Acessibilidade / Reportar erro

Vislumbrando uma possibilidade para o envelhecimento ativo: as atividades universitárias para idosos

RESUMO

Objetivo

Desvelar as condições que permitem à Universidade Aberta à Terceira Idade configurar-se como possibilidade para o envelhecimento ativo.

Método

Estudo qualitativo ancorado no referencial teórico do Interacionismo Simbólico e metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados. Participaram, no período de abril a outubro de 2020, por meio de entrevistas individuais, 14 idosos, dois coordenadores e seis docentes vinculados às atividades universitárias para idosos. A análise dos dados foi realizada por três etapas interdependentes de codificações - aberta, axial e integração - com apoio do software Atlas.ti.

Resultados

As condições que permitem ao programa configurar-se como oportunidade para o envelhecimento ativo relacionam-se aos significados atribuídos sobre envelhecer bem; à determinação social da participação; às motivações na busca pelo programa; às funções executadas pelo programa e; às políticas públicas e institucionais da universidade a qual se vincula.

Considerações Finais

As atividades universitárias para idosos são uma possibilidade para o envelhecimento ativo, mas barreiras socialmente construídas dificultam o acesso às mesmas.

Palavras-chave
Envelhecimento saudável; Universidades; Aposentadoria

ABSTRACT

Objective

To reveal the conditions that allow the Open University for the Elderly to be a possibility for active aging.

Method

Qualitative study anchored in the theoretical framework of Symbolic Interactionism and in the methodology of Grounded Theory. From April to October 2020, 14 elderly people, two coordinators, and six teachers linked to university activities for the elderly participated in individual interviews. Data analysis was carried out by three interdependent coding steps - open, axial and integration - with the support of the Atlas.ti software.

Results

The conditions that allow the program to be configured as an opportunity for active aging are related to the meanings attributed to aging well; the social determination of participation; motivations in the search for the program; the functions performed by the program; and public and institutional policies of the university to which it is linked.

Final Considerations

University activities for the elderly are a possibility for active aging, but socially constructed barriers make access to them difficult.

Keywords
Healthy aging; Universities; Retirement

RESUMEN

Objetivo

Revelar las condiciones que permiten configurar la Universidad Abierta al Anciano como posibilidad de envejecimiento activo.

Método

Estudio cualitativo anclado en el marco teórico del Interaccionismo Simbólico y en la metodología de la Teoría Fundamentada. De abril a octubre de 2020, 14 personas mayores, dos coordinadores y seis profesores vinculados a actividades universitarias para personas mayores participaron en entrevistas individuales. El análisis de datos se llevó a cabo mediante tres pasos de codificación interdependientes: abierto, axial e integración, con el apoyo del software Atlas.ti.

Resultados

Las condiciones que permiten configurar el programa como una oportunidad para el envejecimiento activo están relacionadas con los significados atribuidos al buen envejecimiento; la determinación social de la participación; las motivaciones en la búsqueda del programa; las funciones realizadas por el programa; y las políticas públicas e institucionales de la universidad a la que se vincula.

Consideraciones finales:

Las actividades universitarias para personas mayores son una posibilidad para el envejecimiento activo, pero las barreras construidas socialmente dificultan el acceso.

Palabras clave
Envejecimiento saludable; Universidades; Jubilación

INTRODUÇÃO

O processo de transição demográfica, marcado pelo rápido crescimento do grupo etário idoso em detrimento das faixas etárias mais jovens, é permeado por desafios, mas também apresenta oportunidades. E, no âmbito das últimas, entende-se que em sociedades cujo contingente de pessoas com 60 anos ou mais é significativo, atenção especial deve ser dada à participação destas para o seu próprio bem-estar, de suas famílias e da sociedade11. Centro Internacional de Longevidade Brasil. Envelhecimento ativo: um marco político em resposta à revolução da longevidade. Rio de Janeiro: ILC-Brasil; 2015. .

Ao encontro desta perspectiva, está o envelhecimento ativo, conceituado como processo de otimização das oportunidades de saúde, participação, segurança e aprendizagem ao longo da vida com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem11. Centro Internacional de Longevidade Brasil. Envelhecimento ativo: um marco político em resposta à revolução da longevidade. Rio de Janeiro: ILC-Brasil; 2015. . Este pode ser utilizado como aspiração individual, na qual se espera das pessoas o papel de usufruírem das oportunidades, de acordo com suas necessidades, capacidades e preferências. E, também, para a elaboração de políticas que proporcionem condições fundamentais à manutenção de uma vida ativa11. Centro Internacional de Longevidade Brasil. Envelhecimento ativo: um marco político em resposta à revolução da longevidade. Rio de Janeiro: ILC-Brasil; 2015. -33. Rantanen T, Portegijs E, Kokko K, Rantakokko M, Törmäkangas T, Saajanaho M. Developing an assessment method of active aging: University of Jyvaskyla Active Aging Scale. J Aging Health. 2019;31(6):1002-24. doi: https://doi.org/10.1177/0898264317750449
https://doi.org/10.1177/0898264317750449...
.

Este processo tem diversos determinantes, dentre os quais estão: os sociais; econômicos; ambientais; comportamentais e pessoais; transversais (cultura e gênero) e; relacionados ao acesso a serviços sociais e de saúde22. World Health Organization (WHO). Active ageing: a policy framework. Geneva: WHO; 2002.,44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
-77. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
. Isto mostra a necessidade de atuação intersetorial para atingir o proposto, especialmente, por meio de políticas públicas. Diversas são as iniciativas que promovem o envelhecimento ativo e, dentre elas, está a participação nas atividades universitárias no âmbito da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI)88. Villar F, Serrat R, Celdrán M, Pinazo S. What activities count as active aging? the challenge of classifying diversity. OBM Geriat. 2018;2(4):240-57. doi: https://doi.org/10.21926/obm.geriatr.1804027.
https://doi.org/10.21926/obm.geriatr.180...
-99. Nascimento MM, Giannouli E. Active aging through the University of the Third Age: the Brazilian model. Educ Gerontol. 2019;45(1):11-21. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1572998.
https://doi.org/10.1080/03601277.2019.15...
.

A UNATI se configura como programa de educação permanente, não formal, de caráter universitário e multidisciplinar, que reconhece o envelhecimento como processo em que é possível desfrutar de prazer e bem-estar a partir do desenvolvimento intelectual99. Nascimento MM, Giannouli E. Active aging through the University of the Third Age: the Brazilian model. Educ Gerontol. 2019;45(1):11-21. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1572998.
https://doi.org/10.1080/03601277.2019.15...
-1010. Menéndez S, Pérez-Padilla J, Maya J. Empirical research of university programs for older people in Europe: a systematic review. Educ Gerontol. 2018;44:(9):595-607. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
https://doi.org/10.1080/03601277.2018.15...
. A participação em tal contexto tem demonstrado papel preditivo para comportamentos favoráveis à saúde1111. Zadworna M. Healthy aging and the university of the third age - health behavior and subjective health outcomes in older adults. Arch Gerontol Geriatr. 2020;(90):104126. doi: https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104126.
https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.1...
e sugerido melhora da autopercepção de saúde e da qualidade de vida1212. Leś A, Guszkowska M, Kozdroń E, Piotrowska J, Niedzielska E, Krynicki B. Changes in the quality of life of female participants from the University of the Third Age and their predictors. Adv Rehab. 2019;33(3):19-25. doi: https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745.
https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745....
.

Evidências demonstram notória contribuição da UNATI para pontos chave do envelhecimento ativo11. Centro Internacional de Longevidade Brasil. Envelhecimento ativo: um marco político em resposta à revolução da longevidade. Rio de Janeiro: ILC-Brasil; 2015. ,1212. Leś A, Guszkowska M, Kozdroń E, Piotrowska J, Niedzielska E, Krynicki B. Changes in the quality of life of female participants from the University of the Third Age and their predictors. Adv Rehab. 2019;33(3):19-25. doi: https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745.
https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745....
. No entanto, o serviço ainda necessita de subsídios para angariar espaço nas agendas políticas em busca de firmar-se enquanto serviço incentivado, financeiramente, pelo setor governamental1313. Brasil. Congresso Nacional. Câmara dos Deputados. Brasil 2050: desafios de uma nação que envelhece [Internet]. Brasília (DF): Edições Câmara; 2017 [cited 2021 Jan 15]. Available from: http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/31619.
http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcama...
. Compreender os elementos que influenciam a participação em tal contexto poderá nortear propostas que otimizem as oportunidades aos idosos em níveis micro (universidades e UNATI) e/ou macro políticos.

Ao considerar as vivências dos sujeitos da UNATI, isto é, de idosos, coordenadores e docentes, questiona-se: Quais condições permitem à UNATI tornar-se uma alternativa para o envelhecimento ativo? Infere-se que a participação nesse tipo de atividade proporciona vivências repletas de significados, os quais direcionam as ações dos indivíduos e podem ser modificados e ou reafirmados a partir das situações com as quais se deparam1414. Charon JM. Symbolic interacionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10th ed. London: Pearson; 2009.. Ante ao exposto, este estudo tem como objetivo desvelar as condições que permitem à UNATI configurar-se como possibilidade para o envelhecimento ativo.

MÉTODO

Pesquisa qualitativa que utilizou o Interacionismo Simbólico (IS) como referencial teórico1414. Charon JM. Symbolic interacionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10th ed. London: Pearson; 2009. e a vertente Straussiana da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) como referencial metodológico1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. . O IS é uma teoria que tem por finalidade a apreensão do comportamento, sentimentos, expectativas, entre outros, advindos da interação simbólica. Sob a ótica deste, é possível compreender como os indivíduos interpretam os objetos e pessoas com as quais interagem e, como esta interação, direciona suas ações1414. Charon JM. Symbolic interacionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10th ed. London: Pearson; 2009.. Já a TFD é um método que possibilita gerar explicações a partir da compreensão das ações dos indivíduos em um determinado contexto e frente às situações sociais vivenciadas1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. .

O cenário de estudo foi uma UNATI vinculada a uma Universidade situada em um município brasileiro de médio porte. A UNATI conta com cerca de 400 alunos, 35 docentes e, também, com dois coordenadores (geral e pedagógico). A escolha do referido cenário ocorreu devido à facilidade de acesso aos participantes, uma vez que a pesquisadora tem contato prévio com o programa advindo da participação voluntária como docente em uma disciplina.

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais no período de abril a outubro de 2020. Foram guiadas por um instrumento elaborado pela pesquisadora principal e avaliado por três doutoras com expertise em pesquisa qualitativa e/ou gerontologia. O roteiro foi encaminhado via e-mail às avaliadoras, que ponderaram a forma, sequência e abrangência das questões. A questão disparadora foi: Como você compreende a relação entre a UNATI e envelhecimento ativo? E, conforme a TFD1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. , no decorrer do processo de coleta e análise, novas questões foram inseridas de forma a explorar as lacunas e desenvolver as categorias.

Os sujeitos foram abordados individualmente, via contato telefônico, sobre o interesse em participar da pesquisa. Mediante o aceite verbal, as entrevistas eram agendadas e, também, combinadas as tecnologias que mediariam às mesmas. Isto para reduzir os riscos de infecção advindos da situação de Emergência em Saúde Pública em decorrência da Pandemia do Novo Coronavírus1616. Ministério da Saúde (BR). Gabinete do Ministro. Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial União. 2020 fev 4 [cited 2021 Jan 15];158(24-A seção 1):1. Available from: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=04/02/2020&jornal=600&pagina=1.
https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/...
. Para tanto, utilizaram-se vídeo chamadas de aplicativos (Whatsapp® e Google Meet) e ligações telefônicas de voz.

As entrevistas foram conduzidas por uma pesquisadora com experiência em pesquisa qualitativa, gravadas por meio de dispositivo gravador e transcritas na íntegra. A média de duração destas foi 38 minutos. Conforme preconiza a TFD, a seleção dos participantes respeitou os princípios de amostragem teórica1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. . O primeiro grupo amostral, já previsto no projeto de pesquisa, foi composto por 14 idosos, que atenderam ao seguinte critério de inclusão: idade ≥60 anos e cursar disciplinas UNATI há, pelo menos, seis meses.

Os dois primeiros informantes deste grupo foram escolhidos de forma intencional. Foram convidados idosos que haviam cursado a disciplina na qual a pesquisadora atuou. Após isto, foram buscadas pessoas específicas para ampliar os pontos de vista em relação ao objeto de estudo. A partir do processo de coleta e análise comparativa dos dados referentes ao primeiro grupo amostral, evidenciou-se a lacuna: como a UNATI, enquanto órgão de uma Universidade pública viabiliza estratégias para promover o envelhecimento ativo?

Assim, direcionou-se a continuidade da coleta para o segundo grupo amostral composto pela Coordenação Geral e Pedagógica da UNATI, representada por dois participantes. Isto porque, o objeto investigado possuía significativas relações com o processo de trabalho e/ou iniciativas propostas pelos coordenadores da UNATI. Após a coleta com este grupo, no entanto, percebia-se a necessidade de desenvolver as categoriais e, ainda, de preencher a lacuna já exposta.

A partir dos dados notava-se que a atuação dos docentes era moduladora das ações e interações no ambiente universitário e, assim, estes integraram o terceiro grupo amostral. Os docentes foram escolhidos de forma intencional de modo a contemplar representantes de cada uma das áreas temáticas das disciplinas ofertadas (Meio físico e social; Humanidades; Saúde física e mental; Processos e procedimentos comunicativos; Arte e cultura e; Direito e cidadania). Seis docentes compuseram o grupo e atenderam o critério de inclusão: estar atuando na UNATI há, pelo menos, seis meses.

A coleta se encerrou quando as novas informações surgidas já não alteravam a configuração do fenômeno encontrado. As categorias apresentavam-se consistentes em suas propriedades e dimensões e as relações entre estas estavam bem estabelecidas1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. . Os dados foram codificados com o apoio do software Atlas.ti versão 8.4.24. E, como recomendado pela TFD, a coleta e a análise dos dados foram realizadas de forma concomitante, de modo que só se realizava a entrevista seguinte após a análise da anterior. Para tanto, o processo de codificação ocorreu em três etapas interdependentes: aberta, axial e integração1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. .

Na codificação aberta foram identificados os conceitos, agrupando-os em categorias e subcategorias. Na codificação axial, as categorias e subcategorias foram organizadas a partir do modelo paradigmático formado por três componentes: condições, ações-interações e conseqüências1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. . Na última etapa, a integração, as relações entre as categorias foram interligadas em torno de uma categoria central, que revelou o fenômeno “Tendo a UNATI como forma de otimizar as oportunidades para o envelhecimento ativo”.

A matriz teórica foi validada em um encontro virtual. Neste, participaram representantes dos três grupos amostrais estudados e utilizaram-se os critérios: ajuste, compreensão e generalização teórica1515. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014. . Os dados aqui apresentados derivam de uma tese de doutorado e, em virtude da densidade teórica, esse artigo contempla a categoria que, no emprego do modelo paradigmático, se configura como condições - Vislumbrando a UNATI como uma possibilidade para o bem-estar.

Todos os aspectos éticos e legais foram cumpridos. O projeto foi aprovado sob parecer nº 4.010.030; CAAE: 30056920.5.0000. 0104. Os participantes foram identificados com a letra I, C e D, correspondente ao termo Idoso, Coordenação e Docente, respectivamente, seguido de algarismos arábicos, conforme ordem de realização das entrevistas.

RESULTADOS

Do total de 400 idosos, 14 compuseram o primeiro grupo amostral. Destes, nove eram mulheres e a idade variou entre 62 a 82 anos, com média de 68 anos. A maioria possuía ensino superior (n= 7) e médio (n= 3), seguido de fundamental incompleto (n= 2), fundamental (n =1) e pós-graduação nível stricto sensu nível doutorado (n= 1). Dois exerciam atividades laborais formais; 11 envolviam-se em atividades voluntárias e; 11 relataram pelo menos uma condição crônica. A participação na UNATI ficou entre um e 10 anos, com média de quatro anos.

Dos coordenadores (n= 2), ambos compuseram o segundo grupo amostral e dos docentes (n= 35), seis integraram o terceiro grupo. Quatro eram homens; a idade esteve entre 28 a 72 anos, com média de 50 anos. Sobre a escolaridade, três possuíam mestrado, quatro doutorado e um pós-doutorado. O tempo de atuação na Universidade ficou entre três e 25 anos, com média de 15 anos. Já a atuação na UNATI teve média de seis anos e estava entre dois e 11 anos.

Na figura 1, apresenta-se o diagrama da categoria identificada “Vislumbrando a UNATI como uma possibilidade para o bem-estar”, a qual foi fundamentada em cinco subcategorias.

Figura 1
Diagrama da categoria ‘Vislumbrando a UNATI como uma possibilidade para o bem-estar’ e suas subcategorias.

Compreendendo o envelhecimento ativo

O envelhecimento ativo foi significado como estar e/ou manter-se em atividade e como sinônimo de envelhecimento bem-sucedido. Os participantes entenderam ainda, que o objetivo deste é promover o bem-estar biopsicossocial enquanto se envelhece por meio da (re) integração social. Entendeu-se que a busca pelo envelhecimento ativo se dá durante toda a vida e não somente quando se torna idoso.

Eu entendo que o envelhecimento ativo é você estar em condições físicas e mentais de saúde. É você participar de atividades nesse período. É ter uma participação ativa, participar socialmente no meio onde você se encontra. É você buscar novos conhecimentos e disponibilizar o rol que você acumulou ao longo da sua vida, da sua jornada. (I-5)

Foram identificados condicionantes do envelhecimento ativo aplicáveis a todas as fases da vida, são eles: a cultura; a prevenção de agravos; o estilo e condições de vida e; a interação social e familiar. O sexo foi mencionado, em especial no que tange à dificuldade das mulheres em concluírem o ensino formal quando jovens, de ingressarem no mercado de trabalho e, consequentemente, de acessarem a aposentadoria.

Eu estudei até o quarto ano. E depois, meu pai, acho que ficou com ciúmes de mim e da minha irmã, que já éramos mocinhas e nos tirou da escola [...] Fiquei 43 anos sem estudar, porque eu casei. Quando eu casei, veio o ginásio na nossa cidade e aí o meu marido disse: ‘imagina a mulher dele estudar!.’(I-10)

No tocante aos condicionantes influenciadores de tal processo, sobretudo na terceira idade, elencaram-se a capacidade funcional, a satisfação com o percurso de vida, o entendimento sobre o que é ser idoso e a forma com que se encara o processo de envelhecimento. A possibilidade de organização de uma rotina satisfatória através do planejamento para o período de aposentadoria e da possibilidade de concretização de aspirações de projetos de vida antes não executados, também se mostraram relevantes.

Meu objetivo quando parasse de trabalhar era fazer trabalho voluntário. E foi o que eu fiz. Meus filhos estavam casados e então eu fui fazer meu trabalho voluntário [...] é um aprendizado muito grande e me faz muito bem. (I-6)

Os significados atribuídos ao envelhecimento ativo e o entendimento dos seus condicionantes movimentam os indivíduos em direção aos recursos que consideram necessários para promovê-lo. A partir das oportunidades existentes em seu contexto e das motivações (internas e externas), os indivíduos envolveram-se em atividades físicas, sociais, intelectuais, aprendizagem, manuais, religiosas e de estimulação cognitiva.

O conceito já é difundido. Não apenas entre nós, mas entre os alunos. Não se vê o envelhecimento como um fim, mas como um meio de desenvolver um projeto de vida, de cognição, de convívio social. (C-15)

[...] é esse entendimento interior que a pessoa tem de como encarar a vida no que passou, no que está e no que virá [...] é se manter aberta para como vai viver. (D-17)

Idosos, coordenação e docentes apresentaram um entendimento convergente sobre o conceito do envelhecimento ativo. Compreenderam, também, que tais significados são influenciados por determinantes sociais, os quais modulam, inclusive, o perfil de participantes da UNATI. Tal perfil será discutido na próxima subcategoria.

O perfil dos participantes da UNATI influenciado por determinantes sociais

O significado atribuído à terceira idade, o estilo de vida, as condições socioeconômicas e de saúde e sexo foram influenciadores da participação nas atividades universitárias. Participantes da UNATI significam e percebem o envelhecimento como uma possibilidade para o desenvolvimento. E isto, faz com que tomem decisões cujo objetivo é fortalecer tal processo.

Por outro lado, a interação dos idosos com seus pares na comunidade, representa uma possibilidade de colocar-se no lugar do outro para capturar sua perspectiva. Essa interação fornece outra concepção e alude ao entendimento de que se vê o envelhecimento, após a aposentadoria, como sinônimo de envolvimento em poucas atividades ou ainda de desocupação. Percebe-se como consequência desse significado, a limitação nas oportunidades de engajamento.

Têm idosos que não procuram atividade nenhuma e se isolam de tudo. Pensam que a velhice é ficar dentro de casa com os afazeres do lar. Isso não me preenche. Isso faz parte do meu dia a dia, mas só isso não me preenche, não preenche meu tempo. Eu preciso de alguma coisa fora de casa, um relacionamento, um aprendizado. Eu necessito disto, não consigo viver sem. (I-8)

Evidenciou-se também, que participantes da UNATI vêm de uma trajetória com estilo de vida marcado pela participação em diferentes atividades, além das trabalhistas, e de adoção de práticas saudáveis. Ou seja, os idosos, no decorrer da vida, selecionaram estímulos relevantes às suas necessidades e tem no envelhecimento uma continuidade de tais ações e não um marco para adoção de um estilo de vida distinto.

Sobre a condição socioeconômica, em especial no que tange à escolaridade, esta modulou o acesso e à continuidade de participação na UNATI. Atrelou-se às pessoas idosas com baixa ou nenhuma escolaridade o receio de buscar à UNATI, ao auto avaliarem-se com capacidade de aprendizagem e interação social insuficiente. Vinculou-se a esse ponto também, a desistência dos cursos, em especial dos mais teóricos.

A classe social também foi influenciadora do acesso à UNATI. Entendeu-se que a necessidade de o envolvimento em atividades trabalhistas, após a aposentadoria, para sustento próprio e/ou familiar tem limitado à participação. Além disso, alude-se que a classe social baixa sinta-se, historicamente, não autorizada a ingressar na Universidade e/ou que não saiba da existência de tal e/ou tenha dificuldades de acesso devido à baixa escolaridade.

Eu tenho observado e tenho alguns levantamentos de que é a classe média, o público da UNATI. Então não atingimos a classe baixa. A classe baixa ainda se sente não autorizada a entrar na UNATI, às vezes nem sabe o que é UNATI. (C-15)

No que concerne ao sexo, atribuíram-se significados explicativos para expressivo contingente de mulheres matriculadas. Entendeu-se que estas, apesar das dificuldades de acesso à educação e trabalho quando jovens, tendem a assumir estilos de vida mais saudáveis enquanto envelhecem, o que inclui buscar por atividades de aprendizagem. De modo distinto, atribuiu-se aos homens comportamentos que os restringem a poucas atividades.

[...] principalmente os homens não procuram a UNATI. A minha tese é de que a mulher vai envelhecendo e a mente vai se abrindo, ela não vai se acomodando, ela vai a cada dia buscando se enquadrar nessa modernidade que está tendo e, o homem, não. O homem se fecha ou só vai naquele barzinho da esquina ou na praça ou só fica em casa arrastando chinelo e reclamando. É esse o perfil do homem quando envelhece. (I-11)

Outros fatores afunilam um perfil dos participantes, como a condição de saúde e/ou capacidade funcional e a responsabilidade no cuidado e/ou atenção aos familiares dependentes e aos netos. Tais condições apresentaram-se como relevantes, mas o nível de interesse e motivação para ingressar, o apoio recebido (familiar e da comunidade da UNATI), o prazer gerado na participação, configuraram estímulos notáveis, contrabalanceando a influência dos determinantes citados e oportunizando a heterogeneidade no perfil dos alunos da UNATI.

[...] meu filho me levou na UNATI da Universidade, me mostrou tudo e falou ‘mãe, a senhora pode vir estudar aqui’ [...] Eu achava que era a mais ignorante, a mais atrasadinha que veio lá daquela cidadezinha, que não conhecia nada daqui, que ia ficar excluída, que não era capaz de acompanhar os alunos daqui. Mas não! Fui muito bem acolhida. O respeito que uns tem pelos outros, o carinho, as brincadeiras, as amizades, o aconchego. (I-10)

[...] tem aqueles que não fizeram universidade e a UNATI é aberta. Têm desde alunos que não tem nível superior até alunos que tem doutorado. (C-14)

Esta subcategoria permitiu compreender que os significados advindos da interação que os indivíduos idosos têm na comunidade em que vivem e, também na UNATI, tem influenciado a busca pelo serviço e a continuidade neste. A influência sociocultural modulou os sistemas de significados, o que esboçou um perfil de participantes, mas em algumas situações, fatores motivacionais intrínsecos e o apoio social se sobressaíram, ocasionando a heterogeneidade entre os alunos idosos.

Motivações para a participação na UNATI

As ocupações do ambiente doméstico e/ou trabalhista não foram suficientes para o atendimento das necessidades biopsicossociais dos idosos. Aposentados e que não exercem atividades formais perceberam-se com pouca ou nenhuma atividade a ser executada. Além disso, o sentimento de solidão esteve presente aos que residiam sozinhos ou possuíam familiares envolvidos em atividades laborais durante o dia e/ou para aqueles que não participavam de nenhum tipo de atividade.

Levava meus filhos para o trabalho e escola. Levava os três, de manhã, cada um no seu lugar e voltava para a casa. Como estava sozinho pegava a bicicleta ou ia caminhar. Chegava na esquina e pensava ‘para onde eu vou? vou fazer o que?’ parava e bloqueava essa caminhada ou pedalada. Eu voltava para a casa e dormia até às 11 horas e isso virou uma rotina. (I-3)

Tais situações mobilizaram os idosos a interagirem com os objetos sociais, a atribuírem significados e interpretarem suas vivências de forma a vislumbrarem uma nova realidade que atendesse seus anseios. Ao perceberem-se com a necessidade de ocupar o tempo disponível em uma atividade extra lar e/ou trabalhista e com a capacidade de se desenvolverem por meio do aprendizado, empreenderam a ação de buscar a UNATI.

O desenvolvimento através do aprendizado foi motivação reforçada pela oportunidade de se dar no ambiente universitário. Apreendeu-se que a UNATI permite aos idosos conhecerem e integrarem tal ambiente e terem aulas com professores universitários, buscando com essa interação contribuições para a cognição, intelectualidade e desempenho nas atividades cotidianas.

[...] os próprios professores estão no auge da sua atividade intelectual. Eles têm um conhecimento muito grande e, compartilhar esse conhecimento, é um dos pontos que criou uma expectativa para entrar. (I-5)

Outras motivações foram a possibilidade da interação social com pessoas de distintas faixas etárias; a necessidade auto percebida de melhorar os relacionamentos a partir do aprendizado; a atualização e/ou conhecimento sobre os avanços científico-tecnológicos; configurar-se como um bom exemplo de envelhecimento para a família e sociedade e; preparar-se para o período da aposentadoria.

Eu esperava uma interação com as pessoas da mesma faixa etária, que pudesse se sentir acolhida, bem vinda ao grupo, nesse sentido, de novas amizades. E não só de preencher o tempo, é ir buscar cultura [...] É buscar amizade, interação e conhecimento. (I-12)

Coordenadores e docentes apresentaram motivações externas atreladas às necessidades impostas pela transição demográfica, à atuação em área de pesquisa sobre envelhecimento e às contribuições da UNATI na execução das funções da Universidade junto à sociedade. Já as internas aludem à possibilidade de criarem disciplinas conforme seu interesse pessoal ou profissional. E para alguns, entender sobre o envelhecimento por estar próximo a esta fase e manter-se ativo após a aposentadoria, justificou a participação.

[...] por um período grande da minha vida eu tenho investido em muitos estudos na área do autoconhecimento. E eu pensei em criar uma disciplina com conteúdos voltados para o autoconhecimento e espiritualidade para essa faixa etária [...] pelo fato de eu estar entrando nesse processo de envelhecimento foi uma área que eu me identifiquei para continuar trabalhando, continuar ativa, continuar em processo do que eu entendo como um envelhecimento ativo e pro-ativo e ainda produtivo. (D-17)

As motivações para participação e/ou atuação dos alunos, professores e coordenadores resultam dos significados atribuídos às suas vivências, às necessidades pessoais ou profissionais percebidas e às expectativas das contribuições do programa para a sociedade. Tais interpretações conduziram à busca para a vinculação e permitem inferir que a UNATI é vislumbrada como possibilidade para o envelhecimento ativo.

Conhecendo a UNATI

Os idosos conheceram a UNATI por meio de entrevistas assistidas pela televisão, de projetos executados por meio desta em ambientes externos e através da própria comunidade (alunos, docentes e coordenadores). No entanto, ao ingressar no programa, alguns entendiam que este se configurava apenas como um programa de lazer e convivência ou que ofertava cursos formais ou ainda não sabiam do que se tratava. A situação de desconhecimento sobre o programa também ocorreu junto a alguns decentes.

Eu imaginava que a UNATI, por ter professores da Universidade, dá uma ideia de que você vai ter uma disciplina com provas, que vai ter que cumprir uma carga horária. (I-6)

Eu me afastei para o doutoramento e no retorno estava uma possibilidade de trabalhar com a UNATI. Um convite que a UNATI faz para os departamentos. Levei um susto ‘eu não sei o que é, não sei como posso contribuir’. E eu assustei. (D-20)

A participação permitiu compreender que a UNATI é um programa que oferta conhecimento científico em diversas áreas, promovendo a função de sociabilização dos idosos, de forma a estimulá-los a assumirem o protagonismo de suas vidas. Entendeu-se ainda, que se distingue de outros programas para idosos, com papel único na oferta do conhecimento, revelando-se como mais desafiadora quando comparada a outras práticas, devido aos estímulos demandados na participação.

A UNATI tem esse papel que é só dela. Ninguém faz isso. As igrejas estão voltadas aos valores e textos sagrados. Ela não tem preparo para lidar com isso. As associações dos idosos são mais recreativas. O espaço de ensino, pesquisa e convívio tem que ser a UNATI. Então a UNATI é também um espaço cultural para isso. (D-18)

Pontuou-se como importante o entendimento de que a UNATI não é um programa lúdico, uma vez que, como órgão da Universidade, deve ancorar-se nos pilares do ensino, pesquisa e extensão. O foco é o primeiro e os últimos configuram-se como estratégias para maximizar as oportunidades de participação. Sobre o ensino, a criação de cursos derivados das grandes áreas do conhecimento, conduzidos a partir de distintas linhas didático pedagógicas, representou uma forma de ajustar-se aos anseios dos diferentes perfis de idosos.

[...] o número de disciplinas ofertadas são variadas. Por exemplo, tem disciplinas que exigem um pouco mais. Então eles vão lá e sabem que vão ter que pensar um pouco [...] e tem aquele pessoal que não quer pensar, que quer reproduzir ou aprimorar habilidades manuais, então vai lá aprender origami ou vai rememorar brinquedos de infância [...]. E tem aqueles também que são muito pragmáticos, que vem à UNATI para aprender computação ou aprender inglês, porque quer viajar. (C-15)

Com relação à extensão, iniciativas isoladas foram pontuadas, sendo estas, sobretudo, advindas de parcerias com projetos executados na universidade. Referente à pesquisa, percebeu-se que a UNATI configurou-se como campo em expansão para as diversas áreas, com investigações atribuídas especificamente ao público idoso e outras sobre a atuação e/ou interface do programa com as diversas políticas públicas. Estas se vincularam a projetos de graduação e pós-graduação orientados por pesquisadores internos e externos à Universidade.

Os participantes expressaram suas expectativas em relação ao que consideravam o papel da UNATI antes de adentrarem em seu contexto e, também, o entendimento após participarem. Entendeu-se ainda, que a atuação da UNATI, atrelada às funções da Universidade, deve ser compreendida tanto por seus membros quanto pela sociedade.

Políticas públicas e institucionais: entraves e possibilidades

Entraves para a participação na UNATI foram identificados. O entendimento da sociedade sobre o idoso foi percebido como um obstáculo para elaboração e efetivação de políticas públicas adequadas. O enfoque assistencialista das políticas, em detrimento do incentivo ao desenvolvimento de competências, retroalimenta a visão distorcida sobre o envelhecimento, ofusca a importância na Universidade para o público idoso e acarreta obstáculos para o incentivo de programas como a UNATI.

Os assistencialistas são importantes para os idosos que estão em risco econômico bastante acentuado, mas a gente vê pouco aproveitamento. Não falo isso nem de mercado de trabalho, mas pouco aproveitamento do que o idoso tem para ensinar e de uma maneira mais ativa. A gente precisa aprender enquanto sociedade a continuar aprendendo com o idoso. (C-16)

O apoio financeiro do Estado, para a manutenção da Universidade, tem influenciado na capacidade operacional da UNATI, tendo em vista que é um órgão que não tem orçamento próprio. A crise vivenciada, em especial, relativo ao quantitativo cada vez menor de docentes efetivos, devido a não contratação, tem tido impacto negativo na oferta de cursos na UNATI. As atividades da Universidade concentram-se em um número menor de profissionais e, além disso, as políticas de Estado priorizam que a pesquisa e extensão sejam realizadas por docentes efetivos, o que gera sobrecarga e prejudica o engajamento ao ensino na UNATI.

A gente sabe da luta que é ofertar disciplinas. Há três anos tínhamos mais cursos que hoje. Tem essa luta, porque como a UNATI não tem o orçamento próprio, é necessário fazer um aproveitamento do que tem dentro da estrutura da Universidade. (I-5)

[...] perdemos muitos professores por conta da crise do ensino da Universidade. Como os professores não estavam sendo contratados, outros tiveram que cobrir [...] Todos os departamentos sofreram muito com as aposentadorias. Por exemplo, se eu me aposentar agora, eles (Estado) não vão contratar um professor fixo, não sei nem se um temporário. Então, a UNATI também vai ficar defasada. (C-15)

Os recursos humanos da secretaria e coordenação da UNATI foram tidos como insuficientes para a execução das funções do programa. A partir desse panorama de carência de recursos profissionais, a estratégia utilizada para definir a capacidade operacional da UNATI em termos de quantitativo de alunos é o sorteio de vagas. Por isso, há prudência quanto à sua divulgação à sociedade devido à limitada capacidade de atendimento.

No âmbito da Universidade, percebeu-se a necessidade de uma estratégia institucional para vinculação/integração entre os departamentos e a UNATI. Possibilidades foram vislumbradas dentro da capacidade atual da instituição, como a consolidação de grupos de geriatria e gerontologia ou ainda a integração de idosos em eventos promovidos pela mesma.

Acho que ainda permanece como se tivessem duas Universidades dentro de uma só [...] é experimentando que se verifica qual o caminho é mais bem-sucedido. Podia ser desde ter um ofício em que pedisse que todos os cursos comunicassem a UNATI quando tivesse uma palestra ou uma mesa redonda para que os alunos da UNATI pudessem ter acesso a esses eventos. Isto porque, normalmente esses eventos trazem contribuições muito bacanas e acho que é um caminho para o diálogo e interação. (D-18)

O surgimento de uma área de gerontologia forte dentro da Universidade seria um avanço considerável [...] Faria com que o trabalho com a terceira idade ganhasse mais força e visibilidade. (D-16)

Outro ponto elencado como factível para uma política institucional foi à integração intergeracional. Isto a partir do encontro entre os alunos da UNATI e os acadêmicos regulares, seja por meio da participação dos primeiros em disciplinas da graduação ou pela utilização da UNATI como campo de estágio e/ou atividade prática para o segundo grupo.

Por fim, entendeu-se que os entraves dificultam as repercussões da UNATI para o envelhecimento ativo. E, para tais, os sujeitos trouxeram estratégias viáveis que poderiam minimizá-los e/ou ampliarem as possibilidades para o envelhecimento ativo, como a criação de grupos de gerontologia, a participação dos idosos nas atividades regulares da graduação e o fortalecimento da integração intergeracional na universidade.

DISCUSSÃO

O estudo desvelou as condições que permitem à UNATI configurar-se como possibilidade para o envelhecimento ativo. Estas se relacionaram aos significados atribuídos ao envelhecimento saudável, às ações realizadas para obtê-lo e aos determinantes sociais, os quais influenciaram tais percepções e ações e, também, a participação nas atividades universitárias para idosos. Outras condições foram atinentes à forma de atuação da UNATI e às políticas públicas e institucionais, que (in) viabilizaram possibilidades para o envelhecimento ativo no contexto universitário.

Em relação à compreensão do envelhecimento ativo, abordada na primeira subcategoria, o conceito foi significado pelos participantes como sinônimo de envelhecimento bem-sucedido. Este se relaciona ao conjunto de fatores que permitem ao indivíduo continuar a funcionar eficazmente do ponto de vista físico e mental1717. Simões A. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar; 2006.. Já o envelhecimento ativo, considera a participação contínua em assuntos sociais, econômicos, culturais, espirituais e cívicos, e não apenas a capacidade de estar fisicamente ativo e integrar a força de trabalho22. World Health Organization (WHO). Active ageing: a policy framework. Geneva: WHO; 2002..

Os resultados reforçam a compreensão de que o envolvimento em atividades não é simplesmente uma escolha pessoal, mas perpassa, tanto nacional quanto internacionalmente, os contextos sociais, econômicos e ambientais44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
-77. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
. Ademais, as inter-relações entre características pessoais ligadas à condição socioeconômica e a problemas de saúde também se configuram como determinantes relevantes para a participação44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
.

Fatores individuais que limitam a participação em atividades sociais relacionam-se à idade (>80 anos), à presença de múltiplas condições de saúde, ao comprometimento cognitivo, ao déficit visual44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
,66. Aroogh MD, Shahboulaghi FM. Social participation of older adults: a concept analysis. Int J Community Based Nurs Midwifery. 2020;8(1):55-72. doi: https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.822...
) e auditivo, à presença de sintomas depressivos e à auto avaliação de saúde ruim55. Souza NFS, Barros MBA. Level of active aging: influence of environmental, social and health-related factors. Arch Gerontol Geriatr. 2020;90:e104094. doi: https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104094.
https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.1...
. Já os socioeconômicos, associam-se à baixa escolaridade e renda familiar44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
,66. Aroogh MD, Shahboulaghi FM. Social participation of older adults: a concept analysis. Int J Community Based Nurs Midwifery. 2020;8(1):55-72. doi: https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.822...
-77. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
e à percepção de suporte social insuficiente66. Aroogh MD, Shahboulaghi FM. Social participation of older adults: a concept analysis. Int J Community Based Nurs Midwifery. 2020;8(1):55-72. doi: https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.822...
.

Estudos sugerem preditores vinculados a fatores ambientais, como o acesso a recursos locais e; fatores sociais, que aludem ao nível de confiança para executar a atividade, à comunicação, às políticas sociais adequadas aos idosos, à ausência de normas sociais limitantes, à discriminação por idade e ao estresse social44. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
https://doi.org/10.1590/1414-462x2017000...
,66. Aroogh MD, Shahboulaghi FM. Social participation of older adults: a concept analysis. Int J Community Based Nurs Midwifery. 2020;8(1):55-72. doi: https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.822...
. No que tange ao sexo, mulheres são mais propensas a participarem de atividades sociais, voluntárias e de aprendizagem, enquanto homens preferem engajar-se mais em atividades trabalhistas e cívicas77. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
.

Tais características afunilam a participação em atividades, o que não é diferente na UNATI. Pesquisas apontam que a maioria dos participantes são mulheres, na faixa etária entre 60 e 70 anos, casadas e com nível de escolaridade médio ou superior1010. Menéndez S, Pérez-Padilla J, Maya J. Empirical research of university programs for older people in Europe: a systematic review. Educ Gerontol. 2018;44:(9):595-607. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
https://doi.org/10.1080/03601277.2018.15...
,1818. Zielinska-Wieczkowska H, Sas K. The sense of coherence, self-perception of aging and the occurrence of depression among the participants of the university of the third age depending on socio-demographic factors. Clin Interv Aging. 2020;15:1481-91. doi: https://doi.org/10.2147/CIA.S260635.
https://doi.org/10.2147/CIA.S260635. ...
. Como barreiras para a participação estão os problemas de saúde, o difícil acesso devido à distância, à falta de informação sobre o programa e à necessidade de cuidar de entes familiares1010. Menéndez S, Pérez-Padilla J, Maya J. Empirical research of university programs for older people in Europe: a systematic review. Educ Gerontol. 2018;44:(9):595-607. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
https://doi.org/10.1080/03601277.2018.15...
. Compreende-se, portanto, a determinação social como condição limitante para a participação nas atividades universitárias, que permeia, inclusive, as motivações para matricular-se nestas.

Pesquisas realizadas em diferentes contextos apontam a necessidade de aquisição de conhecimento, o desenvolvimento pessoal, a busca de estratégias para lidar com mudanças, a ocupação do tempo disponível e a ampliação das relações sociais como expectativas dos idosos ao buscar o programa1010. Menéndez S, Pérez-Padilla J, Maya J. Empirical research of university programs for older people in Europe: a systematic review. Educ Gerontol. 2018;44:(9):595-607. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
https://doi.org/10.1080/03601277.2018.15...
. Entende-se que as motivações para participação, tanto dos idosos como dos profissionais, advêm de significados oriundos da interação no contexto, o que permite inferir que a UNATI é vista como oportunidade para atendê-las e, portanto, vislumbrada como oportunidade para o envelhecimento ativo.

Outra condição identificada relaciona-se à atuação do programa, que no modelo brasileiro, tem as Universidades como fundamentais para sua existência. Nesse contexto, as equipes são qualificadas e contribuem com excelência para a execução da função do programa. Ademais, a UNATI, ao estar dentro do ambiente universitário formal, tem oportunizado a integração intergeracional, o aprimoramento do ensino para o público idoso, o desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa e, também, da gerontologia99. Nascimento MM, Giannouli E. Active aging through the University of the Third Age: the Brazilian model. Educ Gerontol. 2019;45(1):11-21. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1572998.
https://doi.org/10.1080/03601277.2019.15...
.

As políticas públicas representam outra condição de relevante influência ao considerar a interface entre a UNATI e o envelhecimento ativo. Entende-se que existem avanços no âmbito destas para atender às necessidades e direitos dos idosos, mas ainda há um hiato entre o que está vigente e o que é praticado. Isto se dá em virtude das dificuldades para a implementação ligadas à dotação orçamentária e liderança governamental1919. Neumann LTV, Albert SM. Aging in Brazil. Gerontologist. 2018;58(4):611-7. doi: https://doi.org/10.1093/geront/gny019
https://doi.org/10.1093/geront/gny019...
.

É necessário para o cumprimento das políticas de atenção ao idoso, inclusive do envelhecimento ativo, o compartilhamento de responsabilidades entre os setores, através de parcerias institucionais permanentes. Compreende-se a indispensabilidade de indicadores pactuados interfederativamente, com a corresponsabilização intersetorial, para orientar o processo de formulação, implementação, monitoramento e alcance das políticas2020. Torres KRBO, Campos MR, Luiza VL, Caldas CP. Evolução das políticas públicas para a saúde do idoso no contexto do Sistema Único de Saúde. Physis. 2020;30(1):e300113. doi: https://doi.org/10.1590/s0103-73312020300113.
https://doi.org/10.1590/s0103-7331202030...
. Este processo poderia dar vulto à Universidade e à UNATI na efetivação de tais políticas, que tem influenciado diretamente as práticas no contexto em suas potencialidades e fragilidades.

Por fim, entende-se que a UNATI é contexto de oportunidades para o envelhecimento ativo, mas também de desafios. No âmbito das oportunidades, acredita-se que oportuniza a contribuição da Universidade com a sociedade, de forma direta ao atender os idosos em seus anseios e, de forma indireta, através destes que poderão colaborar com sua família e sociedade. Para o enfrentamento dos desafios, tornam-se necessárias estratégias que contemplem a diminuição das desigualdades sociais ao longo da vida das pessoas, para que possam vislumbrar mais possibilidades para o envelhecimento ativo55. Souza NFS, Barros MBA. Level of active aging: influence of environmental, social and health-related factors. Arch Gerontol Geriatr. 2020;90:e104094. doi: https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104094.
https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.1...
,77. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
, como a UNATI.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste estudo possibilitou desvelar que a UNATI se configura como uma possibilidade para o envelhecimento ativo. As condições que permitem isto se relacionam aos significados atribuídos ao envelhecimento bem sucedido e às ações realizadas para obtê-lo; aos determinantes sociais que influenciam a participação em atividades, como as questões socioeconômicas e de saúde e; às motivações para a busca pelo programa, dentre as quais, tem-se a aquisição de conhecimento, desenvolvimento pessoal e ampliação de relações sociais.

Outras condições vinculam-se ao conhecimento sobre a função da UNATI, que se orienta pelos mesmos pilares da universidade tradicional (ensino, pesquisa e extensão) e; às políticas públicas e institucionais, que (in) viabilizam possibilidades para o envelhecimento ativo no contexto na universidade.

As limitações da pesquisa relacionam-se ao fato das entrevistas terem ocorrido por intermédio de tecnologia, o que dificultou uma maior aproximação entre pesquisador e entrevistado. Mas isto não inviabilizou a importância dos achados, que contribuem para a saúde pública e enfermagem, ao mostrarem a relevância de um programa da área da educação, público e gratuito, como potencialidade na efetivação de uma política de saúde. Ademais, tem potencial para subsidiar a organização das UNATI nas universidades, sobretudo públicas.

Para, além disto, entende-se que a enfermagem, categoria profissional inserida em diversos contextos de prática e gestão, poderá ter o programa como aliado no cuidado às pessoas idosas, bem como fortalecê-lo enquanto potencial ponto de atenção de uma rede intersetorial. Por fim, no âmbito do ensino, poderá otimizar o espaço da UNATI como campo de prática para os futuros enfermeiros, visando formar competências para o cuidado de idosos não dependentes.

Agradecimentos: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

REFERENCES

  • 1. Centro Internacional de Longevidade Brasil. Envelhecimento ativo: um marco político em resposta à revolução da longevidade. Rio de Janeiro: ILC-Brasil; 2015.
  • 2. World Health Organization (WHO). Active ageing: a policy framework. Geneva: WHO; 2002.
  • 3. Rantanen T, Portegijs E, Kokko K, Rantakokko M, Törmäkangas T, Saajanaho M. Developing an assessment method of active aging: University of Jyvaskyla Active Aging Scale. J Aging Health. 2019;31(6):1002-24. doi: https://doi.org/10.1177/0898264317750449
    » https://doi.org/10.1177/0898264317750449
  • 4. Pinto JM, Neri AL. Factors related to low social participation in older adults: findings from the Fibra study, Brazil. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):286-93. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
    » https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030300.
  • 5. Souza NFS, Barros MBA. Level of active aging: influence of environmental, social and health-related factors. Arch Gerontol Geriatr. 2020;90:e104094. doi: https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104094.
    » https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104094.
  • 6. Aroogh MD, Shahboulaghi FM. Social participation of older adults: a concept analysis. Int J Community Based Nurs Midwifery. 2020;8(1):55-72. doi: https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
    » https://doi.org/10.30476/IJCBNM.2019.82222.1055.
  • 7. Souza NFS, Medina LBP, Bastos TF, Monteiro CN, Lima MG, Barros MBA. Social inequalities in the prevalence of indicators of active aging in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(Suppl 2):E190013.SUPL.2. doi: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
    » https://doi.org/https://doi.org/10.1590/1980-549720190013.supl.2.
  • 8. Villar F, Serrat R, Celdrán M, Pinazo S. What activities count as active aging? the challenge of classifying diversity. OBM Geriat. 2018;2(4):240-57. doi: https://doi.org/10.21926/obm.geriatr.1804027.
    » https://doi.org/10.21926/obm.geriatr.1804027.
  • 9. Nascimento MM, Giannouli E. Active aging through the University of the Third Age: the Brazilian model. Educ Gerontol. 2019;45(1):11-21. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1572998.
    » https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1572998.
  • 10. Menéndez S, Pérez-Padilla J, Maya J. Empirical research of university programs for older people in Europe: a systematic review. Educ Gerontol. 2018;44:(9):595-607. doi: https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
    » https://doi.org/10.1080/03601277.2018.1518459
  • 11. Zadworna M. Healthy aging and the university of the third age - health behavior and subjective health outcomes in older adults. Arch Gerontol Geriatr. 2020;(90):104126. doi: https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104126.
    » https://doi.org/10.1016/j.archger.2020.104126.
  • 12. Leś A, Guszkowska M, Kozdroń E, Piotrowska J, Niedzielska E, Krynicki B. Changes in the quality of life of female participants from the University of the Third Age and their predictors. Adv Rehab. 2019;33(3):19-25. doi: https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745.
    » https://doi.org/10.5114/areh.2019.87745.
  • 13. Brasil. Congresso Nacional. Câmara dos Deputados. Brasil 2050: desafios de uma nação que envelhece [Internet]. Brasília (DF): Edições Câmara; 2017 [cited 2021 Jan 15]. Available from: http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/31619.
    » http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/31619.
  • 14. Charon JM. Symbolic interacionism: an introduction, an interpretation, an integration. 10th ed. London: Pearson; 2009.
  • 15. Corbin J, Strauss A. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Los Angeles: Sage; 2014.
  • 16. Ministério da Saúde (BR). Gabinete do Ministro. Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial União. 2020 fev 4 [cited 2021 Jan 15];158(24-A seção 1):1. Available from: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=04/02/2020&jornal=600&pagina=1.
    » https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=04/02/2020&jornal=600&pagina=1.
  • 17. Simões A. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar; 2006.
  • 18. Zielinska-Wieczkowska H, Sas K. The sense of coherence, self-perception of aging and the occurrence of depression among the participants of the university of the third age depending on socio-demographic factors. Clin Interv Aging. 2020;15:1481-91. doi: https://doi.org/10.2147/CIA.S260635.
    » https://doi.org/10.2147/CIA.S260635.
  • 19. Neumann LTV, Albert SM. Aging in Brazil. Gerontologist. 2018;58(4):611-7. doi: https://doi.org/10.1093/geront/gny019
    » https://doi.org/10.1093/geront/gny019
  • 20. Torres KRBO, Campos MR, Luiza VL, Caldas CP. Evolução das políticas públicas para a saúde do idoso no contexto do Sistema Único de Saúde. Physis. 2020;30(1):e300113. doi: https://doi.org/10.1590/s0103-73312020300113.
    » https://doi.org/10.1590/s0103-73312020300113.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Jan 2021
  • Aceito
    08 Nov 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br