Resumo
Objetivo:
Mapear o processo de transição na perspectiva de pediatras e de seus pacientes adolescentes bem como sugerir um protocolo de transição.
Métodos:
Estudo descritivo, transversal, realizado em um Ambulatório de Pediatria de um hospital público terciário. Pediatras responderam a um questionário sobre o processo de transição, que foi avaliado de forma qualitativa. O Questionário de Avaliação do Preparo para a Transição (TRACS) foi respondido pelos adolescentes, e a análise foi feita com testes do qui-quadrado e de Mann-Whitney. Valores p<0,05 foram considerados significantes.
Resultados:
Participaram do estudo 31 pediatras (16 residentes, 15 supervisores), com média de idade de 40,1 (±16,9) anos, 87% do sexo feminino, tempo de atuação na Pediatria variando de dois a 45 anos, com mediana de cinco anos. A maioria dos médicos concordava que não havia um plano de transição, mas eles estimulavam a autonomia do paciente e conversavam com pacientes e familiares sobre qualquer doença crônica presente. Participaram da pesquisa 102 pacientes adolescentes, com mediana de idade de 15 anos, 56% do sexo feminino. A mediana do TRACS foi de 58, com escores semelhantes entre os sexos feminino e masculino, e escores superiores nos maiores de 16 anos (teste U de Mann-Whitney, p=0,01). Os pacientes relataram facilidade na comunicação presencial com seus médicos, mas grande dificuldade para falar sobre questões de saúde por telefone.
Conclusões:
Mesmo sem protocolo de transição, os adolescentes desenvolveram várias habilidades de autocuidado com o avanço da idade. A falta de protocolo levou a opiniões conflitantes, reforçando a necessidade de melhor estruturação. Os autores sugerem a criação de um fluxograma e um protocolo de transição.
Palavras-chave:
Saúde do adolescente; Medicina do adolescente; Transferência de pacientes; Serviços de saúde do adolescente; Doenças crônicas