Acessibilidade / Reportar erro

Viabilidade técnica e econômica de um sistema de previsão para manejo da queima das pontas das folhas da cebola

Technical and economic viability of a forecasting system for botrytis leaf blight management in onions

RESUMO

O controle da queima das pontas das folhas da cebola causada por Botrytis squmosa tem sido feitas pulverizações semanais de fungicidas. Com o objetivo de racionalizar o número excessivo de pulverizações, o presente trabalho teve como objetivo avaliar técnica e economicamente um sistema de previsão da doença comparado com o sistema convencional de controle. Um experimento em blocos casualizados com quatro repetições e quatro tratamentos foi instalado em 2020 em Rio do Sul (SC) com o cultivar de cebola Empasc 352 – Bola Precoce. No sistema convencional, as pulverizações iniciaram 15 dias após semeadura e semanalmente durante o ciclo da cultura com um tratamento utilizando fungicida protetor e outro com penetrante-móvel e no sistema de previsão foi utilizando o sistema validado durante três anos por Marcuzzo & Haveroth quando o valor de severidade estimada (SE) atingisse 0,30 utilizando os mesmos tipos de fungicidas do convencional em cada tratamento. No sistema de previsão com protetor se ocorresse um acúmulo de chuva de 25mm de chuva o fungicida foi reaplicado. A área abaixo da curva de progresso da doença, severidade final e a taxa de progresso da doença e a produtividade não diferiram entre os tratamentos, mas no sistema de previsão com fungicida protetor e penetrante-móvel a redução do número de pulverizações foi de 62,5% menor em relação ao sistema de aplicação semanal. O sistema de previsão possibilitou uma redução de custo com fungicida sistêmico de R$ 306,00 em comparação ao convencional, enquanto que o protetor foi de R$ 160,00 por hectare. O uso do sistema de previsão mostrou ser uma ferramenta útil no manejo da queima das pontas das folhas da cebola no estado de Santa Catarina e encontra-se disponível para a cadeia produtiva em http://www.ciram.sc.gov.br/agroconnect/.

Palavras-chave
Allium cepa ; Botrytis squamosa ; manejo integrado de doenças; sistema de aviso

ABSTRACT

Control of botrytis leaf blight caused by Botrytis squamosa in onions has been achieved with weekly spraying of fungicides. With the aim of rationalizing the excessive number of sprayings, the present study technically and economically evaluated a disease forecasting system in comparison with the conventional control system. An experiment of randomized block design with four replicates and four treatments was installed in 2020 in Rio do Sul City (Santa Catarina State, Brazil) using the onion cultivar ‘Empasc 352 - Bola Precoce’. For the conventional system, sprayings started 15 days after sowing and were performed weekly during the crop cycle with a treatment using protective fungicide and another treatment using systemic fungicide. For the forecasting system, using the same types of fungicides for each treatment, the system validated for three years by Marcuzzo & Haveroth when the estimated severity value (SE) reached 0.30 was adopted. The forecasting system had the protective fungicide reapplied if accumulated rainfall was 25mm. Area under the disease progress curve, final severity, disease progression rate and yield did not differ between treatments, but the number of sprayings was 62.5% smaller in the forecasting system with the protective and systemic fungicides than in the weekly application system. The forecasting system allowed a cost reduction of R$ 306.00 (Brazilian real) using the systemic fungicide, in comparison with the conventional system, and of R$ 160.00/hectare using the protective fungicide. Adopting the forecasting system has proved to be a useful tool for the management of botrytis leaf blight of onions in Santa Catarina State, Brazil, and is available for the production chain at http://www.ciram.sc.gov.br/agroconnect/.

Keywords
Allium cepa ; Botrytis squamosa ; integrated disease management; warning system

A cultura da cebola (Allium cepa L.) ocupa o terceiro lugar entre as hortaliças de maior expressão econômica do Brasil e de grande relevância para pequenos produtores da região sul. Segundo dados do IBGE (1111 IBGE. Produção agrícola municipal - cebola. IBGE: Brasília, outubro, 2020. Disponível em:< https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612#resultado> Acesso em: 13 out 2020.
https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612#re...
), a cultura da cebola ocupou em 2019 no Brasil uma área de 48.146 hectares, com uma produção de 1.549.587 toneladas e um rendimento médio de 32.337 Kg.ha-1. O Estado de Santa Catarina compreende a maior área (17.237 ha) de cultivo da cultura e na safra de 2019 a produção atingiu 457.221 toneladas, representando 29,4% do total produzido do país, sendo que mais de 70% está concentrada na região do Alto Vale do Itajaí (66 Boeing, G. Fatores que afetam a qualidade da cebola na agricultura familiar Catarinense. Florianópolis: Instituto CEPA, 2002. 88p. ).

Entre as doenças da cultura, a queima das pontas das folhas causada por Botrytis squamosa (Walker) é uma doença de grande importância no alto vale do Itajaí, já que a época de cultivo coincide com condições de temperaturas amenas (≤ 22ºC) e alta umidade (≥ 90%) (22 Araújo, E.R.; Marcuzzo, L.L.; Alves, D.P. Manejo de doenças. In: Nick, C.; Borém, A. Cebola: do plantio a colheita. Viçosa: UFV, Cap.7, p.126-155, 2018., 2323 Mizubuti, E.S.G. Sistema de previsão de doenças de plantas: uma ferramenta útil? In: Zambolim, L. (Ed). 1° Encontro de manejo integrado de doença e pragas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p.42-46.). A doença incide principalmente em plântulas, resultando em mais de 50% de redução da população de mudas para transplante, podendo também, indiretamente, afetar o desenvolvimento normal do bulbo, devido ao menor número de folhas sobreviventes na planta (3434 Wordell Filho, J. A.; Boff, P. Queima acizentada – Botrytis squamosa Walker. In: Wordell Filho, J.A.; Rowe, E.; Gonçalves, P.A.; Debarba, J.F.; Boff, P.; Thomazelli, L.F. Manejo Fitossanitário na cultura da cebola. Florianópolis: EPAGRI, p.19-30, 2006.).

Muitas das doenças de plantas têm sido controladas por métodos empíricos com consequente uso desnecessário de agrotóxicos e aumento dos custos de produção, comprometendo a rentabilidade financeira da cultura, além de impactar o meio ambiente e a possibilidade de resíduos no produto ao consumidor (33 Barreto, M.; Vale, F.X.R.; Paul, P.A.; Scaloppi, E.A.G.; Andrade, D.F.A.A. Sistemas de previsão e estação de aviso. In: Vale, F. X. R.; Jesus Junior, W. C.; Zambolim, L (Ed.). Epidemiologia aplicada ao manejo de doenças de plantas. Belo Horizonte: Perffil, 2004. cap.6, p.243-266.).

Mediante esse contexto, o melhor manejo de controle inclui a previsão de doenças, em que estas são correlacionadas com a variação do ambiente, principalmente durante o processo da infecção (2727 Sutton, J.C.; Swanton, C.J.; Gillespie, T.J. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Botrytis squamosa. Canadian Journal Botany, Otawa, v.56, n.20, p.2460-2469, 1978.). Segundo Bergamim Filho & Amorim (55 Bergamim Filho, A.; Amorim, L. Sistemas de previsão e avisos. In: Amorim, L.; Rezende, J.A.M.; Bergamim Filho, A. (Ed.). Manual de fitopatologia. 5. ed. Ouro Fino: Ceres, 2018. v.1, cap.19, p.289-303.), os sistemas de previsão de doenças de plantas são representações simplificadas da realidade e preveem o início ou o desenvolvimento futuro de uma doença (33 Barreto, M.; Vale, F.X.R.; Paul, P.A.; Scaloppi, E.A.G.; Andrade, D.F.A.A. Sistemas de previsão e estação de aviso. In: Vale, F. X. R.; Jesus Junior, W. C.; Zambolim, L (Ed.). Epidemiologia aplicada ao manejo de doenças de plantas. Belo Horizonte: Perffil, 2004. cap.6, p.243-266., 44 Bergamim Filho, A.; Amorim, L. Doenças de plantas tropicais: epidemiologia e controle econômico. São Paulo: Ceres, 1996. 299p., 1212 Krause, R.A.; Massie, L.B. Predictive systems: modern approaches to disease control. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.13, n.1, p.31-47, 1975., 2424 Reis, E.M. Previsão de doenças de plantas. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2004. 316p.), além da previsão do momento adequado à pulverização com agrotóxicos (2222 Menezes Júnior, F.O.G.; Marcuzzo, L.L. Manual de boas práticas agrícolas: sustentabilidade das lavouras de cebola do estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2016, 143p., 3333 Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C. Sistema de alerta de doenças de plantas. In: Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C, Rodrigues, A.R. (Ed.). O Essencial da Fitopatologia: Epidemiologia de doenças de plantas. 1 ed. São Carlos: Suprema, 2014, cap.11, p.369-399.).

Para a queima das pontas das folhas da cebola está disponível o sistema de previsão Botcast (2626 Sutton, J.C.; James, T.D.W.; Rowell, P.M. Botcast: a forecasting system to time initial fungicide spray for managing botrytis leaf blight of onions. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v.18, n.2, p.123- 143, 1986.) desenvolvido nas condições do Canadá e o Blight-alert e seus complementos nos Estados Unidos da América (3030 Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. BLIGTH-ALERT: A weather-based predictive system for timing fungicide applications on onion before infection periods of Botryts squamosa. Phytopathology, St. Paul, v.79, n.4, p.493-498, 1989., 3131 Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. Forecasting spore episodes of Botrytis squamosa in commercial onion fields in New York. Phytopathology, St. Paul, v.78, n.7, p.966-970, 1988., 3232 Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. Relationship of precipitation probability to infection potencial of Botrytis squamosa on onion. Phytopathology, St. Paul, v.78, n.8, p.1078-1082, 1988.), porém são sistemas complexos e pouco funcionais no sistema produtivo, devido às diversas variáveis que devem ser inseridas para seu funcionamento. Sistemas simplificados como o de Marcuzzo & Haveroth (2020 Marcuzzo, L.L.; Haveroth, R. Development of a weather-based model for Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.1, p.92-93, 2016.) são de fácil interpretação, pois são avaliadas a temperatura e as horas de molhamento foliar, necessitando para seu uso saber apenas qual o valor de severidade estimada acumulada para realizar a pulverização. Deste modelo, Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) validou durante três safras sua eficiência, inclusive por modelagem matemática (1616 Marcuzzo, L.L.; Kotkoski, B.; Wernke, C. Progresso da queima das pontas das folhas da cebola sob diferentes programas de aplicação de fungicidas. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.45, n.4, p.415-419, 2019.) e obteve redução de 25 a 40% do número de pulverização, mas sem considerar sua aplicabilidade técnica e econômica em sistema produtivo com manejo de fungicida protetor ou sistêmico.

Mediante a isso, esse trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de previsão para o manejo da queima das pontas das folhas da cebola causado por Botrytis squamosa.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Instituto Federal Catarinense - IFC/Campus Rio do Sul, no município de Rio do Sul – SC, (Latitude: 27º11’07’’ S e Longitude: 49º39’39’’ W, altitude 655 metros acima do nível do mar) durante o período de 13 de abril a 22 de junho, totalizando 10 semanas após a semeadura.

Segundo a classificação de Köeppen, o clima local é subtropical úmido (Cfa) e solo classificado como Cambissolo Háplico Tb distrófico (1010 EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de classificação de solos. 3. Ed. Brasília, DF: Embrapa, 2013, 353p.) com os seguintes atributos químicos: pH em água de 6,0; teores de Ca+2, Mg+2, Al+3 e CTC de 4,2; 1,8; 0,0 e 9,54 cmolc.dm-3, respectivamente; saturação por bases de 66,49%, teor de argila de 30 % m/v e teores de P e K de 14 e 134 mg.dm-3, respectivamente. Os dados meteorológicos foram obtidos de uma estação Davis® Vantage Vue modelo 300m localizado ao lado do experimento.

Seis gramas de sementes de cebola cultivar Empasc 352/Bola Precoce foram semeadas no canteiro em experimento constituído de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Cada repetição apresentava uma área de 2,00 x 1,00 m, totalizando no mínimo 1200 plantas por repetição. Para avaliação da doença, dez plantas em cada parcela foram previamente escolhidas e demarcadas aleatoriamente. A calagem, a adubação, e os tratos culturais seguiram as normas da cultura (2222 Menezes Júnior, F.O.G.; Marcuzzo, L.L. Manual de boas práticas agrícolas: sustentabilidade das lavouras de cebola do estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2016, 143p.).

A testemunha absoluta, sem pulverização, apenas para comprovação da doença na área constou de tratamento nas mesmas condições, ficando distante a 20 metros dos demais tratamentos.

Para assegurar a presença do inóculo na área experimental, mudas de cebola com 30 dias de idade foram inoculadas com auxílio de um atomizador portátil com uma suspensão (de 104/mL) conídios de B. squamosa, sendo transplantadas após 24 horas de câmara úmida a cada um metro linear ao redor do experimento, no dia da semeadura. Também foram depositados cinco escleródios do patógeno produzidos pela técnica de Marcuzzo et al. (1818 Marcuzzo, L.L.; Nascimento, A.; Kotkoski, B. Technique for inducing Botrytis squamosa sclerotium formation in vitro. Summa phytopathologica, Botucatu, v.43, n.3, p.251, 2017.) entre as parcelas, para também servir de inóculo primário da doença na área (1414 Marcuzzo, L.L.; Rosa Neto, A.J. Influência da temperatura e do fotoperíodo na germinação de escleródios de Botrytis squamosa, agente etiológico da queima das pontas da cebola, e reflexo disto na produção de conídios. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.62-63, 2020.).

Para o controle do míldio foram comparados os seguintes programas de pulverização com protetor a base de mancozebe (80%) + oxicloreto de cobre (50%) na dose de 250 g + 200 g pc.hl-1 e de penetrante-móvel composto por procimidona (50%) com 150 g pc.hl-1 baseado no modelo descrito por Marcuzzo & Haveroth (1919 Marcuzzo, L.L.; Eli, K. Effect of temperature and photoperiod on the in vitro germination of conida of Botrytis squamosa, the causal agent of Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.3, p.261-263, 2016.) expresso em SE = 0,008192 * (((x-5)1,01089) * ((30-x)1,19052)) * (0,33859/(1+3,77989 * exp (-0,10923*y))), onde SE, representa o valor da severidade estimada (0,1); x, a temperatura (ºC) e y, o molhamento foliar (horas) que foi substituído pela umidade relativa ≥ 90%. Este sistema foi validado por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) por três anos consecutivos com valores acumulados de severidade estimada (SE) de 0,30.

A pulverização no sistema de previsão foi realizada quando o somatório diário dos valores de SE=0,30 fosse atingido após o término do período residual (carência) do produto. No sistema de previsão com protetor se ocorresse um acúmulo de chuva de 25mm de chuva era feito a reaplicação do fungicida.

As pulverizações As pulverizações foram feitas com um pulverizador com pressão gerada por CO2 regulado a 3ATM, com barra contendo quatro pontas espaçadas a 50 cm e vazão de 400 L.ha-1 e nos sistemas de previsão e convencional iniciaram-se 15 dias após semeadura, no estádio fenológico de chicote, conforme desenvolvimento da doença (1313 Marcuzzo, L.L.; Kotkoski, B.; Wernke, C. Nascimento, A. Aspectos epidemiológicos da queima das pontas das folhas da cebola na região do Alto Vale do Itajaí em Santa Catarina. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.2, p.135-139, 2020.).

A severidade da doença foi avaliada em função da porcentagem visual de cada folha infectada (77 Boff, P.; Gonçalves, P.A.S.; Debarba, J.F. Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acizentada, na cultura da cebola. Horticultura brasileira, Brasília, DF, v.17, n.2, p.81-85, 1999., 1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020., 3333 Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C. Sistema de alerta de doenças de plantas. In: Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C, Rodrigues, A.R. (Ed.). O Essencial da Fitopatologia: Epidemiologia de doenças de plantas. 1 ed. São Carlos: Suprema, 2014, cap.11, p.369-399., 3535 Wordell Filho, J.A.; Stadnik, M.J. Controle da mancha acinzentada da cebola e seu impacto sobre a qualidade de mudas. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v.24, n.4, p.437-441, 2006.) na planta a intervalos regulares de sete dias. A severidade da doença ao longo do ciclo foi integralizada e calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), através da fórmula: AACPD = ∑ [(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2 referem-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2 (7 dias), respectivamente.

Nas dez plantas avaliadas para a severidade da doença determinou-se a produtividade da biomassa fresca (g) total de cada muda.

As médias da AACPD, da severidade final, da biomassa fresca de muda (g) e a taxa de infecção aparente proposta por Vanderplank (2929 Vanderplank, J.E. Plant disease: epidemics ant control. New York: Academic Press, 1963. 349p.) entre os regimes de pulverização, foram submetidas à análise de variância pelo teste de F e quando significativas foram comparadas pelo teste de Tukey 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As condições climáticas são fundamentais para a ocorrência de doenças (2828 Vale, F.X.R.; Zambolim, L. Influência da temperatura e da umidade nas epidemias de doenças de plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.4, p.149-207, 1996.) e durante a avaliação do sistema de previsão foram favoráveis para o estabelecimento queima das pontas (2020 Marcuzzo, L.L.; Haveroth, R. Development of a weather-based model for Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.1, p.92-93, 2016.). Durante o período de avaliação constatou-se que ocorreu uma precipitação pluvial de 118 mm (Figura 1A), sendo 75; 32 e 51% inferior do que ocorreu respectivamente em 2017 (485 mm), 2018 (175 mm) e 2019 (243 mm) (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.). Mas não houve diferença no progresso na curva de progresso da doença (Figura 2), se comparando-se com os anos anteriores feito no trabalho feito por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.), já que há uma correlação significativa da precipitação pluvial com o aumento da intensidade da doença (99 Duffeck, M.R.; Marcuzzo, L.L. Influência da precipitação pluvial sobre a severidade da queima das pontas (Botrytis squamosa) em canteiro de mudas de cebola. In: Dia de Pesquisa, Ensino, Produção e extensão – PEPE, Rio do Sul. Anais. Rio do Sul: IFC, 2011. 1 CD-ROM., 3232 Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. Relationship of precipitation probability to infection potencial of Botrytis squamosa on onion. Phytopathology, St. Paul, v.78, n.8, p.1078-1082, 1988.), indicando que, após a infecção, ela não interfere no progresso da doença. Mesmo com menor precipitação (Figura 1A), a severidade atingiu valores entre 33 e 40% (Figura 2), tendo ocorrido mais de 10 horas de umidade relativa do ar acima dos 90% que propiciou a sua infecção e com isso aumentando a severidade da doença ao longo do ciclo (1313 Marcuzzo, L.L.; Kotkoski, B.; Wernke, C. Nascimento, A. Aspectos epidemiológicos da queima das pontas das folhas da cebola na região do Alto Vale do Itajaí em Santa Catarina. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.2, p.135-139, 2020., 2525 Sutton, J.C. Predictive value of weather variables in the epidemiology and management of foliar disease. Fitopatologia Brasileira, Brasília, DF, v.13, n.4, p.305-312, 1988.).

Figura 1
Flutuação da precipitação pluvial (mm), da temperatura média do ar (Tº) (A) e da umidade relativa ≥90% (horas) (B) durante a avaliação de diferentes sistemas de pulverização da queima das pontas das folhas (Botrytis squamosa) da cebola (Allium cepa). IFC/Campus Rio do Sul 2020.
Figura 2
Progresso da queima das pontas das folhas (Botrytis squamosa) da cebola (Allium cepa) sob diferentes sistemas de pulverização. IFC/Campus Rio do Sul, 2020.

Figura 2

A temperatura média do ar foi de 16ºC no período das 10 semanas (Figura 1A), valores próximos aos 15,8; 15,1 e 16,9°C encontrados nos três anos anteriores da validação do sistema e condição favorável ao desenvolvimento da doença (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.). Pois Carisse et al. (88 Carisse, O.; Levasseur, A.; Van der Heyden, H. A new risk indicator for botrytis leaf blight of onion caussed by Botrytis squamosa baseado n infection efficiency of airbone inoculum. Plant pathology, Oxford, v.61, n.11, p.1154-1164, 2012.) constataram que a faixa de 15 a 20°C foi as que ocorreu maior número de lesões por cm2, pois B. squamosa tem requerimentos térmicos amplos em cada fase do seu ciclo de vida, onde a produção de conídios é favorecida por temperaturas de 14 a 20°C (2727 Sutton, J.C.; Swanton, C.J.; Gillespie, T.J. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Botrytis squamosa. Canadian Journal Botany, Otawa, v.56, n.20, p.2460-2469, 1978.), já a germinação dos conídios pode variar de 10 a 30ºC (1919 Marcuzzo, L.L.; Eli, K. Effect of temperature and photoperiod on the in vitro germination of conida of Botrytis squamosa, the causal agent of Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.3, p.261-263, 2016.) e para o desenvolvimento micelial de 15 a 20 ºC (1717 Marcuzzo, L.L.; Souza, J.J. Efeito da temperatura e do fotoperíodo no desenvolvimento micelial de Botrytis squamosa, agente causal da queima das pontas da cebola. Summa phytopathologica, Botucatu, v.44, n.1, p.90-91, 2018.). Temperaturas semelhantes foram registradas no período de avaliação, sendo que a média das máximas foi de 20,1 °C e a média da mínima em 11,9°C durante o período de avaliação. .

Constatou-se que o período de duração da umidade relativa do ar acima dos 90%, foi de 10,7 horas (Figura 1B), abaixo das 18; 13,1 e 16,1 horas encontradas nos três anos da validação do sistema por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) e possivelmente decorrente da baixa precipitação pluvial (Figura 1A), mas suficiente para que ocorresse a doença (2121 Marcuzzo, L.L.; Araújo, E.R. Manejo de doenças. In: Menezes Júnior, F.O.G.; Marcuzzo, L.L. (Orgs.). Manual de boas práticas agrícolas: sustentabilidade das lavouras de cebola do estado de Santa Catarina. Florianópolis: EPAGRI, p.91-104, 2016.). A presença de umidade relativa alta é fundamental para desenvolvimento do ciclo de vida do patógeno conforme constatado por Alderman & Lacy (11 Alderman, S.C.; Lacy, M.L. Influence of dew period and temperature on infection of onion leaves by dry conidia of Botrytis squamosa. Phytopathology, St. Paul, v.73, n.7, p.1020-1023, 1983.) e esse valor acima de 90% de umidade relativa foi um critério usado utilizado por Vancelli & Lorbeer (2727 Sutton, J.C.; Swanton, C.J.; Gillespie, T.J. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Botrytis squamosa. Canadian Journal Botany, Otawa, v.56, n.20, p.2460-2469, 1978.) no desenvolvimento de um sistema de previsão, pois valores abaixo disso acabam resultando em condições desfavoráveis para a ocorrência da doença. No entanto, Sutton et al. (2323 Mizubuti, E.S.G. Sistema de previsão de doenças de plantas: uma ferramenta útil? In: Zambolim, L. (Ed). 1° Encontro de manejo integrado de doença e pragas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p.42-46.) considerou valores acima de 70% de umidade relativa para relacionar epidemias da doença. Independentemente das condições ambientais de cada fase do ciclo de vida do patógeno, a condição de umidade relativa do ar foi satisfatória durante a avaliação já que propiciou molhamento foliar adequando a infecção do patógeno (2020 Marcuzzo, L.L.; Haveroth, R. Development of a weather-based model for Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.1, p.92-93, 2016.). O fato de ter encontrado mesmo assim muitas horas de umidade relativa acima dos 90% (Figura 1B) é característica da região, pois é em um vale próximo a serra geral e resulta no acúmulo da umidade no ar.

No sistema convencional com fungicida protetor ou penetrante-móvel foram realizadas oito pulverizações, seguindo o calendário semanal de aplicação do produtor, enquanto que os sistemas de previsão com protetor e penetrante-móvel tiveram igualmente três pulverizações (Tabela 1). Em relação ao fungicida protetor, das três pulverizações, apenas uma delas (16/6) foi decorrente do acumulado de 25 mm de chuva durante o ciclo, que representaram 33% das aplicações decorrentes da chuva acumulada (Figura 1A).

Tabela 1
Número de pulverizações e biomassa fresca (g/planta) de mudas em diferentes sistemas de pulverização para manejo da queima das pontas das folhas (Botrytis squamosa) da cebola (Allium cepa). IFC/Campus Rio do Sul, 2020

No sistema de previsão utilizando fungicida protetor e penetrante-móvel houve uma redução de 62,5% das pulverizações quando comparado com o sistema convencional (Tabela 1). Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) durante a validação do sistema de previsão nos três anos de avaliação constatou uma redução de 25 a 40%, valores abaixo dos resultados aqui encontrados nesse trabalho, exceto para o sistêmico, no qual não foi avaliado durante sua validação. Com isso é evidenciado tecnicamente a eficiência do sistema para a redução do número de pulverização em diferentes condições ambientais.

Quanto aos valores da AACPD, o sistema de previsão e convencional utilizando fungicida protetor ou penetrante-móvel não foram significativos entre si (Tabela 2), sendo similar ao encontrado durante a validação do sistema (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) e com isso evidenciando que a redução do número de pulverizações em relação ao sistema convencional é possível com mesmo acúmulo de valores da AACPD durante o ciclo produtivo (Tabela 2). Os valores de AACPD ficaram acima dos encontrados por Boff et al. (77 Boff, P.; Gonçalves, P.A.S.; Debarba, J.F. Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acizentada, na cultura da cebola. Horticultura brasileira, Brasília, DF, v.17, n.2, p.81-85, 1999.), quando avaliaram diferentes preparados em comparação com fungicidas aplicados semanalmente para controle da queima das pontas das folhas na mesma região de estudo desse trabalho, no entanto, dentro da faixa dos valores encontrados durante a validação do sistema por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.).

Tabela 2
Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), severidade final (%) e taxa de infecção aparente (r) da queima das pontas das folhas (Botrytis squamosa) da cebola (Allium cepa) em diferentes sistemas de pulverização. IFC/Campus Rio do Sul, 2020

Apesar de não haver diferença significativa na comparação da AACPD, o sistema de previsão com protetor teve uma diferença de 3,40% dessa variável em relação ao sistema convencional e praticamente igual (3,43%) ao protetor entre os sistemas utilizando fungicida sistêmico (Tabela 2), com mesmo número de pulverizações para ambos os fungicidas (Tabela 1). Isso demonstra que nem sempre um número maior de pulverizações reduz a doença, já que o momento correto da aplicação reflete no acumulado da doença ao longo do ciclo da cultura.

Os tratamentos não diferiram na severidade final (Tabela 2) com fungicida protetor entre o sistema de previsão e o convencional e constatou-se que quando se utilizou o fungicida penetrante-móvel, não houve diferença entre o sistema convencional em relação ao sistema de previsão, mas com redução de 62,5% das pulverizações (Tabela 1). Tanto o sistema convencional quanto ao de sistema de previsão não diferiu entre si, restando em valores de 35% (Tabela 2). Os valores de severidade final estão próximos ao relatados por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) que também não encontrou diferença significativa durante a validação do sistema utilizando fungicida protetor, mas acima dos 20,2% encontrado por Boff et al. (77 Boff, P.; Gonçalves, P.A.S.; Debarba, J.F. Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acizentada, na cultura da cebola. Horticultura brasileira, Brasília, DF, v.17, n.2, p.81-85, 1999.) quando avaliou a severidade final em plantas pulverizadas a cada sete dias com diferentes fungicidas.

A severidade final da doença entre o sistema de previsão e o controle convencional com protetor foi de apenas 8,75% superior (Figura 2), com 36,5% no sistema convencional de controle e de 40% com o sistema de previsão (Tabela 2). No entanto, a taxa de infecção aparente não foi significativa quando se comparou os sistemas convencionais de pulverização com protetor e sistêmico em relação aos mesmos fungicidas utilizados no sistema de previsão (Tabela 2), semelhante ao encontrado durante a sua validação (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.).

As curvas de progresso da doença no sistema de previsão e convencional apresentaram valores de severidade próximos ao longo do tempo após o início da doença em todo o ciclo da cultura durante a avaliação (Figura 2). No entanto, não se constatou diferença no inicio da epidemia, em que a doença foi detectada a partir da quinta semana após a semeadura (Figura 2). Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) em três ciclos de avaliação da epidemia da queima das folhas das pontas constatou que a doença surgiu no mesmo período que o presente trabalho. Apesar das curvas ficarem muitos próximas entre os sistemas (Figura 2), não foi constatada diferença nítida entre estas em relação ao trabalho de Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) durante os três anos de validação do sistema, onde as diferenças da severidade final entre os sistemas de previsão e o convencional com protetor foi de 3,5%, enquanto para penetrante-móvel foi de apenas 2,7% (Tabela 2). Ainda no mesmo trabalho (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.), a diferença entre o sistema de previsão e o convencional utilizando protetor foi de 8; 6 e 7% durante os três anos de constatação e valores próximos a esse trabalho.

Os tratamentos não diferiram entre si para a biomassa fresca das mudas (Tabela 1), semelhante ao encontrado durante a sua validação (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.), mas constatou que a biomassa das mudas no sistema de previsão com o uso de sistêmico foi 25% superior ao convencional. Nesse trabalho constatou-se que os valores de biomassa pouco oscilaram (Tabela 1) sem comprometer o rendimento de muda entre os tratamentos aplicados com fungicida protetor ou sistêmico, mas redução significativa do número de pulverizações (Tabela 1) quando se compara o sistema de previsão com o sistema convencional com pulverizações regulares a cada sete dias. Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) verificou que durante os três anos de validação do sistema de previsão uma variação de biomassa na ordem de 1,9; 12 e 24% superior ao controle convencional com protetor em relação ao convencional, valor esse ultimo semelhante ao encontrado nessa avaliação. O menor incremento de biomassa também foi constatado por Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) durante o primeiro ano de condução do sistema e foi também nesse trabalho decorrente da baixa precipitação pluviométrica (Figura 1A) que ocorreu durante o período de condução do experimento.

Dentro da análise econômica com a redução de 62,5% das pulverizações de fungicida protetor e penetrante-móvel é possível por ciclo uma economia de 3 e 4 Kg.ha-1 do produto comercial respectivamente e com valor médio de mercado houve uma redução de R$ 306,00 para o sistêmico e de R$ 160,00 para o protetor por hectare. Se compararmos com Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.) com o pior resultado (25% de redução das pulverizações) da validação do sistema dos três anos anteriores, ainda se tem uma redução de 1,2 e 1,6 Kg.ha-1 e uma economia de R$ 61,2 e R$ 51,2 respectivamente para o fungicida penetrante-móvel e protetor.

Considerando a economia de água para aplicação foi de 2000 L.ha-1, enquanto que a economia por ciclo da cultura do custo operacional de aplicação por hectare em SC está em torno de R$ 250,00. Ainda considerando a redução de 25% das pulverizações do trabalho anterior de Marcuzzo (1515 Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.), ainda podemos ter uma economia de 800 L.ha-1 e de R$ 100,00 de custo operacional de pulverização. Considerando esses valores nos mais de 1500 hectares de canteiros de mudas e da consequência produtiva dos mais 17.000 hectares plantados no estado de Santa Catarina, o impacto econômico e ambiental seria significativo na cultura.

O uso do sistema de previsão mostrou ser uma ferramenta viável no manejo do queima das pontas das folhas da cebola em Santa Catarina e encontra-se disponível gratuitamente para uso da cadeia produtiva na plataforma Agroconnect da EPAGRI-CIRAM disponível em http://www.ciram.sc.gov.br/agroconnect/ no menu atividade agropecuária cebola, alerta fitossanitário. O sistema não tem nenhum custo ao produtor, auxiliando-o na decisão do momento da aplicação do fungicida para controle da doença na cultura. No entanto, o sistema pode ser implantado em qualquer local, pois o que é levado em conta são as condições climáticas para desenvolvimento da doença, indiferentes das características de cada condição de cultivo da cultura.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Alderman, S.C.; Lacy, M.L. Influence of dew period and temperature on infection of onion leaves by dry conidia of Botrytis squamosa Phytopathology, St. Paul, v.73, n.7, p.1020-1023, 1983.
  • 2
    Araújo, E.R.; Marcuzzo, L.L.; Alves, D.P. Manejo de doenças. In: Nick, C.; Borém, A. Cebola: do plantio a colheita Viçosa: UFV, Cap.7, p.126-155, 2018.
  • 3
    Barreto, M.; Vale, F.X.R.; Paul, P.A.; Scaloppi, E.A.G.; Andrade, D.F.A.A. Sistemas de previsão e estação de aviso. In: Vale, F. X. R.; Jesus Junior, W. C.; Zambolim, L (Ed.). Epidemiologia aplicada ao manejo de doenças de plantas Belo Horizonte: Perffil, 2004. cap.6, p.243-266.
  • 4
    Bergamim Filho, A.; Amorim, L. Doenças de plantas tropicais: epidemiologia e controle econômico. São Paulo: Ceres, 1996. 299p.
  • 5
    Bergamim Filho, A.; Amorim, L. Sistemas de previsão e avisos. In: Amorim, L.; Rezende, J.A.M.; Bergamim Filho, A. (Ed.). Manual de fitopatologia 5. ed. Ouro Fino: Ceres, 2018. v.1, cap.19, p.289-303.
  • 6
    Boeing, G. Fatores que afetam a qualidade da cebola na agricultura familiar Catarinense Florianópolis: Instituto CEPA, 2002. 88p.
  • 7
    Boff, P.; Gonçalves, P.A.S.; Debarba, J.F. Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acizentada, na cultura da cebola. Horticultura brasileira, Brasília, DF, v.17, n.2, p.81-85, 1999.
  • 8
    Carisse, O.; Levasseur, A.; Van der Heyden, H. A new risk indicator for botrytis leaf blight of onion caussed by Botrytis squamosa baseado n infection efficiency of airbone inoculum. Plant pathology, Oxford, v.61, n.11, p.1154-1164, 2012.
  • 9
    Duffeck, M.R.; Marcuzzo, L.L. Influência da precipitação pluvial sobre a severidade da queima das pontas (Botrytis squamosa) em canteiro de mudas de cebola. In: Dia de Pesquisa, Ensino, Produção e extensão – PEPE, Rio do Sul. Anais Rio do Sul: IFC, 2011. 1 CD-ROM.
  • 10
    EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de classificação de solos 3. Ed. Brasília, DF: Embrapa, 2013, 353p.
  • 11
    IBGE. Produção agrícola municipal - cebola IBGE: Brasília, outubro, 2020. Disponível em:< https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612#resultado> Acesso em: 13 out 2020.
    » https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612#resultado
  • 12
    Krause, R.A.; Massie, L.B. Predictive systems: modern approaches to disease control. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.13, n.1, p.31-47, 1975.
  • 13
    Marcuzzo, L.L.; Kotkoski, B.; Wernke, C. Nascimento, A. Aspectos epidemiológicos da queima das pontas das folhas da cebola na região do Alto Vale do Itajaí em Santa Catarina. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.2, p.135-139, 2020.
  • 14
    Marcuzzo, L.L.; Rosa Neto, A.J. Influência da temperatura e do fotoperíodo na germinação de escleródios de Botrytis squamosa, agente etiológico da queima das pontas da cebola, e reflexo disto na produção de conídios. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.62-63, 2020.
  • 15
    Marcuzzo, L.L. Validação de um sistema de previsão para a queima das pontas das folhas da cebola. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.46, n.1, p.41-45, 2020.
  • 16
    Marcuzzo, L.L.; Kotkoski, B.; Wernke, C. Progresso da queima das pontas das folhas da cebola sob diferentes programas de aplicação de fungicidas. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.45, n.4, p.415-419, 2019.
  • 17
    Marcuzzo, L.L.; Souza, J.J. Efeito da temperatura e do fotoperíodo no desenvolvimento micelial de Botrytis squamosa, agente causal da queima das pontas da cebola. Summa phytopathologica, Botucatu, v.44, n.1, p.90-91, 2018.
  • 18
    Marcuzzo, L.L.; Nascimento, A.; Kotkoski, B. Technique for inducing Botrytis squamosa sclerotium formation in vitro Summa phytopathologica, Botucatu, v.43, n.3, p.251, 2017.
  • 19
    Marcuzzo, L.L.; Eli, K. Effect of temperature and photoperiod on the in vitro germination of conida of Botrytis squamosa, the causal agent of Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.3, p.261-263, 2016.
  • 20
    Marcuzzo, L.L.; Haveroth, R. Development of a weather-based model for Botrytis leaf blight of onion. Summa phytopathologica, Botucatu, v.42, n.1, p.92-93, 2016.
  • 21
    Marcuzzo, L.L.; Araújo, E.R. Manejo de doenças. In: Menezes Júnior, F.O.G.; Marcuzzo, L.L. (Orgs.). Manual de boas práticas agrícolas: sustentabilidade das lavouras de cebola do estado de Santa Catarina Florianópolis: EPAGRI, p.91-104, 2016.
  • 22
    Menezes Júnior, F.O.G.; Marcuzzo, L.L. Manual de boas práticas agrícolas: sustentabilidade das lavouras de cebola do estado de Santa Catarina Florianópolis: Epagri, 2016, 143p.
  • 23
    Mizubuti, E.S.G. Sistema de previsão de doenças de plantas: uma ferramenta útil? In: Zambolim, L. (Ed). 1° Encontro de manejo integrado de doença e pragas Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p.42-46.
  • 24
    Reis, E.M. Previsão de doenças de plantas Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2004. 316p.
  • 25
    Sutton, J.C. Predictive value of weather variables in the epidemiology and management of foliar disease. Fitopatologia Brasileira, Brasília, DF, v.13, n.4, p.305-312, 1988.
  • 26
    Sutton, J.C.; James, T.D.W.; Rowell, P.M. Botcast: a forecasting system to time initial fungicide spray for managing botrytis leaf blight of onions. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v.18, n.2, p.123- 143, 1986.
  • 27
    Sutton, J.C.; Swanton, C.J.; Gillespie, T.J. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Botrytis squamosa Canadian Journal Botany, Otawa, v.56, n.20, p.2460-2469, 1978.
  • 28
    Vale, F.X.R.; Zambolim, L. Influência da temperatura e da umidade nas epidemias de doenças de plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.4, p.149-207, 1996.
  • 29
    Vanderplank, J.E. Plant disease: epidemics ant control. New York: Academic Press, 1963. 349p.
  • 30
    Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. BLIGTH-ALERT: A weather-based predictive system for timing fungicide applications on onion before infection periods of Botryts squamosa Phytopathology, St. Paul, v.79, n.4, p.493-498, 1989.
  • 31
    Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. Forecasting spore episodes of Botrytis squamosa in commercial onion fields in New York. Phytopathology, St. Paul, v.78, n.7, p.966-970, 1988.
  • 32
    Vincelli, P.C.; Lorbeer, J.W. Relationship of precipitation probability to infection potencial of Botrytis squamosa on onion. Phytopathology, St. Paul, v.78, n.8, p.1078-1082, 1988.
  • 33
    Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C. Sistema de alerta de doenças de plantas. In: Zambolim, L.; Jesus Junior, W.C, Rodrigues, A.R. (Ed.). O Essencial da Fitopatologia: Epidemiologia de doenças de plantas 1 ed. São Carlos: Suprema, 2014, cap.11, p.369-399.
  • 34
    Wordell Filho, J. A.; Boff, P. Queima acizentada – Botrytis squamosa Walker. In: Wordell Filho, J.A.; Rowe, E.; Gonçalves, P.A.; Debarba, J.F.; Boff, P.; Thomazelli, L.F. Manejo Fitossanitário na cultura da cebola Florianópolis: EPAGRI, p.19-30, 2006.
  • 35
    Wordell Filho, J.A.; Stadnik, M.J. Controle da mancha acinzentada da cebola e seu impacto sobre a qualidade de mudas. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v.24, n.4, p.437-441, 2006.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2021

Histórico

  • Recebido
    22 Out 2020
  • Aceito
    26 Mar 2021
Grupo Paulista de Fitopatologia FCA/UNESP - Depto. De Produção Vegetal, Caixa Postal 237, 18603-970 - Botucatu, SP Brasil, Tel.: (55 14) 3811 7262, Fax: (55 14) 3811 7206 - Botucatu - SP - Brazil
E-mail: summa.phyto@gmail.com