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Condições de trabalho dos profissionais de enfermagem no enfrentamento da pandemia da covid-19

RESUMO

Objetivo

Desencadear uma reflexão sobre as atuais condições de trabalho dos profissionais de enfermagem no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Método

Estudo teórico-reflexivo sustentado por estudos da vertente marxista, artigos científicos nacionais e internacionais e por documentos oficiais da Organização Mundial da Saúde e do Conselho Federal de Enfermagem.

Resultados

O cotidiano laboral dos profissionais de enfermagem diante da pandemia da Covid-19 apresenta condições de trabalho desfavoráveis no Brasil e no mundo todo, com destaque para o déficit de profissionais, sobrecarga de atividades, baixa remuneração e equipamentos de proteção individual, muitas vezes, insuficientes e inadequados, condições essas que podem levar à exaustão, ao adoecimento e à morte.

Conclusão

Este estudo pode contribuir para suscitar discussões sobre a necessidade de melhorias nas condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, especialmente, em tempos de pandemia e o impacto na saúde destes profissionais.

Palavras-chave
Condições de trabalho; Impacto psicossocial; Infecções por coronavírus; Profissionais de enfermagem

ABSTRACT

Objective

To trigger a reflection on the current working conditions of Nursing professionals in coping with the Covid-19 pandemic.

Method

A theoretical-reflective study supported by studies from the Marxist perspective, national and international scientific articles, and official documents from the World Health Organization and the Federal Nursing Council.

Results

The daily work of Nursing professionals in the face of the Covid-19 pandemic presents unfavorable working conditions in Brazil and worldwide, with emphasis on the deficit of professionals, overload of activities, low pay, and personal protective equipment, often insufficient and inadequate, conditions that can lead to exhaustion, illness and death.

Conclusion

This study can contribute to raising discussions about the need for improvements in the working conditions of Nursing professionals, especially in pandemic times and the impact on the health of these professionals.

Keywords
Working conditions; Psychosocial impact; Coronavirus infections; Nurse practitioners

RESUMEN

Objetivo

Elaborar una reflexión sobre las condiciones laborales actuales de los profesionales de enfermería frente a la pandemia del Covid-19.

Método

Análisis teórico-reflexivo sustentado en estudios desde la perspectiva marxista, artículos científicos nacionales e internacionales y documentos oficiales de la Organización Mundial de la Salud y el Consejo Federal de Enfermería.

Resultados

El trabajo diario de los profesionales de enfermería ante la pandemia de Covid-19 presenta condiciones desfavorables en Brasil y en todo el mundo, con énfasis en el déficit de profesionales, sobrecarga de actividades, salarios bajos y equipos de protección personal a menudo insuficientes e inadecuados, condiciones que pueden conducir al agotamiento, la enfermedad y la muerte.

Conclusión

Este estudio puede contribuir a generar discusiones sobre la necesidad de mejorar las condiciones de trabajo de los profesionales de enfermería, especialmente en tiempos de pandemia y el impacto en la salud de estos profesionales.

Palabras clave
Condiciones de trabajo; Impacto psicosocial; Infecciones por coronavirus; Enfermeras practicantes

INTRODUÇÃO

As transformações no mundo do trabalho nestas primeiras décadas do século XXI tem origem a partir da crise estrutural do capital e o processo de reestruturação produtiva iniciado na década de 1970 e que “se caracteriza, dentre outros, pela proliferação das políticas gerenciais que visam a flexibilização e precarização das condições de contratação dos trabalhadores, além da vivência temporal e produtiva mais intensificada das jornadas de trabalho”11. Almeida FMRS, Lima LA. Qualidade de vida no trabalho e saúde do trabalhador: considerações metodológicas. EEDIC. 2017 [cited 2020 Jun 10];4(1):1-6. Available from: http://publicacoesacademicas.unicatolicaquixada.edu.br/index.php/eedic/article/view/2686
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:1.

Essa crise estrutural do capital que envolve e afeta o sistema como um todo é decorrente das “novas transformações sociais e econômicas postas desde a ascensão do modelo taylorista-fordista, com os seus influxos nos anos de 1980/1990, com o enfraquecimento do sistema Fordista-Keynesianismo”22. Silva JPC, Ferreira LS, Almeida BLF. Os impactos das atuais condições de trabalho na saúde do trabalhador: o trabalho sob a nova organização e o adoecimento dos trabalhadores e das trabalhadoras atendidos no Cerest/JP. Braz J Develop. 2019 [cited 2020 Jul 10];5(11):23206-20. Available from: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/4341
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:23207. Estes autores complementam que estas transformações tem impactado na vida e nas condições de trabalho e saúde dos trabalhadores que têm sua capacidade laboral comprometida ao se submeterem às condições precárias de trabalho.

No cotidiano laboral dos profissionais de enfermagem encontram-se ambientes desfavoráveis, más condições de trabalho, sobrecarga, ritmo intenso, jornadas extensas, desgaste físico e psíquico, estresse ocupacional, conflitos interpessoais, baixa remuneração e a desvalorização profissional33. Miranda FMA , Santana LL, Pizzolato AC, Saquis LMM. Condições de trabalho e o impacto na saúde dos profissionais de enfermagem frente a Covid-19. Cogitare Enferm. 2020;25:e72702. doi: https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72702
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-44. Santana LL. Riscos psicossociais e saúde mental em ambiente hospitalar: com a voz o trabalhador [tese]. Curitiba (PR): Programa de Pós-graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Paraná; 2018 [cited 2020 Jun 25]. Available from: https://www.prppg.ufpr.br/siga/visitante/trabalhoConclusaoWS?idpessoal=14957&idprograma=40001016045P7&anobase=2018&idtc=79
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. Na vigência da pandemia, estas condições foram potencializadas e somadas a diversos outros novos fatores que exigem atenção das categorias de enfermagem sobre o exercício de suas profissões em tempos atuais, para análises prospectivas do trabalho em saúde que exercem e proteção de garantias das suas condições de trabalho e da segurança do paciente.

Essa pandemia surgiu em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan/China, com a disseminação de um novo coronavírus responsável por causar a Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), e logo atingiu a sociedade de forma global55. Wei X-S, Wang X-R, Zhang J-C, Yang W-B, Ma W-L, Yang B-H, et al. A cluster of health care workers with Covid-19 pneumonia caused by SARS-CoV-2. J Microbiol Immunol Infect. Forthcoming 2020. doi: https://doi.org/10.1016/j.jmii.2020.04.013
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. Em medida emergercial, a comunidade cintífica caracterizou a existência do novo agente etiológico da família coronaviridae, responsável pela doença do novo coronavírus, denominada Covid-19 (coronavirus disease 19) que, diante de uma veloz propagação pandêmica já tem gerado milhões de casos e óbitos em todo o mundo devido a sua alta transmissibilidade55. Wei X-S, Wang X-R, Zhang J-C, Yang W-B, Ma W-L, Yang B-H, et al. A cluster of health care workers with Covid-19 pneumonia caused by SARS-CoV-2. J Microbiol Immunol Infect. Forthcoming 2020. doi: https://doi.org/10.1016/j.jmii.2020.04.013
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Segundo dados registrados oficialmente, a disseminação da SARS-CoV-2 acabou infectando até o momento (16/01/2021) 94.295.595 pessoas em diversos países do mundo, dos quais 2.018.174 foram a óbito. O Brasil tem registrado 8.393.492 casos e 208.246 óbitos66. World Health Organization (CH). Coronavirus disease (Covid-19): situation report - 188. Washington (DC): WHO; 2020 [cited 2020 Jul 20]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/333576/nCoVsitrep26Jul2020-eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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As fontes utilizadas para alicerçar o percurso teórico deste estudo foram: Marx e Engels77. Mark K, Engels F. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001. -88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013., entre outros autores, que abordam o processo de reestruturação produtiva e suas repercussões nos processos de trabalho dos trabalhadores.

A partir da perspectiva epistemológica do materialismo histórico e dialético, a produção das ideias e da consciência está ligada à atividade, ao comércio material e à linguagem dos homens da vida real, sendo que são os homens reais que produzem as suas representações, da maneira como foram condicionados por um “determinado desenvolvimento das suas forças produtivas e do modo de relações que lhe corresponde, incluindo até as formas mais amplas que estas possam tomar”77. Mark K, Engels F. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001. :17.

A epistemologia marxista torna possível compreender o princípio da totalidade, considerando as múltiplas relações existentes no mundo do trabalho e as vinculações objetivas que envolvem os acontecimentos históricos que expressam os desafios enfrentados pelos trabalhadores diante das contradições nas relações de trabalho77. Mark K, Engels F. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001. .

Frente ao exposto questiona-se: quais são as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem diante do enfrentamento da pandemia da Covid-19? Nesta direção, este estudo teve como objetivo Desencadear uma reflexão sobre as atuais condições de trabalho dos profissionais de enfermagem no enfrentamento desta pandemia.

MÉTODO

Estudo teórico-reflexivo, cuja questão metodológica propõe-se analisar as mudanças advindas no interior da produção do trabalho em enfermagem, com destaque ao contexto da pandemia da Covid-19. Os documentos analisados foram obtidos por meio de artigos científicos nacionais e internacionais, documentos oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Conselho Federal de Enfermagem, entre outros considerados pertinentes. São apresentados dados do relatório “State of the world’s nursing 2020”,elaborado pela OMS, o Conselho Internacional de Enfermeiros e a campanha mundial Nursing Now.

Considerando a pandemia da Covid-19 que colocou em evidência a atuação dos profissionais de enfermagem, optou-se por meio deste estudo dar enfoque a dois eixos temáticos: “O déficit de profissionais de enfermagem e a Covid-19” e “A precarização das condições de trabalho, a sobrecarga de trabalho na pandemia da Covid-19 e a saúde dos profissionais de enfermagem”. A análise apresentada está subsidiada na epistemologia marxista que implica pensar as múltiplas relações existentes neste contexto do trabalho.

O dimensionamento de profissionais de enfermagem e a Covid-19

O relatório elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Conselho Internacional de Enfermeiros e campanha mundial Nursing Now, denominada “State of the world’s nursing 2020”, traduzido para o português como “Situação da enfermagem no mundo 2020”, teve a participação de 191 países e, a partir de dados obtidos com cerca de 80% dos países no mundo sobre 15 indicadores analisados, apresenta argumentos convincentes que demonstram o valor da equipe de enfermagem em todo o mundo e mostra que esta força de trabalho enquanto grupo ocupacional tem se expandido com um aumento de 4,7 milhões no total durante o período 2013-2018, representando cerca de 59% dos profissionais de saúde99. World Health Organization (CH). State of the worldʼs nursing 2020: Brazil [Internet]. Washington (DC): WHO ; 2020 [cited 30 Jul 27]. Available from: https://apps.who.int/nhwaportal/Sown/Files?name=BRA
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Dentre os 27,9 milhões de profissionais de enfermagem, 19,3 milhões (69%) são enfermeiros, 6,0 milhões (22%) são auxiliares de enfermagem e 2,6 milhões (9%) não foram classificados em nenhum destes dois grupos. Entretanto, apesar desse aumento, a ampliação ainda é desproporcional em relação ao ritmo acelerado das modificações sociais, econômicas, ambientais, epidemiológicas, assim como as distintas demandas e necessidades de países desenvolvidos e em desenvolvimento, no que tange à sua crescente demanda populacional99. World Health Organization (CH). State of the worldʼs nursing 2020: Brazil [Internet]. Washington (DC): WHO ; 2020 [cited 30 Jul 27]. Available from: https://apps.who.int/nhwaportal/Sown/Files?name=BRA
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Em relação ao Brasil, os dados indicam que os profissionais de enfermagem representam 2.119.620 (70,2%) do pessoal de saúde, dos quais 511.535 (24,12%) são Enfermeiros e 1.608.085 (75,88%) pertencem às demais categorias de enfermagem (Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de enfermagem, Atendentes de Enfermagem e Obstetrizes). A densidade é de 101,4 profissionais de enfermagem por 10 mil habitantes, o que indica uma densidade acima do limite em comparação com demais referências1010. Legido-Quigley H, Mateos-García JT, Campos VR, Gea-Sánchez M, Muntaner C, McKee M. The resilience of the Spanish health system against the Covid-19 pandemic. Lancet Public Health. 2020;5(5):e251‐2. doi: https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30060-8
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A assistência em enfermagem no país é realizada majoritariamente pelos trabalhadores de nível médio, força de trabalho quantitativamente maior e com menor qualificação. Esta relação entre a curta formação e grande oferta de cursos, entre outros fatores facilitadores, faz com que a compra desta força de trabalho esteja sempre abaixo do seu valor, permitindo até então, um “exército de reserva”, ou seja, uma massa grande ou “superpopulação” de trabalhores disponíveis para o empregador e que auxilia a regulação do nivelamento salarial quase sempre abaixo da força de trabalho que exerce a profissão88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013.. Constitui-se assim, uma reserva disponível que pertence ao capital de maneira tão absoluta, como um material humano sempre pronto a ser explorado e como se este sistema o tivesse criado por sua própria conta88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013..

Esta realidade nacional, imprime impacto na geração de valor das categorias da enfermagem como um todo. O profissional Enfermeiro, com maior qualificação intelectual, exigindo estudos mínimos de cinco anos de formação acadêmica, além de uma evidente e esperada escalada de educação continuada para pós-graduações, mestrados e doutorados devido aos crescentes ramos de especialização da profissão, ainda recebe a menor empregabilidade e baixas condições de trabalho.

A chegada da pandemia, comportou-se como um ramo recém-aberto de serviço, precipitando-se progressivamente e freneticamente sobre os velhos ramos da produção ampliada de mercado. Repentinamente, exigiu-se grandes massas de força de trabalho, sendo a principal delas a de enfermagem, que se não disponível para rapidamente estar alocada nos pontos de trabalho, traria uma grande quebra nesta escala de produção e serviço88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013..

Não é portanto, um currículo peculiar na enfermagem moderna brasileira, a geração de seu valor não estar proporcional a crescente demanda de trabalho ou de aperfeiçoamento da ciência da profissão, mostrando-se uma população trabalhadora ainda explorável. A expansão súbita e intermitente da demanda de serviço de enfermagem diante o enfrentamento da Covid-19, com uma superpopulação de trabalhadores disponível, agora com ainda maior sobrecarga de serviço e riscos, entre outros pontos de desvalor, só seria diferente diante um cenário onde o número de trabalhadores não supera a relação da produção aumentada.

Como contraponto á relação de profissionais de enfermagem por número de habitantes no Brasil, os empregadores dificilmente respeitam o dimensionamento adequado de equipe em relação ao seu nível de complexidade, tornando possível um déficit de profissionais proposital, pelo comportamento onde sobrecarregar o trabalhador é sustentável ao serviço e muitas vezes permitindo até mesmo a invasão de atividades privativas do profissional Enfermeiro por outras profissões, anulando as devidas exigências dos órgãos que regem a enfermagem e demostrando a conformação arbritária do valor de força de trabalho deste profissional.

Podemos inferir as diversas consequências para a população quando observamos que este ajuste de valor não ocorre, ainda mais aos desafios enfrentados diante da atual pandemia. As informações epidemiológicas continuam apontando um crescimento da Covid-19, com excassez de leitos de internação, especialmente, os de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os respiradores nos hospitais, assim como a quantidade de profissionais de saúde e de enfermagem no mundo e estados brasileiros.

Essa grande demanda de carga de trabalho histórica e que se elevou ainda mais com a pandemia, faz com que os profissionais de saúde dentro de equipes mal dimensionadas atendam os pacientes de acordo com a prioridade clínica ou com seu quadro prognóstico, ou seja, muitas vezes, precisando tomar decisões bioéticamente questionáveis sobre qual paciente receberá o atendimento, muitas vezes a determinar quem terá suporte e vigilância intensiva respiratória, diante da insuficiente capacidade de prestar assistência à todos por exíguo qualiquantitativo enfermagem-paciente em alta complexidade de serviço.

Diante do complexo cenário, o consumo da força de trabalho de enfermagem é ainda mais alto, a rápida renovação da geração de trabalhadores é esperada dentro destas condições, porém, como uma agudização de condição já crônica, no Brasil foi promulgado um novo decreto permitindo a contratação voluntariada de estudantes de enfermagem no quinto e último ano de formação, com certo apelo de dever social e sem o devido esgotamento da possibilidade de contratação de Enfermeiros devidamente habilitados para gerenciar este cenário.

O dimensionamento de enfermagem já apontava-se inadequado no território nacional, agora, diante o aumento do nível de complexidade dos pacientes no contexto da pandemia, somado ao aumento do absenteísmo e turnover de profissionais, esta realidade recebe maiores impedimentos1111. Monteiro LM, Spiri WC. Quality indicators and workload of an integrative review in nursing. Rev Min Enferm. 2016;20:e936. doi: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20160006
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. O aumento das taxas de rotatividade e absenteísmo de enfermagem estão correlacionadas em estudo com desfechos desfavoráveis, como por exemplo, os indicadores de incidência de extubação não planejada em terapia intensiva respiratória, além de incidência de perda de sondas nasogástrica e nasoenteral, incidência de lesão de pele e incidência de perda de cateter venoso central1111. Monteiro LM, Spiri WC. Quality indicators and workload of an integrative review in nursing. Rev Min Enferm. 2016;20:e936. doi: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20160006
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Na veloz necessidade de trabalhadores para suprir a assistência de enfermagem nas instituições, o processo de recrutamento e seleção toma medidas de aumento de contratações sem integração adequada à rotinas e protocolos institucionais, ou educação permanente, expondo o profissional ao maior risco de consequências negativas em sua prática de trabalho e de causa de eventos/circunstâncias de risco com potencial dano ao paciente. Ainda, o formato de contratação se flexibiliza, trazendo os contratos temporários e pagamento dia/plantão como uma prática comum no cenário atual, assim como novos contratos trabalhistas que acordem jornadas de horas extras não financeiramente remuneradas, sendo pagas pelo empregador em formato de banco de horas, com folgas previstas para distantes períodos, até mesmos semestres, após os dias trabalhados.

A visualização deste contexto nos permite compreender os elementos que compõe a enfermagem, onde o valor da sua força de trabalho não se mostra condicionado pelas variáveis de extensão da jornada de trabalho, intensidade do trabalho ou pela força produtiva do trabalho diante a atual pandemia, mas sim se tornando ainda mais precarizada, entrando no cômputo desta baixa geração de valor, tanto os elementos históricos do desenvolvimento cultural da profissão e da sociedade, como ao contraditório poder exploratório do valor de uso social do seu trabalho, ainda maior diante o novo cenário de produção88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013..

De fato, sob esta ótica, existe uma evidente necessidade de que a classe trabalhadora de enfermagem lute, por posição extremamente prioritária, em medidas de se evitar um subinvestimento e subdimensionamento crônico profissional, pois o valor de sua força de trabalho é o valor dos seus meios de subsistência, assim como, é esperado garantir a sua manutenção diante variáveis no cenário produtivo e assegurar sua reprodução para aqueles que futuramente estarão adentrando no mesmo mercado 77. Mark K, Engels F. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001. .

A precarização das condições de trabalho, a sobrecarga de trabalho na pandemia da Covid-19 e a saúde dos profissionais de enfermagem

O valor social da enfermagem ganhou certa atenção para além das convicções da classe, formuladas durante este período diante de condições materiais concretas vivenciadas no trabalho e na vida. Em grande medida, os valores sociais decorrem dos valores econômicos, porém, foi neste momento de crise da saúde coletiva, que as contradições da correlação negativa de fatores trabalhistas que convivem com a extrema responsabilidade exigida do exercício da enfermagem, se mostraram geradoras de formulações críticas sociais, com maiores espaços de discussão e repercussão na mídia, porém com nenhum evidente impacto impeditivo para continuidade de vínculos empregatícios fragilizados, baixos salários e uma carga horária extremamente elevada de trabalho88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013..

Se este conhecido cenário, onde a força de trabalho de enfermagem se desenvolve e se mantém em condições abaixo do seu valor já existia, agora em reação á crise pandêmica, se torna imprescindível o olhar sobre a saúde ocupacional, nas suas dimensões psicossociais, físicas e ergonômicas1212. Arnetz JE, Goetz CM, Arnetz BB, Arble E. Nurse reports of stressful situations during the Covid-19 pandemic: qualitative analysis of survey responses. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(21):8126. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph17218126
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. O adoecimento no trabalho também pode ser caracterizado como a síndrome de Burnout, fenômeno atribuído aos ambientes de trabalho altamente estressantes, refletindo em um esgotamento pessoal e diminuição da realização profissional, que pode resultar em um cuidado de enfermagem ineficaz capaz de ocasionar iatrogenias1212. Arnetz JE, Goetz CM, Arnetz BB, Arble E. Nurse reports of stressful situations during the Covid-19 pandemic: qualitative analysis of survey responses. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(21):8126. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph17218126
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Com a disseminação da Covid-19, os serviços de saúde ficaram sobrecarregados e os profissionais estão lidando diariamente com estressores ainda maiores e enfrentam o aumento intenso de riscos a sua própria saúde como pouco antes visto na ciência da enfermagem moderna. Embora as pesquisas sobre os efeitos da pandemia na saúde e no bem-estar da equipe de enfermagem ainda sejam esparsas, em resumo, os estudos existentes trazem como fatores contribuientes ao esgotamento profissional, o medo da infecção para si e para familiares e amigos, o medo dos efeitos relativamente desconhecidos da doença, os níveis de estresse relacionado ao trabalho e a carga horária de trabalho extremamente longa, exigindo maior tempo beira-leito por aumento da complexidade, a falta de EPI adequado e a constante tensão de informar familiares que não poderão estar junto aos pacientes dentro dos serviços, assim como, dar suporte emocional a estes pacientes em isolamento1313. Zhang H, Ye Z, Tang L, Zou P, Du Z, Shao J, et al. Anxiety symptoms and burnout among Chinese medical staff of intensive care unit: the moderating effect of social support. BMC Psychiatry. 2020;20:197. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02603-2
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A medida em que os hospitais têm atingido sua capacidade máxima, os suprimentos, como por exemplo, de EPI, que são essenciais para a proteção e indispensáveis para evitar o contágio, foram se tornando escassos assim como diversos outros artigos. Diante o desafio da oferta e demanda destes equipamentos no mercado interno e externo e a até mesmo a conduta predadora de alguns países para absorção deste fornecimento no mercado mundial, a enfermagem brasileira vivencia riscos potenciais biológicos1313. Zhang H, Ye Z, Tang L, Zou P, Du Z, Shao J, et al. Anxiety symptoms and burnout among Chinese medical staff of intensive care unit: the moderating effect of social support. BMC Psychiatry. 2020;20:197. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02603-2
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Destaca-se ainda que o uso destes artigos de proteção, antes pontual, agora está sendo utilizado de forma contínua, existindo insegurança sobre a real biossegurança dos equipamentos neste novo extenso formato de uso, assim como dificuldades a própria respiração, comunicação e demais necessidades fisiológicas entre os profissionais, além de também estarem ocasionando lesão por pressão relacionada.

O fato de prestar assistência em situações inéditas de saúde coletiva como a atual e a respeito de uma fisiopatologia ainda não completamente explicada, condiz, por vezes, com a prática de enfermagem não baseada em evidências devido ao avanço ainda incipiente da ciência sobre esta doença emergente e a inexistência de um consenso “padrão ouro” para dar suporte no manejo das diversas variáveis que podem existir dentro desta condição clínica.

Fazer uso da prática do empirismo pode ser também um grande fator estressor adicional ao profissional no enfrentamento das adversidades, estejam elas relacionadas aos aspectos da gestão assistencial, da farmacoterapêutica do paciente ou mesmo da prescrição de cuidados de enfermagem, implicando muitas vezes em ansiedade e insegurança. Para suprir esta necessidade, os profissionais ainda precisam se colocar à atualização constante sobre novas informações científicas.

Em destaque, observa-se que a exposição frequente ao cuidado direto de pacientes com a doença tem elevado o adoecimento de profissionais devido a alta transmissibilidade do novo coronavírus, bem como ao óbito1313. Zhang H, Ye Z, Tang L, Zou P, Du Z, Shao J, et al. Anxiety symptoms and burnout among Chinese medical staff of intensive care unit: the moderating effect of social support. BMC Psychiatry. 2020;20:197. doi: https://doi.org/10.1186/s12888-020-02603-2
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. Dados obtidos a partir do Conselho Federal de Enfermagem no dia 16 de janeiro de 2021 apontam que até essa data, foram registrados no Brasil 46.775 casos de Covid-19 em profissionais de enfermagem, dos quais 519 evoluíram para óbito, com uma taxa de letalidade de 1,94%1414. Conselho Federal de Enfermagem [BR]. Observatório da enfermagem [Internet]. Brasília (DF): COFEN; c2020- [updated 2020 Dec 12, cited 2020 Jul 27]. Available from: http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/
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Dessa maneira, é possível entender que quanto maior a força produtiva do trabalho, tanto maior a pressão dos trabalhadores sobre seus meios de ocupação, e tanto mais precária, portanto, a venda da própria força com vistas ao aumento da riqueza alheia ou à autovalorização do capital, menor a qualidade de assistência em saúde que receberá a população que vivencia o enfrentamento deste crítico cenário88. Mark K. O capital crítica da economia política: Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo; 2013.. Ao mesmo tempo em que a população mundial requer cuidados exigentes e os profissionais de enfermagem protagonizam estes cuidados em tempo integral, atuando tanto em medidas de prevenção da disseminação da doença, quanto na promoção da saúde, diagnósticos de enfermagem, tratamento, recuperação e reabilitação de pacientes sintomáticos ou confirmados para a Covid-19, além de todo acompanhamento e suporte, tanto para estes como para seus familiares, mesmo assim, o que se observa são baixas garantias das condições adequadas de trabalho sendo reativamente ampliadas agora ao cenário pandêmico.

Ainda há um contexto de incertezas, porém é aprendizado que a pandemia não fez distinção em relação à maturidade e à capacidade de resposta dos modelos assistenciais e do dimensionamento de profissionais de enfermagem, assim como, de suas condições de trabalho serem ou não adequadas, seu preço de força de trabalho ser ou não equivalente a seu valor de trabalho, e por consequência foram diversos os impactos no exercício laboral da profissão (Figura 1).

Figura 1 -
Caracterização das condições de trabalho da enfermagem frente a pandemia do Covid-19

Apesar disso, não é a primeira vez que a enfermagem lida com um agente patológico disseminado mundialmente, nem tão pouco em cenário de desorganização econômica e falta de equipamentos e materiais, ou mesmo, afetada pelos interesses mercadológicos que não a favorecem. As epidemias anteriores na história mundial guardam algumas semelhanças no que compete a dedicação da enfermagem ao enfrentamento da situação, assim como a representação de Florence Nightingale durante a Guerra da Criméia, ou em diferentes outros contextos em que a profissão já mostrou essencialmente estar apta para construir novos conhecimentos e gerar resultados de impacto à defesa da saúde populacional.

De modo geral, profissionais da enfermagem estão na vanguarda das profissões que lidaram de forma muito próxima ao controle de doenças altamente infecciosas. Neste histórico, pode-se dizer que o comportamento da categoria profissional é conhecido por suprir a necessidade de força de trabalho aumentada e demonstrar disposição a se assumir os riscos existentes como parte do seu papel e responsabilidade social, inclusive aqueles que acometem a própria saúde do profissional.

Neste eixo de discussão, é importante destacar que a história da enfermagem está repleta de força coletiva envolvendo uma politização do cuidar, onde enfermeiros praticam uma forma de militância clínica, motivada principalmente por questões de justiça social em relação ao bem-estar do paciente, processadas juntamente com reivindicações por melhores condições de trabalho. Crucialmente, essas histórias em vários contextos internacionais, garantiram melhorias nas relações de trabalho da enfermagem e nos recursos alocados para o cuidado, muitas vezes ao mesmo tempo1515. Mckeown M. Love and resistance: re-inventing radical nurses in everyday struggles. J Clin Nurs. 2019;29(1):1023-5. doi: https://doi.org/10.1111/jocn.15084
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CONCLUSÃO

Os desafios de sobrecarga de trabalho, subdimensionamento de equipes e demais facetas desafiadoras já conhecidas da profissão de enfermagem, foram acrescidos de nova complexidade para o campo de trabalho com o impensável e sem precedente incremento da falta de equipamentos de proteção, elevado adoecimento e óbito de profissionais, exercício da prática clínica diante fisopatologia desconhecida e o excesso de demanda assistencial complexa diante alto absenteísmo e turnover de pessoal, além de muitos outros fatores que também contribuem para o esgotamento profissional, riscos à saúde e baixa qualidade da assistência.

Por parte, pode-se pensar que a relação de complacência da profissão com as necessidades de saúde coletiva é utilizada neste momento de modo a promover aindar maior sobrecarga e desvalorização da categoria, a medida em que se observa uma precarização das condições de trabalho e consequente ação disruptiva com a qualidade assistencial.

É desejável para o momento que a enfermagem conceba e abrace uma identidade profissional que seja simultaneamente politicamente engajada, partindo do refletir e olhar para todos os aspectos expostos dentro deste estudo, de forma a reconhecer como coletivamente a categoria tem lidado com o cenário pandêmico e buscar a justa expressão significativa do valor de seu trabalho.

Com a Campanha mundial Nursing Now 2020, a visibilidade da atuação dos profissionais de enfermagem diante da pandemia da Covid-19 e a reafirmação de que estes profissionais precisam e devem ser valorizados, espera-se que a sociedade reveja os estereótipos atribuídos à profissão e compreenda a importância e a essencialidade destes profissionais do cuidado para a saúde global, que muito além de aplausos precisam de reconhecimento e condições dignas de trabalho que incluem dimensionamento adequado, educação permanente, salários justos, ambientes de trabalho favoráveis (com local e ambiente para descanso) e redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais.

Além disso, que a própria profissão tenha este autoreconhecimento difundido e exija suas condições de trabalho ideais, para que se possa avançar neste cenário, com foco e segurança no paciente, com atenção aos fluxos e na continuidade do cuidado, trazendo conhecimento de enfermagem, pesquisa e inovação para este cenário, estudando as particularidades da Covid-19, avançando também estes estudos dentro de nossas especialidades de enfermagem clínica-cirúrgica, pediátrica, obstétrica, intensivista, dermatológica, gerontológica e tantas outras mais.

Pode-se dizer que nunca antes a enfermagem recebeu em tamanha intensidade fatores estressores generalizados às profissões desta categoria, no que diz respeito à necessidade de demonstrar eficiência, agilidade e adaptação. Ademais, ainda não é possível compreender o quanto será prolongado ou dificultado este cenário. Este estudo portanto, poderá contribuir para suscitar discussões sobre a necessidade de melhorias nas condições de trabalho dos profissionais de enfermagem em tempos de pandemia e o impacto na saúde destes profissionais, sendo sua limitação não ter avançado a análise quantitativa em busca de identificar as oportunidades desenvolvidas para intervenção do cenário, necessitando novo enfoque de estudo.

Agradecimentos

À CAPES pelo fomento para o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    23 Ago 2020
  • Aceito
    27 Jan 2021
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