Acessibilidade / Reportar erro

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO ANATÔMICO DE CURATELLA AMERICANA L.

A espécie usada no presente estudo, Curatella americana L. fam. Dilleniaceae, da qual existe exemplar vivo no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cultivada a partir de sementes trazidas do cerrado da Paraopeba, Estado de Minas Gerais.

Habita por todo Brasil tropical, em lugares secos subestéreis, associada a pequenas árvores e arbustos que são chamados tabuleiros cobertos e também na orla das caatingas, onde se torna caducifólia, Estado de São Paulo, parte setentrional, nos Estados de Minas Gerais, em Cerro Frio, perto de Formiga e também entre Borda do Campo e Ouro Preto, na parte ocidental até o Rio São Francisco. Pelo Estado de Goiás até Mato Grosso na altura de Cuiabá. De Vitória até a Bahia principalmente em lugares arenosos, também no Piauí, Maranhão e Pará (ob. dos autores).

Nomes vulgares: lixeira, cajuerio, bravo, cajurana, sambaiba (do Tupi Çaimbé áspero). Os carajás denominam-se Cô-ri-xó segundo Othon Machado.

As folhas são empregadas como papel de lixa, no polimento e desgaste de objetos de madeira. É utilizada ainda em veterinária e em medicina humana no tratamento de ferimentos infectados. (Fl. Bras. 13 (1):67-69.

As folhas, quanto à sua morfologia, são:

Folhas elíptica às vezes oblongas, obtusas às vezes arredondadas, mais ou menos plicadas inteiras. Repandas às vezes sinuato dentada (grosso crenada), superiormente (pag. ventral) áspera tomentosa às vezes ásperas.

Folhas fechadas para o ápice do ramo, as mais jovens agradavelmente tomentosa, pelos faisciculados estelados, bastante rijos às vezes alogandos e flexíveis o indumento torna-se áspero e quando os pêlos são mais espeçados menos é a aspereza. O tamanho dos pêlos é variado, bem como o espaçamento entre eles e o tamanho das folhas varia de 7,6 cm a 30,5 cm de comprimento por 3,8 cm a 12,7 cm de largura. O pecíolo é pequeno medindo 0,225 cm. A nervura central bem desenvolvida, dorsalmente semicilíndrica. Nervuras secundárias em números de 12 a 18 ereto patentes e prolongam-se em apículos marginais. Ventralmente são subimpressas, e dorsalmente são salientes elegantemente reticuladas na página dorsal.

Aparecem pelos estrelados em todas as nervuras, são persistentes.


SUMMARY

The leaf of Curatella americana L. is scleromorphic with anomocytic stoma on the abaxial apidermis and with four types of thick walled cells of wich three are characteristic of the species: a) Long, simple hairs principally on the nerves on tha abaxial side; b) Short hairs formed of a series of cells (up to 20) with short, pointed apical saliences, best developed on the adaxial epidermis; c) Stellate hairs, formed of a series of cells and having a short and a long, slender lateral projection; d) Mixed hairs with short cells, as in the short hairs, and long cells as in the stellate type.

The epidermises are impregnated with silica, the adaxial epidermis being extremely rough.

The palisade tissue is single layered but frequently is subdivided, and on the margins of the blade there occurs a well developed collenchyma with chloroplasts.

The midvein has epidermal cells with crest like cuticular saliences, with the 4 types of hairs; the cortical region has collenchyma and parenchyma well provided with chloroplasts and a sheath of long-celled, sclerified parenchyma which completely surrounds the vascular bundles and which has chloroplasts. The phloem and xylem form continuous or nearly continuous circles. The medular parenchyma has some subsidiary vascular bundles, grouped, spherical sclereids and large quantities of raphides of calcium oxalate.

The petiole, with decurrent blade, has a structure similar to the midveins, but the slerfied parenchyma is absent or nearly absent. The epidermal cells are papillose and can appear to be 2-4 times divided forming simple trichome-like assemblages or with dichotomous or lateral branches.

Fresh cuts of the rachis and petiole reveal great quantities of needle-like crystals of calcium oxalate, as well as the presence of much tanin in the tissues when the reaction tests is made with 10% ferric chloride.

Texto completo disponível apenas em PDF.

BIBLIOGRAFIA

  • 1
    CORRÊA, M.P. Dicionário das Plantas úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas Publ. M. Agricultura, Rio de Janeiro, 1:402, 1926.
  • 2
    EICHLER, A. G. Dillenieaceae in Fl. Bras. 13(1):67-69; 1841-1872.
  • 3
    MACHADO, O. X. BR. - Botânica Plantas do Brasil Central, Dep. Imp. Nac., Rio de Janeiro Brasil: 31-32; estampas 41-42, 1954.
  • 4
    METCALFE, C.R., and L. CHALK. Anatomy of the Dicotyledons. Ed. 2 vols., Claredon Press, Oxford, 1950.
  • 5
    MORRETES, B.L., and FERRI, M.G.; 1959. Anatomia de Plantas do Cerrado, in Bol. Fac. Fil. Ciênc. Letr. USP, Botânica 16 (Bol. 243):7-70.
  • 6
    RECORD, S.J. and HESS, R.W. Timbers of the New World, New Haven, Yale Univ. Press, 141-143, 1943.
  • 7
    RIZZINI, C.T' A Flora do Cerrado, Separata do Vol. "Simpósio sobre o Cerrado". Editora de Univ. de São Paulo, 127-177, 1963.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 1980
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br