Resultados sensíveis à prática de enfermagem: pesquisa clínica e evidência

A disciplina de enfermagem, hoje concebida como uma ciência da saúde e do comportamento a partir do ponto de vista dos cuidados, contribui para a definição dos resultados esperados e indicadores de saúde, com base nas evidências científicas. ⁽¹⁾

As evidências científicas são uma prova, algo que é demonstrado ou confirmado por meio de pesquisa. Portanto, a pesquisa clínica consistiria em responder a perguntas, a fim de gerar “evidências ou conhecimentos úteis” sobre previsões ou intervenções em saúde, através de rigorosos critérios metodológicos que contribuam para melhorar os resultados na saúde da população. ^(2-3)

Os resultados em saúde são as coordenadas para alcançar a qualidade e, portanto, a segurança clínica, pois indicam o efeito atribuível à presença ou ausência de uma intervenção em um estado de saúde, comportamento ou percepção suscetível a essa intervenção. ⁽⁴⁾

Existe um consenso mundial no sentido de que as evidências científicas respaldam cada vez mais a necessidade de implementar resultados que avaliem a contribuição dos cuidados à qualidade e à segurança clínica, destacando a existência de resultados sensíveis à prática de enfermagem (RSPE).^(5-6)

Os RSPE podem ser definidos como mudanças desejadas ou indesejadas que ocorrem no estado de saúde dos indivíduos em reação à prática de intervenções de enfermagem, resultados que afetam a qualidade da assistência e a segurança clínica.⁽⁷⁾

Recentemente, a Classificação de Resultados de Enfermagem (NOC) fez uso de uma estrutura de referência para o desenvolvimento de pesquisas sobre resultados em saúde, permitindo a avaliação dos estados, comportamentos ou percepções variáveis da pessoa, suscetíveis à intervenção de enfermagem. ⁽⁸⁾

Nesse sentido, as pesquisas com Indicadores de Resultados de Enfermagem na realização da validação de instrumentos permitem quantificar Resultados Sensíveis à Prática de Enfermagem. Estes, juntamente com os modelos conceituais, possibilitam a integração da teoria à prática assistencial e servem de substrato para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação das necessidades de cuidados e para a implementação do processo de enfermagem. ⁽¹⁾

Nosso grupo de pesquisa trabalha com essa temática, desenvolvendo instrumentos com o objetivo de melhorar a segurança do paciente e a qualidade no atendimento de saúde, validados em uma ampla rede de hospitais com diferentes modelos de atendimento e níveis de assistência do Sistema Público de Saúde. ⁽⁹⁾

Entre eles, destaca-se o INICIARE, uma importante pesquisa nessa área que, após anos de estudo e com excelentes ajustes psicométricos, determina a necessidade de atendimento ao paciente hospitalizado de um ponto de vista holístico. Essa escala, apoiada em um modelo teórico e implementada por taxonomia de enfermagem, integra a verificação experimental de um modelo com métodos indiretos, dando um passo importante na vinculação entre estes e seus indicadores empíricos. O sistema de classificação INICIARE, com uma sólida base conceitual em sua elaboração, permite expandir as evidências científicas sobre o conceito de complexidade no âmbito da assistência. ^(10-11)

Como parte disso há o INTREGARE, que, com apenas seis itens, determina o risco de úlcera por pressão com alta confiabilidade. A correlação com a escala de Braden é altamente positiva, e ele melhora substancialmente o valor preditivo desta. ⁽¹²⁾

São igualmente numerosos os estudos que evidenciam as repercussões físicas, mentais e sociais do efeito do cuidar nos cuidadores e, portanto, em quem recebe cuidados; assim, o CUIDARE, que tem alta usabilidade, pois mostra uma estrutura unidimensional, informa sobre a adaptação das pessoas cuidadoras ao processo de cuidar. ⁽¹³⁾

Há também o CRITICAL_CARE, mais recente, que tem como objetivo adaptar a escala INICIARE a pacientes críticos para avaliar o nível de complexidade e dependência em cuidados de enfermagem. ⁽¹⁴⁾

Esses instrumentos possibilitam uma estrutura codificada que permite a incorporação aos sistemas de informação dos serviços de saúde e a geração de Conjuntos Mínimos de Dados de Pesquisa em enfermagem. É possível que, neste momento, mais do que nunca, seja necessária uma consolidação de abordagens teóricas que proporcionem visões comuns sobre a pessoa, mas adaptada à diversidade e complexidade que os enfermeiros enfrentam em sua prática atual. ⁽¹⁵⁾

A Enfermagem Baseada em Evidências (EBE) é uma estratégia para que a pesquisa apoie a prática. Portanto, oferecer uma prática baseada em pesquisas e evidências permite o avanço profissional em um alto nível de complexidade e estimula e reage às necessidades de atenção e aos desafios das Organizações.

Referencias

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  28 Out 2019
• Data do Fascículo
  2019