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PROPOSTAS CONCEITUAIS A RESPEITO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL DO TREINADOR ESPORTIVO

CONCEPTUAL PROPOSES ABOUT THE PROFESSIONAL KNOWLEDGE OF THE SPORTS COACH

RESUMO

O reconhecimento da importância do treinador esportivo na formação de jovens tem exigido nível de qualificação a este profissional que atenda as demandas sociais de prática esportiva. Assim, o objetivo deste ensaio foi abordar as principais propostasa respeito do conhecimento profissional do treinador esportivo, procurando destacar as semelhanças e os contrastes bem como as implicações na intervenção, formação e nas pesquisas sobre o treinador. Os estudos empíricos com treinadores e também sobre aspectos particulares ao contexto de prática esportiva, implementados a partir das abordagens de "Modelo Mental" e de "Mapa Conceitual", têm apresentado importantes contribuições para a estrutura formal que serve de base para a intervenção do treinador. Para responder aos apelos de formação e qualificação do treinador, a abordagem do "Mapa Conceitual" parece ser a mais apropriada, por retratar elementos e episódios do processo de treino, bem como fornecer uma estrutura conceitual passível de transferência aos diversos contextos de atuação do treinador esportivo.

Palavras-chave:
Educação Física e esporte; Treinador esportivo; Conhecimento profissional

ABSTRACT

Recognition of the importance of the sport coach in youth development has required level of professional qualification to this that meets the social demands of sports. The objective of this paper was to discuss the main proposals regarding the professional knowledge of the sports coach, seeking to highlight the similarities and contrasts as well as the implications for intervention and research training on the coach. Empirical with coaches and also on the particular context of sports practice, implemented by the perspectives of "Mental Model" and "Concept Map" aspects studies have yielded important contributions to the formal structure that serves as the basis for intervention coach. To fulfill the demands of training and qualifications of the coach, the approach of "Concept Map" seems more appropriate for depicting episodes and elements of the coaching process as well as provide a conceptual framework capable of transfer to different contexts of performance coach sports.

Keywords:
Physical Education and sport; Sports Coach; Professional knowledge

INTRODUÇÃO

O treinador de jovens é socialmente reconhecido como o profissional que possui a responsabilidade de desenvolver em crianças e jovens, por meio da prática esportiva, hábitos de vida saudáveis, aspectos psicossociais e ainda, habilidades e competências motoras que forneçam instrumentos para uma vida social além do contexto esportivo (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.; LYLE; CUSHION, 2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.).

Estes profissionais atuam em contextos que incluem o ensino para uma prática esportiva recreativa (recreational sport coaching), ou então no desenvolvimento ou formação de jovens esportistas para a participação em competições formais na fase adulta (developmental sport coaching) (LYLE, 2002LYLE, J. Sports coaching concepts: a framework for coaches' behaviour. Routledge: London, 2002.; TRUDEL; GILBERT, 2006TRUDEL, P.; GILBERT, W. D. Coaching and coach education. In: KIRK, D., O'SULLIVAN, M.; MCDONALD, D. (Ed.). Handbook of physical education. London: Sage, 2006. p. 516-539.). Em ambas as abordagens prioriza-se o caráter lúdico da prática, a aprendizagem específica e a participação dos jovens no esporte, sobrepondo-se aos valores do rendimento esportivo encontrados no contexto do treinador de esporte de elite (elite sport coaching) (LYLE, 2002LYLE, J. Sports coaching concepts: a framework for coaches' behaviour. Routledge: London, 2002.; TRUDEL; GILBERT, 2006TRUDEL, P.; GILBERT, W. D. Coaching and coach education. In: KIRK, D., O'SULLIVAN, M.; MCDONALD, D. (Ed.). Handbook of physical education. London: Sage, 2006. p. 516-539.).

Nesta perspectiva, o treino configura-se como uma atividade de natureza social, intencional e deliberada (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.;LYLE; CUSHION, 2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.; MESQUITA, 2013MESQUITA, I. O papel das comunidades de prática na formação da identidade profissional do treinador de desporto. In: NASCIMENTO, J. V. do; RAMOS, V.; TAVARES, F. Jogos desportivos: formação e investigação. Florianópolis: UDESC, 2013.p. 295-317.), caracterizando-se como um processo holístico, dinâmico e sistemático onde ocorrem diversas interações simultâneas entre o treinador, o atleta e o contexto de prática (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.; LYLE, 2002LYLE, J. Sports coaching concepts: a framework for coaches' behaviour. Routledge: London, 2002.; NASH; COLLINS, 2006NASH, C.; COLLINS, D. Tacit knowledge in expert coaching:science or art? Quest, Champaign, v. 58, p. 465-477, 2006.; LYLE; CUSHION, 2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.). Neste cenário emergem as preocupações com a qualidade da intervenção e formação do treinador, principalmente pelo seu papel social na formação de crianças e jovens. Esta demanda tem levado diversos países, como Canadá, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Portugal e China, a desenvolverem seus próprios programas de certificação ou formação de treinadores (CUSHION; ARMOUR; JONES, 2003CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Coach education and continuing professional development: Experience and learning to coach., Quest Champaign, v. 46, p. 153-163, 2003.; CÔTÉ, 2006CÔTÉ, J. The development of coaching knowledge. International Journal of Sports Science and Coaching, London, v. 1, no. 3, p. 216-222, 2006.;LEMYRE; TRUDEL; DURAND-BUSH, 2007LEMYRE, F.; TRUDEL, P.; DURAND-BUSH, N. How youth-sport coaches learn to coach. Sport Psychologist, Champaign, v. 21, p. 191-209, 2007.; WRIGHT; TRUDEL; CULVER, 2007WRIGHT, T.; TRUDEL, P.; CULVER, D. Learning how to coach: the different learning situations reported by youth ice hockey coaches., Physical Education and Sport Pedagogy Abingdon, v. 12, no. 3, p. 127-144, 2007.; CALLARY; WERTHNER; TRUDEL, 2011CALLARY, B.; WERTHNER, P.; TRUDEL, P. A brief online survey to help a sport organization continue to develop its coach education program. International Journal of Coaching Science, London, v. 5, no. 2, p. 31- 48, 2011.), os quais, geralmente são oferecidos por universidades, institutos, associações profissionais, conselhos governamentais e federações esportivas (TRUDEL; GILBERT, 2006TRUDEL, P.; GILBERT, W. D. Coaching and coach education. In: KIRK, D., O'SULLIVAN, M.; MCDONALD, D. (Ed.). Handbook of physical education. London: Sage, 2006. p. 516-539.; WRIGHT; TRUDEL; CULVER, 2007WRIGHT, T.; TRUDEL, P.; CULVER, D. Learning how to coach: the different learning situations reported by youth ice hockey coaches., Physical Education and Sport Pedagogy Abingdon, v. 12, no. 3, p. 127-144, 2007.; NORDMANN; SANDER, 2009NORDMANN, L.; SANDER, H. The diploma-coaches study at the coaches academy cologne of the German Olympic Sport federation., International Journal of Coaching ScienceLondon, v. 3, no. 1, p. 69-80, 2009.).

As investigações sobre o conhecimento dos treinadores têm buscado definir características específicas do conhecimento profissional, a partir da descrição de modelos de atuação que representem a estrutura conceitual e os processos envolvidos no treino esportivo em todas as suas dimensões, bem como a maneira como estas interagem na prática (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.; LYLE, 2002LYLE, J. Sports coaching concepts: a framework for coaches' behaviour. Routledge: London, 2002.; ABRAHAM; COLLINS; MARTINDALE, 2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.; CUSHION; ARMOUR; JONES, 2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.).

Na tentativa de compreender as contribuições acadêmicas ao conhecimento dos treinadores, Cushion, Armour e Jones (2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.) sugerem dois tipos de modelos, nomeadamente, os Modelos para o treinador (Models for Coaching) e os chamados Modelos do Treinador (Models of Coaching).

O primeiro (Models for Coaching) baseia-se em propostas idealísticas concebidas por especialistas sobre quais conhecimentos são mais importantes para serem ensinados ao treinador. Trata-se da descrição de comportamentos adequados que o treinador deve adotar, durante sua intervenção pedagógica para conduzir sua sessão de treino. Lyle (1996LYLE, J. A conceptual appreciation of the coaching process. Scottish Centre Research Papers in Sport, Leisure and Society Edinburgh, v. 1, no. 1, p. 15-37, 1996., 1999), por exemplo, sugere um modelo cíclico, construído em torno de um conjunto de estruturas, incluindo informações gerais, conhecimentos e habilidades do treinador, capacidades esportivas, análise de desempenho, programa de competição, programa de preparação, entre outros.

O segundo tipo (Models of Coaching) corresponde ao conjunto de investigações realizadas com treinadores de sucesso ou experts, sob a influência da psicologia cognitiva e orientadas pelo paradigma do pensamento do treinador. O foco das pesquisas incide na identificação dos conhecimentos utilizados pelos treinadores, buscando a representação mental do processo de ser treinador a partir da prática do próprio treinador. Dentre aspropostas baseadas nesta abordagem,Cushion, Armour e Jones (2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.) indicam três principais exemplos, o Modelo de Performance de McClean e Chelladurai (1995), Modelo da Prática do Treinador proposto por Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.) e o Modelo de Interação Treinador-atleta de d'Arrippe-Longueville, Fournier e Dubois(1998).

O interesse deste ensaio recai sobre os modelos a respeito do conhecimento do treinador esportivo, em particular, as propostas elaboradas a partir de estudos empíricos com treinadores de diferentes modalidades, nomeadamente as de Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.), Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.) e Collins, L. e Collins, D. (2012)COLLINS, L.; COLLINS, D. Conceptualizing the adventure-sports coach. Journalof Adventure Education and Outdoor Learning, Champaign, v. 12, no. 1, p. 81-93, 2012. . Apesar de suas particularidades, os modelos indicam pontos comuns relevantes ao conhecimento do treinador.

Apesar de a utilização de variadas técnicas de metodologia qualitativa ter possibilitado a descoberta das complexidades e peculiaridades a respeito da intervenção do treinador esportivo, verifica-se ainda pouca atenção aos estudos sobre os aspectos socioculturais e pedagógicos, tanto na formação do treinador como na conceituação do processo de treinamento esportivo (LYLE, 2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.). A problemática situa-se na criação de elementos que possam atender as expectativas de uma preparação formal estruturada em favor de uma qualificação profissional distinta, contrapondo-se a tradição estritamente informal da profissão de treinador esportivo, fortemente marcada pelas experiências de prática pessoais (GILBERT; TRUDEL, 2004GILBERT, W. D.; TRUDEL, P. Analysis of coaching science research published from 1970-2001.ResearchQuarterly for Exercise and Sport, Washington, v. 75, p. 388-399, 2004.;WOODMAN, 1993WOODMAN, L. Coaching: a science, an art, an emerging profession. Sport ScienceReview, Champaign, v. 2, p. 1-13, 1993.).

O apelo é para um novo paradigma de profissionalização do treinador, que na sua essência deve comprometer-se em atender de forma competente as demandas sociais atuais, estabelecer diretrizes de formação e certificação laboral e, ainda, assumira responsabilidade ética individual no exercício da profissão (TAYLOR; GARRATT, 2013TAYLOR, G. W.; GARRATT, D. Coaching and professionalisation. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching., London: Routledge 2013. p. 27-39.). Trata-se, sobretudo de estabelecer um sistema situado e compartilhado de conhecimentos especializados típicos da profissão de treinador esportivo (MESQUITA, 2010MESQUITA, I. Contributo para a mudança de paradigma na formação de treinadores: razões, contextos e finalidades. In: BENTO, J. O.; TANI, G.; PRISTA, A. Desporto e educação física em português. Porto: Universidade do Porto, 2010.p. 84-99.).

Com o propósito de contribuir para este cenário de formação e desenvolvimento do treinador esportivo, o objetivo principal deste estudo foi realizar uma revisão das principais propostas conceituais sobre o conhecimento do treinador a partir da consulta na literatura especializada da área. Além de verificar as semelhanças e os contrastes entre as propostas, procurou-se identificar a contribuição destas para a definição de um conjunto de conhecimentos necessários para o treinador esportivo.

É relevante destacar que este estudo apresenta propostas conceituaisheurísticas, recentes em sua criação e publicação, constituindo-se, portanto, na sua principal limitação.Acredita-se que somente a análise, o debate e a utilização destes modelos em estudos empíricos, poderão conferir validade e utilidade para a formação de treinadores esportivos.

A base conceitual para a intervenção do treinador esportivo

Os estudos a respeito da base de conhecimentos para a atuação profissional do treinador esportivo têm sido realizados por meio de procedimentos metodológicos que se aproximam de um tipo de "pensar em voz alta", como as entrevistas, e as técnicas que utilizam o "modelo mental" e o "mapa conceitual" (ABRAHAM; COLLINS, 1998ABRAHAM, A.; COLLINS, D. Examining and extending research in coach development. Quest, Champaign, v. 50, p. 59-79, 1998.).

A utilização de pressupostos ligados às idéias de "modelo mental" e "mapa conceitual" correspondem a dois importantes constructos, advindos dos estudos da psicologia cognitiva, relativamente às representações mentais internas dos indivíduos (GRECA; MOREIRA, 2002GRECA, I. M.; MOREIRA, M. A. Além da detecção de modelos mentais: uma proposta representacional integradora. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 31-53, 2002.). O interesse é na possibilidade desses constructos virem a servir de referencial teórico para interpretar em detalhes as concepções e os modos de raciocínio dos treinadores.

Assim, os "modelos mentais" são representações internas que podem ser estruturalmenteestáveis, localizadas na memória de longo prazo, ou então estruturas dinâmicas instáveis, geradas frente a uma situação concreta (HOLYOAK, 1984HOLYOAK, K. J. Mental models in problemsolving. In: ANDERSON, J. R.; KOSSLYN, S. M. (Ed.).Tutorials in learning and memory: essays in honor of Gordon Bower. San Francisco: Freeman, 1984. p. 193-218.; GRECA; MOREIRA, 2002GRECA, I. M.; MOREIRA, M. A. Além da detecção de modelos mentais: uma proposta representacional integradora. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 31-53, 2002.). Podem ser consideradas como estruturas cognitivas idiossincráticas, determinadas e concretas, que acontecem na memória do sujeito para compreender, explicar ou predizer uma situação. Pode-se entendê-los ainda, como "simuladores" de situações, semelhantes, ao modo como os computadores analógicos, simulam um sistema físico (GRECA; MOREIRA, 2002GRECA, I. M.; MOREIRA, M. A. Além da detecção de modelos mentais: uma proposta representacional integradora. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 31-53, 2002.).

Os "modelos mentais" também têm sido denominados de "modelos de trabalho", por se tratarem de um mecanismo de tradução e interpretação de situações reais, evidenciando um domínio pessoal sobre conhecimentos específicos, úteis para enfrentar novas e diversificadas situações de treino. Na prática isso corresponde a um "modelo de intervenção" existente na mente dos treinadores, para desempenhar funções específicas e que serve como base de ativação dos conhecimentos que julgam importantes para alcançar seus propósitos de treino. São, portanto, estruturas dinâmicas que permitem aos treinadores avaliar, rapidamente, situações que não se enquadram em seu modelo mental, indicando a necessidade de ajustamentos circunstanciais (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.).

Para a formação profissional, os autores sugerem a criação de experiências nas quais os treinadores possam exercitar estes mecanismos com base em conhecimentos que possuem sobre determinadas variáveis no treino, direcionando suas ações pedagógicas. Assim, uma descrição detalhada dos conhecimentos que os treinadores especialistas mobilizam para elaborar seus modelos mentais pode fornecer um roteiro útil para estruturação de tarefas específicas do treinador.

Os "mapas conceituais", por outro lado, correspondem a representações visuais do conhecimento por meio de diagramas que indicam relações entre os conceitos. Estes diagramas refletem a organização de uma disciplina ou parte específica dela, podendo seguir uma disposição hierárquica (MOREIRA, 1979MOREIRA, M. A. Concept maps as too1sfor teaching. Journal of College Science Teaching, Washington, DC, v. 8, no. 5, p. 283-286, 1979.; 1980MOREIRA, M. A. Mapas conceituais como instrumentos para promover a diferenciação conceitua1 progressiva e a reconciliação integrativa. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 474-479, 1980.). Os "mapas conceituais" também são denominados de rede conceitual, rede semântica, diagrama de significado ou mapa cognitivo. Em suas estruturas, eles devem fornecer um mapeamento das interações entre os conceitos mais gerais, que estariam no topo da hierarquia, com os mais específicos, posicionados na base do mapa (MOREIRA, 1979MOREIRA, M. A. Concept maps as too1sfor teaching. Journal of College Science Teaching, Washington, DC, v. 8, no. 5, p. 283-286, 1979.; 1980MOREIRA, M. A. Mapas conceituais como instrumentos para promover a diferenciação conceitua1 progressiva e a reconciliação integrativa. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 474-479, 1980.; MINTZES; WANDERSEE; NOVAK, 1997MINTZES, J. J.; WANDERSEE, J. H.; NOVAK, J. D. Meaningful learning in science: the human constructivist perspective. In: PHYE, G. D. Handbook of academic learning: construction of knowledge.New York: Academic press, 1997.p. 405-440.).

A relação entre os conceitos e sua disposição em classes e subclasses é uma maneira relevante de sistematizar princípios teóricos aprendidos, lembrados ou reproduzidos (KIRSCHINER et al. 1997). Entre suas importantes implicações na formação de treinadores, a proposta dos mapas conceituais auxilia nas investigações sobre a aquisição e estruturação do conhecimento na mente das pessoas.

Os "mapas conceituais" surgiram a partir dos estudos sobre a liderança de treinadores; experiência do treinador; relações entre treinador e atleta; motivação e formação do treinador (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.). A utilização desta perspectiva nas pesquisas sobre o pensamento do treinador tem auxiliado na descrição do conhecimento profissional, de como os conhecimentossão armazenados e as relações que se estabelecem entre eles, durante a intervenção de treinadores especialistas (ABRAHAM; COLLINS, 1998ABRAHAM, A.; COLLINS, D. Examining and extending research in coach development. Quest, Champaign, v. 50, p. 59-79, 1998.; GILBERT; CÔTÉ, 2013GILBERT, W.; CÔTÉ, J. Defining coaching effectiveness: a focus on coaches' knowledge. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching., London: Routledge 2013. p. 5-15.).O mapa possibilita uma descrição sistematizada e concisa das áreas de conhecimentos úteis para desempenhar o papel de treinador, dos conceitos teóricos implicados e dos contextos de atuação dos treinadores (ABRAHAM; COLLINS; MARTINDALE, 2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.). Contudo, deve-se considerar que os "modelos mentais", enquanto representações de situações reais de intervenção na mente dos treinadores diferenciam-se da idéia de mapas ou esquemas conceituais, os quaismostram uma compilação de conhecimentos sobre determinada área, disposta em classes e subclasses de conceitos.

Um aspecto a destacar é que as propostas de "modelos mentais" e "mapas conceituais" não correspondem ainda a conhecimentos ou constructos científicos (representações externas) sobre o conhecimento do treinador, mas uma proposta validada por especialistas (representações internas) que, em associação aos conhecimentos acadêmicos, pode fornecer uma estrutura de base para a formação profissional do treinador esportivo.

Os modelos sobre o conhecimento do treinador esportivo

Relativo às propostas de modelo do conhecimento do treinador esportivo, o Quadro 1 faz referência a três estudos que propõem importantes definições para a atuação profissional do treinador, apresentando a descrição dos elementos que compõem estas propostas.

Quadro 1
Descrição das propostas a respeito do conhecimento do treinador esportivo

O Coaching Model corresponde a uma proposta que ilustra os conhecimentos utilizados no processo de treino, realizada por Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.). Este modelo do treinador foi elaborado a partir de uma investigação empírica com treinadores especialistas deginástica esportiva,fundamentada na abordagem dos "modelos mentais".

O propósito do estudo centrou-se em identificar os conhecimentos mobilizados pelos treinadores, ao criarem em suas mentes "modelos de intervenção" para situações particulares do processo de treino esportivo. Portanto, o "Coaching Model" ou "Modelo do Treinador" possui em sua estrutura elementos que indicam os conhecimentos e o modo como estes são processados pelos treinadores, ao elaborarem mentalmente suas ações.

O termo "Coaching Schematic" se refere à proposta de Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.) sobre um modelo conceitual que sirva de base para a intervenção do treinador esportivo. O "Coaching Schematic" ou "Esquema do Treinador" foi elaborado a partir da abordagem dos "Mapas Conceituais", em que se buscou a validação de um esquema detalhado e conciso dos conhecimentos requeridos ao treinador, de seus papéis e contextos de atuação.

A criação deste modelo se deu a partir de investigação empírica com treinadores especialistas de modalidades como atletismo, canoagem, curling, ciclismo, equitação, futebol, hóquei, judô, netball, rúgbi, tiro, natação e triátlon. Por meio de entrevistas, os treinadores declararam com detalhes informações que representassem o processo de treino, em termos de conteúdos e decisões tomadas dentro deste processo. Portanto, o "Coaching Schematic" corresponde a um esquema, validado por especialistas, composto por conceitos gerais e específicos que servem como base para atuação do treinador.

O "Adventure Sports Coach" consiste na proposta de Collins, L. e Collins, D. (2012COLLINS, L.; COLLINS, D. Conceptualizing the adventure-sports coach. Journalof Adventure Education and Outdoor Learning, Champaign, v. 12, no. 1, p. 81-93, 2012. ) a respeito da conceitualização do treinador de esportes de aventura.

Três aspectos fundamentais são levados em conta para a definição dos elementos estruturantes desta proposta, nomeadamente: o conceito de treinador de esporte de aventura, considerando suas funções e as motivações atuais dos participantes para a prática destas modalidades, tendo como base os estudos empíricos sobre esta temática; a identificação dos problemas específicos da área de intervenção; e ainda, o reconhecimento de habilidades e competências específicas do treinador de esportes de aventura, além daquelas comuns entre este contexto e ao dos treinadores de esportes tradicionais.

A partir destes aspectos fundamentais, os autores elaboraram um modelo composto por conceitos que tratamdasdimensões de intervenção profissional (treinador - guia - professor) e aos fatores que servem de pano de fundo à intervenção (capacidade pessoal do treinador e o bem-estar e segurança da prática). É a interação destes elementos que define sua atuação. Embora haja sobreposições entre as dimensões de intervenção do treinador de esportes de aventura, cada uma delas exige um conjunto de conhecimentos e habilidades relacionados ao comportamento de liderança e ensino em ambientes naturais de risco.

Características e similaridades entre as propostas sobre o conhecimento do treinador

Atendendo ao propósito central deste ensaio, a reflexão recai sobre a natureza das propostas apresentadas, bem como na interpretação das categorias ou elementos que os compõem.

Primeiramente, destaca-se a utilização de três abordagens para a construção dos modelos. Enquanto que a primeira ("Coaching Model")está mais voltada às concepções de treinadores especialistas (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.), a segunda ("Coaching Schematic") centra-se nos conceitos que dão base à prática dos treinadores (ABRAHAM; COLLINS; MARTINDALE, 2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.)e a terceira ("Adventure - Sports Coach") nomeia conceitos que fundamentam a intervenção do treinador de esportes de aventura praticados na natureza (COLLINS, L.; COLLINS, D., 2012COLLINS, L.; COLLINS, D. Conceptualizing the adventure-sports coach. Journalof Adventure Education and Outdoor Learning, Champaign, v. 12, no. 1, p. 81-93, 2012. ).

Destaca-se que o termo "conceito" corresponde a um tipo de construção mental que representa, por meio de palavras ou expressões, uma categoria de objetos ou episódios que possuem propriedades comuns. Este constructo caracteriza-se pela formalidade de sua disposição em categorias e subcategorias (conceitos gerais e específicos) claramente mostradas nos "Mapas Conceituais".

Nas propostas de Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.) e Collins, L. e Collins, D. (2012)COLLINS, L.; COLLINS, D. Conceptualizing the adventure-sports coach. Journalof Adventure Education and Outdoor Learning, Champaign, v. 12, no. 1, p. 81-93, 2012. , os conceitos mostrados nos modelosilustram episódios típicos do processo de treino esportivo, enquanto conceitos que podem servir de base para as ações pedagógicas dos treinadores. Por outro lado, o termo "concepções" corresponde a uma internalização pessoal destes conceitos, em um contexto particular e significativo ao treinador, ou seja, as experiências prévias que este possui atribuem significado aos conceitos que domina. Portanto, concepção é um processo pessoal e situado, o qual está organizado acerca das crenças do indivíduo (PAJARES, 1992PAJARES, F. M. Teachers' beliefs and educational research: cleaning up a messy construct. Review ofEducationalResearch,Washington, DC, v. 62, no. 3, p. 307-332, 1992.). Cushion, Armour e Jones (2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.) ressaltam que, no modelo proposto por Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.), é nítida a indicação de aspectos importantes do treino esportivo a partir de concepções de treinadores especialistas.

Um aspecto também a destacar é que os conceitos gerais sobre o treino, quando integrados à experiência e realidade do treinador, favorecem a formulação de concepções de trabalho e, consequentemente, auxiliam no pensamento e na tomada de decisão do treinador. Nesta perspectiva, Cushion, Armour e Jones (2003CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Coach education and continuing professional development: Experience and learning to coach., Quest Champaign, v. 46, p. 153-163, 2003.) recomendam que a formação de treinadores deveria estar voltada não somente a guias genéricos e na reprodução das práticas de outros profissionais, mas sim buscar um modo de pensamento crítico no qual permita aos treinadores o desenvolvimento de suas próprias ferramentas processuais.

No que diz respeito aos conteúdos que compõem a estrutura das propostas apresentadas, fica evidente que o conhecimento profissional do treinador esportivo é composto por duas formas principais do conhecimento, especificamente, o conhecimento declarativo e o conhecimento processual. De fato, trata-se de um consenso de que é fundamental à intervenção do treinador, independente do contexto de atuação e da modalidade, por um lado, possuir o domínio de conhecimentos gerais sobre o esporte; dos processos fisiológicos do corpo humano; dos princípios biomecânicos do movimento humano; dos aspectos psicológicos que influenciam a prática; do modo como os atletas aprendem e suas capacidades; e por outro lado, possuir conhecimentos de princípios pedagógicos necessários para atingir seus propósitos como treinador, neste caso, sobre seus comportamentos e procedimentos que viabilizam sua prática (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.; GILBERT; CÔTÉ, 2013).

O conhecimento específico sobre a modalidade em que atua e do contexto no qual desenvolve sua atividade profissional compreende outro aspecto comum entre as propostas indicadas. Além de estar relacionado ao grau de profundidade da intervenção do treinador, dos significados e sentidos desta prática, procura assegurar a necessária coerência entre os propósitos laborais do treinador e as demandas reais da prática de um contexto específico.

Além de um conjunto de conhecimentos profissionais, verifica-se que a atuação do treinador esportivo é determinada, por suas características pessoais, o que de fato influenciará no modo em que estabelece suas relações com os demais elementos do processo, bem como na maneira como percebe, avalia e reelabora sua própria prática profissional. Estes elementos foram interpretados recentemente nos estudos de Côté e Gilbert (2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.) eGilbert e Côté (2013) GILBERT, W.; CÔTÉ, J. Defining coaching effectiveness: a focus on coaches' knowledge. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching., London: Routledge 2013. p. 5-15.como: o conhecimento interpessoal, o qual corresponde ao conhecimento que o treinador possui para mediar às interações (com os seus atletas, assistentes técnicos, pais e outros profissionais) individuais e em grupo, em seu contexto de atuação; e o conhecimento intrapessoal que faz referência à compreensão que o treinador possui de si mesmo e sua capacidade de introspecção e reflexão.

Em termos gerais, a intenção dos modelos é elucidar conceitos que dão base à intervenção do treinador a partir da descrição dos conhecimentos destes profissionais. Estesconceitos podem gerar uma orientação objetiva na estrutura curricular para a formação de treinadores (ABRAHAM; COLLINS, MARTINDALE, 2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.). No entanto, a natureza destas propostas pode definir o potencial de utilização do modelo. No caso do "Coaching Model" de Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.), sua natureza mais situacional devido a utilização da abordagem dos "Modelos Mentais" pode em determinada medida restringir o caráter de transferência deste modelo de intervenção para os diversos contextos de atuação do treinador. Por outro lado, a proposta do "Coaching Schematic" de Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.) é passível de utilização em diferentes contextos de intervenção do treinador por apresentar uma estrutura composta por conceitos gerais e específicos, os quais servem de base para o trabalho do treinador.

Acredita-se deste modo, que um modelo útil para a formação de treinadores deve estar fundamentado em conceitos e conhecimentos particulares à profissão de treinador esportivo, que seja validado pelos próprios treinadores e transferível aos contextos variados de intervenção deste profissional. Para tanto, Cushion, Armour e Jones (2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.) indicam três importantes considerações metodológicas para a elaboração do modelo: a) deve ser uma descrição de conceitos relevantes para discussão e reflexão sobre o processo de conhecimento/formação do treinador; b) deve estar organizado a partir de conceitos gerais que fundamenta a profissão de treinador esportivo, estando atento à distinção entre conceito e concepção; c) seguir critérios rigorosos para selecionar os treinadores especialistas a serem investigados.

Esta possibilidade parece ser importante para superar a crença de que um bom treinador pode ser formado por meio da mera aquisição de habilidades procedimentais específicas (RINK, 1993RINK, J. E. Teacher education: a focus on action., Quest Champaign, v. 45, p. 308-320, 1993.). Isto é, a identificação da prática de treinadores especialistas fornece um conhecimento de base para a formulação de um modelo que fundamente a intervenção do treinador esportivo.

Em vista disso, a proposta que indica maior possibilidade de contribuição para o desenvolvimento profissional do treinador esportivo é aquela que ofereceuma estrutura sistematizada dos conceitos, os quais fornecem o aporte para a formação e qualificação continuada do treinador. Assim, a intenção é fazer referência de modo objetivo as possíveis contribuições da proposta do "Coaching Schematic" desenvolvido por Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.).

Considerações e implicações na intervenção, investigação e formação do treinador.

O esquema conceitual de representação do processo de treino implica concretamente: na sistematização de um corpo de conhecimentos necessários ao treinador esportivo, a ser oferecido em programas de formação e qualificação profissional; facilitar o processo de reflexão do próprio treinador sobre a sua prática; e ainda, na identificação de um itinerário claro e real para a realização de estudos sobre o treinador esportivo, contribuindo para a operacionalização e aperfeiçoamento profissional.

No âmbito da intervenção do treinador, a sistematização de uma base conceitual clara para a atuação profissional pode auxiliar na definição de princípios e conhecimentos que fundamentam a prática do treinador (CUSHION; ARMOUR; JONES, 2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.). O conjunto de conceitos que representam componentes e episódios do processo de treino fornece uma estrutura formal ao treinador para que ele possa refletir sobre sua própria prática neste processo.A possibilidade é de alcançar maior qualidade na intervenção e um desenvolvimento mais consistente dos treinadores, sobretudo pela associação entre uma estrutura conceitual formal, proporcionada pelo modelo, e a experiência de prática dos treinadores. De fato, a idéia que se formula a partir disso é a de um tipo de "repositório de arquivos" organizados, que permitem a reflexão e a tomada de decisão do treinador, de maneira consciente (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.).

A atuação do treinador esportivo, portanto, parece depender de uma combinação de experiências práticas e conhecimentos formais, associados aos avanços sociais, tecnológicos e científicos. A reconhecida complexidade da intervenção do treinador possui implicações importantes na validade e utilidade das pesquisas nesta área, além do que, a complexidade comum a todos os treinadores requer conhecimentos e a compreensão dos diferentes contextos de atuação deste profissional.

Assim, a faltade um entendimento conceitual sobre o treino esportivoparece limitar a capacidade de se delinear conexões entre os resultados das pesquisas sobre o processo de treino, dificultando ainda mais a clareza conceitual nesta área (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise., International Journal of Sports Science and Coaching London,v. 4, no. 3, p. 307-323, 2009.). Apesar disso e diante da natureza dinâmica do contexto de prática do treinador,Lyle (2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.) salienta que as pesquisas devem vislumbrar a totalidade do processo e não apenas episódios isolados sobre a prática e o praticante. Portanto, a dificuldade está em articular aspectos da tomada de decisão, instrução do treinador e a importância de sua experiência e de seus conhecimentos dentro deste processo.

Essa situação reflete a priorização que tem sido dada ao estudo do conhecimento tácito do treinador, aquele útil na resolução dos problemas do dia-dia, e que tradicionalmente é tido como o "correto" apesar de na maioria das vezes, ser abstrato e descontextualizado (NASH; COLLINS, 2006NASH, C.; COLLINS, D. Tacit knowledge in expert coaching:science or art? Quest, Champaign, v. 58, p. 465-477, 2006.).

Independentemente da abordagem e dos procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas para favorecer o desenvolvimento conceitual e a compreensão detalhada da intervenção do treinador, as investigações devem estar fundamentadas na prática destes profissionais (LYLE, 2010LYLE, J.; CUSHION, C. Sports coaching: professionalisation and practice. Edinburgh: Churchill LivingstoneElsevier , 2010.). Para isso, a adoção de metodologias etnográficas é recomendada por examinaremde modo mais eficazo processo do treino esportivo de maneira abrangente, permitindo o estudo aprofundado da natureza da intervenção do treinador, bem como das particularidades dos praticantes.

Um dos desafios das investigações nesta área parece estar na identificação da relevância dos resultados das pesquisas e na teorização das informações para que se possa aproveitar de modo confiável na prática dos treinadores. A tarefa dos pesquisadores têm sido ilustrar, o melhor possível, o processo de intervenção do treinador, buscando estar em conformidade à dinâmicacomplexa da realidade. Além disso, a preocupação é com uma apresentação acessível aos treinadores, para que eles identifiquem onde e como determinada informação pode ser ajustada dentro do que eles realizam (CUSHION; ARMOUR; JONES, 2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.).

O apelo é paraque se amplie a idéia de interpretar individualmente os aspectos que compõem o processo de treino para, posteriormente, unir as partes, no sentido de seguir a tendência de enfatizar a superioridade de um aspecto sobre outros. Por outro lado, a intenção é preservar a complexidade deste processo e fornecer subsídios favoráveis à formação e desenvolvimento dos treinadores (CUSHION; ARMOUR; JONES, 2006CUSHION, C. J.; ARMOUR, K.; JONES, R. Locating the coaching process in practice: models 'for' and 'of' Coaching. Physical Education and Sport Pedagogy, Abingdon, v. 11, p. 83-99, 2006.).

O conhecimento requerido para o desempenho da profissão de treinador esportivo, de acordo com a literatura especializada, parece estar balizado pelo conhecimento declarativo e o conhecimento processual, sendo que no âmbito da formação o último tem recebido maior atenção (ABRAHAM; COLLINS, 1998ABRAHAM, A.; COLLINS, D. Examining and extending research in coach development. Quest, Champaign, v. 50, p. 59-79, 1998.). Apesar destas indicações, elencar o perfil completo de conhecimentos que o treinador deve possuir parece difícil, sobretudo pela indefinição conceitual dos contextos de atuação do treinador (CÔTÉ et al., 1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.).

Na medida em que se consegue identificar a gama de problemas e solicitações a que o treinador esta sujeito ao orientar um processo de treino esportivo, a sobreposição do conhecimento técnico específico sobre os demais parece insuficiente para a intervenção profissional no esporte (DAY, 2013DAY, D. Historical perspectives on coaching. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching. London: Routledge, 2013. p. 5-15.; RESENDE, 2013RESENDE, R. Desafios na formação de treinadores de jovens. In: NASCIMENTO, J. V. do; RAMOS, V.; TAVARES, F. Jogos desportivos: formação e investigação., Florianópolis: UDESC 2013.p. 359-383,).

Ao investigarem a base de conhecimentos para o ensino, diferentes pesquisadores (SHULMAN, 1987SHULMAN, L. Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard Educational Review, Cambridge, v. 57, p. 1-27, 1987.; GRAÇA, 1999GRAÇA, A. Conhecimento do professor de educação física. In: BENTO, J. O.; GARCIA, R.; GRAÇA, A. (Eds.). Contextos da pedagogia do desporto. Lisboa: Livros Horizonte 1999. p.167-252.;RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008RAMOS, V.; GRAÇA, A. B. dos S.; NASCIMENTO, J. V. do. O conhecimento pedagógico do conteúdo: estrutura e implicações à formação em educação física. Revista Brasileira Educação Física Esporte, São Paulo, v.22, n.2, p.161-171, 2008.; MARCON; GRAÇA; NASCIMENTO, 2010MARCON, D.; GRAÇA, A.; NASCIMENTO, J.V. Estruturantes da base de conhecimentos para o ensino de estudantes-professores de Educação Física. Revista Motriz, Rio Claro, v.16, n.3, p.776-787, 2010.) ressaltam que a base de conhecimentos para intervenção docente em Educação Física vai além do conhecimento sobre a matéria a ser ensinada. Entender os estudantes, os contextos de atuação, conhecer os princípios pedagógicos, e ter uma compreensão crítica de como estes conhecimentos devem ser adequadamente relacionados com a prática, são domínios importantes para a atividade profissional. No âmbito do treino esportivo, isto quer dizer que embora a característica que distingue o treinador de outras atividades que envolvam o esporte e a prática de atividades físicas, seja a de ensinar habilidades específicas de uma determinada modalidade esportiva, o treinador necessita de capacidades para mediar relações pessoais, para ensinar a partir da prática, e ainda para avaliar e redefinir suas estratégias de trabalho (GILBERT; CÔTÉ, 2013GILBERT, W.; CÔTÉ, J. Defining coaching effectiveness: a focus on coaches' knowledge. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching., London: Routledge 2013. p. 5-15.).

Apesar das indefinições no campo de intervenção dos treinadores, percebe-se um consenso a respeito da necessidade de um conhecimento de base para desempenhar suas tarefas, composto pelo conhecimento do conteúdo específico, o conhecimento para ensinar e ainda um tipo de conhecimento mais particular do treinador, útil para ensinar as habilidades esportivas de determinada modalidade (GILBERT; CÔTÉ, 2013GILBERT, W.; CÔTÉ, J. Defining coaching effectiveness: a focus on coaches' knowledge. In: POTRAC, P.; GILBERT, W.; DENISON, J. Routledge handbook of sports coaching., London: Routledge 2013. p. 5-15.). Trata-se da combinação de conhecimentos a respeito da matéria, do contexto de atuação e dos procedimentos de intervenção, isto é, conhecimentos teóricos e práticos que integrados, conferem alto grau de autonomia individual e julgamento situacional ao treinador (GRAÇA, 1999GRAÇA, A. Conhecimento do professor de educação física. In: BENTO, J. O.; GARCIA, R.; GRAÇA, A. (Eds.). Contextos da pedagogia do desporto. Lisboa: Livros Horizonte 1999. p.167-252.).

Em síntese, a demanda atual de atuação do treinador esportivo indica a necessidade de se definir as características da profissão e de se estabelecer uma base de conhecimentos para a intervenção nesta área, independentemente do contexto esportivo. A complexidade e o dinamismo desta áreatambém reforçam o caráter adaptativo da atuação a partir de um engajamento pessoal, fundamentado na compreensão de conceitos a respeito das funções exercidase nas experiências armazenadas na memória dos treinadores.

Deste modo, o estudo detalhado dos conhecimentos de treinadores esportivos especialistas, a partir da abordagem de sistematização conceitual, pode indicar direcionamentos importantes, sobretudo, de estruturação curricular para formação e desenvolvimento profissional do treinador, seja em programas oferecidos por instituições esportivas ou por cursos de formação profissional em Educação Física e esportes; na organização e integração da literatura publicada sobre o treinador; na identificação de lacunas e potenciais de investigação sobre o processo de treino; e ainda na orientação teórica para investigar treinadores de várias modalidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As demandas atuais para a intervenção do treinador no âmbito da prática esportiva para jovens exigem definições claras a respeito dos conhecimentos necessários aos treinadores para atuarem nestes contextos. Assim, a linha de investigação científica sobreModels of Coachingapresenta-se comoimportante iniciativa que tem buscado descrever com detalhes o conhecimento de treinadores especialistas, indicando um panorama conceitual sobre a atuação do treinador que contribuino processo de qualificação profissional nesta área.

Nesta perspectiva, as propostas a respeito dos conhecimentos do treinador esportivo, nomeadamente "The Coaching Model", "Coaching Schematic" e "Adventure Sports Coach" buscam indicar uma estrutura formal que sirva de base para a intervenção do treinador. Tais iniciativas compreendem modelos elaborados a partir de estudos empíricos com treinadores e também de investigações sobre aspectos particulares ao contexto de prática esportiva.

A análise pormenorizada da fundamentação destas propostas indica duas abordagens: a dos "Modelos Mentais" presente na proposta de Côté et al. (1995CÔTÉ, J. et al. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coache' knowledge. Journal of sport and exercise psychology,Champaign, v.17, no. 1, p. 1-17, 1995.) referente ao "The Coaching Model"; e a abordagem do "Mapa Conceitual" utilizada nas formulações de Abraham, Collins e Martindale (2006ABRAHAM, A.; COLLINS, D.; MARTINDALE, R. The coaching schematic: validation through expert coach consensus. Journal of Sports Sciences, London, v. 24, no. 6, p. 549-564, 2006.) sobre o "Coaching Schematic" e de Collins, L. e Collins, D. (2012)COLLINS, L.; COLLINS, D. Conceptualizing the adventure-sports coach. Journalof Adventure Education and Outdoor Learning, Champaign, v. 12, no. 1, p. 81-93, 2012. a respeito do "Adventure Sports Coach".

A abordagem do "Mapa Conceitual" parece ser a mais apropriada às demandas de formação e qualificação do treinador. Além do seu caráter formal retratar elementos e episódios do processo de treino, ela fornece uma estrutura conceitual passível de transferência aos diversos contextos de atuação do treinador esportivo.De fato, esta estrutura pode servir de base para:a construção curricular de programas de formação de treinadores; para o próprio treinador, como guia de intervenção e reflexão de sua prática; e ainda, como um roteiro claro e validado para a realização de investigações científicas a respeito do treinador esportivo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2015

Histórico

  • Recebido
    23 Jun 2014
  • Revisado
    03 Set 2014
  • Aceito
    19 Set 2014
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