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Uso de drogas entre crianças de 6 a 7 anos de uma escola primária de Celaya, Guanajuato, México

Resumos

O objetivo deste estudo foi identificar o uso de drogas entre escolares de 6 a 7 anos de idade de uma escola primária de Celaya, Gto. México. Realizou-se um estudo exploratório transversal com amostra não-probabilística. Foram entrevistados 39 escolares de ambos os sexos, e identificou-se que o uso de drogas ocorre tanto entre eles como entre as pessoas mais próximas. Toda a amostra (100%) tinha 7 anos de idade, 61,5% eram do sexo feminino. Dentre eles, 77% mencionaram que a mãe fumava, e 25% que a mesma ingeria álcool; 24,3% referiram que o pai fumava e 48,6% que o mesmo consumia álcool; 30,6% dos escolares já tinha ingerido bebidas alcoólicas (cerveja) alguma vez na vida, 8,1% já haviam experimentado cigarro, não ocorrendo o mesmo com outras drogas.

drogas ilícitas; educação primária e secundária


This study aimed to identify the use of drugs by six to seven-year-old students from an elementary school in Celaya, Gto., Mexico. It is a cross-sectional exploratory study with non-probabilistic sample. Thirty-nine students, both genders, were interviewed, and the use of drugs was identified, not only among students, but also among people close to them. The whole sample (100%) was 7 years old, 61.5% female, 77% reported their mothers smoked, and 25% she consumed alcohol; 24.3% reported their father smoked, and 48.6% he consumed alcohol; 30.6% of the scholars had already consumed alcohol once (beer), 8.1% had tried cigarettes, but not other drugs.

street drugs; education, primary and secondary


El objetivo del presente estudio fue identificar el uso de drogas entre escolares de 6 a 7 años de edad de una escuela primaria de Celaya, Gto., México. Se realizó un estudio exploratorio transversal. El muestreo fue no probabilístico, entrevistando a 39 escolares de ambos sexos e identificando que el uso de drogas ocurre entre ellos y entre las personas más próximas. El 100% tenía 7 años de edad, 61.5% era del sexo femenino, refirió el 77% que su madre fumaba y el 25% ingería alcohol; el 24.3% que su papá fumaba y el 48,6% que consumía alcohol, el 30,6% de los escolares ya había ingerido bebidas alcohólicas (cerveza) alguna vez, el 8,1% ya había experimentado con el cigarro, no ocurriendo con otras drogas.

drogas ilícitas; educación primaria y secundaria


ARTIGO ORIGINAL

Uso de drogas entre crianças de 6 a 7 anos de uma escola primária de celaya, guanajuato, México

María de Lourdes García CamposI; Maria das Graças Carvalho FerrianiII

IEstudante, Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Celaya, da Universidade de Guanajuato, México

IIProfessor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: caroline@eerp.usp.br

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar o uso de drogas entre escolares de 6 a 7 anos de idade de uma escola primária de Celaya, Gto. México. Realizou-se um estudo exploratório transversal com amostra não-probabilística. Foram entrevistados 39 escolares de ambos os sexos, e identificou-se que o uso de drogas ocorre tanto entre eles como entre as pessoas mais próximas. Toda a amostra (100%) tinha 7 anos de idade, 61,5% eram do sexo feminino. Dentre eles, 77% mencionaram que a mãe fumava, e 25% que a mesma ingeria álcool; 24,3% referiram que o pai fumava e 48,6% que o mesmo consumia álcool; 30,6% dos escolares já tinha ingerido bebidas alcoólicas (cerveja) alguma vez na vida, 8,1% já haviam experimentado cigarro, não ocorrendo o mesmo com outras drogas.

Descritores: drogas ilícitas; educação primária e secundária

INTRODUÇÃO

No México, o problema do uso e consumo das drogas tem aumentado consideravelmente, ocupando o 11º lugar mundial, antecedido pela Finlândia e Colômbia, sendo que até agora o primeiro lugar é ocupado por seu país vizinho: Estados Unidos da América. Conforme as Pesquisas Nacionais de Vícios, realizadas em 1988, 1993 e 1998, sobre o consumo de drogas ilícitas no México, descobriu-se que o uso e a prevalência de drogas de 1988 a 1998 aumentaram de maneira alarmante(1).

No estado de Guanajuato, a prevalência de consumo de drogas ilícitas no ano de 1998 foi maior que a média nacional para todas as faixas etárias. Do mesmo modo, em 1991, o consumo de tabaco no estado também foi maior que a média nacional. Guanajuato ocupa o quinto lugar nacional entre os estados com maior quantidade de instituições especializadas em tratamento e reabilitação para dependentes de fármacos. Além destes dados, poucos sistemas de registro permanente de informação sobre a dependência de fármacos e poucos estudos nacionais reportam a situação do uso de drogas especificamente no estado de Guanajuato, e menos ainda em relação às crianças e adolescentes deste lugar(2).

É um fato irrefutável que o México já é um país de consumo de drogas ilegais, no qual a oferta se multiplica, e estas já estão cada vez mais perto das crianças e adolescentes, que começam a experimentá-las a partir dos 8 anos de idade, inclusive(3).

O uso e abuso de substâncias que causam dependência constituem um fenômeno complexo que tem conseqüências adversas na saúde individual, na integração familiar e no desenvolvimento social. Este problema se converteu em um desafio para a sociedade; por isso, cada setor tem a responsabilidade de enfrentá-lo.

Vários grupos de pesquisa foram organizados na Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Celaya (FEOC), cada um com uma temática especifica, ou seja, com sua própria Linha de Geração de Conhecimento (LGC). Estes são chamados "corpos acadêmicos", e um deles é responsável por monitorar as pesquisas que versam sobre a problemática do uso e abuso de drogas, sendo este último chamado de "Impacto da intervenção de enfermagem nos vícios", cuja LGC é "o cuidado da enfermagem nos vícios". Seu projeto geral de pesquisa se intitula "Intervenção de enfermagem na diminuição do uso de drogas entre estudantes de nível básico, médio, médio-superior e superior de Celaya, Guanajuato México". Deste projeto se derivam outros, que estão dirigidos a investigar o uso de drogas por faixas etárias.

Atualmente são desconhecidos tanto a freqüência como os fatores predisponentes ao consumo ou uso de drogas pelas crianças escolares da cidade da Celaya - Guanajuato. Isto faz necessário o desenvolvimento de pesquisas a respeito para identificá-los de uma maneira mais exata e estar em posição de fazer sugestões ou expôr estratégias que levem a evitá-los, diminuí-lo ou eliminá-los.

Como já se mencionou anteriormente, o problema do uso de drogas cresceu alarmantemente na atualidade, afetando idades cada vez mais precoces, inclusive a crianças e adolescentes. Esta situação é vista em todos os âmbitos, tanto no México como em outros países. O objetivo do presente estudo foi identificar o uso de drogas entre crianças de 6 a 7 anos de idade de uma escola primária da Celaya, Guanajuato - México.

METODOLOGIA

Um estudo exploratório e transversal foi, então, realizado. A coleta dos dados ocorreu nos meses de julho - agosto de 2006, antes que as crianças saíssem de férias. O universo de estudo foi formado por crianças de 6 a 7 anos de idade de um grupo de primeiro ano de uma escola primária da Celaya, Guanajuato - México. A amostra foi não-probabilística. Os critérios de elegibilidade foram: crianças de 6 a 7 anos, desde que tanto eles como seus pais aceitassem participar voluntariamente da pesquisa, e os de exclusão: crianças ausentes no momento da coleta de dados. As variáveis consideradas foram: idade, gênero, grau escolar, e uso de drogas (fato de a criança já ter consumido drogas, ou seja, que tenha experimentado ou esteja experimentando as mesmas).

A presente pesquisa considerou como uso de drogas a feito de a criança já ter experimentado drogas, em outras palavras, que ela já tivesse usado ou as estivesse usando. A pergunta da pesquisa exposta foi: as crianças de 6 a 7 anos, de uma escola primária de Celaya, GUANAJUATO - México, usam drogas?

Um guia de entrevista ex professo foi elaborado para a coleta dos dados, formado por duas partes: 1) Dados gerais (idade, gênero, grau escolar e uma pergunta com resposta de múltipla escolha para identificar a pessoa diretamente responsável pelo cuidado da criança). 2) Uso de drogas - são 29 itens para identificar o uso de drogas nas pessoas mais próximas ao escolar, principalmente da família (pais, avós, tios, irmãos, etc.). A pergunta 25 identifica quem foi a pessoa que lhe ofereceu bebidas alcoólicas, cigarros ou outra droga para que as experimentasse, sendo as opções de resposta: mãe, pai, avós, outro. As perguntas 26 e 27 averiguaram se a criança gostou ou não de provar cigarros e bebidas alcoólicas ou se recusou o convite. A pergunta 28 investigou se a criança sabe o que é uma droga. A pergunta 29 identificou quem lhe informou sobre o assunto das drogas, caso a criança diga ter conhecimento do assunto. As opções de resposta foram: mãe, pai, avós, outro (neste se coloca que parentesco tem com a criança). Além disso, também foi pesquisada qual a droga mais freqüentemente consumida.

Para o desenvolvimento do estudo, uma autorização por escrito foi solicitada às autoridades da escola primária onde a pesquisa se realizaria, além de se obter a aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Pesquisa e o da Bioética da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Celaya - FEOC. Previamente à entrevista direta com as crianças, esta foi discutida com seus professores e solicitou-se o consentimento informado de algum dos pais, já que os sujeitos de estudo eram menores de idade(4). O artigo 16 foi cumprido, protegendo a privacidade e confidencialidade da criança, e assim garantiu-se o anonimato dos sujeitos ao não identificar a pesquisa com seu nome. De acordo com o Artigo 17, fração I, o presente estudo foi classificado como uma pesquisa de risco mínimo(5).

A coleta dos dados aconteceu na sala de aulas das crianças. Esta foi planejada de forma que não afetasse o programa acadêmico dos escolares. Um grupo de primeiro ano do primário foi selecionado, onde estavam localizados os escolares de 6 a 7 anos de idade. A temática das drogas foi discutida com as crianças, a fim de identificar primeiramente se estes tinham ouvido falar das drogas e dos vícios a elas relacionados. As crianças foram questionadas com perguntas gerais sobre o assunto e sua participação voluntária foi solicitada para a resposta. Uma dinâmica de jogo também foi realizada. Nesta parte as crianças expressaram suas opiniões quanto às drogas e quem as consome. Além disso, uma guia de entrevista ex professo elaborada foi aplicada. Para poder abordar este tema com as crianças, foi necessário questionar o consumo de drogas em outras pessoas próximas a eles, antes de perguntar diretamente se eles as consumiam, razão pela qual foram realizadas perguntas dirigidas a identificar o uso e/ou abuso de drogas nas pessoas com quem as crianças conviviam, fossem eles familiares, vizinhos ou conhecidos, tratando de obter a informação referente à convivência familiar e com amigos. Inclusive se iniciou a entrevista com uma pergunta: Quem cuida de você?, para depois lhes perguntar se essa pessoa consumia drogas. Depois as crianças foram questionadas sobre as outras pessoas e as situações nas quais se faz uso das drogas (se esse fosse o caso), quem as tinha oferecido, e se já as tinham provado, qual foi sua sensação: se gostaram ou não, ou se as tinham recusado. Em seguida lhes perguntaram se sabiam o que era uma droga e quem os tinham informado. Caso estes já tivessem experimentado drogas, lhes perguntou que drogas tinham provado, dados que foram anotados nos comentários finais do entrevistador. Ao final das entrevistas, se agradeceu a participação das crianças e da professora, assim como do diretor da escola.

RESULTADOS

Um estudo foi feito de todo um grupo de primeiro ano do primário de uma escola urbana de Celaya, Gto. Foram entrevistadas 39 crianças (92%) de um total de 42 que formavam o grupo. Os não entrevistados foram uma criança que estava ausente no momento da coleta dos dados e outras duas que ultrapassavam a idade: uma menina de 9 e um menino de 8 anos. Na verdade estas crianças não se retiraram do grupo no momento das entrevistas, e também foram entrevistadas, mas não se considerou sua informação na análise estatística.

Características dos sujeitos

Todas as crianças entrevistadas tinham 7 anos; alguns haviam completado a idade recentemente e outros estavam prestes a completar 8 anos de idade. Dentre estes, 61,5% eram mulheres. Um total de 76,9% (n = 30) das crianças disse que sua mãe era a principal responsável por seu cuidado e 23,1% disseram que eram cuidados por ambos os pais. É importante mencionar que, embora não se perguntaram motivos dos cuidados, algumas das crianças que disseram ser cuidadas apenas pelas mães, manifestando que seu pai estava com outra mulher, que sua mãe era solteira ou que seu pai saiu de casa por motivos familiares (retornou à casa de seus pais, avós paternos da criança entrevistada) e outros ainda manifestaram que seus pais eram folgados e não contribuíam com as despesas da casa nem cuidavam deles. A pergunta feita para obter esta informação foi Quem cuida de você quando você adoece? Esta pergunta teve, primeiramente, a finalidade de criar um clima de confiança com a criança, para depois se fazer as demais perguntas específicas do uso de drogas.

Do uso de drogas

Dos familiares da criança: Com relação aos hábitos de consumo de tabaco da mãe, 92,3% (n = 36) responderam que sua mãe não fumava. Dentre os 7,7% (n = 3) que disseram que suas mães fumavam, duas crianças mencionaram que ela só o fazia em festas, e uma criança disse que sua mãe fumava em casa ou no trabalho, mesmo que não houvesse festas. No consumo de bebidas alcoólicas, 74,4% (n = 29) disseram que suas mães não consumia álcool. Dentre as crianças que disseram que suas mães bebiam, 7 mencionaram que ela o fazia somente em festas e o resto (n = 3) que bebiam em sua casa de vez em quando, mesmo que não houvesse festas.

As maiores percentagens de consumo de tabaco foram obtidas entre os pais, pois 71,8% (n = 28) responderam que seu pai não fumava. Dos 24,3% (n = 9) que disseram que seu pai fumava, 6 crianças mencionaram que ele só o fazia em festas, e 4 disseram que seu pai fumava em casa ou no trabalho, mesmo quando não havia festas. No consumo de bebidas alcoólicas, 48,7% (n = 19) disseram que seu pai não consumia álcool. Das crianças que disseram que seu pai bebia (n = 18), 14 crianças mencionaram que ele o fazia somente em festas e o resto (n = 4) disse que bebiam em casa de vez em quando, mesmo que não houvesse festas. É importante mencionar que, nesta seção, o número total de crianças que responderam esta pergunta foi apenas 37, pois 2 disseram que seu pai não vivia com eles.

Os tios das crianças também tinham hábitos de consumo de tabaco e bebidas alcoólicas. Um total de 33,3% mencionou que seus tios fumavam e a mesma percentagem (33,3%) disse que seus tios consumiam bebidas alcoólicas, embora a maioria das crianças tenha mencionado que seus tios fumam e bebem apenas em festas.

Os avós das crianças também tinham hábitos de consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, embora menores que os dos pais e tios, pois apenas 17,9% mencionaram que seus avós fumavam e 10% disseram que seus avós consumiam bebidas alcoólicas, embora a maioria das crianças mencionasse que seus avós fumavam e bebiam somente em festas. Com relação às crianças que tinham irmãos (n = 10), apenas uma criança mencionou que seu irmão fumava e bebia, embora apenas o fizesse em festas. O preocupante deste último caso é que este irmão é um adolescente, tem apenas 14 anos de idade e o faz escondido de seus pais.

Das crianças participantes: perguntou-se a estes - você já experimentou bebidas alcoólicas? 61,2% responderam que nunca o tinham feito, mas 38,8% (n = 14) já o fizeram. Quando perguntado - você já experimentou um cigarro? 87,2% disseram que nunca o tinham feito, e apenas 3 crianças já haviam fumado em sua breve idade, o que já é alarmante. Toda a amostra, 100%, disseram que nunca provaram outra droga e este mesmo número disse que seus pais não lhes dão comprimidos sem que um médico os receite. Quando lhes perguntou quem era a pessoa que os tinha convidado a "provar" um cigarro ou bebidas alcoólicas, 12,8% responderam que foram seus tios, 10,3% seu pai e alguns outros mencionaram sua mãe ou seus avós (Tabela 1).

Quando foi perguntado aos que já haviam experimentado qual a sensação que tiveram quando provaram o cigarro, 6 crianças mencionaram que não gostaram do sabor e 2 recusaram o convite. Quanto às bebidas alcoólicas, 1 criança disse ter gostado do sabor, 11 não gostaram e cuspiram a bebida e 2 disseram ter recusado o convite. Nenhuma criança tinha provado outra droga. Um total de 66,7% mencionou que "as drogas são substâncias más que matam", enquanto outras crianças disseram não saber o que é uma droga. As pessoas que lhes proporcionaram informações sobre as drogas foram as mães e os pais, em poucos casos os avós e tios. Em geral, a droga mais experimentada por esta população de estudo foi a bebida alcoólica, sendo que foram os tios quem as ofereceram com maior freqüência.

DISCUSSÃO

É difícil discutir os resultados encontrados, já que este é um estudo exploratório e não se têm dados de outros estudos que investiguem o uso de drogas em crianças tão pequenas. A única referência é de um jornal de 2005, que apresentou algumas notícias relacionadas ao uso de drogas, mas em crianças maiores que nossa população de estudo. "O Universal" do México, 17 de julho de 2005, relatou que "as crianças começam a tomar álcool no lar aos 8 e 9 anos de idade, enquanto é a partir dos 11 que elas se inclinam pelo tabaco"(3).

Em 5 de agosto de 2005 celebrou-se a Primeira Assembléia Geral da Rede Social por um México Livre de vícios na Cidade do México, e, como parte dos trabalhos, os integrantes de dita rede escolheram os novos membros do Conselho Diretor, mencionando "a mais recente pesquisa nacional contra os vícios mostra claramente que o consumo de drogas entre os jovens sofreu uma virada inesperada e está cada vez mais dramático". Enquanto há alguns anos as drogas de início entre os jovens eram o álcool e o tabaco, estes agora estão começando uma vida de vício com as drogas sintéticas (como o êxtase), a cocaína e maconha. Além disso, a idade média de início nas drogas é menor a cada ano, encontrando-se agora crianças mexicanas de 8 e 9 anos de idade que são consumidoras ativas e vendedoras de drogas em suas escolas"(6).

Outro estudo foi realizado pelo Oregon Research Institute em crianças menores de 10 anos, cujo objetivo foi predizer o abuso de álcool e uso de outras drogas nos adolescentes, onde se estudaram 365 crianças que estavam no grau de escolaridade da 2ª a 4ª série (7-9 anos de idade, aproximadamente) e depois voltaram a estudá-los quando estes cursavam o 9º e 10º ano (14 e 15 anos de idade, aproximadamente) para determinar a iniciação e seqüência do uso de álcool, tabaco, maconha e outras drogas perigosas. Os resultados obtidos foram que, entre os garotos, os conflitos familiares são um fator social que prediz o início do uso de drogas, e os fracassos escolares tiveram relação com o uso contínuo de drogas na adolescência. Nas garotas, o ambiente familiar teve um efeito moderado. Sua conclusão foi que o uso de substâncias nas idades de 14 a 15 anos pode ser previsto pelo comportamento acadêmico e social desenvolvido nas idades de 7 a 9 anos de idade, sugerindo que os esforços para a prevenção de uso de álcool e drogas podem ser mais efetivos se os antecedentes de comportamentos conflitantes no âmbito escolar e familiar, predisponentes para que se iniciem o uso das drogas, forem detectados e solucionados antecipadamente(7).

Entretanto, no estudo anterior não se menciona a freqüência do uso de drogas nas crianças de 7 a 8 anos, tendo-se estudado apenas seus comportamentos e os relacionado com o uso de drogas na adolescência. O presente estudo analisa o uso de drogas, mas não seus comportamentos. Entretanto, se observam fatores de risco diferentes dos mencionados no estudo do Oregon Research Institute(7), porque as crianças de nossa população têm influências de familiares que consomem drogas e, além disso, se identificaram crianças com famílias conflitantes ou que tinham apenas a mãe (isto foi achado ao conversar com as crianças, que mencionaram suas situações familiares, mas estas não são o motivo desta pesquisa). Entretanto, é importante de se mencionar, pois um estudo desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte de Chapel Hill revela que "o fator que prediz mais fortemente o uso de álcool e tabaco foi o de os adolescentes terem famílias com apenas um dos pais)"(8), e duas das crianças estudadas nesta pesquisa têm uma família que se encaixa neste padrão.

CONCLUSÕES

É alarmante, mas certo, que crianças de tão pouca idade já estão experimentando drogas, principalmente bebidas alcoólicas e cigarro, e são os tios e pais quem, nesta população, incentivaram-lhes a experimentar tais substâncias. Felizmente, a maioria das crianças não gostou de "provar", manifestando que não queriam voltar a repetir essa "experiência desagradável", e houve crianças que simplesmente recusaram "provar" o cigarro e as bebidas alcoólicas. Uma percentagem importante demonstrou ter informação veraz em relação à temática das drogas e os vícios, sendo suas mães e pais quem lhes proporcionou a informação.

Os resultados da pesquisa instigam a realização de uma 2ª etapa para saber as razões ou motivos pelos quais os escolares consomem drogas, para que em uma terceira etapa possa-se planejar, a médio e longo prazo, estratégias que possam oferecer uma solução ou diminuição deste fenômeno (dependência de drogas), cada vez mais propagado na população.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas/CICAD da Subsecretaria de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos/OEA, a Secretaria Nacional Antidrogas/SENAD, aos docentes da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem, a população da amostra dos estudos e aos representantes dos oito países Latinoamericanos que participaram do I e II Programa de Especialização On-line de Capacitação e Investigação sobre o Fenômeno das Drogas - PREINVEST oferecido no biênio 2005/2006 pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, na modalidade de ensino a distância.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Encuesta Nacional de Adicciones. [home page na internet] 1998 [citado 20 de Agosto del 2002; 9:20]. Disponible en: http://www.encuestanacionalsobredrogas.com p.1
    » link
  • 2.Chávez-Hernández AM, Macías-García LF, Páramo-Castillo D, Martínez-Hernández C, Ojeda-Revah D. Consumo de drogas en estudiantes del nivel medio superior de la universidad de Guanajuato Acta Universitaria 2005 enero-abril; 15(1):13-21.
  • 3. Diario de Yucatán México, 17 de julio del 2005 [edición electrónica (on line)],[citado el 22 de agosto del 2005], Disponible en: www.yucatan.com.mx/noticia.asp?cx=90$1307000000$3081447&f=20050717
  • 4
    Organización Panamericana de la Salud. Convocatoria de proyectos de investigación, Conocimiento científico para alcanzar las metas de salud del milenio en América Latina y el Caribe, Consentimiento informado [consultado on line; citado el 22 de agosto] Disponible en: http://www.paho.org/spanish/AD/DPC/CD/res-tdr-rgp-guia.pdf
  • 5
    Reglamento de la Ley General de Salud en Materia de Investigación para la Salud, Titulo Segundo, De los Aspectos Éticos de la Investigación en Seres Humanos, Capitulo I, Disposiciones Comunes, Articulo 17, [consultado on line; citado el 31 de agosto del 2005], Disponible en: http://www.salud.gob.mx/unidades/cdi/nom/compi/rlgsmis.html
  • 6
    La red social por un México libre de adicciones se reestructura para entregar un mejor servicio a la sociedad Mexicana, México (DF. Ambos Medios México, D.F. Agosto 5, 2005;); 2005.
  • 7. Hops H, Davis B, Lewin LM. The development of alcohol and other substance use: a gender study of family and peer context. J Study Alcohol Supll 1999 march; 13:22-31.
  • 8. Norton EC, Lindrooth RC, Ennett ST. Controlling for the endogeneity of peer substance use on adolescent alcohol and tobacco use. Health Econ 1998 August; 7(5):439-53.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2008

Histórico

  • Recebido
    10 Abr 2007
  • Aceito
    18 Dez 2007
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