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Questões de gênero em universitários praticantes de esportes de aventura

Gender issues in universtity practitioners of adventure sports

Resumos

Este estudo tem como objetivo comparar homens e mulheres praticantes e não praticantes de esportes de aventura com o intuito de identificar especificidades dentre os acadêmicos de um curso de graduação em Educação Física. Participaram desta pesquisa 157 (52%) homens e 145 (48%) mulheres, que preencheram, de forma anônima e privada, o Questionário de Identidade Sexual (QIC). Cento e sete estudantes (35,1%) foram categorizados como não praticantes; 133 (43,7%), como praticantes esporádicos; e 62 (20,5%), como praticantes frequentes. Das variáveis controladas neste estudo, a prática de esporte de aventura pode ser explicada em 55% da sua variação para os homens e a satisfação corporal em 30% para os homens e 52% para as mulheres. Aspectos psicológicos de praticantes de esporte de aventura apontam para aspectos socioculturais das oportunidades, bem como para a dimensão psicológica de crianças que tiveram uma experiência motora coeducativa.

Esportes de aventura; Educação Física; Gênero


This study compare the adventure sports practitioners and non practitioners in order to identify specificities among academics of an undergraduate degree in Physical Education. The sample was 157 (52%) men and 145 (48%) women, that filled out in an anonymous and private Sexual Identity Questionnaire (QIC). Of these 107 (35,1%) were classified as non practitioners, 133 (43,7%) as sporadic practitioners and 62 (20,5%) as frequent practitioners. Of the total controlled variables from this study, the adventure sport practice can be explained in 55% of its variation for men and the body satisfaction in 30% for men and 52% for women. Psychological aspects of adventure sport practitioners point to socio-cultural influence of the environment opportunities, as well as, for the children's psychological dimension of a co-educative motor experience.

Adventure sport; Physical Education; Gender


ARTIGO ORIGINAL

doi: 10.4025/reveducfis.v24.4.17613

Questões de gênero em universitários praticantes de esportes de aventura

Gender issues in universtity practitioners of adventure sports

Fernando Luiz CardosoI; Alcyane MarinhoII; Giuliano Gomes de Assis PimentelIII

IDoutor. Professor do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis - SC, Brasil

IIDoutora. Professora do Departamento de Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis - SC, Brasil

IIIDoutor. Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá - PR, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Fernando Luiz Cardoso Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)Departamento de Ciências da Saúde Rua Pascoal Simone, 358 - Coqueiros CEP: 88080-350 - Florianópolis-SC, Brasil Fone: (48) 3321-8600, FAX: (48) 3321-8607

RESUMO

Este estudo tem como objetivo comparar homens e mulheres praticantes e não praticantes de esportes de aventura com o intuito de identificar especificidades dentre os acadêmicos de um curso de graduação em Educação Física. Participaram desta pesquisa 157 (52%) homens e 145 (48%) mulheres, que preencheram, de forma anônima e privada, o Questionário de Identidade Sexual (QIC). Cento e sete estudantes (35,1%) foram categorizados como não praticantes; 133 (43,7%), como praticantes esporádicos; e 62 (20,5%), como praticantes frequentes. Das variáveis controladas neste estudo, a prática de esporte de aventura pode ser explicada em 55% da sua variação para os homens e a satisfação corporal em 30% para os homens e 52% para as mulheres. Aspectos psicológicos de praticantes de esporte de aventura apontam para aspectos socioculturais das oportunidades, bem como para a dimensão psicológica de crianças que tiveram uma experiência motora coeducativa.

Palavras-chave: Esportes de aventura. Educação Física. Gênero.

ABSTRACT

This study compare the adventure sports practitioners and non practitioners in order to identify specificities among academics of an undergraduate degree in Physical Education. The sample was 157 (52%) men and 145 (48%) women, that filled out in an anonymous and private Sexual Identity Questionnaire (QIC). Of these 107 (35,1%) were classified as non practitioners, 133 (43,7%) as sporadic practitioners and 62 (20,5%) as frequent practitioners. Of the total controlled variables from this study, the adventure sport practice can be explained in 55% of its variation for men and the body satisfaction in 30% for men and 52% for women. Psychological aspects of adventure sport practitioners point to socio-cultural influence of the environment opportunities, as well as, for the children's psychological dimension of a co-educative motor experience.

Keywords: Adventure sport. Physical Education. Gender.

INTRODUÇÃO

As representações coletivas e os meios de comunicação de massa tendem a focalizar uma visão extremista dos praticantes de esporte de aventura (BETRÁN, 2003), cabendo ao universo acadêmico contribuir para o entendimento sobre esses sujeitos, a partir de instrumental científico. Tal é o grau de distorção sobre os aspectos psicológicos dos praticantes, que os próprios meios representativos das modalidades (especialmente aquelas praticadas em ambiente natural) abandonaram o adjetivo radical, revelando preferência em situar o caráter lúdico e de aventura dessas práticas.

Nesse contexto, ainda que outros termos sejam mais flexíveis e traduzam melhor o significado dessas práticas, como "atividades de aventura", por exemplo, neste artigo, optou-se pela terminologia "esportes de aventura" (COSTA; MARINHO; PASSOS, 2007), legitimando, inclusive, o contexto no qual foram coletados os dados aqui apresentados - um curso de Educação Física - embora as atividades de aventura transcendam o conceito de esporte, abarcando o lazer, a recreação, o turismo e outros.

De acordo com Costa, Marinho e Passos (2007, p. 188),

Os esportes de aventura compreendem o conjunto de práticas esportivas formais e não formais, vivenciadas em interação com a natureza, a partir de sensações e de emoções, sob condições de incerteza em relação ao meio e de risco calculado. Realizadas em ambientes naturais (ar, água, neve, gelo e terra), como exploração das possibilidades da condição humana, em resposta aos desafios desses ambientes, quer seja em manifestações educacionais, de lazer e de rendimento, sob controle das condições de uso dos equipamentos, da formação de recursos humanos e comprometidas com a sustentabilidade socioambiental.

Partindo dessa premissa, pode-se observar, na contemporaneidade, que os esportes de aventura têm recebido maior espaço na área da Educação Física, tanto no cenário internacional (BETRÁN, A. O.; BETRÁN, J. O., 1998; MOREY; BUCHANAN; WALDMAN, 2002; HUMBERSTONE, 2009) como no cenário nacional (COSTA; MARINHO; PASSOS, 2007; TEIXEIRA; MARINHO, 2010).

A maioria dos estudos tem se concentrado em investigar o significado dessa prática e o perfil dos praticantes de esportes de aventura, sendo que poucos estudos têm se preocupado em detalhar melhor os aspectos psicológicos dos adeptos em relação aos que não demonstram interesse por essa atividade. No Brasil, Pimentel e Saito (2010) caracterizaram a demanda potencial e o interesse pela prática de esportes de aventura na região metropolitana de Maringá - PR. Os autores supracitados perceberam o quanto é significativo o não interesse, embora a maior parte da população tenha noção de quais são os principais esportes de aventura supostamente existentes. No segmento esportivo, paraquedismo, surfe e voo livre foram os mais citados e desejados, evidenciando uma proximidade entre conhecer e mostrar interesse. Os autores levantaram ainda o perfil atribuído pela população aos praticantes de esportes de aventura, que se caracteriza por pertencerem às camadas médias e altas, estarem entediados com a rotina, e terem um bom condicionamento físico.

Devido à escassez de dados na literatura nacional sobre os aspectos psicológicos de praticantes e não praticantes, o presente estudo buscou entre universitários a amostragem para uma primeira abordagem. Os universitários dos cursos de Educação Física estão geralmente envolvidos com variadas e novas práticas corporais, tornando esse público um grupo privilegiado para um recorte inicial sobre os aspectos psicológicos do praticante de esportes de aventura. Assim, a partir de uma população supostamente conhecedora da existência dos esportes de aventura, como acadêmicos de um curso de graduação em Educação Física, este estudo pretende responder às seguintes perguntas: Qual o percentual de acadêmicos praticantes desses esportes de ambos os sexos? Quais os aspectos psicológicos dos praticantes de esportes de aventura? Considerando esses questionamentos, a pesquisa buscou comparar os praticantes com os não praticantes, com o objetivo de identificar possíveis especificidades dentre os acadêmicos de ambos os sexos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa se caracteriza por ser do tipo probabilística descritiva correlacional, com abordagem quantitativa dos dados. Os dados aqui apresentados fazem parte de uma pesquisa mais ampla, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sob o número de protocolo 40/05.

Participantes

Participaram desta pesquisa 157 (52%) homens e 145 (48%) mulheres, matriculados entre a primeira e a oitava fase dos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física de uma universidade pública de Santa Catarina. Os participantes apresentaram média de idade similar: 21,44±2,76 para os homens e 21,20±2,94 para as mulheres. Os participantes se avaliaram como medianos em termos de atividade física, com valores mínimos de 1, máximos de 6 e com média de 3.9±1.4. Apenas 25 homens (16%), dentre 132, e apenas 36 mulheres (25%), dentre 109, não praticam exercício físico regularmente. Na Tabela 1, estão apresentadas as características socioantropométricas dos participantes deste estudo.

Instrumento

Como instrumento de pesquisa, aplicou-se o Questionário de Identidade Corporal (QIC), desenvolvido pelo Laboratório de Gênero, Sexualidade e Corporeidade do CEFID - UDESC. O questionário, que é preenchido por meio de uma Escala do tipo Likert de sete níveis (0. pouco, 3. médio, 6. muito), consta de uma parte inicial com perguntas gerais sobre como os indivíduos se classificam em termos de sexo, gênero, orientação sexual, estado civil, atividade física, escolaridade e demais aspectos sociais, e de uma segunda parte, constituída de 10 subtópicos: 1. Intimidade corporal e genital; 2. Percepção corporal; 3. Satisfação corporal; 4. Identidade Infantil; 5. Pré-disposição sexual; 6. Comportamento sexual; 7. Orientação sexual; 8. Satisfação sexual; 9. Experiência motora e 10. Orientação motora. Esse instrumento tem como objetivo maior entender a relação dos sujeitos com a sua sexualidade, corporeidade e motricidade (sua testagem é valida, embora ainda não tenha sido publicada e encontra-se disponível no seguinte endereço: http://www.cefid.udesc.br/?id=633).

Coleta dos dados

Sob a supervisão dos autores deste estudo, os dados foram coletados por três mestrandos e quatro bolsistas de iniciação à pesquisa, os quais abordavam os participantes em sala de aula, explicando os objetivos da pesquisa e solicitavam a participação por meio do preenchimento anônimo do QIC. Após o preenchimento coletivo e individual, os questionários eram depositados em uma urna lacrada, a qual só foi aberta após o término da coleta, de acordo com as premissas do Comitê de Ética a que este estudo foi submetido.

Organização e análise dos dados

Os dados foram organizados no programa estatístico SPSS versão 17.0, tendo sido utilizado o Teste-t para amostras independentes com o intuito de diagnosticar diferenças significativas entre homens e mulheres; o Teste de correlação de Pearson para identificar o nível de coerência entre gostar e praticar esportes de aventura, e uma análise de variância (One Way Anova) para comparar os participantes dos três níveis de prática de esporte de aventura em termos de comportamento motor e experiências corporais diversas. Por fim, realizou-se uma regressão linear múltipla com extração em backword para investigar o efeito das variáveis independentes sobre a variável dependente "praticar esportes de aventura" e a variável dependente "satisfação corporal" para ambos os sexos separadamente.

RESULTADOS

Diferenças entre homens e mulheres referentes à afinidade por esportes de aventura

Os participantes foram divididos em três grupos (não praticantes; e praticantes, subdivididos em frequentes e esporádicos) e uma análise de variância não identificou nenhuma característica física, social ou demográfica que os diferenciasse significativamente. Esse resultado também se manteve, independentemente dos três diferentes níveis de afinidade (não gosta, gosta, gosta muito) pela prática de esportes de aventura manifestada pelos participantes deste estudo. Assim sendo, as características socioantropométricas dos homens e das mulheres participantes desta pesquisa não explicam a prática de esportes de aventura.

De acordo com os dados obtidos, mais mulheres informaram "gostar" de praticar esportes de aventura, porém mais homens afirmaram "gostar muito" (x2= 7.963, p < .01) de praticar tais esportes, tendo as mulheres uma afinidade mais ponderada. Foi encontrada uma relação entre gostar de praticar esportes de aventura e ter um maior nível de atividade física entre os participantes deste estudo. Assim, mais homens fisicamente ativos afirmaram "gostar muito" (t=2.436, p < .016); mais homens fisicamente ativos afirmaram "gostar" (t=4.112, p < .001) e o mesmo número de homens e mulheres afirmaram "não gostar" (t=1.871, p n.s) do esporte de aventura. Foi encontrado, também, um índice de correlação entre gostar e fazer esportes de aventura e ser ativo fisicamente de .660, p <.001 para os homens e de .717, p. < 001 para as mulheres.

Diferenças entre os participantes, no que se refere a praticar e a gostar de esportes de aventura

Averiguou-se também o nível de coerência entre gostar e praticar esportes de aventura e, de forma geral, os participantes deste estudo assumiram gostar mais do que realmente praticar tais esportes. Diferenças entre prática e afinidade por meio do teste t pareado foram verificadas entre as mulheres (Faz 2.26, ± 1.9 e Gosta 3.59, ± 1.8, t=-11.218, p <.001) e entre os homens (faz 2.85, ± 2.0 e gosta 4.26, ± 1.7, t=-11.113, p <.001).

Aspectos psicológicos dos praticantes em relação ao nível de prática de esportes de aventura

Para avaliar os aspectos psicológicos dos praticantes de esportes de aventura, examinamos a variável "Você pratica esportes de aventura?", sendo que os participantes que responderam de 0 a 1 (n=106, 35,1%) foram considerados "não praticantes"; os participantes que responderam 2, 3 ou 4 (n=132, 43,7%) foram considerados "praticantes esporádicos"; e os que responderam 5 ou 6 (n=62, 20,5%), "praticantes frequentes".

Nesse sentido, ainda com relação à variável supracitada (F = 1144,2, p .001), os participantes do sexo masculino considerados "não praticantes" obtiveram média de .55±.5; os "praticantes esporádicos" apresentaram média de .2.48±.5; e os "praticantes frequentes" obtiveram média de .5.65±.5. (F = 1144,2, p .001) na variável "Você pratica esportes de aventura?". Por sua vez, na variável "Você pratica esportes radicais?", as participantes do estudo consideradas "não praticantes" obtiveram média de .36±.5, enquanto as "praticantes esporádicas" apresentaram média de 2.59±.5 e as "praticantes frequentes", média de 5.64±.4. (F = 972,1, p <.001).

As tabelas 2 e 3 mostram, respectivamente, os grupos masculino e feminino quanto às experiências corporais ligadas à sexualidade, obedecendo à divisão entre praticantes frequentes, esporádicos e não praticantes.

Em relação aos praticantes de esportes de aventura, os homens, de forma geral, aparecem como mais fisicamente ativos, brigavam física e verbalmente mais na infância, gostavam de quebrar as regras quando crianças, têm mais parceiros sexuais e gostam de variar de parceiros no sexo. Já as mulheres que se apresentam mais fisicamente ativas, brincavam com meninos na infância, conhecem melhor a própria genitália e têm vida sexual mais ativa.

Realizou-se uma regressão linear múltipla com extração em backword para investigar o efeito das variáveis independentes sobre a variável dependente "praticar esportes de aventura" para os homens. Dentre as 61 variáveis independentes (R²=.548), as variáveis "toca o corpo como um todo" (β=.205, IC .085 a 467, p < .005), "era fisicamente ativo" (β=-.200; IC, -.622 a -.054; p < .02), "o quanto gostava de brigar na infância" (β=.460; IC, .363 a .720, p < .001), "brincava com meninos" (β=-.241; IC, .166 a .747; p < .002), "liderava as brincadeiras na infância" (β=-.258; IC, -.556 a -.149, p < .001), "estatura" (β=-.334; IC, .040 a .289, p < .001), "gênero" (β=-.246; IC, -1.124 a -283, p < .001), "faz capoeira" (β=.318; IC, .220 a .621, p < .001) e "joga basquetebol" (β=.262; IC, .106 a .418, p < .001) explicam, de forma significativa, 55% da variação da prática de esportes de aventura (F(13,91)=10.716, p< .001). O mesmo procedimento de análise foi realizado com os dados das mulheres, mas a regressão não atingiu os valores obtidos na análise dos dados dos homens para explicar a variável "praticar esportes de aventura".

Aspectos psicológicos dos praticantes por sexo em relação à satisfação corporal

Realizou-se também uma regressão linear múltipla com o intuito de investigar o efeito das variáveis independentes sobre a variável dependente "satisfação corporal" para os homens. Dentre as 12 variáveis independentes (R²=.301), as variáveis "ser ativo fisicamente" (β=.387, .191, .403, p < .001), "autoimagem corporal percebida" (β=-.197; IC, -.307 a -.070; p < .002), "o quanto praticou esporte na infância" (β=.173; IC, .040 a .289, p < .01) e "estatura" (β=-.152; IC, -.055 a -.006; p < .01) explicam, de forma significativa, 30% da variação da satisfação corporal (F(4,192)=22.140, p < .001).

Na análise dos dados das mulheres, dentre as 12 variáveis independentes (R² =.521), as variáveis "autoimagem corporal percebida" (ß=-.506; IC, -.679 a -.391; p < .001), "ser ativo fisicamente" (ß=.219; IC, .081 a .243, p < .001) e o "peso" (ß=-.152; IC, -.047 a -.004; p < .02) explicam, de forma significativa, 52% da variação da satisfação corporal feminina (F (4, 180) = 50.941, p < .001).

DISCUSSÃO

Por que os homens gostam muito mais de esportes de aventura? Por que os indivíduos mais ativos fisicamente são os que mais gostam de esportes de aventura?

No tocante ao sexo, a literatura aponta que esportes competitivos geralmente são percebidos como ícones de masculinidade em muitas sociedades (CARDOSO et al., 2010; KOIVULA, 2001; SHAW; KLEIBER; CALDWELL, 1995). Homens que não praticam esportes são socialmente percebidos como tendo algum desvio de identidade em termos de gênero ou orientação sexual (MESSNER; SABO, 1994). Por outro lado, as mulheres empenhadas na prática de esportes tradicionais recebem similar percepção de desvio (CARDOSO et al., 2010; ECCLES et al., 1999; SABO, 1985).

Estudos têm demonstrado que os homens superam em muito o número de mulheres em termos de participação nos esportes (CASH; WINSTEAD; JANDA, 1986; LERNER; ORLOS; KNAPP, 1976), e apesar do aumento histórico da participação feminina no mundo esportivo, alguns autores acreditam que não haja muitas mudanças sociais em termos de comportamento em relação aos esportes (KANE; GREENDORFER, 1994). O maior nível de atividade física e uma afinidade mais intensa masculina com os esportes de aventura, quando comparados às mulheres, comprovam tal situação até mesmo no meio acadêmico da Educação Física. Não obstante, o desinteresse em relação aos esportes de aventura (não gostar) é equilibrado entre os dois sexos.

Atividades caracterizadas como sendo eminentemente masculinas ou femininas são produtos de uma construção social e histórica e os esportes e as atividades físicas sofrem essa mesma interferência (KOIVULA, 1995). A maioria dos esportes conhecidos geralmente é percebido como masculina, mas esportes com características consideradas femininas também surgiram ao longo da história e geralmente estão mais próximos das artes e da estética, o que a princípio, atrairia mais o interesse das mulheres.

Koivula (2001) investigou como homens e mulheres atletas percebem os diferentes esportes atuais em termos de adequabilidade aos tradicionais papéis de gênero. O autor detectou que essa percepção nativa poderia ser subdividida em esportes neutros e esportes femininos e masculinos, levando em consideração a estética e a feminilidade, o perigo e o risco, a velocidade, a masculinidade, entre outros aspectos. A canoagem e o esqui cross country foram avaliados como esportes neutros, enquanto o remo, os esportes automotivos e a vela foram considerados atividades masculinas em termos de identidade de gênero. É importante salientar que essa pesquisa no Brasil poderia ter resultados diferentes, em função de os estereótipos sexuais no mundo latino serem mais extremados.

No tocante aos esportes de aventura, a divisão sexual continua recorrente, como por exemplo, na associação dos patins com o sexo feminino e do skate com o sexo masculino. A desigualdade na visibilidade entre homens e mulheres nos esportes de aventura é recorrente não somente na cobertura jornalística, mas, também, nas revistas especializadas. É construída a invisibilidade desse grupo, tendo em vista que o envolvimento feminino em esportes como orientação, skate, snowboarding, voo livre e surfe, embora quantitativamente inferior, é destacado em termos de representatividade (FIGUEIRA; GOELLNER, 2009; THORPE, 2006). A participação das mulheres também é diferenciada no tocante à relação que as mesmas têm com a atividade (BRUHNS, 2003), com interferências tanto negativas quanto positivas, conforme apontam Lavoura, Botura e Machado (2006), no desempenho esportivo de aventura.

Por que os indivíduos que dizem gostar de esportes de aventura não o praticam na mesma intensidade?

A contemporaneidade é marcada pelo consumo de bens e serviços, signos e imagens atrelados à satisfação e ao corpo. As imagens fortificam um mercado consumidor, baseando-se no fascínio das pessoas por atividades que carregam mensagens de aventura e de fortes emoções, haja vista a crescente participação em esportes de aventura. Portanto, as atividades esportivas, em geral, praticadas em ambientes naturais estão inseridas nesse contexto, permeadas pelas noções de aventura, risco calculado, adrenalina e prazer (MARINHO, 2001).

Dentre os possíveis adeptos dessas atividades, são muitos os que acreditam na concretização do "sonho de aventura", promovido por diversos meios de comunicação. No entanto, muitas vezes, parte do interesse nas atividades é apenas aparente. Isso porque há muita associação no imaginário com o estilo de vida aventureiro, mas não necessariamente com a realização de um esporte de aventura. Alguns indivíduos, antes mesmo de iniciar a prática, compram todos os equipamentos e acessórios necessários, procuram estar informados, mas na hora da prática da atividade propriamente dita, acabam desistindo (BRUHNS, 2003). Talvez esses indivíduos se iludam de tal forma com as propagandas sobre os esportes de aventura, que chegam a acreditar na possibilidade de serem praticantes sem grandes empecilhos. Tal situação poderia explicar, em parte, porque os participantes ocasionais deste estudo alegaram gostar mais de esportes de aventura do que realmente praticar tais esportes.

Assim, por motivos relacionados ao medo, à falta de tempo, à interferência de questões ambientais, entre outros, alguns interessados desistem antes mesmo de começar. É possível notar, nesse caso, como as imagens geram um mercado consumidor, com base no fascínio das pessoas por atividades que carregam mensagens de aventura e de fortes emoções (MARINHO, 2001). Nesse sentido, Harvey (1992) destaca que a produção de imagens apresenta-se como um dos aspectos impulsionadores da sociedade de consumo, na qual a imagem obtida por meio da compra de um sistema de signos, como equipamentos esportivos relacionados à aventura, passa a se constituir em um elemento importante na autoapresentação nos mercados de trabalho, fazendo parte da procura por uma identidade individual e por um significado da vida.

Enfim, como a demanda real nos esportes de aventura é retroalimentada pela sensação de fortes emoções conjugada à saúde, sair da rotina e rejuvenescer (PIMENTEL; SAITO, 2010), é possível que exista um ponto de equilíbrio entre a frequência dessas práticas e o prazer evocado pela superação do risco. O problema do excesso de prática é a adaptação mais rápida, que se resolve nos esportes de aventura pela busca de novos lugares ou no aumento do risco, o que nem sempre é possível por exigir recursos e esforços adicionais do praticante.

Por que os participantes praticantes que se avaliam como mais ativos fisicamente possuem aspectos psicológicos e sexuais diferenciados?

De acordo com estudos internacionais e nacionais (GIULIANO et al., 2000; CARDOSO et al., 2010), um número considerável de pesquisas tem explorado as experiências sociais que distinguem mulheres que praticam esporte de mulheres que não praticam. Esses estudos têm demonstrado a importância de entender a natureza dessas experiências lúdicas na infância, uma vez que os jogos e brinquedos dos meninos são mais agressivos e competitivos, enquanto os jogos e os brinquedos das meninas, mais cooperativos e acolhedores (JADVA; HINES; GOLOMBOK, 2010).

Projetando a reflexão teórica sobre os nossos dados, a predominância dos homens nos esportes e, mais especificamente, nos esportes de aventura parece ter um forte componente histórico, no tocante às condições que cada sexo teve para experimentar seu corpo, no que se refere à sexualidade, agressividade e descoberta espacial. As meninas que obtiveram as condições para brincar no ambiente externo e explorar o corpo em igualdade com os meninos parecem também quase que equiparadas aos homens praticantes, no que tange à vivência da aventura. Logo, o predomínio masculino na aventura é injustificável do ponto de vista de uma predisposição natural ou socioantropométrica, de acordo com os dados obtidos neste estudo.

A questão que se coloca, segundo estudos prévios (CARDOSO et al., 2010; FRÖMEL; FORMÁNKOVÁ; SALLIS, 2002; GIULIANO et al., 2000), seria a seguinte: a exposição a essas experiências infantis integradoras desenvolvem o interesse por atividades mais agressivas e competitivas nas meninas, ou as meninas que as procuram já possuem uma identidade de gênero mais masculina? Dessa forma, diferentes questionamentos são trazidos acerca do assunto, suscitando novos estudos.

Por que homens e mulheres têm uma experiência corporal distinta em relação à prática de exercícios?

Conforme Penhollow e Young (2004) e Michaud, Jeannin e Suris (2006), indivíduos que mais se exercitam têm maiores chances de serem mais satisfeitos com seus corpos e, por conseguinte, de ter uma melhor autoestima. Bowker, Gadbois e Cornock (2003) constataram que indivíduos que praticam esportes têm uma melhor imagem corporal que indivíduos sedentários. Em um estudo norte-americano com mil escolares do 11º. ano que incluiu medidas como autoimagem, imagem corporal, orientação de gênero e participação esportiva, foi constatado que os meninos obtiveram maior satisfação com o seu peso e com a sua aparência, quando comparados às meninas. No entanto, nenhuma diferença foi encontrada em termos de autoestima entre os meninos e as meninas (BOWKER; GADBOIS; CORNOCK, 2003).

Segundo Franzoi, Kessenich e Sugrue (1989), homens e mulheres não diferem no seu nível de consciência corporal ou na importância dessa consciência. No entanto, Salimene (1995), pesquisando a consciência corporal e sexual entre homens e mulheres no Brasil, sugere que as mulheres têm maior influência da objetificação social do corpo feminino e do valor estético do mesmo. Já os homens teriam uma percepção corporal e sexual mais funcional e comportamental (McCABE; RICCIARDELLI, 2005).

Muraro (1983) ratifica essa percepção mais funcional para os homens e uma percepção mais estética para as mulheres no Brasil. Além disso, os homens percebem os seus corpos como algo dissociado do seu eu, como um instrumento para atingir metas. Diferentemente, as mulheres acabam sofrendo mais com o peso e com a aparência em diferentes culturas (SMITH, 2004; MARTIN, 1996). Weaver e Byers (2006) confirmam essa perspectiva de que a percepção subjetiva da imagem corporal feminina é significativamente relacionada à sua função sexual, independentemente do tamanho corporal e nível de exercício físico.

As mulheres que se assumem fisicamente ativas geralmente têm maiores escores em termos de satisfação corporal, de acordo com Furnham e Greaves (1994) e Koff e Bauman (1997). Outros estudos sugerem que mulheres adolescentes envolvidas com a prática esportiva são menos focadas em como seus corpos são percebidos e julgados pelos outros e mais focadas naquilo que o seu corpo pode produzir em termos de desempenho físico (BASOW; RUBIN, 1999; PIPHER, 1994).

A vivência em uma sociedade na qual as relações permitidas são extremamente reduzidas e simplificadas, os processos de diferenciação e de liberação, característicos do mundo contemporâneo, tornam possível o questionamento e a relativização da validade e do alcance de vínculos orgânicos que garantam a coesão das sociedades tradicionais (religião, família, trabalho). Esse processo deve ser aceito como oportunidade de nova configuração de seus relacionamentos, criando e experimentando diferentes formas de existência e de comunidade. Portanto, a vontade de agir e de experimentar algo novo, que conduz os seres humanos a sua condição de homo ludens, faz um apelo à participação nessa nova comunidade, ora mais individualista e performática, ora mais comunitária e autotélica.

CONCLUSÕES

Os achados deste estudo tocam no estado da arte em relação aos esportes de aventura, pois a abordagem realizada permitiu avançar na interpretação de alguns fenômenos ainda mal compreendidos, a exemplo do paradoxo entre afinidade e volume na atividade. Igualmente, cada passo à frente no conhecimento também aumenta a consciência sobre aspectos ainda ignorados. A provável percepção diferenciada por sexo (funcional masculina e estética feminina) sobre a prática e a orientação para os esportes de aventura, por exemplo, implica o questionamento de leituras que colocam essas práticas como assexuadas, no sentido de superarem a noção de virilidade e as divisões de gênero. Talvez, seja mais producente falar em capacidade de os esportes de aventura abrangerem expressões do masculino e do feminino, de tal modo que ambas possam se manifestar no interesse e na prática dessas modalidades.

A partir dos desdobramentos práticos do estudo - as especificidades psicológicas aqui detectadas, bem como experiências sociomotoras dos praticantes dentre acadêmicos de Educação Física - , recomenda-se um maior controle sobre os aspectos psicológicos dos praticantes de esporte de aventura nos próximos estudos para confirmar esses achados, como também avançar na compreensão de como se desenvolve o interesse por essa prática, que se populariza na atualidade.

REFERÊNCIAS

BASOW, S.; RUBIN, L. Gender influences on adolescent development. In: JOHNSON, N.; ROBERTS, M.; WORELL, J. (Eds.). Beyond Appearance: a new look at adolescent girls. American Psychological Association: Washington, DC., 1999. p. 25-52.

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Recebido em: 18/06/2012

Revisado em: 18/02/2013

Aceito em: 28/04/2013

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  • Endereço para correspondência:
    Fernando Luiz Cardoso
    Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)Departamento de Ciências da Saúde
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Jun 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2013

    Histórico

    • Recebido
      18 Jun 2012
    • Aceito
      28 Abr 2013
    • Revisado
      18 Fev 2013
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