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A transnacionalização regional da enfermagem da America Latina

EDITORIAL

A transnacionalização regional da enfermagem da America Latina

Maria Helena Palucci Marziale

Editor da Revista Latino-Americana de Enfermagem, Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: marziale@eerp.usp.br

Por sua natureza de produtora de conhecimento, a universidade sempre teve como norma a internacionalização da função pesquisa, apoiada na autonomia do pesquisador e, a partir da década de 1990, com o processo de globalização, tal afirmativa não mais se prende à função pesquisa, mas se estende à função ensino(1).

A universidade, atualmente, deve buscar a produção do conhecimento pluriversitário, ou seja, conhecimento contextual na medida em que o princípio organizador da sua produção é a aplicação que lhe pode ser dada. Como essa aplicação ocorre extramuros, a iniciativa da formulação dos problemas que se pretende resolver e a determinação dos critérios da relevância desses é o resultado de partilha entre pesquisadores e utilizadores. Na produção do conhecimento pluriversitário, a unilateralidade é substituída pela interatividade, essa enormemente potenciada pela revolução nas tecnologias de informação e de comunicação(2).

O desenvolvimento tecnológico é considerado umas das mais importantes ferramentas para a internacionalização e o uso da web como fortalecedor do ensino à distância e a formação de redes colaborativas de pesquisas.

Com o advento da globalização, a universidade tem, cada dia mais, necessidade de encontrar sinergias regionais e densificação das redes para fomentar e intensificar as formas de cooperação transnacional que já existem e multiplicá-las no quadro de acordos bilaterais ou multilaterais, segundo princípios de benefício múto(2).

Nesse sentido, a Enfermagem latino-americana tem direcionado esforços para a transnacionalização de instituições de ensino e pesquisa e a formação de redes colaborativas regionais. Iniciativas nessa direção incluem a recepção de alunos estrangeiros, principalmente nos cursos de pós-graduação, associações internacionais envolvendo consultoria para universidades estrangeiras, projetos de pesquisa cooperativados, educação à distância, aprendizagens virtuais, mobilidade de professores, bibliotecas on line, linhas de financiamento de pesquisa destinados a estudantes e professores entre outros.

Algumas ações regionais como o intercâmbio de alunos nos cursos de graduação e adequações dos currículos ainda são iniciais, no entanto, outras ações estão em franco desenvolvimento como é o caso da formação de Redes Colaborativas, coordenadas pela Organização Pan-americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (enfermagem em segurança do paciente, enfermagem em saúde mental, enfermagem em saúde infantil, investigadores de enfermagem e HIV, gestão do cuidar, migração de enfermeiras, enfermeiras em saúde do adulto maior, editores de revistas de enfermagem etc.), o oferecimento de ensino à distância que, como exemplo, citamos os cursos oferecidos a profissionais de saúde de países latino-americanos, visando o desenvolvimento de competências para o controle do abuso de drogas(3) e o Portal eletrônico de revistas da Biblioteca Virtual de Saúde-Enfermagem, que agrega, atualmente, 18 revistas de Enfermagem editadas no Brasil, Colômbia, Chile e Espanha.

Faz-se necessário, entretanto, a criação de centros transnacionais de pesquisa sobre temas e problemas de interesse específico para essa região e o incremento da divulgação dos resultados das pesquisas realizadas. Nesse contexto, a Revista Latino-americana de Enfermagem convida os pesquisadores da Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela a enviar manuscritos que retratem os problemas regionais, buscando, assim, incentivar novas parcerias regionais e contribuir para a transnacionalização da divulgação do conhecimento da Enfermagem da América Latina.

REFERÊNCIAS

  • 1. Michelotto RM. Dossiê: Política de educação superior no Brasil no contexto da reforma universitária. Educ Rev jul/dez 2006;(28):13-5. doi: 10.1590/S0104-40602006000200002.
  • 2. Santos BS de. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. 2004. [acesso em: 15 jan 2009]. Disponível em: http://www.mec.gov.br/reforma/Documentos/PALESTRAS/2004.7.20.12.10.23.pdf
  • 3. Mendes IAC, Marziale MHP. Developing competencies for drug demand reduction. Rev Latino-am Enfermagem 2008;16, n. spe:505-6. doi: 10.1590/S0104-11692008000700001.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2009
  • Data do Fascículo
    Fev 2009
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