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“Tentamos salvar vidas e nossas próprias vidas”: o trabalho da enfermagem na pandemia da COVID-19

RESUMO

Objetivo:

Compreender as implicações das condições de trabalho durante a pandemia da COVID-19 para os profissionais de Enfermagem.

Método:

Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, realizado em quatro hospitais no sul do Brasil. Foram selecionados 349 registros efetuados por enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem em formulário eletrônico, submetidos à análise de conteúdo. Os participantes consentiram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados:

Foi evidenciado o aumento das demandas de trabalho e da exaustão; a falta de apoio da instituição hospitalar na assistência aos trabalhadores infectados e diante da necessidade de maior testagem; e os impactos da desvalorização da Enfermagem, expressos pelos sentimentos de vulnerabilidade e falta de reconhecimento.

Considerações finais:

A pandemia incrementou o desgaste da Enfermagem com projeção da falta de preparo para situações de crise. Sugere-se investir na formação de recursos emocionais e gerenciais das equipes para o enfrentamento das adversidades considerando novas situações sanitárias similares.

Descritores:
Equipe de enfermagem; Condições de trabalho; COVID-19; Saúde ocupacional; Esgotamento profissional

ABSTRACT

Objective:

To understand the implications of working conditions during the COVID-19 pandemic for Nursing professionals.

Method:

Qualitative, exploratory, and descriptive study conducted in four hospitals in southern Brazil. A total of 349 records made by nurses and nursing technicians/assistants through an electronic form were selected and submitted to content analysis. Ethical aspects were respected, and the participants consented to the Free and Informed Consent Form.

Results:

The increase in work demands and exhaustion were evidenced; the lack of hospital institutional support in assisting infected workers and in view of the need for further testing; and the impacts of the devaluation of Nursing, expressed by feelings of vulnerability and lack of recognition.

Final considerations:

The pandemic increased the wear and tear of Nursing with a projection of the lack of structure for crises situations. It is suggested to invest in the emotional and managerial resources of health care teams to better cope with similar health crises in the future.

Descriptors:
Nursing, team; Working conditions; COVID-19; Occupational health; Burnout, professional

RESUMEN

Objetivo:

Comprender las implicaciones de las condiciones de trabajo durante la pandemia de COVID-19 para los profesionales de Enfermería.

Método:

Estudio cualitativo, exploratorio y descriptivo realizado en cuatro hospitales del sur de Brasil. Se seleccionaron y sometieron a análisis de contenido un total de 349 registros realizados por los trabajadores a través de un formulario electrónico. Se respetaron los aspectos éticos y los participantes accedieron al Término de Consentimiento Libre e Informado.

Resultados:

Se evidenció el aumento de las exigencias laborales y el agotamiento; la falta de hospital apoyo institucional para ayudar a los trabajadores infectados y en vista de la necesidad de realizar más pruebas; y los impactos de la desvalorización de la Enfermería, expresados por sentimientos de vulnerabilidad y falta de reconocimiento.

Consideraciones finales:

La pandemia aumentó el desgaste de Enfermería con proyección de falta de estructura para situaciones de crisis. Es necesario adoptar medidas de apoyo a la salud de los profesionales con miras a prevenir lesiones y valorar a los trabajadores frente a la pandemia.

Descriptores:
Grupo de enfermería; Condiciones de trabajo; COVID-19; Salud laboral; Agotamiento profesional

INTRODUÇÃO

A COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, é uma síndrome respiratória de alta transmissibilidade, descoberta na China, que se alastrou rapidamente pelo mundo, provocando a pandemia da COVID-1911. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Protocolo de manejo clínico do Coronavírus (COVID-19) na atenção primária à saúde [Internet]. Brasília, DF: MS; 2020 [citado 2021 out 03]. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202004/14140606-4-ms-protocolomanejo-aps-ver07abril.pdf
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. Considerando que inicialmente não haviam informações consistentes sobre o vírus e a sua história natural, e que a busca por uma solução imediata fomentou o surgimento de tratamentos duvidosos e muita desinformação22. World Health Organization. Origin of SARS-CoV-2 [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited 2021 out 03]. Available from:https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/332197/WHO-2019-nCoV-FAQ-Virus_origin-2020.1-eng.pdf
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, acentuou-se a necessidade de constantes adaptações dos serviços de saúde e dos profissionais da linha de frente para o manejo e o controle da doença33. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica: emergência de saúde pública de importância nacional pela doença pelo coronavírus 2019 - COVID-19 [Internet]. Brasília, DF: MS; 2021 [citado 2021 out 02]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/guias-e-planos/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19/@@download/file/Guia%20de%20Vigil%C3%A2ncia%20Epidemiol%C3%B3gica%20COVID-19.pdf
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.

Nesse contexto desafiador, os profissionais de Enfermagem são protagonistas no enfrentamento da pandemia, tanto na organização dos fluxos de trabalho nos serviços de saúde, quanto no cuidado direto aos pacientes infectados. As atribuições da equipe de Enfermagem incluem a realização de procedimentos de alto risco de infecção, como: a aspiração de vias aéreas, os banhos de leito, as trocas de curativos e mudanças de decúbito, dentre outros; o que tornou esses profissionais altamente expostos a uma elevada carga viral44. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. The health of healthcare professionals coping with the COVID-19 pandemic. Cien Saude Colet. 2020;25(9):3465-74. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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, mesmo em setores não destinados ao atendimento de vítimas da doença, pois a detecção da infecção muitas vezes se deu tardiamente, quando os trabalhadores já estavam em contato direto há dias. Ainda cabe destacar acerca dessas atividades a possibilidade de haver diferença das repercussões da pandemia no que tange à divisão social do trabalho na Enfermagem entre enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem, ainda não explorada pelos estudos.

Essa exposição tornou-se ainda maior devido à escassez dos equipamentos de proteção individual (EPIs)55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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, fato que representou uma dificuldade mundial no início da pandemia, uma vez que o uso de alguns EPIs foi indicado não somente para profissionais da saúde, mas também para toda a população. Dados do Observatório de Enfermagem, elaborados pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), evidenciam os impactos dessa exposição, apontando que ao final do primeiro semestre de 2022, no Brasil, 63.690 profissionais foram contaminados pela doença, e 872 foram a óbito por esta causa66. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Observatório da Enfermagem: Profissionais infectados com COVID-19 informado pelo serviço de saúde. Brasília, DF: COFEN; 2021 [citado 2021 out 02]. Disponível em: http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/
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.

A sobrecarga de trabalho tem sido frequentemente associada ao trabalho da Enfermagem, sendo exacerbada na pandemia pelo aumento no número de pacientes atendidos e pela gravidade que estes apresentavam, devido às complicações decorrentes da COVID-1977. Tobase L, Cardoso SH, Rodrigues RTF, Peres HHC. Empathic listening: welcoming strategy for nursing professional in coping with with the coronavirus pandemic. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200721. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0721
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, exigindo um aumento no número de horas de trabalho e também no ritmo que se tornou mais acelerado. Devido a este aumento na demanda, foram necessárias diversas adaptações institucionais88. Santos JLG, Menegon FHA, Andrade GB, Freitas EO, Camponogara S, Balsanelli AP, et al. Changes implemented in the work environment of nurses in the COVID-19 pandemic. Rev Bras Enferm. 2022;75(Suppl 1):e20201381. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-1381
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, e consequentemente, a necessidade de aumento do quadro de pessoal.

A fim de suprir essa demanda ocorreram mudanças na logística da assistência e nos fluxos de trabalho, como o aumento da carga horária dos profissionais, as trocas de setores e as alterações na constituição das equipes, tanto pelos afastamentos por saúde ou por se tratarem de profissionais do grupo de risco para a COVID-19, como pelas contratações emergenciais. O desfazimento dessas equipes contribuiu por sobrecarregar muitos profissionais, onerar processos de trabalho e destruir vínculos previamente construídos. Em conjunto com estes fatores laborais, os profissionais da Enfermagem enfrentaram também, assim como a população em geral, os sentimentos decorrentes do isolamento social os quais contribuem fortemente como fator estressante para a saúde mental destes trabalhadores, que se encontram desgastados física e emocionalmente55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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,77. Tobase L, Cardoso SH, Rodrigues RTF, Peres HHC. Empathic listening: welcoming strategy for nursing professional in coping with with the coronavirus pandemic. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200721. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0721
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,99. Moll V, Meissen H, Pappas S, Xu K, Rimawi R, Buchman TG, et al. The coronavirus disease 2019 pandemic impacts burnout syndrome differently among multiprofessional critical care clinicians - a longitudinal survey study. Crit Care Medic. 2022;50(3):440-8. doi: https://doi.org/10.1097%2FCCM.0000000000005265
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A potencialidade de fatores como a desinformação, o risco de infecção, as mudanças frequentes nos fluxos de trabalho, a escassez de EPIs, além das incertezas quanto à duração do cenário pandêmico, bem como do desfecho para cada profissional contribui para as vivências e condições laborais, com possibilidade de repercutir não somente na vida profissional, mas também pessoal dos trabalhadores de Enfermagem55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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,1010. Galehdar N, Kamran A, Toulabi T, Heydari H. Exploring nurses’ experiences of psychological distress during care of patients with COVID-19: a qualitative study. BMC Psychiatry. 2020;20(1):489. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02898-1
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.

Diante do exposto acerca dos reflexos da pandemia sobre os profissionais de saúde44. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. The health of healthcare professionals coping with the COVID-19 pandemic. Cien Saude Colet. 2020;25(9):3465-74. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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-55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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,77. Tobase L, Cardoso SH, Rodrigues RTF, Peres HHC. Empathic listening: welcoming strategy for nursing professional in coping with with the coronavirus pandemic. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200721. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0721
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-1010. Galehdar N, Kamran A, Toulabi T, Heydari H. Exploring nurses’ experiences of psychological distress during care of patients with COVID-19: a qualitative study. BMC Psychiatry. 2020;20(1):489. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02898-1
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, é possível identificar as condições de trabalho durante a pandemia da COVID-19 como uma especificidade a ser explorada no que tange ao labor da enfermagem e considerando a intensidade da crise sanitária. Destaca-se ainda a potencialidade da pesquisa aqui proposta devido à lacuna da literatura acerca das possíveis diferenças das repercussões da pandemia no que tange à divisão social do trabalho na Enfermagem entre enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem.

Em face aos argumentos apresentados, questionou-se: quais as repercussões da pandemia da COVID-19 no trabalho dos profissionais de enfermagem? Para responder, traçou-se como objetivo do presente estudo compreender as implicações das condições de trabalho durante a pandemia da COVID-19 para os profissionais de Enfermagem.

MÉTODO

Trata-se de estudo multicêntrico de delineamento exploratório e descritivo com abordagem qualitativa, que integra um projeto matricial intitulado “Atuação na Pandemia pela COVID-19: impactos na Saúde Psíquica dos trabalhadores de Enfermagem”. Foram seguidos os critérios do Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ), que orienta a pesquisa qualitativa.

O estudo foi realizado em quatro hospitais terciários, referência no Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul, Brasil. A definição desses hospitais como cenário de estudo se deu pelo fato de serem instituições hospitalares de grande porte que para o enfrentamento da pandemia tiveram importantes adaptações (como o aumento de leitos e a instalação de setores específicos para a internação de casos confirmados da doença) e foram caracterizadas como instituições de referência para o tratamento da COVID-19 na região sul.

A divulgação da pesquisa ocorreu pelo e-mail institucional fornecido e autorizado pelas instituições e todos os trabalhadores de Enfermagem dos quatro hospitais foram convidados a responder a um formulário eletrônico (Google Forms), que teve seu link de acesso fornecido junto ao mesmo e-mail-convite.

A população do estudo foi composta por profissionais da equipe de Enfermagem (enfermeiros, técnicos de Enfermagem e auxiliares de Enfermagem) atuantes na assistência dos quatro hospitais durante a pandemia da COVID-19, sendo este o critério de inclusão do estudo. Foram excluídos os profissionais afastados de suas funções durante o período da coleta de dados. O formulário eletrônico contemplou questões sociodemográficas, laborais e de saúde, e dentre os respondentes (N=845), 353 profissionais ainda responderam espontaneamente a um enunciado com campo aberto, não obrigatório, que dizia: O espaço abaixo é livre para você registrar sobre a sua vivência profissional no período da pandemia e como você percebe a sua saúde neste momento. A amostra final do estudo foi constituída por 349 registros de profissionais da equipe de enfermagem, tendo sido considerado como critério de exclusão os registros incompletos ou que não respondiam ao objetivo deste estudo (n=4).

A coleta de dados ocorreu nos meses de agosto a outubro de 2020 e as informações obtidas foram submetidas à análise de conteúdo do tipo temática1111. Minayo MCS. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Cien Saude Colet. 2012;17(3):621-6. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000300007
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, que compreendeu três fases. A primeira foi uma leitura flutuante e exaustiva até a impregnação do material, onde fluíram as primeiras impressões. A segunda tratou-se da fase de exploração do conteúdo com a construção das categorias e redução do material a palavras e falas, e a terceira consistiu na interpretação dos dados, os quais foram confrontados com a literatura.

O estudo seguiu os preceitos éticos, sendo aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e pelas instituições participantes sob parecer nº 4.152.027.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi enviado junto ao e-mail-convite, respondido de maneira anônima. Os dados foram apresentados com fragmentos das respostas dos participantes, os quais foram codificados com relação à sua categoria profissional. Os participantes foram nomeados por meio da sigla ENF para enfermeiros, TE para técnicos de Enfermagem e AUX para auxiliares de Enfermagem e na sequência numerados conforme a ordem das respostas, a fim de garantir o anonimato dos participantes.

RESULTADOS

Participaram do estudo 349 profissionais: 182 técnicos de Enfermagem (52,15%), 147 enfermeiros (42,12%) e 20 auxiliares de Enfermagem (5,73%), dentre os quais 304 eram do sexo feminino (87,11%). A média de idade dos enfermeiros foi de 44 anos (± 9,34) e dos técnicos e auxiliares de enfermagem foi de 46 anos (± 9,06). Enfermeiros possuíam uma média de 10 anos (± 9,84) de tempo de trabalho na instituição, enquanto os técnicos e auxiliares de enfermagem possuíam uma média de 9 anos (± 7,72). Dos quatro hospitais, 41,26% da amostra pertenciam ao hospital A, 26,65% ao hospital B, 19,20% ao hospital C e 12,89% ao hospital D.

As condições de trabalho experienciadas pelos profissionais de Enfermagem dos quatro hospitais referência para casos de COVID-19 no sul do Brasil puderam ser compreendidas a partir das categorias: (1) Aumento das demandas de trabalho e da exaustão; (2) Apoio da instituição hospitalar; (3) Desvalorização da Enfermagem.

Aumento das demandas de trabalho e da exaustão

A mudança no perfil e gravidade dos pacientes, bem como a necessidade de trocas de setores devido à falta de profissionais diante dos afastamentos e remanejos, foram descritos pelos participantes da pesquisa como aspectos que repercutiram no aumento das demandas de trabalho e da exaustão.

Nos últimos dois meses tivemos outros desafios, poucas folgas, trabalhar com o quadro reduzido, enfim creio que têm muitos profissionais no limite e eu sou uma delas. (TE 15)

Estamos com diminuição de trabalhadores devido ao afastamento dos que pertencem ao grupo de risco para COVID-19 e às licenças por saúde, o que aumenta o meu tempo de permanência no hospital, incluindo finais de semana. (ENF 37)

[...] além da demanda aumentada, da gravidade dos pacientes, tenho que lidar com a equipe fragilizada emocionalmente, sobrecarregando mais que o atendimento aos pacientes. (ENF 74)

A demanda de trabalho aumentou e o perfil de pacientes mudou bastante. Muitos colegas foram destinados a outras áreas do hospital, recebemos colegas novos, porém sem experiência, o que também contribuiu para o aumento da carga de trabalho, pois além das minhas atividades, tive que acompanhar e treinar estes colegas. Devido aos vários afastamentos por motivo de saúde, estamos trabalhando mais horas durante a semana, gerando cansaço físico e emocional. (ENF 136)

A exaustão foi expressa pelos profissionais de ambas as categorias, mas observou-se que a preocupação gerencial do enfermeiro se diferenciou quanto ao bem-estar da equipe enquanto núcleo de sua vigilância durante a pandemia. Dessa forma, pode-se evidenciar que a divisão social do trabalho na Enfermagem entre enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem agregou repercussões diferentes da pandemia especificamente no quesito da atenção dispensada e preocupação com a equipe de trabalho.

Cada vez que algum profissional de Enfermagem contrai COVID-19, meus colegas, principalmente os técnicos de enfermagem, ficam desequilibrados emocionalmente. Então preciso parar de cuidar dos pacientes e cuidar da equipe. Isso gera uma demanda enorme de trabalho, além da prevista. (ENF 41)

Muito sobrecarregado, não consigo prestar assistência adequada ao paciente, isso me frustra. [...] Amo minha profissão, adoro cuidar, mas atualmente está muito difícil. Rezando para acabar. (AUX 14)

Os EPIs nos cansam muito, tanto pelo uso, quanto pelo esforço físico em função de pronar e supinar os pacientes (manobra realizada para tratamento de quadro respiratório agudo) [...] estou muito cansada e frustrada com esta situação que parece não ter fim. Estamos em uma batalha onde ao mesmo tempo tentamos salvar vidas e nossas próprias vidas. (TE 94)

As demandas emocionais se somam ao trabalho físico intensificando ainda mais a carga de trabalho, repercutindo no cansaço e na sensação de frustração diante da falibilidade potencial pelo contexto vivenciado.

Apoio da instituição hospitalar

Os profissionais de Enfermagem relataram sentimento de desamparo diante da instituição. As falas apontam para a necessidade de assistência aos trabalhadores contaminados e sintomáticos para COVID-19, bem como o acompanhamento psicológico para as equipes.

Dizem que estão fazendo um trabalho de monitoramento com quem está doente. É tudo mentira, não me deram retorno. Isso me revolta muito e mostra que funcionários para os patrões só são úteis enquanto estão trabalhando muito, fora isso não são úteis. (ENF 35)

[...] presenciei colegas em crise de pânico durante a pandemia. Pela situação que nos encontramos, os diretores dos hospitais deveriam dar maior ou melhor suporte aos profissionais. (TE 92)

Sensação de mão de obra barata e banalização das nossas emoções pela instituição. O discurso é bonito mas no dia a dia é diferente! (ENF 73)

O momento mais difícil foi o que procurei ajuda com uma dor de cabeça absurda. Tive que escutar a médica dizer que eu não tinha motivos para estar ali, e saí apenas com prescrição de dipirona se necessário e sem acreditar que fui tão maltratada. Sete dias depois saiu o resultado do exame e eu estava com COVID-19. (TE 104)

Estive internada por 32 dias, 15 dias na CTI [Centro de Terapia Intensiva] com COVID-19. Me decepcionei com a instituição que não considera a doença como acidente de trabalho. Sou linha de frente, estive entre a vida e a morte por causa do meu trabalho. (TE 135)

[...] o hospital não disponibiliza atendimento com psicólogos, rodas de conversa ou afins. Estamos sendo doentes cuidando de doentes, colegas apresentando crises de ansiedade e a saúde ocupacional é inexistente. Nossos afastamentos não serão por COVID-19, mas sim por problemas de saúde mental. (TE 153)

Um sentimento intenso de desvalorização e desamparo marca a fala dos profissionais por não identificarem na instituição o cuidado, algo preconizado pela Enfermagem.

Além disso, os profissionais demonstram sentimento de frustração e de medo pela falta de testagem de rastreio para COVID-19, principalmente em casos de contato com colegas de trabalho ou pacientes que apresentam a doença.

No início da pandemia estávamos preocupadas em cuidar de pacientes com COVID-19. Com o tempo descobrimos que todos poderiam estar com a doença e, portanto os cuidados deveriam ser intensos. Acredito que falhamos muito por não realizar exame de rastreamento nos assintomáticos. Muitos contágios poderiam ter sido evitados. (ENF 27)

Me sinto sobrecarregada com a falta de interesse dos gestores em realizar exames de rastreio nos funcionários! Vários colegas do meu setor tiveram COVID-19 e eu nunca fui rastreada [...]. (TE 101)

Sinto-me frustrada pelo modo em como a instituição que eu trabalho se organiza durante a pandemia, causando angústia e ocasionando um sentimento de descaso com os profissionais, pois não há uma resposta rápida de realizações de testes nos colaboradores. (TE 141)

A percepção dos profissionais da falta de cuidado institucional contribui para a geração de ansiedade, angústia e, até mesmo, de descredibilidade em relação aos fluxos e processos de trabalho.

Frente aos relatos da falta de apoio por parte da instituição, os profissionais de Enfermagem expressam que o apoio por pares e o trabalho em equipe têm auxiliado no enfrentamento das adversidades.

Percebi a diferença em ter colegas que são amigos, oferecem apoio emocional necessário nas horas de medo e fraqueza. (TE 67)

Estou desde fevereiro trabalhando 12 horas por dia, seis dias por semana, então me senti fragilizada, mas com a ajuda de colegas, familiares e amigos, me restabeleci emocionalmente. (ENF 78)

Embora o ritmo de trabalho seja intenso, posso contar com o apoio da equipe em que faço parte. O trabalho em equipe é fundamental. (TE 145)

Ainda que o apoio institucional seja importante, o apoio dos pares, no local de trabalho, constitui uma estratégia eficaz na mitigação dos sentimentos e emoções negativas decorrentes de situações estressoras. O vínculo, previamente construído, é identificado como o grande diferencial, pelo compartilhamento de vivências comuns. Entretanto, com a destituição dos membros das equipes para atender às diversas demandas institucionais, esse apoio ficou ainda mais fragilizado.

Desvalorização da Enfermagem

A (falta de) valorização da categoria profissional foi abordada tanto no âmbito institucional e de políticas públicas, quanto da sociedade, retratando a importância do reconhecimento em diversas esferas, especialmente no que tange ao reconhecimento por meio de melhores condições de trabalho, visando a proteção à saúde dos profissionais de Enfermagem.

Não queremos homenagens em jornais ou mídias, queremos o direito de nos cuidarmos e também de cuidarmos dos nossos familiares, podendo realizar exame de rastreio quando um paciente atendido por nós é diagnosticado com COVID-19 depois de dias internado na unidade e nós sem EPIs eficazes [...]. (TE 8)

Período de muitas incertezas, muito desorganizado, com exigências que deveriam ser melhor avaliadas, falta de valorização aos profissionais que estão trabalhando. (TE 66)

A visibilidade dada a nossa profissão neste momento de pandemia deveria se reverter em melhorias para nossa categoria profissional. Discutir jornada de trabalho e aposentadoria, assim como piso salarial adequado, enfim "os heróis" também precisam ter garantidos alguns direitos. (ENF 87)

Nós profissionais estamos nos expondo enquanto a população e governantes não valorizam a dimensão do risco. Sinto como se estivéssemos fixados sozinhos nessa guerra invisível. (ENF 129)

A valorização, a qual os profissionais buscam, não se refere apenas às suas instituições de origem, mas ao contexto nacional da profissão. No momento pandêmico emerge a precarização das condições de trabalho, mas muito antes da crise sanitária, a fragilidade de questões trabalhistas já era evidenciada.

DISCUSSÃO

Os profissionais de Enfermagem relataram cansaço emocional e físico devido ao aumento das demandas e à sobrecarga de trabalho geradas pela pandemia, trazendo como exemplo a modificação do perfil de pacientes atendidos, que exigiam atenção redobrada devido à instabilidade e à gravidade da doença. Corroborando este achado, um estudo realizado com trabalhadores da saúde no Irã retratou que 87% dos participantes têm a percepção de uma sobrecarga esmagadora de trabalho causada pela pandemia, assim como estudo com enfermeiros que associou sofrimento psíquico ao aumento do número de pacientes e à gravidade dos casos, bem como a dificuldade do uso de EPIs e as altas taxas de mortalidade55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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,1010. Galehdar N, Kamran A, Toulabi T, Heydari H. Exploring nurses’ experiences of psychological distress during care of patients with COVID-19: a qualitative study. BMC Psychiatry. 2020;20(1):489. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02898-1
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. Na mesma direção, estudo brasileiro também aponta para a sobrecarga e alterações no padrão de trabalho exigidos pela pandemia88. Santos JLG, Menegon FHA, Andrade GB, Freitas EO, Camponogara S, Balsanelli AP, et al. Changes implemented in the work environment of nurses in the COVID-19 pandemic. Rev Bras Enferm. 2022;75(Suppl 1):e20201381. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-1381
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.

Dificuldades com os EPIs também foram encontradas entre os profissionais deste estudo, o que vai ao encontro com o elevado número de profissionais da categoria contaminados66. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Observatório da Enfermagem: Profissionais infectados com COVID-19 informado pelo serviço de saúde. Brasília, DF: COFEN; 2021 [citado 2021 out 02]. Disponível em: http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/
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. Este fato ocasiona a diminuição de profissionais atuantes, interferindo, consequentemente, na necessidade de trocas de escala e setores dos trabalhadores, o que contribui ainda mais no cansaço da equipe e para o sentimento de que o esforço não está sendo recompensado, já que muitas vezes não recebem financeiramente pelas horas excedidas66. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Observatório da Enfermagem: Profissionais infectados com COVID-19 informado pelo serviço de saúde. Brasília, DF: COFEN; 2021 [citado 2021 out 02]. Disponível em: http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/
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. A falta de recursos humanos e materiais aumenta o risco e provoca a sobrecarga física e psicológica dos profissionais, podendo resultar em complicações na saúde1212. Moreira AS, Lucca SR. Apoio psicossocial e saúde mental dos profissionais de enfermagem no combate ao covid-19. Enferm Foco. 2020;11(1 esp):155-61. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n1.ESP.3590
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. Estes danos são evidenciados através do desgaste emocional que é observado nas falas dos profissionais, os quais relatam a percepção de fragilidade e a falta de vontade de ir para o trabalho, uma vez que se percebem exaustos.

Destacou-se nos achados uma demanda diferenciada ao enfermeiro em relação à preocupação aumentada acerca dos efeitos emocionais que a pandemia estava trazendo para a equipe de enfermagem enquanto seu núcleo de cuidado e atenção. Infere-se, portanto que esta responsabilidade representou fator contribuinte para a exaustão dos enfermeiros na comparação com os técnicos/auxiliares de enfermagem segundo os registros analisados.

Com vistas a reduzir a exaustão dos profissionais e aumentar o número destes atuantes na pandemia, foi autorizada a antecipação da formatura de estudantes dos cursos da saúde no Brasil1313. Ministério da Educação (BR). Portaria nº 374, de 03 de abril de 2020. Dispõe sobre a antecipação da colação de grau para os alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia, exclusivamente para atuação nas ações de combate à pandemia do novo coronavírus - COVID-19. Diário Oficial União. 2020 abr 06 [citado 2021 out 02];158(66 Seção 1):66. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=06/04/2020&jornal=515&pagina=66&totalArquivos=177
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. Entretanto, esses profissionais recém-formados não tinham experiência, exigindo que os profissionais já atuantes despendessem do seu tempo para treinamento e auxílio dos novos colegas nas atividades, como mencionado pelos participantes. Em um hospital de grande porte na China, os profissionais recém-formados também foram para a assistência a pacientes com COVID-19. Então, organizou-se acompanhamento e capacitação por enfermeiros experientes a fim de reduzir o risco de infecção e garantir a qualidade na segurança pessoal e na assistência prestada pelos profissionais inexperientes1414. Liu Y, Wang H, Chen J, Zhang X, Yue X, Ke J, et al. Emergency management of nursing human resources and supplies to respond to coronavirus disease 2019 epidemic. Int J Nurs Sci. 2020;7(2):135-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnss.2020.03.011
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, dado que os enfermeiros são profissionais essenciais na educação em saúde, ainda que mais esta função possa ter exacerbado a sobrecarga destes profissionais1515. Zhang Y. Strengthening the power of nurses in combating COVID‐19. J Nurs Manag. 2021;29(3):357-9. doi: https://doi.org/10.1111/jonm.13023
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, contribuindo para o cansaço mental. No cenário brasileiro ainda não foram encontrados estudos que demonstrem as ações realizadas com profissionais recém-formados ingressantes para a assistência durante a pandemia.

Com o advento da pandemia, as fragilidades já existentes nos processos gerenciais dos serviços de saúde tornaram-se mais evidentes. Os profissionais se sentiram desamparados, relatando a falta de apoio institucional e a falta de suporte à saúde mental, demonstrando a necessidade de implementação desse suporte, fato que é corroborado pela literatura internacional1616. Shah M, Roggenkamp M, Ferrer L, Burger V, Brassil KJ. Mental health and COVID-19: the psychological implications of a pandemic for nurses. Clin J Oncol Nurs. 2021;25(1):69-75. doi: https://doi.org/10.1188/21.cjon.69-75
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,1717. Turale S, Nantsupawat A. Clinician mental health, nursing shortages and the COVID‐19 pandemic: crises within crises. Int Nurs Rev. 2021;68(1):12-4. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12674
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. Sabe-se que a pandemia afetou os profissionais da Enfermagem, que apresentaram medo e sofrimento psicológico99. Moll V, Meissen H, Pappas S, Xu K, Rimawi R, Buchman TG, et al. The coronavirus disease 2019 pandemic impacts burnout syndrome differently among multiprofessional critical care clinicians - a longitudinal survey study. Crit Care Medic. 2022;50(3):440-8. doi: https://doi.org/10.1097%2FCCM.0000000000005265
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,1818. Dal Pai D, Gemelli MP, Boufleuer E, Finckler PVPR, Miorin JD, Tavares JP, et al. Repercussions of the COVID-19 pandemic on the emergency prehospital care service and worker’s health. Esc Anna Nery. 2021;25(spe):e20210014. doi: http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0014
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. Além disso, estudos evidenciaram elevados níveis de ansiedade e depressão entre os trabalhadores da linha de frente, sendo mais prevalentes no sexo feminino1919. Lai J, Ma S, Wang Y, Cai Z, Hu J, Wei N, et al. Factors associated with mental health outcomes among health care workers exposed to coronavirus disease 2019. Jama Netw Open. 2020;3(3):e203976. doi: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2020.3976
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,2020. Silva DFO, Cobucci RN, Soares-Rachetti VP, Lima SCVC, Andrade FB. Prevalência de ansiedade em profissionais da saúde em tempos de COVID-19: revisão sistemática com metanálise. Cien Saude Colet. 2021;26(2):693-710. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232021262.38732020
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, grupo majoritário da atual pesquisa.

Com o objetivo de minimizar o sofrimento, de proporcionar suporte à saúde mental e de qualificar o cuidado, se torna essencial a manutenção das condições de trabalho adequadas e a sustentação de intervenções centradas no indivíduo, já que a carga de estresse é diferente em cada um55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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,1212. Moreira AS, Lucca SR. Apoio psicossocial e saúde mental dos profissionais de enfermagem no combate ao covid-19. Enferm Foco. 2020;11(1 esp):155-61. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n1.ESP.3590
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. Medidas de intervenção visando a valorização e diminuição da exaustão também devem ser implementadas, como a reorganização da jornada de trabalho e o incremento de benefícios financeiros2121. Borges FES, Aragão DFB, Borges FES, Borges FES, Sousa ASJ, Machado ALG. Fatores de risco para a síndrome de burnout em profissionais da saúde durante a pandemia de COVID-19. Rev Enferm Atual Derme. 2021;95(33):021006. doi: https://doi.org/10.31011/reaid-2020-v.94-n.32-art.835
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. Ainda, a escuta empática pode ser um recurso potente, à medida que identifica indivíduos vulneráveis, mobiliza estratégias para reduzir fatores estressantes e ressignifica as demandas, fazendo com que os profissionais se sintam mais valorizados77. Tobase L, Cardoso SH, Rodrigues RTF, Peres HHC. Empathic listening: welcoming strategy for nursing professional in coping with with the coronavirus pandemic. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200721. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0721
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, potencializando a capacidade de apoio entre pares, de maneira ágil e precoce.

Ao falar sobre o apoio da instituição hospitalar e a desvalorização sentida, os participantes relataram a carência na testagem dos profissionais assintomáticos que tiveram contato com colegas e pacientes positivos para a COVID-19, sabendo que profissionais assintomáticos ou pré-sintomáticos também podem ser uma fonte de infecção. Ao encontro disso, estudo realizado com profissionais de saúde evidenciou altas taxas de assintomáticos com a doença2222. Gonzalez MFSR, Carvalho RS, Rangel IC, Menezes P, Azevedo BP, Ferry FRA. Prevalência de infecção pelo coronavírus SARS-COV-2 em profissionais de saúde em um Hospital Universitário no Rio de Janeiro durante a pandemia de COVID-19 em 2020. Rev Bras An Clin. 2021;35(2):167-74. doi: https://doi.org/10.21877/2448-3877.202100959
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. Ainda que seja sinalizada a importância da inclusão de programas contínuos de triagem para funcionários assintomáticos, com o monitoramento de casos e da exposição ocupacional2323. Silva LF, Cursino EG, Brandão ES, Góes FGB, Depiant JRB, Silva LJ, et al. The therapeutic itinerary of health workers diagnosed with COVID-19. Rev Latino Am Enfermagem. 2021;29:e3413. doi: https://doi.org/10.1590/1518-8345.4691.3413
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, um contraponto diz respeito à impossibilidade de testagem de maneira ampla e também por não haver consenso sobre a transmissão por assintomáticos1818. Dal Pai D, Gemelli MP, Boufleuer E, Finckler PVPR, Miorin JD, Tavares JP, et al. Repercussions of the COVID-19 pandemic on the emergency prehospital care service and worker’s health. Esc Anna Nery. 2021;25(spe):e20210014. doi: http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0014
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, reforçando novamente a importância das medidas de precaução.

Contrariamente à falta de apoio da instituição hospitalar, o trabalho em equipe e o apoio por pares foram ressaltados pelos participantes como ponto importante neste período, sendo evidenciado em pesquisa realizada com enfermeiros, que a colaboração profissional e união das equipes foi fundamental para superar a pandemia2424. Rossi S, Cosentino C, Bettinaglio GC, Giovanelli F, Prandi C, Pedrotti P, et al. Nurse’s identity role during COVID-19: perception of the professional identity of nurses during the first wave of infections of the covid-19 pandemic. Acta Biom. 2021;92(S 2):e2021036. doi: https://doi.org/10.23750/abm.v92iS2.11959
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. Ademais, o apoio social também é relatado com destaque, o que é demonstrado por pesquisa realizada em um hospital público, que relaciona esse tipo de apoio a menores níveis de estresse ocupacional2525. Rocha RPS, Valim MD, Oliveira JLC, Ribeiro AC. Características do trabalho e estresse ocupacional entre enfermeiros hospitalares. Enferm Foco. 2019;10(5):51-7. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n5.2581
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. O apoio familiar revelado nas falas vai ao encontro de estudo que retrata a admiração das famílias quanto à profissão, descrevendo esta como relevante para a sociedade. Das famílias destaca-se ainda que, durante a pandemia, houve maior união, respeito, generosidade e empatia dos familiares aos profissionais devido à necessidade de apoio psicológico nesse momento2626. Barreto MS, Hipolito ABL, Hipolito MAL, Lise F, Radovanovic CAT, Marcon SS. The COVID-19 pandemic: repercussions on the daily life of health professionals working in emergency units. Esc Anna Nery. 2021;25(spe):e20210064. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0064
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.

A desvalorização da Enfermagem é uma problemática notória e longínqua, sendo essa uma categoria invisível aos olhos dos governantes e da população. Esse fato pode ser afirmado pela incapacidade da categoria de conseguir a aprovação de reivindicações por melhoria da qualidade de seu trabalho e de sua saúde, dentre essas, o piso salarial e uma jornada de trabalho justa e compatível com o trabalho prestado2727. Silva MCN, Machado MH. Health and work system: challenges for the nursing in Brazil. Cien Saude Colet. 2020;25(1):7-13. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019
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. Estes aspectos foram mencionados pelos participantes deste estudo como desanimadores para seguir na profissão, sendo ainda mais agravados durante o período da pandemia.

O sentimento de vulnerabilidade devido à falta de EPIs adequados e seguros, comprovando a precarização do trabalho, também traz sensação de desvalorização por parte da instituição. Essa escassez confirmou a inaptidão dos sistemas de saúde para atender às demandas de trabalho de maneira segura e apropriada55. Eftekhar Ardebili M, Naserbakht M, Bernstein C, Alazmani-Noodeh F, Hakimi H, Ranjbar H. Healthcare providers experience of working during the COVID-19 pandemic: a qualitative study. Am J Infect Control. 2021;49(5):547-54. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.10.001
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. Ao encontro disso, pesquisa realizada com profissionais da saúde demonstrou que os trabalhadores muitas vezes se sentiram inseguros quanto à qualidade dos EPIs fornecidos, exacerbando o medo da infecção e a sensação de desamparo1818. Dal Pai D, Gemelli MP, Boufleuer E, Finckler PVPR, Miorin JD, Tavares JP, et al. Repercussions of the COVID-19 pandemic on the emergency prehospital care service and worker’s health. Esc Anna Nery. 2021;25(spe):e20210014. doi: http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0014
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.

Os participantes relatam sentimentos de solidão e desamparo, reforçando que são pessoas com sentimentos e medos e que, ao invés de receberem palmas e serem chamados de heróis, querem que se discutam melhores condições de trabalho. Ao encontro desses relatos, foi realizado um estudo sobre os apelos da Enfermagem nos meios digitais durante a pandemia, no qual emergiram postagens acerca dessa necessidade de melhorias2828. Forte ECNI, Pires DEP. Nursing appeals on social media in times of coronavirus. Rev Bras Enferm. 2020;73(Suppl 2):e20200225. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0225
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, devido à preocupação da população com a exposição ao vírus dos que estavam na linha de frente no cuidado aos pacientes com COVID-1944. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. The health of healthcare professionals coping with the COVID-19 pandemic. Cien Saude Colet. 2020;25(9):3465-74. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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, é imprescindível que as discussões acerca do reconhecimento apropriado não cessem junto à pandemia, e que sejam cada vez mais ampliadas, considerando que esta categoria profissional está presente no cuidado do ser humano em toda sua complexidade.

Os achados do presente estudo reforçam o que está intrínseco à profissão: o trabalho realizado sob a lógica do cuidado. Assim como os profissionais relatam que a sobrecarga de trabalho repercute na dificuldade para realizar o cuidado com qualidade aos pacientes, de igual forma os profissionais também querem ser cuidados pela instituição, quer quando buscam assistência para si ou quando têm medo de não conseguirem oferecer ao seu familiar o cuidado que preconizam aos pacientes. O que reforça a necessidade do apoio institucional, como forma de investimento e valorização, algo que os trabalhadores expressaram como fundamental para conseguir suportar as adversidades que se apresentaram1616. Shah M, Roggenkamp M, Ferrer L, Burger V, Brassil KJ. Mental health and COVID-19: the psychological implications of a pandemic for nurses. Clin J Oncol Nurs. 2021;25(1):69-75. doi: https://doi.org/10.1188/21.cjon.69-75
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.

Desta maneira, aponta-se à necessidade de um aprofundamento na história da profissão para seguir na luta por uma Enfermagem reconhecida e valorizada2929. Gugel SCR, Duarte CS, Lima APL. Valuing Brazilian nursing: analyzing historical and gender aspects. Nursing. 2020;23(264):3930-7. doi: https://doi.org/10.36489/nursing.2020v23i264p3930-3937
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, debatendo sobre as condições de trabalho, principalmente no que diz respeito à jornada de trabalho e ao piso salarial, bem como os rumos da categoria2727. Silva MCN, Machado MH. Health and work system: challenges for the nursing in Brazil. Cien Saude Colet. 2020;25(1):7-13. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019
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. Também, é essencial que a Enfermagem publique informações acerca de seu trabalho, a fim de repercutir na consolidação da profissão como ciência e cessar estereótipos ultrapassados3030. Luz GOA, Oliveira CR, Bezerra SMG. Nursing records in face of COVID-19: contributions to nursing care, teaching, research and valorization of nursing [editorial]. Braz J Enterostomal Ther. 2020;18:e3621. doi: https://doi.org/10.30886/estima.v18.980_IN
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.

No que tange às limitações do estudo, o uso de meios digitais para a coleta de dados, que impede análises de expressões faciais e corporais e o fato de se tratar de um estudo observacional em que os relatos baseados nas vivências e sensações referem-se ao período da coleta de dados, refletindo exclusivamente o primeiro ano da pandemia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo revela as condições de trabalho vivenciadas pelos profissionais de Enfermagem durante a pandemia da COVID-19, evidenciando situações desgastantes e desafiadoras. A falta de apoio da instituição hospitalar se fez muito presente nos registros analisados, assim como a falta de recursos suficientes para prestar assistência da maneira mais segura possível. Sendo assim, aponta-se para a necessidade de suporte adequado e consistente, com implementação de intervenções visando à saúde mental de quem esteve ao serviço da população neste momento crucial.

Os dados refletem as experiências vivenciadas pelos profissionais que atuaram na assistência hospitalar durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19, auxiliando na compreensão dos impactos imediatos da pandemia nas condições de trabalho destes profissionais e implicando em avanços para a prática à medida que contribui com subsídios para a elaboração e implementação de estratégias de suporte à saúde mental e física dos mesmos, como escuta ativa dos profissionais desde o início da instalação da crise sanitária, a fim de acolher as demandas organizacionais e também as experiências que poderiam fomentar melhorias de fluxos para profissionais infectados e para testagens, por exemplo.

Considerando a divisão social do trabalho na Enfermagem entre enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem, o estudo revelou como potencial diferença quanto às repercussões da pandemia, o incremento à exaustão do enfermeiro diante da vigilância sobre os efeitos emocionais da pandemia na equipe de enfermagem enquanto sua responsabilidade de cuidado.

Outra potencialidade de inovação dos resultados do presente estudo é a indicação de quesitos que merecem investimento imediato quando instalada situação de crise sanitária, reveladas pela carência de preparo emocional do pessoal de enfermagem para o enfrentamento de situações de crise, e preparo para o gerenciamento de adversidades no âmbito pessoal e coletivo. Esses investimentos poderão fomentar um ambiente solidário nas relações socioprofissionais e proporcionar apoio e acolhimento entre pares em meio às diversidades, além do contexto da pandemia. Além disso, destaca-se a possibilidade de uma leitura institucional quanto a esses aspectos, buscando a dialogicidade na abordagem aos profissionais, podendo constituir o aprendizado pós-pandemia.

Por fim, cabe ressaltar que apesar da desvalorização da Enfermagem refletida no estudo, os profissionais se mantiveram a frente da linha de cuidado durante toda a pandemia, fato que instiga a luta por melhorias nas condições de trabalho da categoria, com reconhecimento e valorização.

A partir dos achados apresentados emergem possibilidades de novas investigações voltadas ao impacto da antecipação da formatura dos estudantes da saúde no Brasil, tendo em vista a saúde desses profissionais, bem como os aprendizados dessa vivência para o processo formativo. Ainda, aponta-se a potencialidade de pesquisas sobre os efeitos da pandemia na atualidade, considerando os impactos sobre os trabalhadores a longo prazo, bem como os legados organizacionais.

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  • Contribuição de autoria:

    Administração do projeto: Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai. Análise formal: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Deise Vacario de Quadros, Larissa Ampos, Daiane Dal Pai. Conceituação: Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai. Curadoria de dados Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai. Escrita - rascunho original: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Luiza Paloschi Dalla Vecchia, Daiane Dal Pai. Escrita - revisão e edição: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Deise Vacario de Quadros, Larissa Ampos, Luiza Paloschi Dalla Vecchia, Daiane Dal Pai. Investigação: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Larissa Fonseca Ampos, Daiane Dal Pai. Metodologia: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai. Supervisão: Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai. Validação: Eduarda Boufleuer, Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Deise Vacario de Quadros, Larissa Ampos, Luiza Paloschi Dalla Vecchia, Daiane Dal Pai. Visualização: Juliana Petri Tavares, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Daiane Dal Pai.

Editado por

Editor associado:

Rosana Maffacciolli

Editor-chefe:

João Lucas Campos de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    06 Nov 2022
  • Aceito
    28 Mar 2023
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