Anomalias congênitas em Santa Catarina: distribuição e tendências no período de 2010–2018

Vanassi, Bruna Muraro; Parma, Gabriel Cremona; Magalhaes, Vivyane Santiago; Santos, Augusto César Cardoso dos; Iser, Betine Pinto Moehlecke

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Revista Paulista de Pediatria

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Sumário

Artigo Original • Rev. paul. pediatr. 40 • 2022 • https://doi.org/10.1590/1984-0462/2022/40/2020331 copiar

Anomalias congênitas em Santa Catarina: distribuição e tendências no período de 2010–2018

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Resumo

Objetivo:

Avaliar a distribuição dos casos de anomalias congênitas no estado de Santa Catarina por macrorregião de saúde, determinar a frequência segundo fatores da mãe e do produto da gestação e estimar a mortalidade relacionada e a tendência no período de 2010–2018.

Métodos:

Estudo ecológico de série temporal, com dados secundários sobre anomalias congênitas e variáveis sociodemográficas e de saúde de mães e recém-nascidos residentes em Santa Catarina, no período de 2010 a 2018. Para análise de tendência temporal, foi utilizada a regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten com variância robusta.

Resultados:

A prevalência média de anomalias congênitas no período foi de 8,9 casos a cada 1.000 nascidos vivos, sendo 9,4 casos a cada 1.000 em 2010 e 8,2 a cada 1.000 em 2018. A tendência manteve-se estável no período analisado. As principais malformações foram as osteomusculares, de quadril e de pés, com proporção ≥30%. Verificou-se prevalência maior de anomalias congênitas nas crianças de baixo peso, prematuras, de sexo masculino e Apgar≤7 e nos nascidos de cesariana, de mães de maior idade (≥40 anos) e menor escolaridade (menos de oito anos de estudo). A mortalidade infantil por malformações congênitas foi de 2,6 óbitos/1.000 nascidos vivos, representando 25,8% do total de óbitos infantis no período.

Conclusões:

Houve estabilidade na frequência e na mortalidade associada às anomalias congênitas em Santa Catarina de 2010 a 2018. A ocorrência dessas condições foi associada aos nascidos de baixo peso, pré-termo e baixo escore de Apgar. A maior proporção de anomalias congênitas foi do sistema osteomuscular.

Palavras-chave:
Anormalidades congênitas; Doenças genéticas inatas; Sistemas de informação em saúde; Estatísticas vitais; Estudos epidemiológicos

Categorias/ano		Taxa anual^* * Número de nascimentos com anomalias/número total de nascidos vivos × 1.000; IC95%: intervalo de confiança de 95%									Total 2010–2018		Tendência	p-valor
Categorias/ano		2010	2011	2012	2013	2014	2015	2016	2017	2018	Média	IC95%	Coeficiente β^# # coeficiente beta da regressão.	p-valor
SC		9,4	9,4	8,0	9,6	9,6	8,9	8,8	8,7	8,2	9,0	8,5–9,4	−0,10	0,116
Macrorregião
	Sul	9,2	8,3	8,7	9,9	9,0	7,8	8,4	8,3	7,7	8,6	8,0–9,1	−0,15	0,035
	Planalto norte/nordeste	9,4	9,2	7,0	7,8	8,2	7,9	7,9	6,9	6,3	7,8	7,1–8,6	−0,31	0,006
	Meio oeste e serra	10,0	11,1	10,0	9,9	8,7	9,7	9,4	9,9	9,2	9,8	9,3–10,3	−0,14	0,050
	Grande oeste	11,1	9,1	9,5	8,5	7,9	9,1	10,5	8,7	8,0	9,1	8,3–9,9	−0,25	0,178
	Grande Florianópolis	13,0	13,8	7,4	13,1	16,4	12,1	12,0	11,3	9,7	12,1	10,1–14,0	−0,22	0,382
	Foz do Rio Itajaí	5,4	4,2	5,8	8,7	7,9	8,9	5,4	6,6	6,9	6,7	5,4–7,9	0,20	0,300
	Alto Vale do Itajaí	6,1	8,0	7,8	9,4	8,0	6,9	7,6	9,0	9,5	8,1	7,2–8,9	0,31	0,043
Idade da mãe (anos)
	10 a 19	9,8	9,5	7,6	9,8	10,2	8,8	8,6	8,2	6,3	8,8	7,8–9,7	−0,32	0,044
	20 a 29	8,5	8,0	7,5	9,3	8,7	7,7	7,8	7,9	7,4	8,1	7,6–8,6	−0,10	0,083
	30 a 39	9,9	10,9	8,4	9,2	10,1	10,4	9,9	9,4	8,7	9,6	9,0–10,3	−0,09	0,396
	≥40	17,7	18,1	16,6	19,9	17,9	13,4	15,5	15,7	18,9	17,1	15,6–18,6	−0,12	0,670
Grau de instrução da mãe (anos de estudo)
	Nenhum	8,4	15,6	11,7	34,5	22,6	14,3	0,0	17,2	18,2	15,8	8,5–23,2	0,24	0,833
	1 a 7	10,3	10,7	8,1	10,2	9,6	9,9	10,3	10,9	8,9	9,9	9,2–10,6	0,00	0,987
	8 a 11	8,8	8,5	7,8	9,3	9,7	8,4	7,9	7,9	7,4	8,4	7,8–8,9	−0,16	0,026
	≥12	9,3	9,7	8,2	9,7	9,4	9,6	10,1	9,3	9,5	9,4	9,0–9,8	0,06	0,279
Cor/raça da mãe
	Branca	9,2	9,2	8,1	9,5	9,6	8,8	8,9	8,8	8,1	8,9	8,5–9,3	−0,08	0,175
	Negra (preta+parda)	12,1	10,1	7,8	10,8	9,7	10,3	8,6	9,7	9,5	9,8	8,9–10,8	−0,17	0,290
	Amarela	0,0	27,4	0,0	0,0	18,2	0,0	0,0	0,0	13,4	6,6	0–14,6	−0,83	0,517
	Indígena	23,4	26,7	11,3	21,3	11,4	9,8	3,3	6,3	0,0	12,6	5,5–19,7	−3,08	<0,001

Categorias/ano		Taxa anual^* * Número de nascimentos com anomalias/número total de nascidos vivos × 1.000; IC95%: intervalo de confiança de 95%									Total 2010–2018		Tendência	p-valor
Categorias/ano		2010	2011	2012	2013	2014	2015	2016	2017	2018	Média	IC95%	Coeficiente β^# # coeficiente beta da regressão	p-valor
Peso ao nascer (g)
	≤2.499	31,8	30,7	26,4	32,1	29,5	29,7	29,4	28,4	28,5	29,6	28,3–30,9	−0,24	0,156
	2.500 a 3.999	7,4	7,5	6,4	7,7	7,9	7,1	7,4	7,1	6,6	7,2	6,9–7,6	−0,05	0,383
	≥4.000	8,2	8,0	6,8	7,8	9,1	7,9	10,9	5,6	4,6	7,6	6,2–9,1	−0,27	0,380
Tipo de parto
	Vaginal	6,2	6,5	5,9	7,4	7,9	6,9	5,8	6,0	5,6	6,5	5,9–7,1	−0,08	0,479
	Cesário	8,9	9,1	9,3	11,0	10,8	10,4	11,1	10,6	10,0	10,1	9,5–10,8	0,17	0,171
Duração da gestação
	Pré-termo^a a <37 semanas de gestação	29,1	23,1	16,6	23,2	22,4	21,2	20,1	20,1	22,1	21,6	19,4–24,5	−0,63	0,313
	A termo^b b 37–41 semanas	7,8	8,1	7,0	8,0	8,2	7,4	7,5	7,4	6,5	7,5	7,1–7,9	−0,11	0,086
	Pós-termo^c c ≥42 semanas.	2,2	5,6	5,6	7,7	6,7	6,5	5,4	4,4	7,5	5,7	4,4–7,0	0,50	0,180
Sexo do recém-nascido
	Masculino	10,6	11,1	9,3	11,2	11,6	10,2	9,5	9,3	8,7	10,2	9,4–10,9	−0,23	0,124
	Feminino	7,8	7,4	6,5	7,8	7,4	7,5	7,8	7,8	7,3	7,5	7,2–7,8	0,03	0,620
Apgar 5º minuto
	0 a 7	63,2	71,5	61,1	82,8	60,9	57,6	61,7	58,4	59,1	64,0	57,8–70,3	−1,47	0,024
	8 a 10	8,2	8,1	6,8	8,1	8,5	7,8	7,7	7,6	7,0	7,7	7,3–8,2	−0,09	0,149

Tipo de anomalia	Nascimentos com anomalia	%	Prevalência média^* * Número de nascimentos com anomalias/número total de nascidos vivos × 1.000; IC95%: intervalo de confiança de 95%	IC95%
Sistema osteomuscular	2537	34,0	3,1	2,82–3,30
Genitourinário^∞ ∞ nas malformações do sistema geniturinário, inclui-se testículo não descido	998	13,4	1,2	1,05–1,36
Outras^¤ ¤ na categoria Outras, incluem-se as malformações congênitas de menor expressão, abrangendo hemangioma.	902	12,1	1,1	1,02–1,15
Aparelho circulatório	806	10,8	1,0	0,86–1,08
Sistema nervoso	779	10,4	0,9	0,87–1,00
Fenda labial e palatina	602	8,1	0,7	0,68–0,77
Cromossômicas	494	6,6	0,6	0,53–0,67
Sistema digestivo^# # nas malformações do sistema digestivo, incluem-se ausência, atresia e estenose de outras partes do intestino delgado	352	4,7	0,4	0,39–0,45
Total	6.022	100	8,9	8,49–9,42

Prevalência^* * Número de nascimentos com anomalias/número total de nascidos vivos × 1.000	Sistema nervoso	Aparelho circulatório	Fenda labial e palatina	Digestivo^# # nas malformações do sistema digestivo, incluem-se ausência, atresia e estenose de outras partes do intestino delgado	Geniturinário^∞ ∞ nas malformações do sistema geniturinário, inclui-se testículo não descido	Osteomuscular	Cromossômicas	Outras^¤ ¤ na categoria Outras, incluem-se as malformações congênitas de menor expressão, abrangendo hemangioma.
Sul	0,14	0,14	0,11	0,06	0,15	0,37	0,10	0,10
Planalto norte/nordeste	1,48	1,41	1,03	0,60	1,13	4,08	0,62	1,54
Meio oeste e serra	0,67	0,60	0,54	0,31	0,80	2,46	0,36	0,76
Grande oeste	0,77	0,41	0,67	0,37	1,03	2,88	0,66	0,86
Grande Florianópolis	1,36	2,51	1,00	0,73	3,31	4,91	0,91	2,36
Foz do Rio Itajaí	0,49	0,41	0,32	0,17	0,56	1,39	0,38	0,56
Alto Vale do Itajaí	1,16	1,02	1,03	0,55	1,17	4,22	0,78	1,32
Média dos anos	0,87	0,93	0,67	0,40	1,16	2,90	0,54	1,07

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[1] *Autor correspondente. E-mail: betinee@gmail.com (B.P.M. Iser).