Caracterização de casos e indicadores epidemiológicos e operacionais da hanseníase: análise de séries temporais e distribuição espacial, Piauí, 2007-2021

Barros, Ian da Costa Araújo; Sousa, Carliane da Conceição Machado; Silva, Neylany Raquel Ferreira da; Mascarenhas, Márcio Dênis Medeiros

doi:10.1590/S2237-96222024v33e2023090.pt

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Epidemiologia e Serviços de Saúde

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • Epidemiol. Serv. Saúde 33 • 2024 • https://doi.org/10.1590/S2237-96222024v33e2023090.pt copiar

Caracterização de casos e indicadores epidemiológicos e operacionais da hanseníase: análise de séries temporais e distribuição espacial, Piauí, 2007-2021

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RESUMO

Objetivo

Analisar características epidemiológicas, tendência temporal, distribuição espacial de casos e indicadores da hanseníase no estado do Piauí, 2007-2021.

Métodos

Estudo ecológico de séries temporais com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, descrevendo a distribuição espacial e a tendência temporal da hanseníase pela regressão de Prais-Winsten.

Resultados

Foram notificados 17.075 novos casos de hanseníase. A distribuição espacial da taxa média de detecção identificou áreas hiperendêmicas nas regiões Carnaubais, Entre Rios, Vale dos Rios Piauí e Itaueiras. Verificou-se tendência decrescente nas taxas de detecção geral [variação percentual anual (VPA) = -6,3; IC₉₅% -8,1;-4,5], de detecção em menores de 15 anos (VPA = -8,6; IC₉₅%12,7;-4,3) e de detecção de casos com grau 2 de incapacidade física (VPA = -4,4; IC₉₅%-7,0;1,8), e tendência crescente na proporção de casos multibacilares.

Conclusão

Observaram-se elevadas taxas de detecção de hanseníase, apesar da tendência decrescente dos indicadores, exceto a proporção de casos multibacilares.

Palavras-chave
Hanseníase; Notificação de Doenças; Sistemas de Informação em Saúde; Estudos de Séries Temporais; Distribuição Espacial

Contribuições do estudo

Principais resultados

De 2007 a 2021, o Piauí apresentou tendência de melhora de todos os indicadores analisados, exceto a proporção de casos novos multibacilares. A distribuição espacial identificou áreas hiperendêmicas em diferentes regiões do estado.

Implicações para os serviços

Este estudo apresenta aos serviços de saúde um panorama amplo da situação epidemiológica da hanseníase no Piauí, com evidências das populações e localidades mais atingidas pela doença, onde o poder público deve reforçar a promoção de ações em saúde.

Perspectivas

Espera-se que ações de prevenção e controle da doença sejam adotadas, tais como a oferta do diagnóstico precoce, garantia do tratamento correto e implementação de medidas para a prevenção de incapacidades físicas.

Variáveis	Casos		Taxa de detecção^a (por 100 mil)		RT^c	IC₉₅ % ^b	p-valor^d
Variáveis	N	%	Taxa	IC₉₅% ^b	RT^c	IC₉₅ % ^b	p-valor^d
Total	17.075	100,0	36,5	34,5;38,6	-	-	-
Sexo
Feminino	7.980	46,7	32,2	29,6;35,8	1,00	-	-
Masculino	9.095	53,3	40,9	37,9;44,2	1,27	1,13;1,43	< 0,001
Faixa etária (em anos)
≤ 14	1.188	7,0	10,7	8,6;13,2	1,00	-	-
15-39	5.744	33,6	31,9	29,0;35,0	2,99	2,38;3,77	< 0,001
40-59	5.906	34,6	57,8	52,4;63,8	5,43	4,30;6,85	< 0,001
≥ 60	4.237	24,8	71,2	63,0;80,4	6,68	5,24;8,53	< 0,001
Raça/cor da pele
Branca	2.313	13,5	18,2	15,4;21,5	1,00	-	-
Preta	2.563	15,0	57,7	49,6;67,1	3,17	2,54;3,98	< 0,001
Amarela	230	1,3	22,5	13,3;37,4	1,24	0,73;2,11	0,217
Parda	11.592	67,9	41,5	38,8;44,5	2,29	1,91;2,74	< 0,001
Indígena	59	0,3	67,9	1,4;264,5	3,74	0,93; 15,09	0,103 ^e
Sem informação	318	1,9	-		-	-	-
Região de saúde de residência
Carnaubais	992	5,8	19,7	13,9;28,0	1,14	0,73;1,78	0,289
Chapada das Mangabeiras	1.031	6,0	45,8	37,2;56,4	2,63	1,85;3,74	< 0,001
Cocais	1.237	7,2	17,9	14,1;22,6	1,03	0,71;1,48	0,443
Entre Rios	8.007	46,9	47,9	44,1;51,9	2,75	2,05;3,69	< 0,001
Planície Litorânea	1.117	6,5	17,4	13,1;23,1	1,00	-	-
Serra da Capivara	612	3,6	27,4	20,0;37,4	1,57	1,04;2,39	0,016
Tabuleiros do Alto Parnaíba	202	1,2	34,2	20,6;56,1	1,97	1,12;3,47	0,008
Vale do Canindé	498	2,9	37,1	27,1;50,6	2,13	1,40;3,24	< 0,001
Vale do Rio Guaribas	1.523	8,9	32,5	27,2;38,9	1,87	1,34;2,61	< 0,001
Vale do Sambito	399	2,3	34,7	25,0;47,9	1,99	1,30;3,06	< 0,001
Vale dos Rios Piauí e Itaueiras	1.457	8,5	49,9	41,2;60,5	2,87	2,04;4,04	< 0,001
Macrorregião de saúde de residência
Litoral	2.354	13,8	17,7	14,8;21,2	1,00	-	-
Meio-Norte	8.999	52,7	44,5	41,2;48,2	2,52	2,07;3,07	< 0,001
Semiárido	2.420	14,2	33,7	29,4;38,8	1,91	1,52;2,34	< 0,001
Cerrados	3.302	19,3	41,8	36,9;47,4	2,37	1,90;2,94	< 0,001

Variáveis	Casos		Taxa de detecção^a (por 100 mil)		RT^c	IC₉₅ % ^b	p-valor^d
Variáveis	N	%	Taxa	IC₉₅% ^b	RT^c	IC₉₅ % ^b	p-valor^d
Total	17.075	100,0	36,5	34,5;38,6	-	-	-
Classificação operacional ^e
Paucibacilar	7.096	41,6	14,0	12,8;15,4	1,00	-	-
Multibacilar	9.978	58,4	22,5	20,9;24,2	1,61	1,43;1,81	< 0,001
Grau de incapacidade física
Grau 0	11.190	65,5	23,6	22,0;25,3	11,55	8,98;14,85	< 0,001
Grau 1	3.251	19,0	6,3	5,5;7,2	3,09	2,34;4,08	< 0,001
Grau 2	956	5,6	2,0	1,6;2,6	1,00	-	-
Não avaliado	1.145	6,7	-		-	-	-
Sem informação	533	3,1	-		-	-	-
Forma clínica
Indeterminada	3.913	22,9	7,5	6,6;8,5	1,42	1,16;1,73	< 0,001
Tuberculoide	2.709	15,9	5,3	4,5;6,1	1,00	-	-
Dimorfa	5.509	32,3	11,5	10,4;12,8	2,19	1,83;2,62	< 0,001
Virchowiana	2.561	15,0	6,2	5,4;7,1	1,18	0,97;1,45	0,054
Não classificada	1.799	10,5	-		-	-	-
Sem informação	584	3,4	-		-	-	-

Indicadores	Média	VPA^b (IC₉₅ %)^c	p-valor^d	Tendência
Taxa de detecção de casos novos (por 100 mil habitantes)
Total	36,5	-6,3 (-8,1;-4,5)	< 0,001	Decrescente
Feminino	32,2	-7,6 (-9,9;-5,3)	< 0,001	Decrescente
Masculino	40,9	-5,2 (-6,6;-3,7)	< 0,001	Decrescente
Faixa etária (em anos)
≤ 14	10,7	-8,6 (-12,7;-4,3)	0,001	Decrescente
15-39	31,9	-9,0 (-11,1;-6,9)	< 0,001	Decrescente
40-59	57,8	-6,8 (-8,7;-4,9)	< 0,001	Decrescente
≥ 60	71,2	-5,4 (-6,9;-3,8)	< 0,001	Decrescente
Região de saúde de residência
Carnaubais	19,7	-6,5 (-11,0;-1,7)	0,013	Decrescente
Chapada das Mangabeiras	45,8	-6,8 (-,9,7;-3,9)	< 0,001	Decrescente
Cocais	17,9	-4,2 (-7,7;-,05)	0,028	Decrescente
Entre Rios	47,9	-7,4 (-9,7;-5,1)	< 0,001	Decrescente
Planície Litorânea	17,4	-3,7 (-6,4;-0,8)	0,015	Decrescente
Serra da Capivara	27,4	-3,6 (-5,8;-1,4)	0,004	Decrescente
Tabuleiros do Alto Parnaíba	34,2	-3,9 (-7,0;-0,6)	0,023	Decrescente
Vale do Canindé	37,1	-3,9 (-7,4;-0,4)	0,033	Decrescente
Vale do Rio Guaribas	32,5	-3,1 (-6,1;0,1)	0,055	Estacionária
Vale do Sambito	34,7	-4,6 (-8,6;-0,4)	0,033	Decrescente
Vale dos Rios Piauí e Itaueiras	49,9	-9,2 (-10,8;-7,6)	< 0,001	Decrescente
Macrorregião de saúde de residência
Litoral	17,7	-3,8 (-6,3;-1,3)	0,006	Decrescente
Meio-Norte	44,5	-7,4 (-9,5;-5,3)	< 0,001	Decrescente
Semiárido	33,7	-3,6 (-6,7;-0,5)	0,027	Decrescente
Cerrados	41,8	-7,2 (-8,6;-5,8)	< 0,001	Decrescente
Taxa de detecção com GIF 2 no momento do diagnóstico (por 100 mil habitantes)	2,0	-4,4 (-7,0;-1,8)	0,003	Decrescente
Proporção de casos novos multibacilares (%)	58, 4	4,1 (3,8;4,5)	< 0,001	Crescente
Proporção de casos novos paucibacilares (%)	41,6	-6,3 (-7,6;-4,9)	< 0,001	Decrescente

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