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Abordagem metagenômica e causalidade em virologia

Resumos

A abordagem metagenômica tem sido ferramenta muito importante atualmente na descoberta de novos vírus em amostras ambientais e biológicas. Aqui discutimos a maneira como essas descobertas podem ajudar a elucidar a etiologia de doenças e os critérios necessários para que a associação causal entre um vírus e uma doença seja estabelecida.

Metagenômica; Vírus; Virologia; Doenças Transmissíveis, etiologia; Causalidade; Postulados de Koch


Nowadays, the metagenomic approach has been a very important tool in the discovery of new viruses in environmental and biological samples. Here we discuss how these discoveries may help to elucidate the etiology of diseases and the criteria necessary to establish a causal association between a virus and a disease.

Metagenomics; Viruses; Virology; Communicable Diseases, etiology; Causality; Koch’s Postulates


INTRODUÇÃO

A associação entre um agente infeccioso e uma doença, antes de se tornar pública, deve estar muito bem embasada. Dela depende o tratamento dos pacientes acometidos por essa doença infecciosa, as medidas de prevenção, o estudo e compreensão das diferentes fases da doença, o desenvolvimento de terapêuticas e eventualmente até de vacina.1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949Critérios para que essa associação seja feita corretamente têm sido propostos por eminentes cientistas.7Evans AS. Causation and disease: the Henle-Koch postulates revisited. Yale J Biol Med. 1976;49(2):175-95.,9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33.

10 Huebner RJ. Criteria for etiologic association of prevalent viruses with prevalent diseases; the virologist’s dilemma. Ann N Y Acad Sci. 1957;67(8):430-8.
-1111 Koch R. An address on bacteriological research. Br Med J.1890;2(1546):380-3.,1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004,1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12.

Em relação aos vírus, foco deste comentário, a preocupação em estabelecer essa relação de causalidade é assunto bastante atual, pois estão sendo descobertos muitos vírus recentemente, descobertas estas impulsionadas principalmente devido às técnicas de metagenômica e às plataformas de sequenciamento de nova geração. Ao mesmo tempo, diversas doenças provavelmente infecciosas e grande porcentagem de casos de síndromes infecciosas comuns, como síndromes respiratórias agudas, encefalites, gastroenterites agudas e hepatites, não têm seu agente etiológico conhecido.1212 Li L, Delwart E. From orphan virus to pathogen: the path to the clinical lab. Curr Opin Virol. 2011;1(4):282-8. DOI:10.1016/j.coviro.2011.07.006,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004

CRITÉRIOS DE ASSOCIAÇÃO ENTRE AGENTES E DOENÇAS

Koch,1111 Koch R. An address on bacteriological research. Br Med J.1890;2(1546):380-3. ao final do século XIX, defendeu princípios fundamentais para que a correlação entre microrganismos e doenças infecciosas fosse feita de forma criteriosa. Segundo esse autor, uma prova de causalidade necessita que um agente esteja presente em cada caso da doença, não seja encontrado em outras doenças e, após isolamento e cultivo, seja suficiente para reprodução da doença em um hospedeiro susceptível.

Desde então, foram propostos adendos e modificações a esses postulados, como: os vírus foram adicionados como agentes infecciosos, já que à época de Koch eles eram desconhecidos;7Evans AS. Causation and disease: the Henle-Koch postulates revisited. Yale J Biol Med. 1976;49(2):175-95.,1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12. foram introduzidas a importância do estudo de anticorpos (presença e época de aparecimento),1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12. a possibilidade de prevenção da doença em estudo com a vacina contra o vírus,1010 Huebner RJ. Criteria for etiologic association of prevalent viruses with prevalent diseases; the virologist’s dilemma. Ann N Y Acad Sci. 1957;67(8):430-8.a importância de estudos epidemiológicos,1010 Huebner RJ. Criteria for etiologic association of prevalent viruses with prevalent diseases; the virologist’s dilemma. Ann N Y Acad Sci. 1957;67(8):430-8. a concepção de que vários fatores, e não somente uma causa, podem atuar no desenvolvimento de uma doença.7Evans AS. Causation and disease: the Henle-Koch postulates revisited. Yale J Biol Med. 1976;49(2):175-95.

Devido aos avanços das técnicas de biologia molecular, a partir da década de 1980 as sugestões de atualização dos postulados de Koch mostram a inserção de critérios baseados em genética dos microrganismos.9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33.,1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004 Entre essas proposições mais recentes, tanto os critérios de Mokili et al1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004baseados na comparação de traços metagenômicos entre indivíduos doentes e indivíduos-controle, quanto os de Lipkin,1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949 que agrupou dados laboratoriais e clínico-epidemiológicos em três níveis de certeza para associação de patógenos a doenças, colocaram como critério para confirmação de causalidade a inoculação do agente infeccioso em um indivíduo sadio – critério herdado dos postulados de Koch. No entanto, por questões éticas, não se pode inocular um agente suspeito de causar doença em seres humanos e, com exceções como o coronavírus humano relacionado à SARS, são raros os agentes que têm um modelo animal experimental susceptível a eles.2Ambrose HE, Clewley JP. Virus discovery by sequence-independent genome amplification. Rev Med Virol. 2006;16(6):365-83. DOI:10.1002/rmv.515Lipkin1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949 sugeriu, além disso, uma alternativa a esse cumprimento dos postulados de Koch, dizendo que uma relação causal pode ser confirmada se a doença puder ser atenuada ou prevenida pelo uso de vacinas, drogas ou anticorpos específicos contra o microrganismo.

Por outro lado, nas diretrizes moleculares para estabelecimento da causa de doenças microbianas de Fredericks & Relman,9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33. não consta a necessidade de isolamento do vírus ou de sua inoculação em um hospedeiro. Essas diretrizes baseiam-se na demonstração do genoma microbiano por hibridização in situ em áreas com alteração patológica do tecido e na análise do número de cópias do genoma microbiano em tecidos com e sem lesão e em várias fases da doença, incluindo a avaliação do número de cópias de sequências do patógeno precedendo a doença.

Pelas dificuldades enfrentadas para aplicar os postulados de causalidade, é aceito que nem todos os critérios de um autor necessitem, obrigatoriamente, ser preenchidos.7Evans AS. Causation and disease: the Henle-Koch postulates revisited. Yale J Biol Med. 1976;49(2):175-95.,9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33.

10 Huebner RJ. Criteria for etiologic association of prevalent viruses with prevalent diseases; the virologist’s dilemma. Ann N Y Acad Sci. 1957;67(8):430-8.
-1111 Koch R. An address on bacteriological research. Br Med J.1890;2(1546):380-3.,1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12. Na impossibilidade de preencher todos os critérios, serão importantes provas acumuladas ao longo do tempo e o bom senso dos pesquisadores para identificar o agente causal daquela doença.9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33.,1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949,1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12.

METAGENÔMICA VIRAL

O termo “metagenômica” foi cunhado com o significado de análise do conjunto dos genomas microbianos de uma amostra ambiental, tanto do ponto de vista das sequências quanto das funções.1818 Riesenfeld CS, Schloss PD, Handelsman J. Metagenomics: genomic analysis of microbial communities. Annu Rev Genet. 2004; 38:525-52. DOI:10.1146/annurev.genet.38.072902.091216

O termo “metagenômica viral” tem sido utilizado quando o estudo avalia o genoma de todos os vírus existentes em amostras ambientais (e.g., água de lagos, água de reúso)5Djikeng A, Kuzmickas R, Anderson NG, Spiro DJ. Metagenomic analysis of RNA viruses in a fresh water lake. PLoS One. 2009;4(9):e7264. DOI:10.1371/journal.pone.0007264,2020 Rosario K, Nilsson C, Lim YW, Ruan Y, Breitbart M. Metagenomic analysis of viruses in reclaimed water. Environ Microbiol. 2009;11(11):2806-20. DOI:10.1111/j.1462-2920.2009.01964.x ou biológicas (e.g., aspirados do trato respiratório, fezes humanas e de outros animais),1414 Lysholm F, Wetterbom A, Lindau C, Darban H, Bjerkner A, Fahlander K, et al. Characterization of the viral microbiome in patients with severe lower respiratory tract infections, using metagenomic sequencing. PLoS One. 2012;7(2):e30875. DOI:10.1371/journal.pone.0030875,1717 Phan TG, Kapusinszky B, Wang C, Rose RK, Lipton HL, Delwart EL. The fecal viral flora of wild rodents. PLoS Pathog. 2011;7(9):e1002218. DOI:10.1371/journal.ppat.1002218,2828 Victoria JG, Kapoor A, Li L, Blinkova O, Slikas B, Wang C, et al. Metagenomic analyses of viruses in stool samples from children with acute flaccid paralysis. J Virol. 2009;83(9):4642-51. DOI:10.1128/JVI.02301-08 nas quais se pressupõe presença de grande diversidade de vírus, e também quando a abordagem metagenômica é utilizada para a identificação do genoma de um provável vírus responsável por uma doença específica e/ou pelo efeito citopático em cultura de células, se várias técnicas usuais não conseguiram detectá-lo.2424 Svraka S, Rosario K, Duizer E, Avoort H, Breitbart M, Koopmans M. Metagenomic sequencing for virus identification in a public-health setting.J Gen Virol. 2010;91(Pt 11):2846-56. DOI:10.1099/vir.0.024612-0,3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369

A abordagem metagenômica viral inclui vários passos: purificação e concentração das partículas virais (ou do ácido nucleico viral, se existir a possibilidade de o vírus estar na forma latente ou integrado ao genoma do hospedeiro); extração de ácidos nucleicos; transcrição reversa de RNA para cDNA; amplificação randômica dos segmentos genômicos; sequenciamento dos fragmentos de ácidos nucleicos e análise das sequências com métodos de bioinformática.2Ambrose HE, Clewley JP. Virus discovery by sequence-independent genome amplification. Rev Med Virol. 2006;16(6):365-83. DOI:10.1002/rmv.515,1212 Li L, Delwart E. From orphan virus to pathogen: the path to the clinical lab. Curr Opin Virol. 2011;1(4):282-8. DOI:10.1016/j.coviro.2011.07.006,2727 Tang P, Chiu C. Metagenomics for the discovery of novel human viruses. Future Microbiol. 2010;5(2):177-89. DOI:10.2217/fmb.09.120 O sequenciamento desses fragmentos pode ser feito pela técnica de Sanger após clonagem ou em plataformas de sequenciamento de nova geração, que são mais sensíveis e passíveis de gerar quantidade muito maior de sequências em relação à clonagem em hospedeiro bacteriano.2Ambrose HE, Clewley JP. Virus discovery by sequence-independent genome amplification. Rev Med Virol. 2006;16(6):365-83. DOI:10.1002/rmv.515,1212 Li L, Delwart E. From orphan virus to pathogen: the path to the clinical lab. Curr Opin Virol. 2011;1(4):282-8. DOI:10.1016/j.coviro.2011.07.006,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004,2727 Tang P, Chiu C. Metagenomics for the discovery of novel human viruses. Future Microbiol. 2010;5(2):177-89. DOI:10.2217/fmb.09.120

DESCOBERTA DE VÍRUS ATRAVÉS DA METAGENÔMICA VIRAL

Apesar de a abordagem metagenômica estar contribuindo para o aumento a passos largos do número de vírus descobertos,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004 o número de novas associações de vírus a doenças não tem ocorrido na mesma proporção. A associação causal depende não só do encontro do vírus em um paciente doente, mas da completa investigação da relação vírus-doença, com vistas a preencher os postulados de Koch ou os critérios que a estes se seguiram.

O uso da abordagem metagenômica em amostras ambientais já possibilitou descobertas de inúmeras novas sequências genômicas provavelmente derivadas de vírus. No entanto, somente esses dados dos novos genomas são insuficientes para identificar os hospedeiros e o potencial patogênico dos vírus. A catalogação desses genomas nas bases públicas de dados é importante para que no futuro, com resultados de mais pesquisas, sejam identificados os hospedeiros desses vírus.

Essa necessidade de investigação do verdadeiro hospedeiro e possível patogenicidade do vírus também é imperiosa quando encontramos um vírus, previamente desconhecido, em amostras de fezes e de secreções do trato respiratório superior. A presença do vírus nessas amostras, durante a fase aguda de uma doença, não o torna necessariamente agente responsável pela patologia. Pode ser o caso de detecção de um vírus que tenha excreção prolongada, e.g., enterovírus e bocavírus.2929 Williams JV. Déjà vu all over again: Koch’s postulates and virology in the 21st century. J Infect Dis. 2010;201(11):1611-4. DOI:10.1086/652406Além disso, um vírus detectado em fezes e amostras de secreção de vias respiratórias pode apenas ter sido inalado ou ingerido e ser um passageiro através do lúmen dos dutos do trato respiratório ou digestivo, sem se replicar naquele hospedeiro.3Castrignano SB, Nagasse-Sugahara TK, Kisielius JJ, Ueda-Ito M, Brandão PE, Curti SP. Two novel circo-like viruses detected in human feces: complete genome sequencing and electron microscopy analysis. Virus Res. 2013;178(2):364-73. DOI: 10.1016/j.virusres.2013.09.018,1212 Li L, Delwart E. From orphan virus to pathogen: the path to the clinical lab. Curr Opin Virol. 2011;1(4):282-8. DOI:10.1016/j.coviro.2011.07.006 O bocavírus humano exemplifica essa dificuldade em avaliar a associação de um vírus novo descoberto no trato respiratório a um quadro clínico. Descoberto em 2005 por abordagem metagenômica em umpool de amostras selecionadas aleatoriamente de aspirado nasofaríngeo,1Allander T, Tammi MT, Eriksson M, Bjerkner A, Tiveljung-Lindell A, Andersson B. Cloning of a human parvovirus by molecular screening of respiratory tract samples. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005;102(36):12891-6. DOI:10.1073/pnas.0504666102 o bocavírus tem sido alvo de inúmeras pesquisas desde então. Estas identificaram fatores que dificultam a associação do vírus com doença: a prevalência de infecção pelo bocavírus é alta, a excreção viral após a infecção é prolongada, o DNA viral pode permanecer no trato respiratório por vários meses, e a taxa de coinfecção é alta. Até o momento, os resultados das pesquisas sugerem que o bocavírus é ora um passageiro, ora um patógeno em pacientes com doenças do trato respiratório.4Debiaggi M, Canducci F, Ceresola ER, Clementi M. The role of infections and coinfections with newly identified and emerging respiratory viruses in children. Virol J. 2012;9:247. DOI:10.1186/1743-422X-9-247,2929 Williams JV. Déjà vu all over again: Koch’s postulates and virology in the 21st century. J Infect Dis. 2010;201(11):1611-4. DOI:10.1086/652406

Mesmo quando a abordagem metagenômica leva à detecção de um novo vírus em líquido cefalorraquidiano (LCR), um ambiente geralmente estéril, não se pode atribuir a doença ao vírus sem outras investigações.2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13 Essa afirmação pode ser discutida com base nos achados recentes de Tan et al,2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13 que encontraram um novo ciclovírus no LCR de dois pacientes com infecção aguda do sistema nervoso central. Depois da identificação desse novo vírus, Tan et al2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13detectaram-no em 4,0% de 642 amostras de LCR de pacientes com suspeita de infecção do sistema nervoso central e não o detectaram em nenhum dos 122 pacientes com doença neurológica não-infecciosa. O genoma viral também foi encontrado em fezes de crianças sadias, o que sugere uma rota de transmissão fecal-oral ou infecção via alimentos, e em fezes de animais, sugerindo a existência de reservatórios animais para esse vírus. Tan et al2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13 afirmaram a impossibilidade, no atual estágio de conhecimento, de associar esse vírus à doença pelos critérios de Koch ou pelas versões adaptadas dos mesmos. Para avançar nessa avaliação de causalidade, Tan et al2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13 estão buscando o isolamento do vírus em cultura de células ou modelo animal e a detecção de uma resposta imune específica. Essa cautela é justificável, pois um vírus encontrado no LCR pode ser um agente coinfectante – que teria papel secundário na patologia e que poderia aumentar a gravidade da doença ou facilitar a entrada de outros patógenos –, um vírus que estava latente e foi reativado devido ao processo infeccioso/inflamatório da doença ou ainda simplesmente refletir detecção de um vírus latente.6Doja A, Bitnum A, Jones ELF, Richardson S, Tellier R, Petric M, et al. Pediatric Epstein-Barr virus-associated encephalitis: 10-year review.J Child Neurol. 2006;21(5):384-91. DOI:10.2310/7010.2006.00114,2222 Studahl M, Hagberg L, Rekabdar E, Bergström T. Herpesvirus DNA detection in cerebral spinal fluid: differences in clinical presentation between alpha-, beta-, and gamma-herpesviruses. Scand J Infect Dis. 2000;32(3):237-48. DOI:10.1080/0036554005016585,2323 Sundén B, Larsson M, Falkeborn T, Paues J, Forsum U, Lindh M, et al. Real-time PCR detection of human herpesvirus 1-5 in patients lacking clinical signs of a viral CNS infection. BMC Infect Dis. 2011;11:220. DOI:10.1186/1471-2334-11-220,2626 Tan LV, Doorn HR, Nghia HDT, Chau TTH, Tu LTP, Vries M, et al. Identification of a new cyclovirus in cerebrospinal fluid of patients with acute central nervous system infections. MBio. 2013;4(3):e00231-13. DOI:10.1128/mBio.00231-13 Essa discussão é comum em casos de detecção no LCR de herpesvírus humanos que são disseminados pela via hematogênica, como o Epstein-Barr e o Herpesvírus humano 6.6Doja A, Bitnum A, Jones ELF, Richardson S, Tellier R, Petric M, et al. Pediatric Epstein-Barr virus-associated encephalitis: 10-year review.J Child Neurol. 2006;21(5):384-91. DOI:10.2310/7010.2006.00114,2222 Studahl M, Hagberg L, Rekabdar E, Bergström T. Herpesvirus DNA detection in cerebral spinal fluid: differences in clinical presentation between alpha-, beta-, and gamma-herpesviruses. Scand J Infect Dis. 2000;32(3):237-48. DOI:10.1080/0036554005016585,2323 Sundén B, Larsson M, Falkeborn T, Paues J, Forsum U, Lindh M, et al. Real-time PCR detection of human herpesvirus 1-5 in patients lacking clinical signs of a viral CNS infection. BMC Infect Dis. 2011;11:220. DOI:10.1186/1471-2334-11-220 Poderiam ainda ser vírus como os anelovírus, que estabelecem infecções produtivas crônicas, talvez não sejam patogênicos (podem ser componentes da microflora humana normal) e podem ser encontrados no sistema nervoso central, no sangue e em vários outros fluidos corpóreos.1515 Maggi F, Bendinelli M. Human anelloviruses and the central nervous system. Rev Med Virol. 2010;20(6):392-407. DOI:10.1002/rmv.668

Vírus também podem ser detectados por abordagem metagenômica em doenças crônicas, mas a associação de causalidade pode ser ainda mais difícil,2727 Tang P, Chiu C. Metagenomics for the discovery of novel human viruses. Future Microbiol. 2010;5(2):177-89. DOI:10.2217/fmb.09.120 como se constata pelos inúmeros dados envolvendo o poliomavírus de célula Merkel (MCV). Identificado em amostras de carcinoma humano de célula Merkel (MCC),8Feng H, Shuda M, Chang Y, Moore PS. Clonal integration of a polyomavirus in human Merkel cell carcinoma. Science. 2008;319(5866):1096-100. DOI:10.1126/science.1152586 a investigação da associação do MCV com essa doença iniciou-se com a pesquisa de dez amostras de MCC de diferentes pacientes, sendo que em oito delas foi detectado o genoma viral. Em 75,0% dessas amostras, o DNA viral estava integrado ao genoma do tumor em um padrão clonal, sugerindo que a infecção e a integração precederam a expansão clonal das células tumorais. Tecidos-controle testados foram positivos para o genoma de MCV em porcentagem expressivamente menor, e houve evidências de que o número de cópias do genoma viral nas amostras positivas também era menor do que nas amostras do MCC.8Feng H, Shuda M, Chang Y, Moore PS. Clonal integration of a polyomavirus in human Merkel cell carcinoma. Science. 2008;319(5866):1096-100. DOI:10.1126/science.1152586 Estudos posteriores confirmaram presença do MCV em alta porcentagem dos casos de MCC em vários países, exceto em pacientes da Austrália.2121 Schrama D, Ugurel S, Becker JC. Merkel cell carcinoma: recent insights and new treatment options. Curr Opin Oncol. 2012;24(2):141-9. DOI:10.1097/CCO.0b013e32834fc9feSabe-se atualmente que a infecção humana com o MCV ocorre cedo, uma vez que a soroprevalência é de 50,0% para pessoas abaixo de 15 anos.2121 Schrama D, Ugurel S, Becker JC. Merkel cell carcinoma: recent insights and new treatment options. Curr Opin Oncol. 2012;24(2):141-9. DOI:10.1097/CCO.0b013e32834fc9fe Estudos com RNA de interferência e de avaliação das alterações genéticas do genoma viral integrado a células do MCC trouxeram evidências de que o MCV talvez contribua para o desenvolvimento do MCC.2121 Schrama D, Ugurel S, Becker JC. Merkel cell carcinoma: recent insights and new treatment options. Curr Opin Oncol. 2012;24(2):141-9. DOI:10.1097/CCO.0b013e32834fc9fe

No caso de novo vírus detectado em sangue de paciente com uma síndrome provavelmente infecciosa, somente o encontro de um novo agente também não define a associação com a doença, como pode ser exemplificado pela descoberta de um novo buniavírus na China. Esse novo buniavírus denominado vírus HNF (Henan fever virus)3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369 ou SFTSV (Severe fever with thrombocytopenia syndrome virus)3131 Yu XJ, Liang MF, Zhang SY, Liu Y, Li JD, Sun YL, et al. Fever with thrombocytopenia associated with a novel bunyavirus in China. N Engl J Med. 2011;364(16):1523-32. DOI:10.1056/NEJMoa1010095 foi detectado quase simultaneamente por dois grupos por abordagem metagenômica em soro3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369 ou leucócitos do sangue,3131 Yu XJ, Liang MF, Zhang SY, Liu Y, Li JD, Sun YL, et al. Fever with thrombocytopenia associated with a novel bunyavirus in China. N Engl J Med. 2011;364(16):1523-32. DOI:10.1056/NEJMoa1010095 obtidos durante a fase aguda de síndrome que cursa com febre, trombocitopenia e leucopenia. Associada a essa descoberta, foi feita extensa pesquisa epidemiológica, clínica e laboratorial. No laboratório, as linhas de evidência da associação incluíram isolamento do vírus com posterior visualização de sua morfologia por microscopia eletrônica, detecção do genoma viral e sorologia positiva em amostras dos pacientes.3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369,3131 Yu XJ, Liang MF, Zhang SY, Liu Y, Li JD, Sun YL, et al. Fever with thrombocytopenia associated with a novel bunyavirus in China. N Engl J Med. 2011;364(16):1523-32. DOI:10.1056/NEJMoa1010095 Nos dois trabalhos foram analisados também grupos-controle. Ao discutir a relação de causalidade entre o vírus HNF e a síndrome grave com febre e trombocitopenia, os dois grupos se referiram aos postulados de Koch e concluíram que, apesar de não os terem preenchido, são fortes as evidências da associação.3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369,3131 Yu XJ, Liang MF, Zhang SY, Liu Y, Li JD, Sun YL, et al. Fever with thrombocytopenia associated with a novel bunyavirus in China. N Engl J Med. 2011;364(16):1523-32. DOI:10.1056/NEJMoa1010095 O fato de investigadores independentes terem confirmado os resultados2525 Takahashi T, Maeda K, Suzuki T, Ishido A, Shigeoka T, Tominaga T, et al. The first identification and retrospective study of severe fever with thrombocytopenia syndrome in Japan. J Infect Dis. 2014;209(6):816-27. DOI:10.1093/infdis/jit603,3030 Xu B, Liu L, Huang X, Ma H, Zhang Y, Du Y, et al. Metagenomic analysis of fever, thrombocytopenia and leukopenia syndrome (FTLS) in Henan Province, China: discovery of a new bunyavirus. PLoS Pathog. 2011;7(11):e1002369. DOI:10.1371/journal.ppat.1002369,3131 Yu XJ, Liang MF, Zhang SY, Liu Y, Li JD, Sun YL, et al. Fever with thrombocytopenia associated with a novel bunyavirus in China. N Engl J Med. 2011;364(16):1523-32. DOI:10.1056/NEJMoa1010095 corrobora a potencial associação, como sugerem os critérios de Lipkin.1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metagenômica viral tem mostrado grande impacto na descoberta de novos vírus, pelas suas características de possibilitar a detecção de todos os genomas virais presentes em uma amostra, e por independer de antissoros, de conhecimento prévio do genoma viral (diferentemente de outras técnicas de biologia molecular como PCR, microarray e hibridização in situ) e de isolamento em cultura de células.2Ambrose HE, Clewley JP. Virus discovery by sequence-independent genome amplification. Rev Med Virol. 2006;16(6):365-83. DOI:10.1002/rmv.515,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004,2727 Tang P, Chiu C. Metagenomics for the discovery of novel human viruses. Future Microbiol. 2010;5(2):177-89. DOI:10.2217/fmb.09.120

A relação de causalidade entre um vírus e uma doença no homem e outros animais, no entanto, continua dependendo de um conjunto de investigações clínicas, epidemiológicas e laboratoriais, do uso de critérios estritos para associá-los, como os postulados de Koch e os que dele advieram, e do bom senso dos pesquisadores ao analisar esses dados.9Fredericks DN, Relman DA. Sequence-based identification of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clin Microbiol Rev. 1996;9(1):18-33.,1010 Huebner RJ. Criteria for etiologic association of prevalent viruses with prevalent diseases; the virologist’s dilemma. Ann N Y Acad Sci. 1957;67(8):430-8.,1212 Li L, Delwart E. From orphan virus to pathogen: the path to the clinical lab. Curr Opin Virol. 2011;1(4):282-8. DOI:10.1016/j.coviro.2011.07.006,1313 Lipkin WI. The changing face of pathogen discovery and surveillance.Nat Rev Microbiol. 2013;11(2):133-41. DOI:10.1038/nrmicro2949,1616 Mokili JL, Rohwer F, Dutilh BE. Metagenomics and future perspectives in virus discovery. Curr Opin Virol. 2012;2(1):63-77. DOI:10.1016/j.coviro.2011.12.004,1919 Rivers TM. Viruses and Koch’s postulates. J Bacteriol. 1937;33(1):1-12.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2015

Histórico

  • Recebido
    28 Mar 2014
  • Aceito
    7 Ago 2014
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