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Vaivém Histórico

Historical Shuttle

RESUMO

A invenção da tradição brasileira tem na sua raiz o apagamento de memórias ancestrais a este território também inventado. O que somos hoje é um juntado de recortes e refilamentos ao longo dos anos, em que apenas o que servia como escada para o progresso fora aproveitado. Quanto àqueles que não se comportavam dentro da panela colonizadora, eram lançados à margem para que perecessem, sem luzes ou olhos que os notassem. Esquecimento era a pena a ser cumprida por não caberem nas retificações do “País do Futuro”. Hoje, como a volta da maré que pega alguns muitos de surpresa, corpos que haviam sido esquecidos voltam e afogam a História do Brasil. Um requerimento de luz sobre as ruínas. Vozes roucas de tanto gritar do lado de fora hoje assaltam a mesa grande, desta vez não atrás de farelos que caem das mãos gordas de quem se lambuzava há séculos, mas atrás da coxa do porco europeu trazido por Cristóvão Colombo, ou do próprio europeu, se for o caso. Rescrever a história é raspar escórias e cracas agarradas do imaginário colonizatório e, a partir daí, sobrepor camadas de urucum, argila, jenipapo, carvão, crajiru e memórias daqueles que viraram alienígenas do progresso (QUEIROZ; ALMEIDA, 2021QUEIROZ, Elisa Vieira; ALMEIDA, Débora Caroline Viana. Entre vistas, mundos e rios: arte e tecnologia digital na pussanga de Denilson Baniwa. Palíndromo (Florianópolis), v. 13, n. 29, 2021, p. 250-267. http://dx.doi.org/10.5965/2175234613292021250. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/19247. Acesso em: 27 jun. 2022.
http://dx.doi.org/10.5965/21752346132920...
).

PALAVRAS-CHAVE
Memória ancestral; Decolonização; Re-Antropofagia

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