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SUSPEITA DE INFECÇÃO, ABSTENÇÃO NO TRABALHO E TESTAGEM PARA COVID-19 ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

RESUMO

Objetivo:

identificar a ocorrência e os fatores associados a: (1) suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19; (2) abstenção no trabalho devido a suspeita ou ao diagnóstico de infecção pelo vírus causador da COVID-19 e (3) realização de testes para o rastreio de infecção pelo vírus causador da COVID-19 entre profissionais de Enfermagem.

Método:

estudo transversal realizado com 890 enfermeiros entre os meses de junho e julho de 2020. As associações entre os desfechos e as demais variáveis foram exploradas com a utilização de modelos de regressão de Poisson com estimadores robustos de variância.

Resultados:

a ocorrência dos desfechos foi de (1) 35,5%, (2) 16,2% e (3) 38,2%. Para a suspeita de infecção, foram observadas associações com a avaliação das condições de trabalho como ruins (RR: 1,55; IC 95%: 1,21-1,99) e a falta de equipamentos de proteção individual (RR: 1,27; IC 95%: 1,06-1,51). A abstenção do trabalho esteve associada com a adoção de distanciamento social moderado (RR: 1,49; IC 95%: 1,00-2,21). Para a realização de testes de rastreio, destacam-se as associações com a vinculação a serviços ambulatoriais (RR: 2,47; IC 95%: 1,52-4,01) e hospitalares (RR: 2,49; IC 95%: 1,60-3,89), além do contato direto com pacientes confirmadamente acometidos pela COVID-19 (RR: 1,65; IC 95%: 1,33-2,05).

Conclusão:

apesar da elevada ocorrência de suspeitas de infecção e um número considerável de abstenção do trabalho entre profissionais dos diversos serviços estudados, foi evidenciada uma disparidade no acesso aos testes de rastreio, especialmente no que se refere aos profissionais da Atenção Primária.

DESCRITORES:
Coronavírus; Infecções por coronavírus; Enfermagem; Testes laboratoriais; Serviços de Saúde

ABSTRACT

Objective:

to identify the occurrence of the factors associated with: (1) suspected infection by the virus that causes COVID-19; (2) absenteeism at work due to suspected infection or diagnosis of infection by the virus that causes COVID-19; and (3) performance of tests for the screening of infection by the virus that causes COVID-19 among Nursing professionals.

Method:

a cross-sectional study conducted with 890 nurses in June and July 2020. The associations between the outcomes and the other variables were explored using Poisson regression models with robust variance estimators.

Results:

occurrence of the outcomes was (1) 35.5%, (2) 16.2% and (3) 38.2%, respectively. For suspected infection, associations were observed with assessment of the working conditions as deficient (RR: 1.55; 95% CI: 1.21-1.99) and with lack of Personal Protective Equipment (RR: 1.27; 95% CI: 1.06-1.51). Absenteeism at work was associated with the adoption of moderate social distancing (RR: 1.49; 95% CI: 1.00-2.21). To perform the screening tests, the associations with links to outpatient (RR: 2.47; 95% CI: 1.52-4.01) and hospital (RR: 2.49; 95% CI: 1.60-3.89) services stood out, in addition to direct contact with patients with confirmed COVID-19 diagnoses (RR: 1.65; 95% CI: 1.33-2.05).

Conclusion:

despite the high occurrence of suspected infection and a considerable incidence of absenteeism at work among professionals from the various services under study, disparity in access to the screening tests was evidenced, especially with regard to the professionals who work in Primary Care.

DESCRIPTORS:
Coronavirus; Coronavirus infections; Nursing; Laboratory tests; Health services

RESUMEN

Objetivo:

identificar la incidencia y los factores asociados con: (1) sospecha de infección por el virus que causa COVID-19; (2) ausencia laboral debido a sospecha o diagnóstico de infección por el virus que causa COVID-19; y (3) pruebas para detectar la infección por el virus que causa COVID-19 entre profesionales de Enfermería.

Método:

estudio transversal realizado con 890 profesionales de Enfermería durante los meses de junio y julio de 2020. Las asociaciones entre los resultados y las demás variables se estudiaron por medio de modelos de regresión de Poisson con estimadores robustos de varianza.

Resultados:

la incidencia de los resultados fue: (1) 35,5%, (2) 16,2% y (3) 38,2%. Para la sospecha de infección, se observaron asociaciones con condiciones de trabajo evaluadas como deficientes (RR: 1,55; IC 95%: 1,21-1,99) y con la falta de Equipos de Protección Personal (RR: 1,27; IC 95%: 1,06-1,51). La ausencia laboral se asoció con la adopción de distanciamiento social moderado (RR: 1,49; IC 95%: 1,00-2,21). Para llevar adelante las pruebas de detección, se destacaron las asociaciones con la vinculación a servicios ambulatorios (RR: 2,47; IC 95%: 1,52-4,01) y hospitalarios (RR: 2,49; IC 95%: 1,60-3,89), además del contacto directo con pacientes con diagnósticos confirmados da COVID-19 (RR: 1,65; IC 95%: 1,33-2,05).

Conclusión:

pese a la elevada incidencia de sospechas de infección y una considerable cantidad de ausencias laborales entre profesionales de los diversos servicios estudiados, se evidenció cierta disparidad en el acceso a las pruebas de detección, especialmente en lo que se refiere a los profesionales de Atención Primaria.

DESCRIPTORES:
Coronavirus; Infecciones por coronavirus; Enfermería; Pruebas de laboratorio; Servicios de salud

INTRODUÇÃO

A COVID-19, doença causada pelo Coronavírus SARS-CoV-2, foi registrada, pela primeira vez, em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, tendo posteriormente se espalhado por todo o mundo, acometendo milhões de pessoas, especialmente nos continentes americano e europeu. Até julho de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontava para a ocorrência de mais de 193 milhões de casos, além de 4,14 milhões de óbitos, sendo 19,5 milhões de casos e 547 mil mortes somente no Brasil11. Pan American Health Organization (PAHO). Folha Informativa-COVID 19. [Internet]. Washington (US): PAHO; 2020 [cited 2020 Nov 24]. Available from: https://www.paho.org/pt/covid19
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Na falta de tratamento com eficácia comprovada para a doença, um dos importantes problemas no enfrentamento da pandemia faz da vacinação e da estratégia de distanciamento social as principais ações de intervenção e controle da COVID-19 juntamente com as medidas de higiene das mãos. Contudo, para os profissionais que trabalham na área da saúde, em especial, aqueles que atuam na linha de frente dos serviços de Atenção Primária, nas unidades de pronto atendimento e nos serviços hospitalares, o cumprimento do distanciamento não é possível22. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. The health of healthcare professionals coping with the Covid-19 pandemic. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];25(9):3465-74. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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Como resultado desse cenário, estudos têm apontado para altas taxas de infecção com a COVID-19 entre profissionais de saúde, sendo esse segmento de trabalhadores responsáveis por 14% das infecções registradas em todo o mundo11. Pan American Health Organization (PAHO). Folha Informativa-COVID 19. [Internet]. Washington (US): PAHO; 2020 [cited 2020 Nov 24]. Available from: https://www.paho.org/pt/covid19
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. Na Itália, até março de 2020, aproximadamente 20% dos profissionais de saúde haviam sido infectados33. Remuzzi A, Remuzzi G. COVID-19 and Italy: what next? Health Policy [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];395(10231):1225-8. Available from: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30627-9
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. Já nas Américas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais de 570 mil profissionais contaminaram-se até setembro de 2020, contabilizando 2500 óbitos44. Pan American Health Organization (PAHO). COVID-19 has infected some 570,000 health workers and killed 2,500 in the Americas. [Internet]. Washington (US): PAHO; 2020 [cited 2020 Nov 24]. Available from: https://www.paho.org/en/news/2-9-2020-covid-19-has-infected-some-570000-health-workers-and-killed-2500-americas-paho
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Nesse contexto, cabe destacar os profissionais da Enfermagem, que, globalmente, correspondem a aproximadamente metade da força de trabalho em saúde, sendo aqueles que, no cenário da pandemia, realizam a maior parte das tarefas relacionadas à prevenção e contenção de infecções. Além disso, deve-se considerar que a equipe de Enfermagem corresponde aos profissionais que são mais ativos no cuidado direto aos pacientes infectados ou com suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-1955. Chen W, Huang Y. To protect health care workers better, to save more lives with COVID-19. Anesth Analg [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];131(1):97-101. Available from: https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000004834
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A partir dessa realidade, pontua-se a necessidade de que os sistemas de saúde salvaguardem esses profissionais por meio da pronta oferta de treinamentos, redução dos contatos desnecessários, disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além da realização de testagens e do monitoramento dos sintomas associados à COVID-1922. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. The health of healthcare professionals coping with the Covid-19 pandemic. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];25(9):3465-74. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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,66. Gallasch CH, Cunha ML, Pereira LAS, Silva-Junior JS. Prevention related to the occupational exposure of health professionals workers in the COVID-19 scenario. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];28:e49596. Available from: https://doi.org/10.12957/reuerj.2020.49596
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Contudo, apesar de as estratégias de testagem em massa terem sido adotadas por diversos países como meio de identificação precoce dos casos e consequente redução no número de contágios cruzados, no Brasil, o acesso aos testes de forma oportuna tem se configurado um importante desafio, inclusive para os profissionais de saúde77. Magno L, Rossi TA, Mendonça-Lima FW, Santos CC, Campos GB, Marques LM, et al. Challenges and proposals for scaling up COVID-19 testing and diagnosis in Brazil. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];25(9):3355-64. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.17812020
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Estudos realizados em países como a China, o México e os Estados Unidos apontaram os fatores de risco para a contaminação pelo vírus causador da COVID-19 entre os profissionais de saúde. A transmissão do vírus no ambiente hospitalar foi uma das causas de infecção para os profissionais de saúde, sobretudo pelo contato próximo com pessoas (pacientes e/ou colegas de trabalho) contaminadas88. Wang D, Hu B, Hu C, Zhu F, Liu X, Zhang J, et al. Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients With 2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];323(11):1061-9. Available from: https://doi.org/10.1001/jama.2020.1585
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-99. Sant’Ana G, Imoto AM, Amorim FF, Taminato M, Peccin MS, Santana LA, et al. Infection and death in healthcare workers due to COVID-19: a systematic review. Acta Paul Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];33:eAPE20200107. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020ao0107
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. Além desses fatores, as condições de trabalho, a falta de EPIs e o alto grau de estresse entre os profissionais de saúde, em especial, entre aqueles da área da Enfermagem, também foram verificados como potenciais fatores que aumentavam o risco de contaminação pelos profissionais da saúde pelo vírus causador da COVID-191010. Caldera-Villalobos C, Garza-Veloz I, Martínez-Avila N, Delgado-Enciso I, Ortiz-Castro Y, Cabral-Pacheco GA, et al. The coronavirus disease (COVID-19) challenge in Mexico: a critical and forced reflection as individuals and society. Front Public Health [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];26(8):e337. Available from: https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.00337
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-1111. Shechter A, Diaz F, Moise N, Anstey DE, Ye S, Agarwal S, et al. Psychological distress, coping behaviors, and preferences for support among New York healthcare workers during the COVID-19 pandemic. Gen Hosp Psychiatry [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];66:1-8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.genhosppsych.2020.06.007
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No entanto, não se encontraram estudos que investigaram a proporção de realização de testagens para o rastreio de infecção pelo vírus causador da COVID-19 entre profissionais de saúde no Brasil. Logo, esta pesquisa contribui na identificação dos aspectos que têm influenciado na ocorrência da infecção pelo vírus causador da COVID-19 e na abstenção do trabalho por profissionais de Enfermagem nos diferentes níveis assistenciais.

Nesse sentido, este estudo teve como objetivo identificar a ocorrência e os fatores associados a: (1) suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19; (2) abstenção no trabalho devido à suspeita ou ao diagnóstico de infecção pelo vírus causador da COVID-19 e (3) realização de testes para o rastreio de infecção pelo vírus causador da COVID-19 entre profissionais de Enfermagem.

MÉTODO

Realizou-se um estudo transversal, de junho a julho de 2020, com profissionais de Enfermagem de Pelotas, município localizado no Sul do Brasil. Os serviços voltados ao enfrentamento da pandemia incluídos neste estudo foram: 50 unidades básicas de saúde; duas ambulâncias; dois serviços hospitalares; um serviço de pronto-socorro; um serviço de atendimento móvel de urgência; um serviço de teleconsulta, além do serviço de vigilância epidemiológica municipal e da central de regulação de vagas. Segundo um levantamento anterior, o total de profissionais de Enfermagem vinculados a esses serviços era de 1.297 profissionais. Para o acesso a esses profissionais, as instituições mencionadas foram contactadas e esclarecidas quanto aos objetivos do estudo e de seu compromisso ético de utilização dos dados apenas para fins de pesquisa, sendo solicitadas as anuências para a realização do estudo e a obtenção dos dados de contato dos profissionais vinculados às mesmas.

Os critérios de inclusão para este estudo foram: profissionais de Enfermagem maiores de 18 anos, devidamente cadastrados no Conselho Regional de Enfermagem (COREN), que atuassem nos serviços de enfrentamento à pandemia. Os critérios de exclusão foram estar de férias ou afastado das atividades laborais no período da coleta de dados (90 profissionais). Também foram excluídos 21 profissionais para os quais as instituições não foram capazes de fornecer um meio de contato válido como: e-mail, WhatsApp®, celular ou telefone fixo.

Ao final da coleta de dados, entre os profissionais elegíveis (n=1.186), foram realizados 944 contatos com sucesso, havendo 242 casos em que as tentativas de contato não obtiveram êxito. O protocolo do estudo previa uma primeira fase compreendida por cinco tentativas de contato via e-mail ou WhatsApp seguidas de uma segunda fase em que eram realizadas até dez tentativas de contato via telefone. Entre os contatos bem-sucedidos, 54 recusaram-se a participar do estudo, resultando em uma taxa de resposta de 75% (n=890).

A coleta de dados ocorreu por meio de questionário on-line autoaplicável, desenvolvido por meio de uma revisão de literatura e validado por meio de uma etapa piloto compreendida pela participação de dez profissionais. Após serem contatados e aceitarem participar do estudo, os profissionais receberam o link para acessar o questionário, o qual só poderia ser respondido após a leitura e a concordância com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para o estudo da ocorrência de suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19 entre os profissionais estudados, foi utilizada a seguinte questão: “Você, em algum momento, teve suspeita de ter se contaminado com a COVID-19?”. Já para o estudo da abstenção do trabalho devido à suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus causador da COVID-19, foi utilizada a seguinte questão: “Você chegou a afastar-se das suas atividades de trabalho por suspeita ou diagnóstico de COVID-19?”. E para estudo da realização de testes para o rastreio de infecção pelo vírus causador da COVID-19, foi utilizada a seguinte questão: “Você chegou a realizar algum exame de rastreio para a COVID-19 como teste rápido ou exame laboratorial?”. Todas as questões foram tratadas de forma dicotômica, dispondo como opções de resposta as opções “sim” e “não”.

As demais covariáveis incluídas no estudo foram sexo, cor de pele, idade, escolaridade, renda per capita, grupo de risco (foram caracterizados como pertencentes aos grupos de risco indivíduos hipertensos, diabéticos, cardiopatas, portadores de doenças respiratórias ou em uso de medicamentos imunossupressores), tipo de serviço, categoria de Enfermagem, treinamento para enfrentar a COVID-19, avaliação das condições de trabalho, grau de envolvimento com casos de COVID-19, falta de EPIs (reporte de falta de, pelo menos, um EPI considerado necessário para o cuidado prestado pelo profissional), grau de restrição de contato social (Leve: adotou alguma medida de segurança como a redução dos contatos sociais ou visitas a idosos, mas continuou saindo de casa para demandas não essenciais; Moderado: além do trabalho, passou a sair de casa apenas para atividades essenciais como compras no supermercado ou farmácia; Intenso: passou a não sair de casa para qualquer tipo de atividade além do trabalho).

As análises estatísticas foram realizadas com o Stata 16 (Stata Corporation, College Station, Texas, EUA). Além de sua ocorrência na população geral do estudo, a prevalência dos desfechos estudados foi calculada para os estratos de cada uma das covariáveis. Os cálculos foram realizados com base nos dados válidos. As informações faltantes foram excluídas da análise.

As associações entre os desfechos e as covariáveis do estudo foram testadas por meio da utilização de modelos de regressão de Poisson não ajustados e ajustados com estimadores de variância robustos. Cada uma das análises ajustadas foi precedida pela seleção dos fatores de confusão pelo método stepwise forward entre as covariáveis do estudo. O critério de seleção para a inclusão foi um valor de p ≤0,201212. Maldonado G, Greenland S. Simulation study of confounder-selection strategies. Am J Epidemiol [Internet]. 1993 [cited 2021 Mar 12];138(11):923-36. Available from: https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.aje.a116813
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No que diz respeito à ocorrência de suspeita de infecção, as covariáveis selecionadas como potenciais confundidores foram: idade; treinamento para enfrentar a COVID-19; avaliação das condições de trabalho; falta de EPI e grau de envolvimento com casos de COVID-19. Já quanto à abstenção devido à suspeita ou ao diagnóstico de infecção, as covariáveis selecionadas como potenciais confundidores foram: avaliação das condições de trabalho, falta de EPI e grau de restrição de contato social. Em relação à realização de testes para o rastreio, as covariáveis selecionadas como potenciais confundidores foram: cor da pele; idade; escolaridade; renda per capita; grupo de risco; tipo de serviço e grau de envolvimento com casos de COVID-19.

O estudo foi submetido à apreciação e aprovado em Comitê de Ética credenciado, seguindo as normas e diretrizes regulamentadoras brasileiras de pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução CNS nº 466/2012), além da Declaração de Helsinque. Os princípios éticos deste estudo foram observados pela garantia do direito de não participação na pesquisa desde o primeiro contato e a adoção do consentimento informado no qual, ao aceitar, o participante concordou com a divulgação dos dados para fins científicos, preservando o anonimato. As Diretrizes para Reforçar o Relatório de Estudos Observacionais em Epidemiologia (Declaração STROBE) foram seguidas neste estudo.

RESULTADOS

Caracterização dos participantes

No total, 890 profissionais de Enfermagem responderam ao questionário on-line. Destes, 319 (35,8%) eram enfermeiros, 501 (56,3%), técnicos de Enfermagem e 70 (7,86%), auxiliares de Enfermagem. A maioria dos participantes era do sexo feminino (84,8% n=755) e a média de idade foi de 40,4 anos (DP=8,58). No que se refere à cor da pele, 75% (n=665) dos participantes declararam-se como brancos, 14% (n=122), pardos e 12% (n=103), pretos. A maior parcela dos profissionais possuía uma renda per capita de até dois salários-mínimos (38% n=305). Quanto ao local de trabalho, 65% (n=577) dos profissionais trabalhavam em serviços hospitalares, 13% (n=118), na Atenção Primária, 10% (n=92), em serviços ambulatoriais, 9% (n=84), em serviços de urgência e emergência e 2% (n=19), em serviços administrativos. Entre as variáveis estudadas, a única com dados faltantes foi a renda per capita na qual não foram obtidas informações válidas para oito profissionais.

Suspeita de infecção

A ocorrência de suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19 foi relatada por 35,5% dos profissionais incluídos no estudo. A ocorrência desse desfecho em relação a cada uma das covariáveis incluídas no estudo e os valores de risco relativo não ajustados são apresentados na Tabela 1. Os valores de risco relativo ajustado em relação a esse desfecho são apresentados na Tabela 2 onde é possível observar a evidência de associação entre a suspeita de infecção e a avaliação das condições de trabalho como ruins (RR: 1,55; IC 95%: 1,21-1,99) e com a falta de EPIs (RR: 1,27; IC 95%: 1,06-1,51).

Abstenção no trabalho

A ocorrência de abstenção no trabalho devido à suspeita ou ao diagnóstico de infecção com o vírus causador da COVID-19 foi relatada por 16,2% dos profissionais estudados. A ocorrência desse desfecho em relação a cada uma das covariáveis incluídas no estudo e os valores de risco relativo não ajustados são apresentados na Tabela 1. Já os valores de risco relativo ajustado em relação a esse desfecho são apresentados na Tabela 2 onde é possível observar a associação do mesmo com a adoção de distanciamento social moderado (RR: 1,49; IC 95%: 1,00-2,21).

Testes para o rastreio

A realização de testes para o rastreio de infecção pelo vírus causador da COVID-19 foi relatada por 38,2% dos profissionais. A ocorrência desse desfecho em relação a cada uma das covariáveis incluídas no estudo e os valores de risco relativo não ajustados são apresentados na Tabela 1. Já os valores de risco relativo ajustado em relação a esse desfecho são apresentados na Tabela 2 onde é possível observar as evidências de associação entre a realização de testes e a renda per capita superior a três salários-mínimos, a vinculação a serviços ambulatoriais (RR: 2,47; IC 95%: 1,52-4,01) e hospitalares (RR: 2,49; IC 95%: 1,60-3,89), além do contato direto com pacientes confirmadamente acometidos pela COVID-19 (RR: 1,65; IC 95%: 1,33-2,05). Foi observada ainda uma associação negativa entre a realização de testes e possuir escolaridade em nível de pós-graduação (RR: 0,73; IC 95%: 0,57-0,92).

Testagem versus suspeita e abstenção

Entre os profissionais que apresentaram suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19 (n=316), 63,0% (n=199) realizaram algum teste para o rastreio de infecção. Entre os que efetivamente se abstiveram do trabalho devido a uma suspeita ou ao diagnóstico de infecção com o vírus causador da COVID-19 (n=144), 74,3% (n=107) realizaram algum teste para o rastreio de infecção.

Tabela 1 -
Proporções e associações não ajustadas entre suspeita, afastamento e testagem e estudo das covariáveis estimadas usando modelos de regressão de Poisson. Pelotas, RS, Brasil, 2020. Os dados são Riscos Relativos (RR) com Intervalos de Confiança (ICs) correspondentes de 95% (n=890).
Tabela 2 -
Proporções e associações ajustadas entre suspeita, afastamento e testagem e estudo das covariáveis estimadas usando modelos de regressão de Poisson. Pelotas, RS, Brasil, 2020. Os dados são Riscos Relativos (RR) com Intervalos de Confiança (ICs) correspondentes de 95% (n=890).

DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo apontam para uma realidade alarmante na forma como o enfrentamento da pandemia se deu durante o período estudado no que se refere aos cuidados ofertados aos profissionais de Enfermagem incluídos no estudo. Foi possível observar que, apesar de uma alta prevalência de trabalhadores de Enfermagem com sintomas da COVID-19, a realização de testes (teste rápido ou exame laboratorial) para a triagem de casos de COVID-19 entre os profissionais esteve aquém do necessário. Destaca-se que, mesmo em parte dos casos em que os profissionais foram afastados devido aos sintomas de COVID-19, a testagem não foi realizada, sugerindo fragilidades do sistema.

Por outro lado, pontua-se a realização de esforços locais para a minimização dos riscos. Entre os resultados que sustentam essa perspectiva, esteve a diferença da prevalência de testagem entre os serviços com a priorização dos serviços especialmente implicados no atendimento de pessoas com COVID-19 (ambulatórios e hospitais), além da menor prevalência de testagem entre profissionais mais idosos e pertencentes aos grupos de risco. Esse aspecto, embora soe contraditório, pode estar relacionado com a reorganização que os serviços fizeram em suas equipes a fim de remanejar esses profissionais para alas com menor exposição ao vírus, o que pode ter levado a uma menor proporção de trabalhadores sintomáticos de contágio e, portanto, a uma menor proporção de testes realizados.

Pontua-se que a baixa proporção de testagem observada neste estudo contrasta com as recomendações do Conselho Nacional de Saúde (CNS) brasileiro, uma vez que, em maio de 2020, o CNS orientou que os profissionais que atuam diretamente em contato com casos da COVID-19 fossem prioridade na testagem para a triagem de casos1313. Conselho Nacional de Saúde (CNS). Recomendação nº 32 de 05 de maio de 2020. [Internet]. Brasília, DF(BR): CNS; 2020 [cited 2021 Mar 12]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/recomendacoes-cns/1151-recomendacao-n-032-de-05-de-maio-de-2020
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. Essa é uma medida de suma importância que tem sido recomendada, inclusive, na ausência de sintomas1414. Rivett L, Sridhar S, Sparkes D, Routledge M, Jones NK, Forrest S, et al. Screening of healthcare workers for SARS-CoV-2 highlights the role of asymptomatic carriage in COVID-19 transmission. eLife [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];9:e58728. Available from: https://doi.org/10.7554/eLife.58728
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, dado que a infecção pode ser assintomática, sendo assim ignorada pelo profissional, favorecendo a transmissão para outros membros da equipe, pacientes e familiares1515. Chen Y, Tong X, Wang J, Huang W, Yin S, Huang R, et al. High SARS-CoV-2 antibody prevalence among healthcare workers exposed to COVID-19 patients. J Infect [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];81(3):420-6. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jinf.2020.05.067
https://doi.org/10.1016/j.jinf.2020.05.0...
-1616. Blairon L, Mokrane S, Wilmet A, Dessilly G, Kabamba-Mukadi B, Beukinga I, et al. Large-scale, molecular and serological SARS-CoV-2 screening of healthcare workers in a 4-site public hospital in Belgium after COVID-19 outbreak. J Infect [Internet]. 2021 [cited 2021 Mar 12];82(1)159-78. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jinf.2020.07.033
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.

Os resultados desta pesquisa referentes a trabalhadores com sintomas da COVID-19 são consistentes com estudos prévios que encontraram maior ocorrência desta entre profissionais com idades entre 30 e 50 anos1414. Rivett L, Sridhar S, Sparkes D, Routledge M, Jones NK, Forrest S, et al. Screening of healthcare workers for SARS-CoV-2 highlights the role of asymptomatic carriage in COVID-19 transmission. eLife [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];9:e58728. Available from: https://doi.org/10.7554/eLife.58728
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,1616. Blairon L, Mokrane S, Wilmet A, Dessilly G, Kabamba-Mukadi B, Beukinga I, et al. Large-scale, molecular and serological SARS-CoV-2 screening of healthcare workers in a 4-site public hospital in Belgium after COVID-19 outbreak. J Infect [Internet]. 2021 [cited 2021 Mar 12];82(1)159-78. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jinf.2020.07.033
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-1818. Bongiovanni M, Marra AM, De Lauretis A, Bini F, Di Carlo D, Manes G, et al. Natural history of SARS-CoV-2 infection in healthcare workers in Northern Italy. J Hosp Infec [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 15];106:709-12. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.08.027
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. E corroboram, ainda, a perspectiva de que a ocorrência da doença tem relação com o local de trabalho, sendo mais prevalente em serviços hospitalares e de pronto atendimento. Entre os profissionais infectados pelo vírus causador da COVID-19, 77,5% trabalhavam em serviços hospitalares e 17,5%, em serviços de pronto atendimento88. Wang D, Hu B, Hu C, Zhu F, Liu X, Zhang J, et al. Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients With 2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];323(11):1061-9. Available from: https://doi.org/10.1001/jama.2020.1585
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.

Ainda quanto ao tipo de serviços aos quais os profissionais estão vinculados, uma revisão de literatura1919. Ribeiro AP, Oliveira GL, Silva LS, Souza ER. Saúde e segurança de profissionais de saúde no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de Covid-19: revisão de literatura. Rev Bras Saúde Ocup [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];45:e25. Available from: https://doi.org/10.1590/2317-6369000013920
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apontou para maior concentração de casos de sintomáticos e com diagnóstico confirmado entre os profissionais de serviços hospitalares e de pronto-socorro, observando-se menores proporções entre os profissionais da Atenção Primária. Contudo, cabe mencionar que se espera que a proporção de testes acompanhe a proporção de sintomáticos. Embora esse aspecto tenha se confirmado para os serviços hospitalares e de pronto-socorro, onde a proporção de testagem foi ligeiramente maior do que a proporção de sintomáticos (43,6% versus 37,0% no hospital; 32,1% versus 23,8% no pronto-socorro), na Atenção Primária, a proporção de testagem foi aproximadamente à metade da proporção de sintomáticos (15,1% versus 29,6%).

Ainda que, de forma equivocada, a Atenção Primária não esteja sendo priorizada na formulação das políticas de combate à pandemia no país, seus profissionais não podem ser deixados à deriva. Igualmente, destaca-se que esses serviços, por seus atributos de responsabilidade territorial e orientação comunitária, são os que demonstram maior potencial para a vigilância em saúde nos territórios, atenção aos pacientes com casos leves da COVID-19 manejados de forma domiciliar e suporte social a grupos vulneráveis como idosos e portadores de condições crônicas2020. Medina MG, Giovanella L, Bousquat A, Mendonça MHM, Aquino R. Primary healthcare in times of COVID-19: what to do? Cad Saúde Pública [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];36(8):e00149720. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311X00149720
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-2121. Sarti TD, Lazarini WS, Fontenelle LF, Almeida APSC. What is the role of Primary Health Care in the COVID-19 pandemic? Epidemiol Serv Saúde [Internet] 2020 [cited 2021 Mar 12];29(2):e2020166. Available from: https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000200024
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. Além disso, são esses os serviços que terão que abordar os problemas oriundos do isolamento social prolongado e da precarização da vida social e econômica da população2121. Sarti TD, Lazarini WS, Fontenelle LF, Almeida APSC. What is the role of Primary Health Care in the COVID-19 pandemic? Epidemiol Serv Saúde [Internet] 2020 [cited 2021 Mar 12];29(2):e2020166. Available from: https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000200024
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.

Do ponto de vista da organização dos serviços, cabe ressaltar que os resultados deste estudo apontam para diferenças significativas quanto à proporção de testagem em relação ao tipo de envolvimento com casos de COVID-19 e proporção da carga horária destinada a ações de enfrentamento à pandemia. Os profissionais que trabalhavam com os casos confirmados de COVID-19 apresentaram a maior proporção de testes, contudo, os profissionais que trabalhavam com os casos sintomáticos foram os testados em menor proporção, mesmo comparados com os profissionais que declararam não ter nenhum envolvimento com casos de COVID-19.

Esse achado parece refletir uma concentração da disponibilização dos testes em setores específicos para o atendimento de casos de COVID-19, o que é compreensível a partir da necessidade de priorização imposta pela escassez de recursos enfrentada, especialmente, no início da pandemia. Contudo, é preciso considerar que a desassistência de setores menos especializados, mas que também estão recebendo casos sintomáticos implica consequências críticas para o sistema. Uma revisão sistemática99. Sant’Ana G, Imoto AM, Amorim FF, Taminato M, Peccin MS, Santana LA, et al. Infection and death in healthcare workers due to COVID-19: a systematic review. Acta Paul Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];33:eAPE20200107. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020ao0107
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demonstrou que o número de profissionais contaminados tem se mostrado maior em enfermarias não especializadas quando comparadas a setores de alta complexidade e voltados para o atendimento de casos de COVID-19.

Entre os aspectos que têm sido evidenciados como importantes contribuidores para esse cenário, está a menor disponibilização de EPIs em áreas não especializadas2222. Marques LC, Lucca DC, Alves EO, Fernandes GCM, Nascimento KC. COVID-19: Nursing care for safety in the mobile pre-hospital service. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Jul 13];29:e20200119. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2020-0119
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-2525. Helioterio MC, Lopes FQRS, Sousa CC, Souza FO, Pinho OS, Sousa FNF, et al. Covid-19: por que a proteção de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia? Trab Educ Saúde [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];18(3):e00289121. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00289
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. Enquanto os setores dedicados exclusivamente ao atendimento de casos de COVID-19 têm sido priorizados com o abastecimento regular de EPIs, outros setores têm enfrentado, com muita frequência, a falta desse tipo de equipamento, sendo essa uma das maiores preocupações relatadas por profissionais de diversos países1010. Caldera-Villalobos C, Garza-Veloz I, Martínez-Avila N, Delgado-Enciso I, Ortiz-Castro Y, Cabral-Pacheco GA, et al. The coronavirus disease (COVID-19) challenge in Mexico: a critical and forced reflection as individuals and society. Front Public Health [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];26(8):e337. Available from: https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.00337
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-1111. Shechter A, Diaz F, Moise N, Anstey DE, Ye S, Agarwal S, et al. Psychological distress, coping behaviors, and preferences for support among New York healthcare workers during the COVID-19 pandemic. Gen Hosp Psychiatry [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];66:1-8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.genhosppsych.2020.06.007
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. Destaca-se que, corroborando essa perspectiva, os resultados deste estudo apontam para a associação entre o relato de sintomas e a falta de EPIs durante o período estudado.

Dado que este é um estudo transversal, é preciso considerar aspectos como a causalidade reversa, que impossibilita a delimitação de relações causais. Essa perspectiva é bem representada pela associação encontrada entre as piores condições de trabalho e a prevalência de casos sintomáticos. Ao mesmo tempo em que as condições precárias de trabalho podem levar a uma maior chance de disseminação da doença, a exposição no ambiente de trabalho e a possibilidade de ter adquirir a doença podem afetar o julgamento do profissional quanto a essas condições.

Sabe-se que, de forma geral, a pior avaliação das condições de trabalho entre os profissionais da Enfermagem está relacionada a diversos fatores objetivos e subjetivos, como as longas jornadas de trabalho, os baixos salários, os múltiplos empregos, a redução de pessoal, o sentimento de sobrecarga e as relações conflituosas com colegas e com a chefia2626. Wisniewski D, Silva ES, Évora YDM, Matsuda LM. The professional satisfaction of the nursing team vs. work conditions and relations: a relational study. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2021 Mar 12];24(3):850-8. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-070720150000110014
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. Além disso, conforme demonstrado por um estudo conduzido na Índia2727. Wilson W, Raj JP, Rao S, Ghiya M, Nedungalaparambil NM, Mundra H, et al. Prevalence and predictors of stress, anxiety, and depression among healthcare workers managing COVID-19 pandemic in India: a nationwide observational study. Indian J Psychol Med [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 15];42(4):353-8. Available from: https://doi.org/10.1177/0253717620933992
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, a pandemia tem agregado a esse cenário uma elevada insatisfação com o suporte administrativo oferecido pelos serviços, além da insegurança ocasionada pela falta de EPIs em quantidade e qualidade adequadas.

Neste estudo, os profissionais autodeclarados pretos foram mais propensos a ter realizado algum teste de rastreio para a infecção com o vírus causador da COVID-19. No entanto, uma hipótese que merece ser explorada em estudos posteriores é a relação desse achado com o racismo estrutural que marca a sociedade e, consequentemente, o sistema de saúde. Um estudo2828. Nguyen LH, Drew DA, Graham MS, Joshi AD, Guo CG, Ma W, et al. Risk of COVID-19 among front-line health-care workers and the general community: a prospective cohort study. Lancet Public Health [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];5(9):e475-e83. Available from: https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30164-X
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realizado nos Estados Unidos e no Reino Unido demonstrou que os profissionais de saúde negros apresentavam maior probabilidade de trabalhar em locais de maior risco e com pacientes diagnosticados para a COVID-19, sendo, portanto, mais expostos.

Por fim, embora não se tenham encontrado associações entre o afastamento do trabalho devido à suspeita ou diagnóstico da COVID-19 e outras variáveis além da adoção do grau de distanciamento social moderado, é preciso considerar que uma parcela importante dos profissionais já havia precisado abster-se do trabalho. Destaca-se ainda que esse dado possa estar enviesado pela opção metodológica do estudo de excluir da amostra profissionais que porventura estivessem afastados do trabalho durante todo o período de realização da coleta de dados (90 profissionais). Por motivos éticos, o motivo do afastamento não pode ser revelado pelas instituições de forma que não se sabe quantos desses profissionais podem ter sido afastados em decorrência de suspeita ou diagnóstico de infecção pelo vírus causador da COVID-19.

De qualquer forma, esse é um ponto que evidencia a necessidade de os serviços investirem em melhores condições de trabalho, visando a garantir a biossegurança dos profissionais, a fim de evitar novos afastamentos. Destaca-se que esse desfecho agrava a situação de trabalho dos profissionais remanescentes, uma vez que, com a diminuição do número de trabalhadores disponíveis nas instituições, há uma exacerbação na carga física e psíquica dos profissionais que permanecem na linha de frente2929. Nyashanu M, Pfende F, Ekpenyong M. Exploring the challenges faced by frontline workers in health and social care amid the COVID-19 pandemic: experiences of frontline workers in the English Midlands region, UK. J Interprof Care [Internet]. 2020 [cited 2021 Mar 12];34(5):655-61. Available from: https://doi.org/10.1080/13561820.2020.1792425
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.

CONCLUSÃO

O estudo atingiu o objetivo inicialmente proposto ao identificar os fatores associados à suspeita de infecção pelo vírus causador da COVID-19, a abstenção no trabalho devido à suspeita ou ao diagnóstico de infecção pelo vírus causador da COVID-19 e a realização de testes para o rastreio de infecção pelo vírus causador desta entre profissionais de Enfermagem.

Embora tenha se observado uma alta ocorrência de sintomas de infecção pelo vírus causador da COVID-19 entre os profissionais estudados, foi observada uma baixa proporção de realização de testes para a triagem de COVID-19, seja de forma geral ou mesmo em situações em que os profissionais reportaram sintomas ou foram afastados do trabalho devido aos mesmos.

O tipo de serviço e as condições de trabalho dos profissionais foram marcadores importantes para os casos de trabalhadores com sintomas e testagem, sendo importante ressaltar a associação entre a suspeita de infecção e piores condições de trabalho, assim como a falta de EPIs. A realização de testagem foi maior entre os profissionais dos serviços ambulatoriais e hospitalares e entre aqueles com contato direto com pessoas potencialmente contaminadas. Tais achados apontam um importante caminho para a melhor compreensão da disseminação do vírus causador da COVID-19, assim como de seu rastreio e as consequências no processo de trabalho dos trabalhadores de Enfermagem.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa - FAPERGS do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, pelo financiamento destinado à realização desta pesquisa.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da pesquisa - Avaliação do Impacto da pandemia de COVID-19 na Saúde Mental dos trabalhadores da Enfermagem na cidade de Pelotas, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Pelotas, em 2020.
  • FINANCIAMENTO

    Fundação de Amparo à Pesquisa - FAPERGS. Bolsa Emergencial FAPERGS 06/2020 - Ciência e Tecnologia na luta contra o COVID-19.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, parecer n. 4.047.860/2020, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 30814920.9.0000.5317.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Gisele Cristina Manfrini, Elisiane Lorenzini, Ana Izabel Jatobá de Souza. Editor-chefe: Roberta Costa.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    27 Abr 2021
  • Aceito
    24 Ago 2021
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
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