Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

EDITORIAL

Sociologias inicia sua segunda década com nova apresentação gráfica e uma excelente notícia: fomos classificados como A1 pelo Qualis Capes da área de Sociologia. Essa classificação, fruto de 10 anos de árduo trabalho e principalmente da excelência dos nossos colaboradores, nos coloca o sério desafio de manter e elevar a qualidade da revista. Gostaríamos de, ao mesmo tempo em que celebramos a boa nova, agradecer a José Vicente Tavares dos Santos, que durante esse período inicial da revista desempenhou um trabalho essencial como editor e divulgador da revista; sem ele não teríamos chegado aqui. No lugar de José Vicente assume Anita Brumer, que passa a editar a revista juntamente com Maíra Baumgarten.

O Dossiê desse número - "Gênero, família e globalização" -, organizado por Anita Brumer, contém seis artigos. Uma abordagem comum a todos é a análise da sociedade contemporânea, com base nas mudanças ocorridas no plano mundial, mas com resultados específicos para alguns países. Outro aspecto comum é a perspectiva de gênero, que aparece de maneira clara ou implícita. As particularidades dizem respeito à relação entre gênero e raça, o enfoque na família e a teoria queer.

Os dois primeiros trabalhos apresentados no dossiê se fundam nas transformações que ocorrem no plano mundial, especialmente em decorrência da globalização, examinando seus efeitos sobre as mulheres. Ambos inserem suas análises numa perspectiva que vai além do nacional, seja por sua aplicabilidade geral, seja por se basearem em dados da realidade sobre uma pluralidade de países. O artigo de Helena Hirata focaliza a inserção das mulheres no mercado do trabalho, o texto de Maria Luisa Fermenías e Paula Soza Rossi elabora reflexões sobre a violência contra as mulheres.

O terceiro texto do dossiê, de Rafaela Cyrino adota uma perspectiva relacional, considerando as diferentes inserções sociais dos homens e das mulheres no espaço doméstico e no mercado de trabalho. A seguir, Rosely Gomes Costa examina as relações entre racialização e gênero no Brasil a partir da análise de alguns autores clássicos e outros atuais. Pedro Sánchez Vera e Marcos Bote Díaz desenvolvem o tema das relações entre a família, o Estado de Bem Estar e as políticas sociais e Richard Miskolci, no último artigo do dossiê, trata de um aspecto bastante inovador nos estudos de gênero - a Teoria Queer, cujo objeto é a análise da dinâmica da sexualidade e do desejo na organização das relações sociais.

Na seção de artigos desse número, encontramos temas variados. Com o texto "Visões da pós - modernidade: discursos e perspectivas teóricas", Miriam Aldeman aborda enfoques atuais e discursos sobre a pós-modernidade na Sociologia e na teoria social contemporâneas, identificando alguns debates centrais e propondo uma valorização da obra de autores como Andreas Huyssen e das teóricas feministas e teóricos pós-coloniais que, segundo a autora, permitem enxergar a construção de novos caminhos teóricos e práticos. Maria Lucia Teixeira Werneck Vianna debate a questão da participação em saúde, trazendo "...algumas reflexões a respeito do estatuto do conceito de participação no campo das ciências sociais, sob uma perspectiva histórica., na tentativa de desenhar um pano de fundo que permita compreensão mais acurada do uso recente e recorrente desse conceito, bem como de sua avassaladora incorporação ao universo da saúde".

Renato Miguel do Carmo debate a construção sociológica do espaço rural, propondo uma leitura sobre o espaço rural tendo por base a sua oposição/relação com o urbano. Lucas Rodrigues Azambuja aborda os valores da Economia Solidária.

A seção de interfaces desse número apresenta dois temas atuais: o primeiro, de Nara Magalhães, trata dos significados de violência em abordagens da mensagem televisiva e "...busca demonstrar que existem concepções reificadas de violência, imagem e realidade, presentes no debate, que retro alimentam a percepção de aumento da violência e o sentimento de insegurança daí decorrentes". O segundo tema gira em torno dos desafios gerenciais para a reconfiguração da administração burocrática brasileira. Flávio da Cunha Rezende focaliza, nesse artigo, o problema dos limites da construção das novas burocracias gerenciais, no contexto das reformas administrativas contemporâneas.

André Botelho nos apresenta, na seção de resenhas, o livro "Mudança provocada: passado e futuro no pensamento sociológico brasileiro", de Glaucia Villas Bôas, publicado em 2006.

Com essa vigésima primeira edição de Sociologias, desejamos continuar a percorrer os caminhos da imaginação sociológica e compartilhar com nossos leitores conhecimentos, perspectivas e esperanças de uma "boa sociedade" nesse novo século que se abre.

Anita Brumer

Maíra Baumgarten

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jun 2009
  • Data do Fascículo
    Jun 2009
Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43111 sala 103 , 91509-900 Porto Alegre RS Brasil , Tel.: +55 51 3316-6635 / 3308-7008, Fax.: +55 51 3316-6637 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revsoc@ufrgs.br