevista semiestructurada fue la técnica utilizada para la recolección de datos, los cuales fueron analizados mediante Análisis de Contenido.

Resultados:

en la primera categoría, “influencias de la pasantía supervisada en los servicios de salud”, se verificó la posibilidad de transformación mutua para el servicio y para los estudiantes, promoviendo el aprendizaje de los profesionales, compartiendo nuevas ideas y animando a las enfermeras en la búsqueda de conocimiento. En la segunda categoría, “Integración docencia-servicio: limitaciones y posibilidades”, se identificó que la integración docencia-servicio se está dando de manera fructífera, mientras que aún se necesitan avances para su realización; La planificación de las acciones de internado no siempre es acorde con las necesidades del servicio de salud y las actividades que se desarrollan en la docencia no siempre se comparten con los profesionales. La etapa se describió como un potenciador al efectuar la integración.

Conclusiones:

el desarrollo de la pasantía posibilita la realización de aprendizajes, moviliza la rutina de los servicios y profesionales, instigándolos a cambiar y mejorando los conocimientos, promoviendo la calificación de la asistencia sanitaria.

DESCRIPTORES:
Educación en enfermería; Aprendizaje; Educación superior; Servicios de integración docente asistencial; Enfermería

INTRODUÇÃO

A integração ensino-serviço caracteriza-se como um trabalho coletivo, pactuado e integrado, que ocorre diante da parceria entre estudantes e professores dos cursos de formação na área da saúde, com trabalhadores que compõem as equipes dos serviços de saúde11. Pizzinato AG, Gustavo AS, Santos BRL, Ojeda BS, Ferreira E, Thiesen FV, et al. A Integração Ensino-Serviço como Estratégia na Formação Profissional para o SUS. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2012 [cited 2020 Dec 10];36(1 Suppl 2):170-7. Available from: https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000300025
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. Trata-se de uma estratégia para alcançar as mudanças no processo formativo dos profissionais de saúde, viabilizando modificações nas práticas profissionais e no modelo de atenção. Contribui, também, para melhorias na qualidade e na oferta de ações nos serviços de saúde ao beneficiar a comunidade22. Mendes TMC, Ferreira TLSF, Carvalho YM, Silva LG, Souza CMCL, Andrade FB. Contributions and challenges of teaching-service-community integration. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Jan 29];29:e20180333. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0333
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Estes espaços de trocas caracterizam-se como locais ideais para o desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado (ECS), que se refere ao ato educativo obrigatório, desenvolvido em diferentes cenários assistenciais nos dois últimos períodos do curso de graduação em enfermagem, sob supervisão de um enfermeiro inserido no serviço e orientação de um docente da instituição de ensino, e deve corresponder a 20% da carga horária total do curso33. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. [Internet]. 2001 [cited 2020 Jan 06] Diário Oficial da União 09 nov. 2001. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf
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Na formação profissional de nível superior, o ECS atua como uma ferramenta de aproximação entre a academia e os serviços, pois possibilita o emprego de conhecimentos, habilidades e atitudes profissionais adquiridos pelo discente durante sua formação44. Esteves LSF, Cunha ICKO, Bohomol E, Negri EC. Supervised internship in undergraduate education in nursing: integrative review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 10];71(4 Suppl):1740-50. [Thematic issue: Education and teaching in Nursing]. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0340
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. O objetivo é conduzir o discente na articulação entre teoria e prática, a partir de um processo de aprendizagem permeado pela interlocução entre o ensinar e o aprender, com a participação ativa de profissionais da área de formação, universidade e comunidade55. Marran AL, Lima PG, Bagnato MHS. As políticas educacionais e o estágio curricular supervisionado no curso de graduação em enfermagem. Trab Educ Saúde [Internet]. 2014 [cited 2020 Nov 10];13(1):89-108. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sip00025
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. Deve-se atender às necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS), e assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento33. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. [Internet]. 2001 [cited 2020 Jan 06] Diário Oficial da União 09 nov. 2001. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf
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. Assim, além do embasamento científico que a instituição de ensino superior oferta ao discente, a qualidade da formação encontra-se atrelada à inserção dos formandos em ambientes reais, para que possam vivenciar sua futura profissão com autonomia e conduzidos por sujeitos competentes e comprometidos.

Neste cenário, docentes, profissionais dos serviços de saúde e discentes são os atores que mobilizam seus saberes na realização do ECS, aos quais recomenda-se que devem atuar ativamente no processo formativo66. Marchioro D, Ceratto PC, Bitencourt JVOV, Martini JG, Silva Filho CC, SilvaTG. Estágio curricular supervisionado: relato dos desafios encontrados pelos (as) estudantes. Arq Cienc Saúde UNIPAR [Internet]. 2017 [cited 2020 May 28];21(2):119-22. Available from: https://doi.org/10.25110/arqsaude.v21i2.2017.5912
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. Entretanto, há um descompasso entre ensino e serviço, no qual a integração caminha imersa em complexos movimentos, em que o ensino aproxima-se da produção do conhecimento e o serviço pode desconsiderar a presença da academia nos cenários assistenciais, evidenciando, assim, finalidades distintas, que podem refletir na formação profissional77. Peres CRFB, Marin MJS, Tonhom SFR, Barbosa PMK. Teaching-service’s integration in the training of nurses in the state of São Paulo (Brazil). REME Rev Min Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 09];22:e-1131. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20180060
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Diante das limitações que permeiam a integração ensino-serviço, evidencia-se um “desafio a ser enfrentado pelos sujeitos envolvidos no ECS” 88. Rigobello JL, Bernardes A, Moura AA, Zanetti ACB, Spiri WC, Gabriel CS. Supervised curricular internship and the development of management skills: a perception of graduates, undergraduates, and professors. Esc Anna Nery Rev Enferm. [Internet]. 2018 [cited 2020 Dec 02];22(2):e20170298. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0298
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:44. Esteves LSF, Cunha ICKO, Bohomol E, Negri EC. Supervised internship in undergraduate education in nursing: integrative review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 10];71(4 Suppl):1740-50. [Thematic issue: Education and teaching in Nursing]. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0340
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. Concomitante a isso, enfatiza-se a necessidade de aprofundar discussões acerca da aproximação entre trabalho e educação55. Marran AL, Lima PG, Bagnato MHS. As políticas educacionais e o estágio curricular supervisionado no curso de graduação em enfermagem. Trab Educ Saúde [Internet]. 2014 [cited 2020 Nov 10];13(1):89-108. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sip00025
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Portanto, considerando a importância da integração ensino-serviço para o desenvolvimento do ECS, não apenas na ótica de suas influências na formação de profissionais da saúde, mas também os reflexos dessa prática nos serviços de saúde, ressalta-se a relevância de compreender as potencialidades e limitações que emergem desses vínculos. Assim, apresenta-se como questão de pesquisa: qual a perspectiva de enfermeiros supervisores, docentes e gestores a respeito da integração ensino-serviço durante o Estágio Curricular Supervisionado de enfermagem? Em vista disso, o estudo objetivou analisar a influência do Estágio Curricular Supervisionado na integração ensino-serviço na perspectiva dos enfermeiros supervisores de estágio, docentes orientadores e gestores.

MÉTODO

Estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa, realizado em um curso de graduação em enfermagem de uma Universidade Federal do interior do Rio Grande do Sul (RS). O curso oferta 50 vagas distribuídas nos dois semestres anuais e conta com um corpo docente de 25 professores permanentes. Atualmente, foi implementado o 7º currículo na instituição em estudo e, no que diz respeito ao ECS, visualizou-se uma migração das disciplinas para o 9º e 10º semestres do curso, totalizando 840 horas, divididos igualmente entre a atenção hospitalar e atenção primária à saúde. Para a exequibilidade das atividades do ECS, o curso conta com diferentes atores, incluindo a comissão de estágio; os docentes orientadores, os enfermeiros supervisores e os discentes.

Ao longo do semestre, são realizadas reuniões entre discentes e comissão de estágio com datas previamente agendadas, em que os discentes têm a oportunidade de relatar o desenvolvimento de suas atividades no ECS, bem como sanar dúvidas e conversar a respeito de suas dificuldades nos campos em que se encontram. Além disso, é construído um Plano de Ação, por meio do qual os discentes deverão identificar as necessidades do serviço e, a partir delas, elaborar um projeto visando à realização de uma intervenção durante o ECS, tratando-se de uma proposta que conta com a orientação e a supervisão dos docentes orientadores e enfermeiros supervisores.

Os participantes do estudo foram enfermeiros supervisores da atenção básica e da atenção hospitalar, docentes orientadores e os gestores. Com relação aos gestores, houve representantes com envolvimento direto ao ECS, sendo dois representantes da instituição de ensino, um da atenção básica e um da antenção hospitalar.

Para a seleção dos enfermeiros supervisores e docentes orientadores, primeiramente realizou-se um levantamento prévio nos termos de compromisso de estágio, arquivados na coordenação do curso de enfermagem, a fim de obter a relação dos discentes em ECS e seus respectivos docentes orientadores e enfermeiros supervisores no período entre o primeiro semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2017.

Estabeleceram-se como critérios de inclusão para os docentes orientadores: serem professores efetivos do curso de enfermagem e terem orientado, no mínimo, três discentes. Foram identificados 25 docentes, aos quais 23 professores efetivos e destes, 17 haviam orientado, no mínimo, três discentes. Quantos aos critérios de exclusão, foram desconsiderados, dois aposentados, dois afastados no momento da coleta e um por ter acesso ao projeto deste estudo. Além disso, dois manifestaram interesse em não participar do estudo, e com um houve diversas tentativas de agendamento, sem sucesso, totalizando a participação de nove docentes.

Quanto aos enfermeiros supervisores, estabeleceu-se como critério de inclusão, terem supervisionado, no mínimo, três discentes, e selecionou-se um enfermeiro representante por unidade de saúde, que tivesse supervisionado o maior número de alunos. Na atenção hospitalar, foram identificados 91 enfermeiros supervisores de 18 unidades de uma instituição. Destes, 25 enfermeiros de nove unidades atenderam aos critérios de inclusão e estimou-se, inicialmente, a participação de um enfermeiro de cada setor, perfazendo o total de nove. No entanto, foram excluídos um profissional aposentado e outro com o qual houve diversas tentativas de agendamento sem sucesso. Em ambos os casos, não houve novo participante que atendesse aos critérios nos setores em questão, efetivando a participação de sete enfermeiros no setor hospitalar.

Na atenção básica, foram identificados 24 enfermeiros de 18 unidades de saúde. Estimou-se, a partir dos critérios de inclusão, inicialmente, a participação de 11 enfermeiros, mas foram excluídos um enfermeiro que se encontrava afastado no momento da coleta de dados, dois não manifestaram interesse em participar e dois houve diversas tentativas de agendamento sem sucesso, totalizando a participação de seis enfermeiros da atenção básica.

A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e julho de 2018, por meio da realização de entrevistas semiestruturadas, incluindo questões referentes à integração ensino-serviço durante a realização do ECS, bem como as influências da presença dos discentes nos serviços de saúde.

Entre os questionamentos, incluíram-se: “o que você conhece a respeito do processo de realização do ECS? Descreva sua experiência na realização da sua orientação/supervisão com alunos que realizaram/estão realizando ECS? Qual é a função do docente/supervisor/gestor no ECS? Enquanto professor/supervisor/gestor você percebeu alguma dificuldade? De que modo a presença de um discente em estágio pode influenciar no serviço de saúde? Comente. Você acha que os discentes se sentem preparados para vivenciar o ESC? Como você identifica a participação da instituição de ensino nessa etapa? E da instituição de saúde? Você poderia descrever os pontos positivos na realização do ECS, caso existam? Você poderia descrever os pontos vulneráveis na realização do ECS, caso existam?”.

Foram realizados quatro testes piloto com indivíduos que não foram selecionados por meio dos critérios de inclusão e exclusão, sendo dois enfermeiros supervisores e dois docentes orientadores. Isso possibilitou avaliar a clareza das perguntas, resultando em alterações no instrumento de coleta de dados, visando facilitar o entendimento do entrevistado. Destaca-se que os testes piloto foram descartados, não sendo incluídos na análise do estudo.

O convite para a participação no estudo foi realizado, pessoalmente, via e-mail ou por meio de ligações telefônicas. Uma das pesquisadoras ficou disponível para o agendamento das entrevistas, que ocorreram individualmente e foram previamente agendadas, de acordo com a disponibilidade de data, hora e local da preferência dos participantes, buscando zelar pela qualidade do material a ser coletado, bem como garantir a privacidade e a confidencialidade do entrevistado. Desta forma, ocorreram nos serviços de saúde e em salas da instituição de ensino, foram gravadas e, por sua vez, transcritas, na íntegra, logo após a sua realização. A duração das entrevistas variou entre 22 minutos e 1 hora e 17 minutos, totalizando 15 horas e 30 minutos.

O processo de análise dos dados encontra-se embasado pela técnica de Análise de Conteúdo, que permite descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico pretendido99. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo, SP(BR): Edições 70; 2016.. A técnica divide-se em três polos cronológicos: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação99. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo, SP(BR): Edições 70; 2016.. Na pré-análise, realizou-se uma leitura sucinta/flutuante das entrevistas visando identificar os núcleos de sentido do material. Concomitantemente, se iniciou o processo de destaque (marcação), dos núcleos que responderam ao objeto em estudo.

A exploração do material caracterizou-se por uma fase em que os dados brutos do material foram codificados, a fim de alcançarem o núcleo de compreensão do texto. Assim, foi realizada a leitura aprofundada do material qualitativo, procedendo-se à identificação e à extração das unidades de registro e de contexto, para iniciar o processo de agrupamento por semelhança. Para isso, foram realçados nos textos, com cores diferentes, as unidades de registro, em conformidade com o agrupamento por semelhança pré-estabelecido. Para as unidades de contexto, foram sublinhados os trechos das entrevistas e selecionados aqueles mais representativos para compor os resultados. Na interpretação dos resultados, os dados brutos são submetidos a operações estatísticas, a fim de se tornarem significativos e válidos e de evidenciar as informações obtidas.

O presente estudo respeitou os preceitos éticos descritos na Resolução nº. 466 de 12 de dezembro de 2012. Os participantes assinaram em duas vias o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, com a finalidade de garantir a confidencialidade, cada participante foi identificado pelas letras “GE” (gestores), “DOE” (docente orientador de estágio), “ESE AB” (enfermeiro supervisor de estágio da atenção básica) e “ESE hosp” (enfermeiro supervisor de estágio do setor hospitalar), seguido de codificação alfanumérica, de acordo com a sequência da realização das entrevistas.

RESULTADOS

A amostra final foi composta por 26 (100%) participantes, entre eles: quatro (15,38%) gestores, nove (34,61%) docentes orientadores, seis (23,07%) enfermeiros supervisores da atenção básica e sete (26,92%) enfermeiros supervisores da atenção hospitalar.

A análise das entrevistas emergiu na construção de duas categorias: influências do Estágio Curricular Supervisionado nos serviços de saúde e a; integração ensino-serviço: limitações e possibilidades.

Influências do Estágio Curricular Supervisionado nos serviços de saúde

Durante o ECS, o discente encontra-se vinculado à instituição de ensino e dispõe de uma aprendizagem recente acerca dos conhecimentos gerais e específicos da área de enfermagem. Durante a imersão nos serviços de saúde, além das contribuições ao próprio discente em formação, a presença da academia pode direcionar diversas potencialidades aos profissionais, relacionadas à aquisição de novos conhecimentos, ou ainda, o (re)pensar da rotina no serviço e promoção de mudanças em seu processo de trabalho. Ainda que, muitas vezes, haja desinteresse da parte dos discentes com relação ao desenvolvimento das atividades, bem como a infrequência deles diante da proposição de ações conjuntas no local que sem encontram inseridos.

A presença de discentes desenvolvendo o ECS pode ser entendida como uma possibilidade de transformação mútua para o serviço e para o discente, conforme mencionada por quatro (15,38%) participantes, entre eles um (11,11%) docente, um (25,0%) gestor, um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar e um (16,66) da atenção básica: [...] a influência é antes, durante e depois [...] então, elas [discentes] modificavam, ao mesmo tempo em que elas estavam se modificando (DOE 08).

[...] Sempre há uma troca de experiências e uma troca de vivências entre os dois lados (ESE AB 06).

[...] O aluno vai, olha o paciente individualizado, vai olhar com mais atenção, vai aprender [...] mas também vai dar uma resposta qualificada para o paciente (GE 02).

Há que se destacar que três (11,53%) participantes referiram que há um processo de aprendizagem dos profissionais com os discentes em ECS, entre eles um (11,11%) docente, um (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica e um (14,28%) da atenção hospitalar. Também, um (11,11%) docente declarou que a inserção do discente nos serviços possibilitou exemplificar situações da prática em sala de aula: [...] a gente acaba aprendendo com as gurias e a gente acaba também ensinando. Elas vêm com umas ideias, umas coisas mais fresquinhas e abre um pouco dos nossos horizontes, acho muito válido, é muito bom elas aqui (ESE Hosp 06).

[...] Isso oxigena a nossa prática docente [...] é uma forma de aproximação com o serviço, a gente vai trazer os exemplos da prática para a sala de aula, então isso é uma maneira sistemática (DOE 05).

A presença do discente durante o ECS nos serviços de saúde possibilita o compartilhamento de novas ideias e promove mudanças nesses cenários, conforme o relato de 11 (42,30%) participantes, destes, quatro (44,44%) docentes, três (50,00%) enfermeiros supervisores da atenção básica, um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar e três (75,0%) gestores: Seja, negativamente ou positivamente, sempre dá uma mexida com o serviço. Teve uma aluna que deu uma ideia que elas [enfermeiras] não tinham pensando [...] Às vezes, as enfermeiras querem fazer alguma coisa e não têm tempo para isso e os alunos acabam ajudando, é uma fonte de renovação (DOE 03).

[...] o aluno instiga a gente a buscar novos conhecimentos e ir atrás de novas teorias, acho que esse é um ponto muito positivo (ESE AB 03).

[...] as nossas avaliações com serviços, todos comentam a mesma coisa, que é rico para o serviço, esse olhar diferente do estagiário (GE 04).

Soma-se ainda que seis participantes (23,07%), entre eles, quatro (66,66%) enfermeiros supervisores da atenção básica e dois (28,57%) enfermeiros supervisores da atenção hospitalar, apontaram a presença do discente como uma experiência positiva, pois consideraram a colaboração deles como “profissionais”, em relação às demandas do serviço, referidos como “uma pessoa a mais” para atuar: Porque é uma pessoa a mais que está ali para trabalhar [...] qualquer pessoa que venha para dentro da equipe, que se inserir no processo de trabalho, faz muita diferença (ESE AB 01).

O aluno é importante para nós porque nos auxilia nas demandas que nós temos em cada turno (ESE Hosp 04).

Nos auxiliam bastante, como estão nos últimos semestres e já têm bastante conhecimento [...] tanto na parte de procedimento quanto na parte de educação, de gestão [...] tem um déficit muito grande de funcionários. Então, eles acabam se tornando um funcionário a mais, o que não deveria ser, mas que a gente sabe que acaba acontecendo em todos os campos (ESE AB 04).

A presença do discente no serviço enquanto estímulo ao enfermeiro na busca do conhecimento, foi referida por cinco (19,23%) participantes, entre eles, um (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica e quatro (57,14%) enfermeiros supervisores da atenção hospitalar: Acho que é renovador [...] muitas vezes, até você ir estudar mais para conseguir discutir casos com eles, então, isso é renovador [...] (ESE Hosp 03).

Eles também trazem questionamentos da formação para cá e isso também estimula a gente a procurar, a estudar e a se atualizar [...] nos estimula a estar estudando, estar tirando dúvidas deles que acabam sendo dúvidas nossas (ESE Hosp 04).

Os discentes permanecem por um período imersos na rotina dos serviços, e para sistematizar e controlar sua frequência, foram elaboradas escalas de controle. Assim, os profissionais que acompanham os discentes durante o ECS contam com eles para o atendimento das demandas do serviço e planejam ações conjuntas. Diante disso, uma das fragilidades resultantes da presença do discente nos serviços, conforme mencionado por um (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica, contempla o desinteresse de discentes na realização das atividades e outro (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica mencionou a infrequência em relação à realização do planejamento de ações conjuntas: [...] Eles [discentes] faltam, não vêm no serviço e a gente acaba precisando, porque, de certa forma, a gente acaba planejando ações em conjunto, e eu não vejo consequência do tipo: eu não sei o que aconteceu com esse aluno, ele faltou, tá, e daí? Foi dada falta e ninguém mais conversou (ESE AB 03).

Integração ensino-serviço: limitações e possibilidades

Na análise dos dados, emergiram as menções sobre as limitações e potencialidades da integração-ensino serviço na perspectiva dos atores envolvidos. Neste sentido, um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar considerou que a integração ensino-serviço está ocorrendo de forma proveitosa, três (11,53%) participantes referiram não identificá-la, entre eles, dois (28,57%) enfermeiros supervisores da atenção hospitalar e um (11,11%) docente: [...] essa experiência tem sido boa, o orientador sempre foi presente, a gente teve vários momentos que a orientadora conversou, mostrou qual seria o plano de ação do acadêmico, conversava conosco sobre o desempenho daquele aluno (ESE Hosp 07).

[...] Te digo que eu nem enxergo isso, porque a gente não tem nenhuma reunião com os professores [...] não tem uma troca boa, não tem uma conversa, uma devolutiva, um feedback nesse sentido eu acho, fica o lado aqui da prática, o outro lado lá do ensino (ESE Hosp 05).

Corroborando com os dados anteriores, cinco (19,23%) participantes, entre os quais dois (22,11%) docentes, um (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica, um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar e um (25,0%) gestor, relataram que a integração ensino-serviço se caracteriza como uma prática tênue. E ainda, sete (26,92%) participantes afirmaram a necessidade de produzir avanços para promover a integração, entre eles, dois (22,11%) docentes, dois (33,33%) enfermeiros supervisores da atenção básica, um (14,28%) enfermeiro da atenção hospitalar e dois (50,0%) gestores: [...] bastante frágil [...] poderia ser melhor essa interação ensino-serviço [...] se a gente tivesse uma proximidade maior todos os envolvidos nesse processo do supervisionado, acho que os resultados poderiam ser melhores [...] (ESE Hosp 03).

[...] Vejo que existem alguns esforços isolados. Entendo que ainda é um pouco frágil essa questão da interação ensino-serviço [...] (GE 01).

[...] É muito fraca essa interação, e é fraco da minha parte, não estou culpando o professor/ supervisor do ensino, é fraca da minha parte e da instituição [...] e eu me sinto numa zona de conforto, estou com os alunos aqui e eles tão acompanhando nosso trabalho, eles tão fazendo a parte deles e eu estou fazendo a minha [...] isso é uma coisa que precisa realmente ser melhorada, eu acho que isso poderia melhorar a qualidade do estágio supervisionado, do aluno do estágio supervisionado, aqui ia melhorar (ESE AB 05).

O ECS é um fenômeno que não se restringe apenas à relação do discente com o enfermeiro supervisor, incluindo diversos sujeitos que participam ativamente na formação dos discentes. Nesse sentido, as relações com a equipe de saúde que permearam essa etapa foram mencionadas por quatro (15,38%) participantes, entre eles, um (11,11%) docente, um (16,66%) enfermeiro supervisor da atenção básica e dois (28,57%) da atenção hospitalar: [...] os funcionários são muito legais com os alunos, é difícil algum atrito aqui dentro, acontece e que bom que acontece isso, é um crescimento para todos nós, mas sinto a atuação dos acadêmicos aqui de uma forma bem tranquila (ESE AB 05).

[...] Vejo que o pessoal se esforça, eles fazem com que a pessoa se sinta acolhida (ESE Hosp 02).

Entre as limitações referidas, quatro (15,38%) participantes, destes um (11,11%) docente, um (25,0%) gestor, um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar e um (16,66) da atenção básica, mencionaram que o planejamento de ações do ECS nem sempre condiz com as necessidades do serviço de saúde. Soma-se ainda, que dois (7,69%) participantes, sendo eles um (16,66%), enfermeiro supervisor da atenção básica e um (14,28%), da atenção hospitalar, que descrevem que as atividades que ocorrem no ensino nem sempre são compartilhadas com os profissionais: Muitas vezes, o ensino já vem com um plano de ação pronto [...] só que não sabe se é aquilo que realmente o serviço necessita (ESE AB 03).

[...] Muitos chegaram pra nós com trabalhos assim "eu vim aqui pra fazer esse trabalho", não é isso que o serviço está precisando agora. Mas e o serviço? Onde ele está? E essa integração? Eu só tenho que pensar no que o departamento precisa de produção? (ESE Hosp 02).

[...] A gente tem situações de eventos [...] da linha e ninguém está sabendo, nem fomos convidados, soubemos por um cartaz. E a gente fica preocupado, teorizando em cima de uma área que nós temos um campo aqui, mas ele é deixado de lado, e o que isso está contribuindo para quem está aqui ao nosso lado? (ESE Hosp 02).

Entre as estratégias para possibilitar a integração ensino-serviço, três (11,53%) participantes, destes, dois (22,11%) docentes e um (14,28%) enfermeiro supervisor da atenção hospitalar, destacaram que o ECS é potencializador para a efetivação da integração. Ainda, dois (22,11%) docentes citaram o desenvolvimento de projetos de extensão e outros quatro (44,44%) docentes indicaram a realização de atividades no ensino, como aulas e eventos: [...] o Estágio Supervisionado é uma delas [...] os próprios projetos de extensão são uma aproximação com o serviço (DOE 05).

[...] Acho que o Estágio Supervisionado pode favorecer uma aproximação do ensino e do serviço, porque ele vai estar lá todo tempo, então querendo ou não, ele está representando o ensino e faz com que a gente também tenha que se aproximar desse ambiente (DOE 06).

DISCUSSÃO

O acompanhamento do discente durante o estágio, além de oferecer segurança, capacitação, confiança e oportunizar seu progresso em direção à sua autonomia, possibilita experiências concretas, que perpassam teorias abstratas1010. Alvarez LNR, Moya JLM. The student-nurse pedagogical relationship: a hermeneutic-phenomenological study. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [cited 2021 Jan 15];26(2):e0560016. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-07072017000560016
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. Com a inserção da academia nos serviços de saúde, é esperada sua contribuição a partir de reflexões vinculadas aos processos de trabalho, para transformações no cotidiano das práticas77. Peres CRFB, Marin MJS, Tonhom SFR, Barbosa PMK. Teaching-service’s integration in the training of nurses in the state of São Paulo (Brazil). REME Rev Min Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 09];22:e-1131. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20180060
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. A presença de novos integrantes em cenários já estruturados pode mobilizar as relações que permeiam todos os envolvidos, sendo capaz de resultar tanto em influências positivas como desafiadoras. Assim, por meio do ECS, além da aprendizagem que o discente adquire, sua imersão nos serviços de saúde por um período pode exercer influência na rotina dos profissionais que atuam nesses cenários.

Os relatos apresentados nesta pesquisa demonstraram que a aprendizagem durante o ECS impacta no discente e nos atores envolvidos pois, por meio de sua corresponsabilidade formativa, curiosidade, questionamentos, pode-se despertar nos profissionais o (re)pensar a apreensão de novos conhecimentos. Neste sentido, que ao mesmo tempo em que compartilham seus conhecimentos com os discentes, promovem a aprendizagem crítica e reflexiva para ambos. “A presença do interno de enfermagem em diferentes cenários tem desestabilizado equipes no sentido de reavaliarem seus papéis e seus processos de trabalho” 11:23211. Garcia SD, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Sordi MRL. Internato de enfermagem: conquistas e desafios na formação do enfermeiro. Trab Educ Saúde [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 03];16(1):319-36. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00105
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Da articulação ensino-serviço, emergem diferentes trocas de experiências e aprendizagens mútuas, além de benefícios para o discente e para o serviço de saúde1212. Mattia BJ, Kleba ME, Prado ML. Nursing training and professional practice: an integrative review of literature. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 06];71(4):2039-49. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0504
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. Complementa-se ainda que, para o docente orientador, há influências na sua prática profissional, quando exerce o ofício de orientação do ECS. O acompanhamento de discentes possibilita ao docente inteirar-se de situações envolvendo a realidade dos serviços, fomentando seus saberes com as circunstâncias observadas e/ou vivenciadas para complementar e exemplificar durante as atividades teórico-práticas desenvolvidas no ensino.

A inserção do discente nos serviços de saúde parece possibilitar um olhar ampliado e diferenciado no local em que se encontra inserido, podendo emergir mudanças e, a partir disso, mobilizar o serviço e a equipe nela inserida. A renovação dos conhecimentos que geralmente os discentes promovem nos profissionais resulta do acesso às informações atualizadas, ao longo de sua formação, possibilitando que o ECS promova uma troca entre os envolvidos1313. Souza DJ, Faria MF, Cardoso RJ, Contim D. Supervised intership under the nurses’ optical supervisory. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2017 [cited 2020 Apr 20];6(1):37-48. Available from: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/1677/pdf
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As parcerias realizadas entre instituições e trabalhadores para a realização do ECS afloram um movimento significativo, que tem como objetivo formar profissionais transformadores1111. Garcia SD, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Sordi MRL. Internato de enfermagem: conquistas e desafios na formação do enfermeiro. Trab Educ Saúde [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 03];16(1):319-36. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00105
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. Assim, quando os serviços se mostram receptivos e acolhedores com as ideias desses discentes, além da transformação do seu cotidiano de trabalho, surgem contribuições para a formação, possibilitando o protagonismo na tomada de decisão, diante da resolução de problemas, pautadas em um olhar crítico.

A alta demanda dos serviços de saúde e a deficiência de recursos humanos são uma realidade do cenário atual do nosso país. Diante disso, a presença de um discente em ECS pode contribuir no atendimento das demandas que o serviço apresenta, visto que possibilita às equipes considerá-los como sujeitos que podem auxiliar em suas demandas diárias. Isso qualifica a presença do discente no serviço, além de possibilitar o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para sua formação. A aproximação ensino-serviço se faz fundamental para a formação de profissionais com competências para trabalharem no complexo sistema de saúde brasileiro1414. Esteves LSF, Cunha ICKO, Bohomol E, Santos MR. Clinical supervision and preceptorship/tutorship: contributions to the Supervised Curricular Internship in Nursing Education. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Jan 15];72(6):1730-5. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0785
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Há de se destacar que, a partir dos resultados oriundos dessa pesquisa, referente ao aprendizado do discente na realidade dos serviços de saúde, este nem sempre parecem beneficiar o caráter pedagógico do ECS. A integração ensino-serviço é compreendida como espaço virtuoso para a efetivação de competências e habilidades para se alcançar o perfil profissional proposto nos marcos regulatórios legais1515. Silveira JLGC, Kremer MM, Silveira MEUC, Schneider ACTC. Percepções da integração ensino-serviçocomunidade: contribuições para a formação e o cuidado integral em saúde. Interface (Botucatu) [Internet]. 2020 [cited 2021 Jan 18];24:e190499. Available from: https://doi.org/10.1590/Interface.190499
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. Entretanto, o espaço de aprendizagem tem potencial para ser solidário, e baseia-se na capacidade das partes de apresentarem uma preocupação mútua, resulta dos relacionamentos interpessoais e movimentos criados no espaço de aprendizagem1616. Holst H, Ozolins L-L, Brunt D, Hörberg U. The learning space-interpersonal interactions between nursing students, patients, and supervisors at developing and learning care units. Int J Qual Stud Health Well-being [Internet]. 2017 [cited 2021 Jan 15];12(1):1368337. Available from: https://doi.10.1080/17482631.2017.1368337
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Além de influências na rotina e na equipe dos serviços de saúde, os discentes podem estimular os enfermeiros na (res)significação de sua prática, podendo instigá-los ao aprimoramento de seus conhecimentos. Notou-se, pelos relatos, que o discente passa a refletir e questionar, no decorrer do ECS, a teoria apreendida durante a graduação, a partir da aquisição de novos conhecimentos e consolidação daqueles já existentes. Assim, os profissionais que acompanham o desenvolvimento desses estudantes, compartilham deste processo de (re)construção, por meio do qual podem rever seus conhecimentos e rotinas, resultando no estímulo pela busca de novos conhecimentos.

A constante modificação do cenário de saúde e a atualização dos conhecimentos denota que “a formação do enfermeiro necessita vivenciar uma base de conhecimentos sólida, como a inserção de uma abordagem mais significativa, transformadora e que potencialize a construção de práticas inovadoras e de excelência à sociedade”17:4417. Carloni PRRFR, Santos AC, Borges FA. Percepção de estudantes sobre a atuação do(a) enfermeiro(a) na Atenção Primária à Saúde: revisão integrativa. Rev Baiana Enferm [Internet]. 2021 [cited 2021 Jan 15];35:e36782. Available from: https://doi.org/10.18471/rbe.v35.36782
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. No entanto, a rotina dos serviços de saúde, muitas vezes, impõe limitações aos profissionais, dificultando sua mobilização para atualizar e aprimorar seus conhecimentos.

O processo de formação e/ou de produção do conhecimento em enfermagem ainda vincula a profissão a características subjetivas, precisando avançar na direção de uma enfermagem pautada em evidências científicas1818. Ximenes Neto FRG, Lopes Neto D, Cunha ICKO, Ribeiro MA, Freire NP, Kalinowski EC, et al. Reflexões sobre a formação em Enfermagem no Brasil a partir da regulamentação do Sistema Único de Saúde. Cienc Saude Coletiva [Internet]. 2020 [cited 22 May 2021];25(1):37-46. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27702019
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. Isso corrobora com os achados da pesquisa, quando é referenciado sobre a busca por conhecimentos para viabilizar e promover discussões com os discentes em ECS. Os relatos dos enfermeiros demonstram que a presença do discente é uma possibilidade de renovação e estímulo, não só para aprimoramento da prática profissional, mas para contribuir na formação dos discentes, reforçando, assim, o papel do enfermeiro, corresponsável no cenário do processo formativo.

O ECS na enfermagem tem buscado a formação de enfermeiros comprometidos com uma identidade e representatividade visível às diversas esferas sociais e alcançar o reconhecimento da profissão1111. Garcia SD, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Sordi MRL. Internato de enfermagem: conquistas e desafios na formação do enfermeiro. Trab Educ Saúde [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 03];16(1):319-36. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00105
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. Entretanto, a falta de interesse do discente durante o ECS caracteriza-se como um dificultor relatada pelos enfermeiros, que compromete a realização da disciplina1313. Souza DJ, Faria MF, Cardoso RJ, Contim D. Supervised intership under the nurses’ optical supervisory. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2017 [cited 2020 Apr 20];6(1):37-48. Available from: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/1677/pdf
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. Assim, identifica-se a importância do planejamento e do estabelecimento de estratégias que despertem, encorajem e possibilitem a integração entre o ensino e o serviço, sendo essenciais para o aprimoramento de ambos. Para não finalizar as reflexões e as possibilidades de integração ensino-serviço na formação do enfermeiro, especialmente, durante o ECS, no qual o discente encontra-se imerso na realidade dos serviços, destaca-se que “os atores envolvidos precisam compreender que é possível aprimorar ainda mais, e que por meio da parceria com todos que reside o sucesso do estágio”11:32811. Garcia SD, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Sordi MRL. Internato de enfermagem: conquistas e desafios na formação do enfermeiro. Trab Educ Saúde [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 03];16(1):319-36. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00105
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Pôde-se apreender nos resultados que apenas um participante considerou efetiva a integração ensino-serviço. A ausência e/ou fragilidade dessa integração, conforme identificou-se nos relatos dos participantes, caracteriza-se como fator preocupante, visto que o discente em formação pode ser prejudicado diante deste cenário. Nesse sentido, em um estudo documental realizado em Projetos Político Pedagógicos (PPP’s) de cursos de enfermagem da região sul do Brasil, identificou-se que a integração ensino-serviço é preconizada como um espaço fundamental para o desenvolvimento do perfil pretendido para o egresso1919. Kloh D, Reibnitz KS, Corrêa AB, Lima MM, Cunha AP. Teaching-service integration in the context of the political-pedagogical project of nursing courses. Rev Enferm UFPE online [Internet]. 2017 [cited 2020 Jun 12];11(11 Suppl):4554-62. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i11a231194p4554-4562-2017
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. “A não observância dessa interação implica em demasiado prejuízo para o estudante, uma vez que pode acarretar em uma formação acadêmica deficiente e comprometer, dessa maneira, o perfil do futuro profissional”88. Rigobello JL, Bernardes A, Moura AA, Zanetti ACB, Spiri WC, Gabriel CS. Supervised curricular internship and the development of management skills: a perception of graduates, undergraduates, and professors. Esc Anna Nery Rev Enferm. [Internet]. 2018 [cited 2020 Dec 02];22(2):e20170298. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0298
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:44. Esteves LSF, Cunha ICKO, Bohomol E, Negri EC. Supervised internship in undergraduate education in nursing: integrative review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 10];71(4 Suppl):1740-50. [Thematic issue: Education and teaching in Nursing]. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0340
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Conforme apresentado nos dados desta pesquisa, foram identificados esforços isolados para o estabelecimento da integração ensino e serviço. “O processo de integração ensino-serviço está envolto por complexidades e subjetividades que necessitam de discussões francas para que o descompasso entre intenções acadêmicas e de cuidado possa ser superado, constituindo-se em constante desafio que demanda novas proposições e direcionamentos.”77. Peres CRFB, Marin MJS, Tonhom SFR, Barbosa PMK. Teaching-service’s integration in the training of nurses in the state of São Paulo (Brazil). REME Rev Min Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 09];22:e-1131. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20180060
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:77. Peres CRFB, Marin MJS, Tonhom SFR, Barbosa PMK. Teaching-service’s integration in the training of nurses in the state of São Paulo (Brazil). REME Rev Min Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 09];22:e-1131. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20180060
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. Ao mesmo passo que o ensino e o serviço reconhecem a importância da integração e compreendem estratégias que possibilitam sua implementação, ainda se identificam diversas limitações em sua consolidação.

A efetivação dessa integração, com uma visão potencializadora, resulta em benefícios momentâneos para o discente em formação, bem como para o serviço em que ele se encontra. Além disso, reflete na atuação desses futuros profissionais, possibilitando uma cultura integradora a ser cultivada e mantida na sua atuação. A partir do momento que profissionais, docentes e discentes experimentam os resultados positivos da integração, compreendem que a inserção do ensino em sua prática poderá enriquecer as atividades em suas rotinas, por meio de auxílios mútuos, visando a benefícios comuns.

Assim, o preparo do discente deve vir acompanhado de uma receptividade dos serviços onde ocorrem as atividades do ECS. Somado a isso, a trajetória percorrida pelo discente ao longo de seu processo formativo e seu comprometimento refletem diretamente na experiência vivenciada nessa etapa. Visto isso, é fundamental que todos os sujeitos partícipes desse período formativo estejam igualmente envolvidos e compreendam a importância que o ECS representa na formação do enfermeiro.

Os enfermeiros que referiram a inserção dos discentes na equipe, descreveram-na de forma positiva, mencionando a ausência de dificuldades. Os profissionais realizaram o acolhimento dos discentes, resultando em um relacionamento equilibrado entre todos. “A receptividade da equipe de enfermagem se torna essencial para o desenvolvimento das atividades pelo discente, em que o apoio e o acolhimento da equipe de saúde estão entre as expectativas dos discentes ao iniciarem o estágio”2020. Knop ALK, Gama BMBM, Sanhudo NF. Nursing students and leadership development: challenges facing in the curriculum internship. Rev Enferm Cent.-Oeste Min [Internet]. 2017 [cited 2020 Jul 15];7:e1378. Available from: https://doi.org/10.19175/recom.v7i0.1378
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:55. Marran AL, Lima PG, Bagnato MHS. As políticas educacionais e o estágio curricular supervisionado no curso de graduação em enfermagem. Trab Educ Saúde [Internet]. 2014 [cited 2020 Nov 10];13(1):89-108. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sip00025
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Todas as relações que emergem do ECS, seja com o enfermeiro supervisor, com a equipe de enfermagem e a equipe multiprofissional, são indispensáveis para o processo de aprendizagem do discente. A atuação em um ambiente real oportuniza ao discente vivenciar estas interações, e possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para seu fortalecimento, as quais somente a teoria não é suficiente.

A atuação do discente nos campos de estágio envolve, além da realização das atividades inerentes ao exercício profissional, o desenvolvimento do plano de ação, que deve ser elaborado, coletivamente, diante do reconhecimento da realidade dos serviços e da identificação de suas principais necessidades. Em vez de compreender o contexto dos cenários em que os discentes estão inseridos para o planejamento de ações condizentes com as suas reais necessidades, identifica-se que o ensino está atendendo suas demandas enquanto pesquisadores. Apresenta-se, então, como um desafio colaborar com uma disciplina fundamentada na participação ativa e junção de objetivos de grupos distintos1313. Souza DJ, Faria MF, Cardoso RJ, Contim D. Supervised intership under the nurses’ optical supervisory. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2017 [cited 2020 Apr 20];6(1):37-48. Available from: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/1677/pdf
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Os relatos dos participantes revelam que a integração ensino-serviço se constrói a partir de diversas relações envolvendo ambos. Essa integração possibilita benefícios para todos os envolvidos e os esforços devem ser mútuos; identifica-se maior inserção do ensino no serviço que o seu inverso. Esse dado aponta que a instituição de ensino deve estar atenta às possibilidades de aproximar o serviço de seus espaços. Esses movimentos possibilitam o compartilhamento de conhecimentos e experiências, propiciando aprendizagem para todos. Ainda, oportunizam o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas, que podem apresentar influências benéficas para os discentes em ECS.

O ESC é uma atividade obrigatória na formação do enfermeiro, a qual destaca-se como oportunidade para iniciar ou sustentar continuamente possibilidades de integração ensino-serviço. Conforme observa-se, a inserção do discente no serviço possibilita um movimento de aproximação do docente orientador com o cenário em que ele se encontra inserido. Além da relevância do ECS para a formação acadêmica e para o crescimento dos supervisores, também são estabelecidos laços entre a academia e o serviço de saúde em que ocorrem as atividades de estágio1313. Souza DJ, Faria MF, Cardoso RJ, Contim D. Supervised intership under the nurses’ optical supervisory. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2017 [cited 2020 Apr 20];6(1):37-48. Available from: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/1677/pdf
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Assim, conforme mencionado pelos participantes, é uma estratégia que favorece vínculos do ensino com o serviço. Além da contribuição na rotina dos locais onde são desenvolvidos, o fortalecimento e a solidificação da integração, resultante das atividades de extensão, também pode influenciar positivamente no desenvolvimento do ECS, por meio de um olhar diferenciado de ambas as partes. Ainda, existem diversas possibilidades que perpassam todas as esferas do processo formativo que podem promover essa integração como, por exemplo, a realização de eventos em que os enfermeiros dos serviços podem ser inseridos, para compartilhar suas experiências, bem como apreender novos conhecimentos.

Considera-se como limitação para este estudo contemplar a visão de enfermeiros supervisores de estágio, docentes orientadores e gestores, não incluindo os discentes e usuários dos serviços de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença dos discentes nos serviços de saúde durante o ECS possibilita benefícios não só para a aprendizagem dos formandos, mas também para os profissionais inseridos nos serviços, bem como para a rotina de trabalho destes locais. O estudo permitiu evidenciar que o desenvolvimento do ECS nos serviços de saúde, além destes tornarem-se espaços que possibilitam a concretização da aprendizagem, o ECS influencia estes cenários, mobilizando a rotina dos serviços, dos profissionais, instigando-os a mudanças e ao aprimoramento de conhecimentos, promovendo a qualificação da assistência de saúde.

Entretanto, a integração ensino-serviço evidencia-se enquanto prática imersa em diferentes fragilidades, as quais podem limitar as interações ocorridas nessa etapa, bem como comprometer o aprendizado do discente. O estabelecimento de uma integração efetiva entre o ensino e serviço é indispensável, realidade não evidenciada pela perspectiva dos participantes, referindo a integração enquanto uma prática frágil, a qual necessita de avanços.

O ECS caracteriza-se como atividade potencializadora da integração ensino-serviço, sendo necessário planejamento coletivo e engajamento dos sujeitos envolvidos na formação dos discentes durante essa etapa. Nesse sentido, refletir sobre os fatores que possibilitam e/ou limitam essa integração oportuniza o estabelecimento de estratégias para que esses vínculos sejam benéficos para todos os envolvidos.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da dissertação - Estágio curricular supervisionado: percepções do enfermeiro supervisor, do docente orientador e do gestor, apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Maria, em 2019.
  • FINANCIAMENTO

    Esta pesquisa foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria, parecer nº 2.435.510/2017, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 80587817.9.0000.5346.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Gisele Cristina Manfrini, Melissa Orlandi Honório Locks, Ana Izabel Jatobá de Souza. Editor-chefe: Roberta Costa.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    21 Mar 2021
  • Aceito
    23 Jul 2021
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