Resumo
Objetivo:
Caracterizar o ciclo menstrual (regularidade e duração da menstruação), prevalência de dismenorreia e automonitoramento do ciclo em estudantes da região de Lisboa, e explorar o efeito da idade cronológica, idade de menarca e índice de massa corpórea (IMC) nos distúrbios menstruais.
Métodos:
Este é um estudo transversal com 848 meninas entre 12 e 18 anos. Foi aplicado um questionário sobre contexto sociodemográfico e características menstruais e feita a medição do peso e altura. O IMC foi classificado pelos critérios da International Obesity Taskforce. Fez-se uma análise descritiva das variáveis e determinaram-se Odds Ratio (p<0,005; IC95%).
Resultados:
A média da idade de menarca foi 12.4 anos e do IMC foi de 22.0kg/m2. Entre as jovens, 59% afirmaram ter ciclo menstrual regular, 83% menstruação com duração ≤6 dias, 88% sofrem de dismenorreia, entre as quais 8,7% faltaram à escola e 49% consumiram analgésicos, e 65% automonitoram o ciclo menstrual. Uma educação materna elevada está associada a maior monitorização do ciclo menstrual entre as jovens (OR 1,60; IC95% 1,15–2,17). Meninas com idade de menarca <12 anos têm maior chance de ter menstruação com duração >6 dias (OR 1,73; IC95% 1,19–2,51) e dismenorreia (OR 1,87; IC95% 1,11–3,16) do que aquelas com menarca ≥12 anos. Não se observou associação entre o IMC e as características menstruais.
Conclusões:
Os resultados sugerem que os distúrbios menstruais são frequentes nas adolescentes e podem estar associados com a menarca precoce, mas não com o IMC. É importante incentivar a automonitoramento do ciclo menstrual para detectar adequadamente as perturbações menstruais e promover a saúde e bem-estar.
Palavras-chave:
Menarca; Ciclo menstrual; Obesidade pediátrica; Saúde do adolescente