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O quotidiano do hospital ou "para uma ordem confusional"

El cotidiano del hospital o "para una orden confusional"

The quotidian of a hospital or 'for a confusional order'

Resumos

Este artigo pretende contribuir para a reflexão sobre a "dinâmica conflitual" que existe entre o normatizado, o instituído e o trabalho quotidiano do grupo de enfermagem no hospital. Procuramos enfatizar dessa forma a necessidade de se compreender a dimensão humana presente nesse "ambiente confusional", revelada através da diversidade de interesses, sentimentos e as contradições que não se prestam à homogeneização pretendida.

Trabalho no hospital; Grupo de enfermagem; Enfermeira


Este artículo pretende contribuir para la reflexión sobre la "Dinámica conflictual" que existe entre lo normatizado, lo instituido y el trabajo cotidiano del grupo de enfermería en el hospital. Buscamos enfatizar de esta forma la necesidad de comprenderse la dimensión humana presente en ese "ambiente confusional" revelada por medio de la variedad de intereses, sentimientos y las contradicciones que no se prestan a la homogenización pretendida.

Trabajo en el hospital; Grupo de enfermería; Enfermera


This article intends to contribute for a reflection on 'conflictual dynamics' that exists among the normatized, the instituted and the quotidian work of the nursing team at the hospital. We have tried to emphasise the need of comprehending the human dimension at a 'confusional environment', revealed through the diversity of interests, feelings and contradictions that make no good to the intended homogenisation.

Work at the hospital; Nursing team; Nurse


ARTIGOS

O quotidiano do hospital ou "para uma ordem confusional"1 1 Artigo baseado na Dissertação de Mestrado defendida em 1996, junto ao Programa de Mestrado em Enfermagem Fundamental da EERP/USP, intitulado "O mito do instituído e a banalidade do vivido no quotidiano de um Hospital Universitário" 2 MAFFESOLI explicita a solidariedade mecânica como aquela em que a solidariedade não se manifesta diretamente ao outro, mas está sempre mediada por uma estrutura tal como o partido, a igreja, o clube, o sindicato, etc. e tem um caráter eminentemente finalista. À ela o autor contrapõe a noção de solidariedade orgânica ou eletiva, que nos fala de uma escolha por afinidades mais do que por objetivos a serem atingidos, pelo simples "estar junto à toa", regida pelo sentimento de atração-repulsa. (MAFFESOLI,M. A sombra de Dionísio. Rio de Janeiro: Graal, 1985.) 3 Pela conotação mais "afetual", mais "vitalista" que a noção de grupo nos dá, nós a preferimos em lugar do termo equipe, que traz consigo uma conotação mais energetista, funcionalista. Assim, em lugar de "equipe de enfermagem", utilizaremos, doravante, a denominação "grupo de enfermagem", posto que estamos trabalhando com a dimensão relacional desse grupo. 4 A dualidade aqui mantida na utilização do termo "equipe/grupo de saúde" se deve ao fato que, embora possamos dizer que a socialidade também esteja presente dentro desse grupo maior de profissionais atuantes no hospital, haveria a necessidade de estudo específico sobre o mesmo, explicitando suas características inerentes, como procuramos fazer aqui com o grupo de enfermagem. Assim, manteremos a denominação corrente de "equipe de saúde" quando nos referirmos a todos os profissionais da área que atuam dentro do hospital, diferenciando-o do "grupo de enfermagem", alvo do nosso estudo. 5 Palavra latina que designa a casa com toda a sua carga afetiva e que, como nos coloca BACHELARD, "é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade". 6 MAFFESOLI,M. Liberdades intersticiais. In: MORIN.E., BAUDRILLARD.J., MAFFESOLI.M. A decadência do futuro e a construção do presente. Florianópolis: Editora da UFSC, 1993. p.65.

The quotidian of a hospital or 'for a confusional order'

El cotidiano del hospital o "para una orden confusional"

Roseney BellatoI; Emilia Campos de CarvalhoII

IProfessora Assistente da Faculdade de Enfermagem e Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso e aluna do Doutorado em Enfermagem Fundamental da EERP/USP

IIProfessora Titular, Orientadora do Programa de Doutorado em Enfermagem Fundamental da EERP/USP

RESUMO

Este artigo pretende contribuir para a reflexão sobre a "dinâmica conflitual" que existe entre o normatizado, o instituído e o trabalho quotidiano do grupo de enfermagem no hospital. Procuramos enfatizar dessa forma a necessidade de se compreender a dimensão humana presente nesse "ambiente confusional", revelada através da diversidade de interesses, sentimentos e as contradições que não se prestam à homogeneização pretendida.

Unitermos: Trabalho no hospital - Grupo de enfermagem - Enfermeira.

ABSTRACT

This article intends to contribute for a reflection on 'conflictual dynamics' that exists among the normatized, the instituted and the quotidian work of the nursing team at the hospital. We have tried to emphasise the need of comprehending the human dimension at a 'confusional environment', revealed through the diversity of interests, feelings and contradictions that make no good to the intended homogenisation.

Keywords: Work at the hospital - Nursing team - Nurse

RESUMEN

Este artículo pretende contribuir para la reflexión sobre la "Dinámica conflictual" que existe entre lo normatizado, lo instituido y el trabajo cotidiano del grupo de enfermería en el hospital. Buscamos enfatizar de esta forma la necesidad de comprenderse la dimensión humana presente en ese "ambiente confusional" revelada por medio de la variedad de intereses, sentimientos y las contradicciones que no se prestan a la homogenización pretendida.

Unitérminos: Trabajo en el hospital - Grupo de enfermería - Enfermera.

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BIBLIOGRAFIA

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  • 1
    Artigo baseado na Dissertação de Mestrado defendida em 1996, junto ao Programa de Mestrado em Enfermagem Fundamental da EERP/USP, intitulado "O mito do instituído e a banalidade do vivido no quotidiano de um Hospital Universitário"
    2 MAFFESOLI explicita a
    solidariedade mecânica como aquela em que a solidariedade não se manifesta diretamente ao outro, mas está sempre mediada por uma estrutura tal como o partido, a igreja, o clube, o sindicato, etc. e tem um caráter eminentemente finalista. À ela o autor contrapõe a noção de
    solidariedade orgânica ou
    eletiva, que nos fala de uma escolha por afinidades mais do que por objetivos a serem atingidos, pelo simples "estar junto à toa", regida pelo sentimento de atração-repulsa. (MAFFESOLI,M.
    A sombra de Dionísio. Rio de Janeiro: Graal, 1985.)
    3 Pela conotação mais "afetual", mais "vitalista" que a noção de
    grupo nos dá, nós a preferimos em lugar do termo
    equipe, que traz consigo uma conotação mais energetista, funcionalista. Assim, em lugar de "equipe de enfermagem", utilizaremos, doravante, a denominação
    "grupo de enfermagem", posto que estamos trabalhando com a dimensão relacional desse grupo.
    4 A dualidade aqui mantida na utilização do termo "equipe/grupo de saúde" se deve ao fato que, embora possamos dizer que a socialidade também esteja presente dentro desse grupo maior de profissionais atuantes no hospital, haveria a necessidade de estudo específico sobre o mesmo, explicitando suas características inerentes, como procuramos fazer aqui com o grupo de enfermagem. Assim, manteremos a denominação corrente de "equipe de saúde" quando nos referirmos a todos os profissionais da área que atuam dentro do hospital, diferenciando-o do "grupo de enfermagem", alvo do nosso estudo.
    5 Palavra latina que designa a casa com toda a sua carga afetiva e que, como nos coloca BACHELARD, "é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade".
    6 MAFFESOLI,M. Liberdades intersticiais. In: MORIN.E., BAUDRILLARD.J., MAFFESOLI.M.
    A decadência do futuro e a construção do presente. Florianópolis: Editora da UFSC, 1993. p.65.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Nov 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 1998
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